sábado, 28 de setembro de 2024

25.253 De teatro a armazéns da moda e, depois, a sucursal bancária e hotel

 
Com traseiras para a Rua de Sá da Bandeira, existiu um célebre teatro, com entrada principal pela Rua de Santo António (hoje, Rua 31 de Janeiro).
Aquela sala de espectáculos, chamada Teatro Baquet, foi mandada construir em 21 de Fevereiro de 1858 pelo alfaiate portuense António Pereira Baquet e inaugurada com um baile de Carnaval, em 13 de Fevereiro do ano seguinte.
Em 21 de Março de 1888, ali, deflagraria um pavoroso incêndio e encerrou para sempre.

 
 

Foto da fachada do teatro virada para a Rua de Santo António, após o incêndio 
 
 
 

Foto do ataque ao incêndio pela Rua de Sá da Bandeira – Ed. Revista Occidente n.º 334 de 1 de Abril de 1888
 
 
 
Na área onde esteve o Teatro Baquet, haveria de ser levantado um novo edifício com entradas pela Rua de Sá da Bandeira e Rua de Santo António, que albergaria os Armazéns Hermínios.
 
 

Armazéns Hermínios, à direita, no local anteriormente ocupado pelo Teatro Baquet. Ao lado, o Teatro Sá da Bandeira


 
 

Entrada dos Armazéns Hermínios pela Rua Sá da Bandeira onde, actualmente, está o "PortoBay Hotel Teatro"


 
 

PortoBay Hotel Teatro

 
 
A poucos metros do PortoBay Hotel Teatro, situa-se o velhinho Teatro Sá da Bandeira.
 
 
 

O Teatro Sá da Bandeira, c. 1970
 
 
 
O comerciante José Maria Ferreira, natural da freguesia de Melo, em Gouveia, começando por exercer a sua actividade, na Rua das Flores, de comércio de panos em grosso e a retalho, no início da década de 1880, alugou um espaço à entrada da Rua de Santa Catarina no local actualmente ocupado pela Livraria Latina.
Aí, abriu uma casa, a que deu o nome de Armazéns Hermínios, que seria uma alusão às suas origens na serra da Estrela – os Montes Hermínios.
 
 
 
 
Entrada da Rua de Santa Catarina na confluência com a Rua de Santo António (Rua 31 de Janeiro)



Na foto anterior, na primeira loja, à direita, na Rua de Santa Catarina esteve, na década de 1880, o comerciante José Maria Ferreira. Nesse mesmo prédio encontrava-se, também, desde há alguns anos, segundo informação de Alberto Pimentel no seu "Guia do Viajante na cidade do Porto e seus Arrabaldes", o "Hotel Pomba d'Ouro".
 
 
 
“O novo estabelecimento possuía confecção própria de roupa à medida e apresentava algumas características inovadoras em relação ao comércio envolvente: praticava o preço fixo, só vendia a dinheiro (e não a crédito) e editava, regularmente, catálogos dos seus produtos que enviava pelo correio a todos os clientes. Para além disso, como noticiava o jornal “A Província” em 1885, "o sistema adotado de vender todos os seus artigos com um lucro reduzido é, sem dúvida, uma das causas que contribui para o rápido desenvolvimento das suas operações". Perante o sucesso deste modelo, na década seguinte, José Maria Ferreira decidiu dar um passo em frente: criou uma sociedade – da qual fizeram parte, entre outros, o capitalista Henrique Burnay – com o objetivo de abrir, no Porto, uma grande galeria, do tipo parisiense.”
Cortesia Manuel de Sousa
 
 
 
 

Publicidade aos Armazéns Hermínios
 
 
 
“Os Hermínios eram também considerados uma instituição social, uma vez que abrangia cerca de 1.500 funcionários de todas as categorias. Dentro destas actividades sociais salientavam-se as excursões dos empregados, os grandiosos concertos, os “bodos aos pobres”, os saldos de ocasião e os balões oferecidos às crianças". 
Fonte: blogue Garfadas on Line
 


 

Interior dos Armazéns Hermínios, em 1908
 
 
 
Os Grandes Armazéns Hermínios tinham secções de tecidos para homem e senhora, fazendas brancas, estofos, camisaria, luvaria, miudezas, cutelaria, materiais de escritório, artigos de iluminação, louças, vidros e cristais, oleados e borrachas, perfumarias e bronzes, entre alguns outros.
Possuía ainda bufete, gabinete de leitura, telefone e caixa de correio.
A partir de 1909, todas as sextas-feiras, a gerência dos Hermínios levava a cabo concertos musicais, que deliciavam a clientela.


 

Publicidade aos Armazéns Hermínios, em 1914
 
 
 

Armazéns Hermínios, em 1908, com entrada pela Rua de Santo António
 
 
 
 
 
O interior dos Armazéns Hermínios estava dividido em dois pisos, de muito alto pé direito, devido à diferença de nível entre as ruas de Santo António e Sá da Bandeira.

 
 
 

Interior dos Armazéns Hermínios - Ed. Alvão

 
 

Interior, em 1913, dos Armazéns Hermínios - Ed. Le Temps Perdu
 
 
 

Fachada dos Armazéns Hermínios voltada para a Rua de Santo António


 
 

À direita, o local da antiga e desaparecida entrada para o Teatro Baquet e para os Armazéns Hermínios pela Rua de 31 de Janeiro, depois, foi uma dependência da CGD, actualmente, encerrada – Fonte: Google maps
 
 
 
 
Os “Grandes Armazéns Hermínios” que tinham sido inaugurados no dia 1 de Julho de 1893, em 26 de Julho de 1917, serão alvo da abertura de um processo de falência, pois, tinha, à data, um passivo de 520 contos de Réis, tendo, para o efeito, o respectivo juiz nomeado seus curadores-fiscais a Casa Burnay, de Lisboa e o Banco Aliança, do Porto.

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