sábado, 7 de outubro de 2023

25.206 Parque Biológico de V. N. de Gaia

 
Este é um parque temático, com 35 hectares, situado nas freguesias de Avintes e Vilar de Andorinho, que abriu portas em 1983.
Com o objectivo fundamental de promover a Educação Ambiental, tem por público-alvo, principalmente, as crianças e os jovens.
Possui várias espécies da flora e da fauna (em total liberdade), devidamente identificadas e, ainda, um centro de recuperação de animais selvagens, encontrados feridos ou detidos ilegalmente em cativeiro, em perfeita sintonia e colaboração com o ICN (Instituto de Conservação da Natureza).

 
 

Perspectiva do Parque Biológico de V. N. De Gaia – Fonte: Google maps
 


Está implantado em terrenos destinados, desde sempre, à exploração agrícola que, nos primórdios, terão pertencido a um nobre cavaleiro, mas que, quando nas mãos de duas irmãs, no século XII, passaria para a posse do Cabido da Sé do Porto, em pleno reinado de D. Sancho I.
Esse território ia, então, desde Avintes até Vilar de Andorinho, onde se situava a sede do casal que encabeçava e administrava essas terras e, por certo, iria dar um contributo decisivo para a formação de um futuro lugar – Vilar de Andorinho.
Ora, aquele órgão eclesiástico terá emprazado a área a um indivíduo que vai, por sua vez, como cabeção do domínio útil, constituir outros compartes. Abre-se, assim, o processo para a formação das futuras quintas.
Por vezes, parcelas com moinhos adstritos viam, por fracionamento, aqueles engenhos serem autonomizados do foro primitivo.
Diga-se que, a área respeitante ao parque é atravessada pelo rio Febros, um curso de água permanente, afluente da margem esquerda do rio Douro e que, em tempos, teve no seu leito, em funcionamento, dezenas de moinhos, mais precisamente 23 engenhos.
Alguns deles eram aforados pelo rei, que aí possuía os seus reguengos (lugares em que o senhor era o próprio rei), nos quais os moinhos estavam implantados e, por vezes, autonomizados daquelas propriedades.
É exemplo, o caso acontecido em 1273, do aforamento a um mercador de um moinho, no rio Febros, por Afonso III, mas que no reinado de D. Dinis seria reformulado em virtude do incumprimento das obrigações daquele enfiteuta (mercador).
enfiteuta, que passava a deter o domínio útil, era aquele que recebia do dono da terra (que detinha o domínio directo) o direito de uso, gozo e posse, incluindo a transmissão por herança por uma ou mais vidas, sob condições pré-determinadas no contrato de aforamento ou enfiteuse.
A partir de 1930, começariam aqueles moinhos a ser desactivados devido à concorrência industrial e às regras introduzidas na legislação respeitantes a normas de higiene a praticar na moagem dos cereais.
A vasta propriedade, que comporta hoje o Parque Biológico, passou a englobar duas quintas principais que se destacavam de um conjunto de outras parcelas. A quinta de Santo Tusso, com a sua capela dedicada a Nª Sª da Conceição e a Quinta da Cunha de Cima.
Segundo o investigador gaiense Paulo Costa, toda a área situava-se junto de uma estrada medieval e pós-romana, que ligava Portuscale a Viseu.
Desde da introdução do “milho mays” (americano) na Europa, a partir do século XVII, que as terras neste caso, em Avintes, passaram a ter duas colheitas anuais de cereais. Em Maio, colhia-se o tradicional centeio e nessa ocasião o tal milho mays que seria colhido até ao fim do ano.
Quando numa tal economia agrícola se acrescentava, na maioria dos casos, a recolha da bolota e da castanha e a criação de gado, os lavradores tornaram-se ricos e abastados, apesar dos foros pagos aos directos senhorios que, por aqui, passaram a ser instituições eclesiásticas.
Normalmente, as instituições eclesiásticas (senhorio directo) aforam a propriedade a pessoas importantes, muitas das vezes nobres (enfiteutas) e estes, acabam por entregar a exploração a terceiros que lhes pagam foro a eles e aos directos senhorios.
Acresce que, a área possuiu mais de uma dezena de minas de água, devidamente identificadas, que abastecem, permanentemente, o rio Febros.
Dizem que o nome de Febros derivará da palavra castor, atribuída erradamente pelos romanos a um animal por aí existente que, na verdade, eram lontras. Por isso, uma das minas é identificada como mina das lontras.

 
 
 

Entrada da mina das lontras – Ed. GEM (Grupo de Espeleologia e Montanhismo)
 
 
 
Assim, a partir do século XVIII, associado à moagem do centeio e do milho, apareceu na região uma nova indústria ligada ao fabrico e comércio da broa de Avintes, um outro modo de fabricar a broa, compreendendo, moleiros, padeiros, padeiras e transportadores do apreciado pão para a cidade do Porto, normalmente, utilizando o barco Valboeiro.
 
 
 

Barco Valboeiro, c. 1900, no Areinho de Oliveira do Douro



 

“Moinho do Belmiro”, no rio Febros, devidamente recuperado para mostrar como viviam os antigos moleiros – Ed. “parquebiologico.pt/”

 
 
 

Observatório do Parque Biológico de V. N. de Gaia – Fonte: Google maps


 
Presentemente, prepara-se a instalação, até ao fim do ano de 2023, de um espaço cercado destinado a um casal de linces-ibéricos, tentando uma hipótese de proliferação da espécie.
Os animais são apreciados em total liberdade existindo, para o efeito, uns observatórios a partir dos quais se faz essa observação.

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