quarta-feira, 7 de setembro de 2022

(Conclusão)

 
No dia 11, o rei deslocar-se-ia para uma visita a Braga, tendo-se hospedado no Banco do Minho.
 
 

À esquerda, o Banco do Minho - Fonte: “Illustração Portugueza” de 23 de Novembro de 1908
 
 
 
De volta ao Porto, o rei D. Manuel II juntar-se-ia a sua mãe, que chegaria à cidade do Porto, no dia 12 de Novembro, pelas 15 horas, em carruagem-salão atrelada ao comboio rápido.

 
 

Em frente à Estação de S. Bento, o povo esperando a chegada da Rainha D. Amélia - Fonte: “Illustração Portugueza” de 23 de Novembro de 1908
 
 
 
Durante a tarde, haveria de ocorrer uma festa no Palácio de Cristal dedicada às crianças e visitas à Escola Infante D. Henrique que, à data, se localizava na Cordoaria, no Palacete Sandeman, ao Liceu da Vitória (Rua de S. Bento da Vitória) e Liceu Alexandre Herculano. Neste último, apenas as instalações na Rua de Santo Ildefonso seriam visitadas. As da Rua do Sol ficaram a aguardar por outra nova oportunidade.
 
 
 

Visita real à Escola Infante D. Henrique - Fonte: “Illustração Portugueza”
 
 
 
 
 
À noite, foi a récita no Teatro Carlos Alberto. Ao palco subiu a obra de Júlio Dinis, “As Pupilas do Senhor Reitor”.


 
 

In jornal “A Voz Pública” do programa da visita real para o dia 13 de Novembro de 1908 (6ª Feira)

 
 
Assim, no dia 13, já na companhia da rainha foi cumprido o programa acima.

 
 

D. Manuel II dirigindo-se para a igreja da Lapa – Fonte: revista “O Occidente” de 30 de Novembro de 1908

 
 
Na igreja da Lapa, o rei observaria o coração de D. Pedro IV, guardado num mausoléu, numa capela do lado do evangelho.
Era prática dos soberanos, quando visitavam a cidade, frequentarem esta igreja.
O rei D. Pedro IV (o rei Soldado) tendo falecido em 24 de Setembro de 1834, teve o seu corpo inicialmente enterrado no Panteão da Dinastia de Bragança na Igreja de São Vicente de Fora, Lisboa.
Conforme seu pedido, o seu coração foi preservado e entregue à cidade do Porto.
O percurso até se concretizar este desejo do soberano foi conturbado.
A filha de D. Pedro IV, a rainha D. Maria II, encarregaria da tarefa da entrega do coração, a Baltasar de Almeida Pimentel, conde de Campanhã e ex-ajudante de campo de seu pai.
A rainha determinou, ainda, que a morada do coração do seu falecido pai fosse a igreja da Lapa, onde ele costumava ouvir missa.
O coração chegaria ao Porto em Fevereiro de 1835 (5 meses após a morte do soberano), tendo seguido em procissão da Ribeira até à igreja da Lapa.
 
 
“O coração chegou à Lapa numa urna de madeira de mogno, dentro da qual estava um estojo (o original foi a única peça substituída, mas mantêm-se na igreja) e, lá dentro, um vaso de prata dourada com duas tampas. “Uma era uma espécie de adorno e a outra, presa com parafusos, dava acesso ao coração, inserido em líquidos conservantes desde a primeira hora”, descreve o mesário. Na altura, “os professores da escola médico-cirúrgica entenderam que o coração ficaria melhor conservado num recipiente de vidro, por se tratar de um material mais estanque do que a prata.
Seguiram-se “dois anos de espera” para a Câmara do Porto e a Irmandade da Lapa “chegarem a acordo sobre sítio onde devia ficar o monumento”, período durante o qual o coração “ficou na capela-mor à guarda de uma sentinela, porque havia receios de que fosse roubado”, acrescentou”.
Cortesia do Professor Ribeiro da Silva (In Lusa 11 de Março de 2013)
 
 
 
 

Mausoléu que guarda o coração de D. Pedro IV
 
 
 
O mausoléu, da foto acima, foi concebido e projectado por Joaquim da Costa Lima Júnior, e está localizado na capela-mor do lado do Evangelho. As chaves do mausoléu estão no gabinete do Presidente da Câmara.
Em 1972, aniversário de 150 anos da independência, o corpo de Pedro foi levado para o Brasil – conforme havia pedido em seu testamento.
Seria sepultado num mausoléu junto das tumbas das suas duas mulheres.
No ano de 2018, após uma exumação, o hagiólogo José Luís Lira coordenou um projecto de reconstrução facial forense.
 
 
 
 

D. Pedro IV (Reconstrução facial forense 3D produzida em 2018 por Cícero Moraes) – Fonte: “pt.wikipedia.org/”
 
 
Voltando à visita de D. Manuel II, após a saída da igreja da Lapa, o rei e sua mãe continuaram o seu périplo pela cidade.
 
 
 

Manuel Martins, veterano do desembarque dos bravos do Mindelo, em 1833, recebeu a visita do rei e de D. Amélia, no Hospital da Ordem do Carmo - Fonte: “Illustração Portugueza” de 23 de Novembro de 1908
 
 
 
 

In jornal “A Voz Pública” do programa da visita real para o dia 14 de Novembro de 1908 (Sábado)

 
 
No dia 14, merece realce a visita ao Dispensário Rainha D. Amélia.
 
 
 

Visita ao dispensário Rainha D. Amélia, junto do mosteiro de Santa Clara, na Avenida Saraiva Carvalho - Fonte: “Illustração Portugueza” de 23 de Novembro de 1908

 
 
O dia 14 (Sábado), encerraria com um banquete oferecido no Pátio das Nações, no Palácio da Bolsa. O local estava transformado num jardim de Inverno, profusamente iluminado e o repasto foi servido para 534 pessoas, distribuídas por nove mesas.
No Domingo, dia 15 de Novembro, o rei comemorou no Paço o seu aniversário, onde foi recebendo a visita de muitos (3400 pessoas, disseram alguns) que lhe foram endereçar os parabéns.
 
 
 

A família real agradecendo da varanda do Paço as manifestações populares - Fonte: “Illustração Portugueza”

 
 
No dia 16, ocorreria a visita ao Hospital de Santo António, ao Instituto de surdos-mudos Araújo Porto e ao Hospital do Conde de Ferreira, instituições sob a égide da Santa Casa da Misericórdia do Porto e cujo provedor era o Dr. Forbes de Magalhães.
Entretanto, D. Afonso, o Duque do Porto, chegado à cidade, no Sábado anterior, visitava a Associação Comercial do Porto.
 
 
 

Visita ao Hospital de Santo António - Fonte: “Illustração Portugueza” de 30 de Novembro de 1908
 
 
 
Na noite do dia 16, aconteceria um grandioso banquete, seguido de baile, no Club Portuense.
 
 

Sala do banquete na noite do baile do Club Portuense. Ao fundo, a sala da mesa real

 
 
No dia 17 foi a visita a Viana do Castelo.
Já no Porto, na 4ª Feira, dia 18, foi a vez da visita à Associação Britânica da colónia inglesa do Porto, vulgo Feitoria Inglesa, onde aconteceria um almoço.

 
 

Feitoria Inglesa, em 18 de Novembro de 1908 - Fonte: “Illustração Portugueza” de 30 de Novembro de 1908
 
 
 
 
Durante a tarde as ourivesarias Rosas, Miranda e Reis receberam a visita do monarca.
No dia 19 de Novembro (5ª Feira) o périplo das visitas abriu com uma visita ao Tribunal da Relação, na Cordoaria.
Seguiram-se visitas a algumas unidades empresariais ligadas a diversos sectores da actividade económica portuense, que a seguir se especificam.


 

In jornal “A Voz Pública” de 20 de Novembro de 1908
 
 
 
 
 
À noite, do dia 19, no Teatro Gil Vicente subiu ao palco num concerto em honra do rei, a pianista Margarida Clotilde de Moraes Bernardes Pereira.
No dia 20, 6ª Feira, a comitiva visitou a cidade de Coimbra, onde chegou pelas 11 horas da manhã.
No fim do dia, já noite, retornaria ao Paço dos Carrancas.
No dia 21, houve prova hípica na parada do Regimento de Cavalaria 9, à Rua de Serpa Pinto.
Pelas 4 horas da tarde, seria lançada a primeira pedra de uma escola, em Ramalde, que estava destinada a ter o nome do rei.
Abaixo, o programa para os dias 22 e 23 de Novembro, passados nas imediações da cidade do Porto.
No dia 22, Matosinhos foi o alvo da visita.



Barcos engalanados, em Matosinhos, durante a visita de D. Manuel II, em 22 de Novembro de 1908




No dia 23, Espinho e Oliveira de Azeméis recebera a comitiva real, que inauguraria o caminho-de-ferro do Vale do Vouga.
Ao rei seria servido um lunch em casa do Dr. Mourisca.
 
 
 

In jornal “A Voz Pública” de 22 de Novembro de 1908
 
 
 
No dia 24, 3ª Feira, aconteceu a parada militar.
As forças militares postadas em formatura, no Campo de Santo Ovídio, foram alvo da revista do rei e ouviram missa pelo bispo do Porto, D. António Barroso.

 
 

Aspecto do Campo de Santo Ovídio durante a parada militar de dia 24 de Novembro de 1908 - Fonte: “Illustração Portugueza” de 7 de Dezembro de 1908
 
 
 

Missa Campal no Campo da Regeneração também conhecido como Campo de Santo Ovídio – Fonte: revista “O Occidente” de 30 de Novembro de 1908
 
 
 
Mais tarde, com o rei perfilado, no Passeio das Cardosas, na Praça D. Pedro, voltado para a estátua do seu avô, recebeu as homenagens das forças desfilando perante si.


 

O rei no passeio das Cardosas esperando a passagem das tropas no dia 24 de Novembro de 1908 - Fonte: “Illustração Portugueza” de 7 de Dezembro de 1908
 
 
 
 

In jornal “A Voz Pública” de 24 de Novembro de 1908
 
 
Enquanto decorriam as cerimónias militares, a rainha-mãe deslocou-se até V. N. de Gaia.
 
 
 

In jornal “A Voz Pública” de 25 de Novembro de 1908
 
 
 
 
No fim deste dia, no Palácio dos Carrancas, realizou-se um jantar de gala.
No dia 25 de Novembro, 4ª Feira, o rei deu um salto a Santo Tirso.
No dia 26 de Novembro, várias empresas em V. N. de Gaia foram alvo de visita.

 
 

I
In jornal “A Voz Pública” de 26 de Novembro de 1908
 
 
No dia 27 de Novembro o rei rumaria a Aveiro.
De volta ao Porto, no dia 28, era cumprido o programa abaixo especificado.

 
 

In jornal “A Voz Pública” de 29 de Novembro de 1908
 
 
No Domingo, dia 29 de Novembro, já o rei estava em Guimarães.
Dia 30 de Novembro, seria cumprido como segue.


 

In jornal “A Voz Pública” de 1 de Dezembro de 1908
 
 
 

Visita de D. Manuel II à “Fábrica do Jacinto”, na Rua da Torrinha, no dia 30 de Novembro de 1908 - Fonte: “Illustração Portugueza” de 14 de Dezembro de 1908
 
 
 
Dia 1 de Dezembro, começou com uma visita à Corveta Estefânia fundeada no rio Douro, em Massarelos e continuou como abaixo se descreve.

 
 

In jornal “A Voz Pública” de 1 de Dezembro de 1908
 
 
 
No dia 2 de Dezembro, 4ª Feira, no rápido das 5 horas da tarde, partiria D. Amélia para Lisboa, tendo à despedida o seu filho que se tinha deslocado, neste dia, a Barcelos.
Dia 3 de Dezembro, o rei cumpriu o programa abaixo indicado, tendo ainda inaugurado uma exposição de telas do pintor Silva Porto, instalada na Sociedade de Belas Artes.

 

 

Finalmente, no dia 4 de Dezembro, logo pela manhã, o soberano retornava à capital.

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