No dia 11, o rei
deslocar-se-ia para uma visita a Braga, tendo-se hospedado no Banco do Minho.
De volta ao Porto, o rei D. Manuel II juntar-se-ia a sua
mãe, que chegaria à cidade do Porto, no dia
12 de Novembro, pelas 15 horas, em carruagem-salão atrelada ao comboio
rápido.
Em frente à Estação de S. Bento, o povo esperando a chegada
da Rainha D. Amélia - Fonte: “Illustração Portugueza” de 23 de Novembro de 1908
Durante a tarde, haveria de ocorrer uma festa no Palácio de
Cristal dedicada às crianças e visitas à Escola Infante D. Henrique que, à
data, se localizava na Cordoaria, no Palacete Sandeman, ao Liceu da Vitória
(Rua de S. Bento da Vitória) e Liceu Alexandre Herculano. Neste último, apenas
as instalações na Rua de Santo Ildefonso seriam visitadas. As da Rua do Sol
ficaram a aguardar por outra nova oportunidade.
À noite, foi a récita no Teatro Carlos Alberto. Ao palco
subiu a obra de Júlio Dinis, “As Pupilas do Senhor Reitor”.
Assim, no dia 13,
já na companhia da rainha foi cumprido o programa acima.
D. Manuel II dirigindo-se para a igreja da Lapa – Fonte:
revista “O Occidente” de 30 de Novembro de 1908
Na igreja da Lapa, o rei observaria o coração de D. Pedro
IV, guardado num mausoléu, numa capela do lado do evangelho.
Era prática dos soberanos, quando visitavam a cidade,
frequentarem esta igreja.
O rei D. Pedro IV (o rei Soldado) tendo falecido em 24 de
Setembro de 1834, teve o seu corpo inicialmente enterrado no Panteão da
Dinastia de Bragança na Igreja de São Vicente de Fora, Lisboa.
Conforme seu pedido, o seu coração foi preservado e entregue
à cidade do Porto.
O percurso até se concretizar este desejo do soberano foi
conturbado.
A filha de D. Pedro IV, a rainha D. Maria II, encarregaria
da tarefa da entrega do coração, a Baltasar de Almeida Pimentel, conde de
Campanhã e ex-ajudante de campo de seu pai.
A rainha determinou, ainda, que a morada do coração do seu
falecido pai fosse a igreja da Lapa, onde ele costumava ouvir missa.
O coração chegaria ao Porto em Fevereiro de 1835 (5 meses
após a morte do soberano), tendo seguido em procissão da Ribeira até à igreja
da Lapa.
“O coração chegou à
Lapa numa urna de madeira de mogno, dentro da qual estava um estojo (o original
foi a única peça substituída, mas mantêm-se na igreja) e, lá dentro, um vaso de
prata dourada com duas tampas. “Uma era uma espécie de adorno e a outra, presa
com parafusos, dava acesso ao coração, inserido em líquidos conservantes desde
a primeira hora”, descreve o mesário. Na altura, “os professores da escola
médico-cirúrgica entenderam que o coração ficaria melhor conservado num
recipiente de vidro, por se tratar de um material mais estanque do que a prata.
Seguiram-se “dois anos
de espera” para a Câmara do Porto e a Irmandade da Lapa “chegarem a acordo
sobre sítio onde devia ficar o monumento”, período durante o qual o coração
“ficou na capela-mor à guarda de uma sentinela, porque havia receios de que
fosse roubado”, acrescentou”.
Cortesia do Professor Ribeiro da Silva (In Lusa 11 de Março
de 2013)
O mausoléu, da foto acima, foi concebido e projectado por
Joaquim da Costa Lima Júnior, e está localizado na capela-mor do lado do
Evangelho. As chaves do mausoléu estão no gabinete do Presidente da Câmara.
Em 1972, aniversário de 150 anos da independência, o corpo
de Pedro foi levado para o Brasil – conforme havia pedido em seu testamento.
Seria sepultado num mausoléu junto das tumbas das suas duas
mulheres.
No ano de 2018, após uma exumação, o hagiólogo José Luís
Lira coordenou um projecto de reconstrução facial forense.
D. Pedro IV (Reconstrução facial forense 3D produzida em
2018 por Cícero Moraes) – Fonte: “pt.wikipedia.org/”
Voltando à visita de D. Manuel II, após a saída da igreja da Lapa, o rei e sua mãe
continuaram o seu périplo pela cidade.
Manuel Martins, veterano do desembarque dos bravos do
Mindelo, em 1833, recebeu a visita do rei e de D. Amélia, no Hospital da Ordem
do Carmo - Fonte: “Illustração Portugueza” de 23 de Novembro de 1908
No dia 14, merece
realce a visita ao Dispensário Rainha D. Amélia.
Visita ao dispensário Rainha D. Amélia, junto do mosteiro de
Santa Clara, na Avenida Saraiva Carvalho - Fonte: “Illustração Portugueza” de
23 de Novembro de 1908
O dia 14 (Sábado), encerraria com um banquete oferecido no
Pátio das Nações, no Palácio da Bolsa. O local estava transformado num jardim
de Inverno, profusamente iluminado e o repasto foi servido para 534 pessoas,
distribuídas por nove mesas.
No Domingo, dia 15
de Novembro, o rei comemorou no Paço o seu aniversário, onde foi recebendo a
visita de muitos (3400 pessoas, disseram alguns) que lhe foram endereçar os
parabéns.
A família real agradecendo da varanda do Paço as
manifestações populares - Fonte: “Illustração Portugueza”
No dia 16,
ocorreria a visita ao Hospital de Santo António, ao Instituto de surdos-mudos
Araújo Porto e ao Hospital do Conde de Ferreira, instituições sob a égide da
Santa Casa da Misericórdia do Porto e cujo provedor era o Dr. Forbes de
Magalhães.
Entretanto, D. Afonso, o Duque do Porto, chegado à cidade,
no Sábado anterior, visitava a Associação Comercial do Porto.
Na noite do dia 16, aconteceria um grandioso banquete,
seguido de baile, no Club Portuense.
No dia 17 foi a
visita a Viana do Castelo.
Já no Porto, na 4ª Feira, dia 18, foi a vez da visita à Associação Britânica da colónia
inglesa do Porto, vulgo Feitoria Inglesa, onde aconteceria um almoço.
Feitoria Inglesa, em 18 de Novembro de 1908 - Fonte:
“Illustração Portugueza” de 30 de Novembro de 1908
Durante a tarde as ourivesarias Rosas, Miranda e Reis receberam
a visita do monarca.
No dia 19 de
Novembro (5ª Feira) o périplo das visitas abriu com uma visita ao Tribunal da
Relação, na Cordoaria.
Seguiram-se visitas a algumas unidades empresariais ligadas
a diversos sectores da actividade económica portuense, que a seguir se
especificam.
À noite, do dia 19, no Teatro Gil Vicente subiu ao palco num
concerto em honra do rei, a pianista Margarida Clotilde de Moraes Bernardes
Pereira.
No dia 20, 6ª Feira,
a comitiva visitou a cidade de Coimbra, onde chegou pelas 11 horas da manhã.
No fim do dia, já noite, retornaria ao Paço dos Carrancas.
No dia 21, houve
prova hípica na parada do Regimento de Cavalaria 9, à Rua de Serpa Pinto.
Pelas 4 horas da tarde, seria lançada a primeira pedra de
uma escola, em Ramalde, que estava destinada a ter o nome do rei.
Abaixo, o programa para os dias 22 e 23 de Novembro, passados nas imediações da cidade do
Porto.
No dia 22, Matosinhos foi o alvo da visita.
No dia 23, Espinho e Oliveira de Azeméis recebera a comitiva real, que inauguraria o caminho-de-ferro do Vale do Vouga.
Ao rei seria servido um lunch em casa do Dr. Mourisca.
No dia 24, 3ª
Feira, aconteceu a parada militar.
As forças militares postadas em formatura, no Campo de Santo
Ovídio, foram alvo da revista do rei e ouviram missa pelo bispo do Porto, D.
António Barroso.
Aspecto do Campo de Santo Ovídio durante a parada militar de
dia 24 de Novembro de 1908 - Fonte: “Illustração Portugueza” de 7 de Dezembro
de 1908
Missa Campal no Campo da Regeneração também conhecido como
Campo de Santo Ovídio – Fonte: revista “O Occidente” de 30 de Novembro de 1908
Mais tarde, com o rei perfilado, no Passeio das Cardosas, na
Praça D. Pedro, voltado para a estátua do seu avô, recebeu as homenagens das
forças desfilando perante si.
O rei no passeio das Cardosas esperando a passagem das
tropas no dia 24 de Novembro de 1908 - Fonte: “Illustração Portugueza” de 7 de
Dezembro de 1908
Enquanto decorriam as cerimónias militares, a rainha-mãe
deslocou-se até V. N. de Gaia.
No fim deste dia, no Palácio dos Carrancas, realizou-se um
jantar de gala.
No dia 25 de
Novembro, 4ª Feira, o rei deu um salto a Santo Tirso.
No dia 26 de
Novembro, várias empresas em V. N. de Gaia foram alvo de visita.
No dia 27 de
Novembro o rei rumaria a Aveiro.
De volta ao Porto, no dia
28, era cumprido o programa abaixo especificado.
No Domingo, dia 29 de
Novembro, já o rei estava em Guimarães.
Dia 30 de
Novembro, seria cumprido como segue.
Visita de D. Manuel II à “Fábrica do Jacinto”, na Rua da
Torrinha, no dia 30 de Novembro de 1908 - Fonte: “Illustração Portugueza” de 14
de Dezembro de 1908
Dia 1 de
Dezembro, começou com uma visita à Corveta Estefânia fundeada no rio Douro, em
Massarelos e continuou como abaixo se descreve.
No dia 2 de
Dezembro, 4ª Feira, no rápido das 5 horas da tarde, partiria D. Amélia para
Lisboa, tendo à despedida o seu filho que se tinha deslocado, neste dia, a
Barcelos.
Dia 3 de
Dezembro, o rei cumpriu o programa abaixo indicado, tendo ainda inaugurado uma
exposição de telas do pintor Silva Porto, instalada na Sociedade de Belas
Artes.
Finalmente, no dia 4
de Dezembro, logo pela manhã, o soberano retornava à capital.
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