Com a afirmação dos veículos automóveis, começa a ser usado,
no início do século XX, o serviço público afecto àquele meio de transporte.
É o caso do percurso entre a Vila dos Carvalhos e o Porto,
ao qual se habilita a firma J. Espírito Santo.
“Entrado o ano de
1926, Joaquim, Aurélio e Jorge, os três filhos de um ferreiro com oficina na
rua do Parque da República adaptaram uma carrinha de carga Ford T, ao
transporte de 14 passageiros, e começaram a transportar clientes dos Carvalhos
para o Porto.
A 14 e 15 de Agosto de 1926, realizaram a primeira excursão ligando Gaia a Vila
Real. Passam então a operar com linhas regulares entre Lavadores, a Madalena e
o Porto. Sobreviveram à crise da 2ª guerra mundial, recuperando e crescendo nos
anos 50 e 60, tendo sido pioneiros na introdução em Portugal, em 1963, do
conceito de serviço urbano e contínuo, com viaturas especialmente concebidas
para esse efeito. O 25 de Abril de 1974 encontrou a J. Espírito Santo já com 6
carreiras e 32 viaturas.
Em Setembro de 1996
ocorre a aquisição da congénere A. Costa Reis & Filhos, Ld.ª, que era uma
empresa que à data explorava cerca de 10 concessões, predominantemente, com
origem/destino: Oliveira do Douro/ Porto e freguesias do concelho de Vila Nova
de Gaia. As duas empresas aproveitam as sinergias uma da outra, adquirindo
dimensão e melhorando a qualidade do serviço prestado aos concidadãos.
A designação Espírito Santo – Autocarros de Gaia unifica a imagem, e representa
a actividade partilhada das duas empresas, ao abrigo de uma convenção / acordo
de exploração conjunta de todas as concessões, veículos e instalações,
autorizado pelo Exmo. Sr. Director –Geral de Transportes Terrestres em 25 de
Setembro de 1996.
Actualmente, as empresas J. Espírito Santo & Irmãos, Ld.ª e A. Costa Reis
& Filhos, Ld.ª têm um grupo de trabalho que conta com cerca de 120
colaboradores, integrado num quadro de pessoal experiente, e em contínua
formação”.
Fonte: “espiritosanto.com.pt/”
Foi, em 1917, que a Ford apresentou a sua primeira truck,
ou seja, uma pick-up, cuja semelhança
com o Model T é óbvia, como se pode observar na foto abaixo.
Baseado no Ford T, a Ford Model TT apareceu com um chassis
reforçado, rodas mais largas e resistentes e a distância entre eixos passou de
2,54 m, do Model T para 3,17 m, na pick-up, permitindo uma caixa de carga na
traseira.
Com uma caixa de velocidades reformulada, o Model TT era
capaz de suportar até uma tonelada de carga.
A Ford começou por vender esta pickup sem carroceria
apresentando, apenas, o chassis, motor e pouco mais. A carroceria era adquirida,
em separado, num especialista. No Porto, existiam diversas fábricas de
carrocerias. Só em 1924 é que a Ford disponibilizou uma carroçaria de fábrica.
Será uma carrinha do tipo apresentado, que teria sido posta,
possivelmente, a circular, em 1926, no percurso entre a Vila dos Carvalhos
(pertencente à freguesia de Pedroso, V. N. de Gaia, com a partida e a chegada a
acontecerem no antigo Largo da Feira) e o Porto.
A feira, em Pedroso, tinha iniciado a sua actividade, em
1758, no Largo do Moeiro.
Largo do Moeiro e, à esquerda, a antiga EN1, quando esta via
(hoje, a Rua do Padrão) atravessava a Vila dos Carvalhos
Terá sido, também, na Estalagem dos Carvalhos - Quinta de Moeiro,
onde de 28 para 29 de Abril de 1852, pernoitou a corte da rainha D. Maria II e
de Fernando II, o rei consorte, acompanhados pelos príncipes Pedro e Luís, numa
visita ao Porto e Minho, cujo episódio, “Justiça de Sua Majestade”, está
descrito na obra "Serões da Província" de Júlio Dinis.
Estalagem dos Carvalhos (Souto do Moeiro - 1795) – Ed. James Cavanah Murphy (1760–1814), In
“Travels in Portugal in the years of 1789 and 1790”
“Na manhã da véspera
tinham começado a rodar, em direcção aos Carvalhos, as carruagens e trens das
principais personagens da cidade a esperar suas majestades e altezas, que na
noite desse dia ali repousaram”.
Júlio Dinis, In “Serões da Província”
Com o acentuado aumento de vendedores, o espaço da feira foi
ficando mais pequeno, havendo a necessidade de a transferir, em 1850, para o actual
Largo França Borges (antigo Largo da Feira).
Junto do antigo Largo da Feira dos Carvalhos (Largo França
Borges), na Estrada Nacional 1, a Mercearia Central, quando já se conduzia pela
direita (após 1 de Junho de 1928)
Tudo indica que o autocarro da foto é da empresa Avelino Rodrigues.
Defronte da Mercearia Central, o seu proprietário, Domingos
da Silva e Sousa, aqui acompanhado da sua filha Ilda, tinha um negócio de
fornecimento de combustível a veículos automóveis
Outra perspectiva, obtida a partir da Rua do Padrão, em dia
de feira (4ª Feira), do Largo da Antiga Feira dos Carvalhos (Largo França
Borges) e o característico depósito da água
Embora com as obras por concluir, foi inaugurado em 1971, o
espaço actual, localizado no Largo da Feira Nova.
Uma outra empresa de transporte de passageiros, que serviu
as gentes dos Carvalhos, foi a UTC -
União de Transportes dos Carvalhos Lda., fundada em 26 de Abril de 1940 e
que cobriu a necessidade de transportar as gentes a sul do concelho de Vila
Nova de Gaia ao Porto.
Funcionava com uma carreira de manhã, com regresso marcado
para o final da tarde.
Os veículos desta empresa caracterizavam-se pelas suas cores
– Bordeaux.
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