Com traseiras para a Rua de Sá da Bandeira, existiu um
célebre teatro, com entrada principal pela Rua de Santo António (hoje, Rua 31
de Janeiro).
Aquela sala de espectáculos, chamada Teatro Baquet, foi mandada construir em 21 de Fevereiro de
1858 pelo alfaiate portuense António Pereira Baquet e inaugurada com um baile
de Carnaval, em 13 de Fevereiro do ano seguinte.
Em 21 de Março de 1888, ali, deflagraria um pavoroso
incêndio e encerrou para sempre.
Foto do ataque ao incêndio pela Rua de Sá da Bandeira – Ed.
Revista Occidente n.º 334 de 1 de Abril de 1888
Na área onde esteve o Teatro Baquet, haveria de ser
levantado um novo edifício com entradas pela Rua de Sá da Bandeira e Rua de
Santo António, que albergaria os Armazéns Hermínios.
Armazéns Hermínios, à direita, no local anteriormente
ocupado pelo Teatro Baquet. Ao lado, o Teatro Sá da Bandeira
Entrada dos Armazéns Hermínios pela Rua Sá da Bandeira onde,
actualmente, está o "PortoBay Hotel Teatro"
A poucos metros do PortoBay Hotel Teatro, situa-se o velhinho Teatro Sá da Bandeira.
O comerciante José Maria Ferreira, natural da freguesia de
Melo, em Gouveia, começando por exercer a sua actividade, na Rua das Flores, de
comércio de panos em grosso e a retalho, no início da década de 1880, alugou um
espaço à entrada da Rua de Santa Catarina no local actualmente ocupado pela
Livraria Latina.
Aí, abriu uma casa, a que deu o nome de Armazéns Hermínios,
que seria uma alusão às suas origens na serra da Estrela – os Montes Hermínios.
Entrada da Rua de Santa Catarina na confluência com a Rua de Santo António (Rua 31 de Janeiro)
Na foto anterior, na primeira loja, à direita, na Rua de Santa Catarina
esteve, na década de 1880, o comerciante José Maria Ferreira. Nesse mesmo
prédio encontrava-se, também, desde há alguns anos, segundo informação de
Alberto Pimentel no seu "Guia do Viajante na cidade do Porto e seus
Arrabaldes", o "Hotel Pomba d'Ouro".
“O novo
estabelecimento possuía confecção própria de roupa à medida e apresentava
algumas características inovadoras em relação ao comércio envolvente: praticava
o preço fixo, só vendia a dinheiro (e não a crédito) e editava, regularmente,
catálogos dos seus produtos que enviava pelo correio a todos os clientes. Para
além disso, como noticiava o jornal “A Província” em 1885, "o
sistema adotado de vender todos os seus artigos com um lucro reduzido é, sem
dúvida, uma das causas que contribui para o rápido desenvolvimento das suas
operações". Perante o sucesso deste modelo, na década seguinte, José
Maria Ferreira decidiu dar um passo em frente: criou uma sociedade – da qual
fizeram parte, entre outros, o capitalista Henrique Burnay – com o objetivo de
abrir, no Porto, uma grande galeria, do tipo parisiense.”
Cortesia Manuel de Sousa
“Os Hermínios
eram também considerados uma instituição social, uma vez que abrangia cerca de
1.500 funcionários de todas as categorias. Dentro destas actividades sociais
salientavam-se as excursões dos empregados, os grandiosos concertos, os “bodos
aos pobres”, os saldos de ocasião e os balões oferecidos às
crianças".
Fonte: blogue Garfadas
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Os Grandes Armazéns
Hermínios tinham secções de tecidos para homem e senhora, fazendas brancas,
estofos, camisaria, luvaria, miudezas, cutelaria, materiais de escritório,
artigos de iluminação, louças, vidros e cristais, oleados e borrachas,
perfumarias e bronzes, entre alguns outros.
Possuía ainda
bufete, gabinete de leitura, telefone e caixa de correio.
A partir de 1909,
todas as sextas-feiras, a gerência dos Hermínios levava a cabo concertos
musicais, que deliciavam a clientela.
O interior dos
Armazéns Hermínios estava dividido em dois pisos, de muito alto pé direito,
devido à diferença de nível entre as ruas de Santo António e Sá da Bandeira.
Os “Grandes Armazéns Hermínios” que tinham sido inaugurados
no dia 1 de Julho de 1893, em 26 de Julho de 1917, serão alvo da abertura de um
processo de falência, pois, tinha, à data, um passivo de 520 contos de Réis,
tendo, para o efeito, o respectivo juiz nomeado seus curadores-fiscais a Casa
Burnay, de Lisboa e o Banco Aliança, do Porto.
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