Este é um parque temático, com 35 hectares, situado nas
freguesias de Avintes e Vilar de Andorinho, que abriu portas em 1983.
Com o objectivo fundamental de promover a Educação Ambiental,
tem por público-alvo, principalmente, as crianças e os jovens.
Possui várias espécies da flora e da fauna (em total
liberdade), devidamente identificadas e, ainda, um centro de recuperação de
animais selvagens, encontrados feridos ou detidos ilegalmente em cativeiro, em
perfeita sintonia e colaboração com o ICN (Instituto de Conservação da
Natureza).
Está implantado em terrenos destinados, desde sempre, à
exploração agrícola que, nos primórdios, terão pertencido a um nobre cavaleiro,
mas que, quando nas mãos de duas irmãs, no século XII, passaria para a posse do
Cabido da Sé do Porto, em pleno reinado de D. Sancho I.
Esse território ia, então, desde Avintes até Vilar de Andorinho,
onde se situava a sede do casal que encabeçava e administrava essas terras e,
por certo, iria dar um contributo decisivo para a formação de um futuro lugar –
Vilar de Andorinho.
Ora, aquele órgão eclesiástico terá emprazado a área a um
indivíduo que vai, por sua vez, como cabeção
do domínio útil, constituir outros compartes. Abre-se, assim, o processo
para a formação das futuras quintas.
Por vezes, parcelas com moinhos adstritos viam, por
fracionamento, aqueles engenhos serem autonomizados do foro primitivo.
Diga-se que, a área respeitante ao parque é atravessada pelo
rio Febros, um curso de água permanente, afluente da margem esquerda do rio
Douro e que, em tempos, teve no seu leito, em funcionamento, dezenas de
moinhos, mais precisamente 23 engenhos.
Alguns deles eram aforados pelo rei, que aí possuía os seus reguengos (lugares em que o senhor era
o próprio rei), nos quais os moinhos estavam implantados e, por vezes,
autonomizados daquelas propriedades.
É exemplo, o caso acontecido em 1273, do aforamento a um
mercador de um moinho, no rio Febros, por Afonso III, mas que no reinado de D.
Dinis seria reformulado em virtude do incumprimento das obrigações daquele
enfiteuta (mercador).
O enfiteuta, que passava a deter o domínio útil, era aquele que recebia
do dono da terra (que
detinha o domínio directo) o direito
de uso, gozo e posse, incluindo a transmissão por herança por uma ou mais
vidas, sob condições pré-determinadas no contrato
de aforamento ou enfiteuse.
A partir de 1930, começariam aqueles moinhos a ser
desactivados devido à concorrência industrial e às regras introduzidas na
legislação respeitantes a normas de higiene a praticar na moagem dos cereais.
A vasta propriedade, que comporta hoje o Parque Biológico,
passou a englobar duas quintas principais que se destacavam de um conjunto de
outras parcelas. A quinta de Santo Tusso, com a sua capela dedicada a Nª Sª da
Conceição e a Quinta da Cunha de Cima.
Segundo o investigador gaiense Paulo Costa, toda a área
situava-se junto de uma estrada medieval e pós-romana, que ligava Portuscale a
Viseu.
Desde da introdução do “milho mays” (americano) na Europa, a
partir do século XVII, que as terras neste caso, em Avintes, passaram a ter
duas colheitas anuais de cereais. Em Maio, colhia-se o tradicional centeio e
nessa ocasião o tal milho mays que seria colhido até ao fim do ano.
Quando numa tal economia agrícola se acrescentava, na
maioria dos casos, a recolha da bolota e da castanha e a criação de gado, os
lavradores tornaram-se ricos e abastados, apesar dos foros pagos aos directos
senhorios que, por aqui, passaram a ser instituições eclesiásticas.
Normalmente, as instituições eclesiásticas (senhorio
directo) aforam a propriedade a pessoas importantes, muitas das vezes nobres
(enfiteutas) e estes, acabam por entregar a exploração a terceiros que lhes
pagam foro a eles e aos directos senhorios.
Acresce que, a área possuiu mais de uma dezena de minas de
água, devidamente identificadas, que abastecem, permanentemente, o rio Febros.
Dizem que o nome de Febros derivará da palavra castor,
atribuída erradamente pelos romanos a um animal por aí existente que, na
verdade, eram lontras. Por isso, uma das minas é identificada como mina das
lontras.
Assim, a partir do século XVIII, associado à moagem do
centeio e do milho, apareceu na região uma nova indústria ligada ao fabrico e
comércio da broa de Avintes, um outro modo de fabricar a broa, compreendendo,
moleiros, padeiros, padeiras e transportadores do apreciado pão para a cidade
do Porto, normalmente, utilizando o barco Valboeiro.
“Moinho do Belmiro”, no rio Febros, devidamente recuperado para
mostrar como viviam os antigos moleiros – Ed. “parquebiologico.pt/”
Presentemente, prepara-se a instalação, até ao fim do ano de
2023, de um espaço cercado destinado a um casal de linces-ibéricos, tentando
uma hipótese de proliferação da espécie.
Os animais são apreciados em total liberdade existindo, para
o efeito, uns observatórios a partir dos quais se faz essa observação.
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