14.5 Os Caminhos-de-Ferro
e a cidade
Em meados do século XIX, seria inaugurado o serviço
ferroviário na ligação entre as duas principais cidades do reino, de que
narram os textos seguintes:
“Em 1845 o governo de Costa Cabral criou uma
companhia com a finalidade de fazer uma linha férrea entre Lisboa e Porto. Mas
só em 1852 Fontes Pereira de Melo deitou mão firmes para essa realização,
criando a Companhia Central Peninsular de Caminhos de Ferro. Em 1856 a linha
chegou ao Carregado. Na ida este primeiro comboio real, que transportava D.
Pedro V, demorou 40 minutos a fazer a viagem, mas na volta a máquina avariou e
demorou 2 horas! Pelos vistos as máquinas compradas eram já muito usadas e
velhas.
O chiste que correu foi que o opíparo
banquete servido no Carregado tinha sido tão pesado que as máquinas não
aguentaram.
Daí até Gaia, 7/7/1864, houve grandíssimas
dificuldades técnicas, mas sobretudo financeiras, chegando-se ao ponto de a
companhia ter aberto falência.
Foi criada a Companhia Real dos Caminhos de
Ferro Portugueses que terminou o percurso.
Os bilhetes entre Lisboa e Devesas custavam
de 6$000, 4$670 e 3$330 reis da primeira à terceira classe.
Os passageiros que alugassem um trem entre a
Praça D. Pedro e Devesas pagavam 200 reis, e da Ribeira somente 120 reis.
A viagem demorava 14 horas o que foi uma
grande redução em relação à anterior Mala-Posta que levava 34. Saía de Lisboa à
8h e chegava ao Porto às 22.
O comboio parava em Coimbra, às 16 horas, o
tempo suficiente para se almoçar e bem, segundo a opinião de clientes.
Só em 1886 foi criado o primeiro expresso que
demorava 8 horas!”
Fonte :
portoarc.blogspot
“O
caminho-de-ferro era inaugurado em Portugal em 1856, entre Lisboa e o
Carregado, mas só em 1864 ficaria concluída a Linha do Norte.
De Santa Apolónia
até Gaia, demorava-se na altura 14 horas de viagem. Um autêntico feito,
comparado com os vários dias que demorava a antiga mala posta. O
caminho-de-ferro acabava na margem esquerda do Douro e só 13 anos depois se
vencia o "temível fosso daquele rio" com a construção da Ponte de D.
Maria, que permitia, enfim, ao comboio chegar ao centro da Invicta.
Até lá, as
primeiras composições partiam de Lisboa às 9h15 e chegavam a Gaia às 23h20. Em
sentido contrário, saía-se da estação das Devesas às 5h00 da manhã e descia-se
em Santa Apolónia às sete da tarde. Um dia de viagem, sim, mas com paragens
para se tomar as refeições no Entroncamento e na Pampilhosa.
Em 1899, a
Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses inaugura os
"rápidos" entre Lisboa e Porto que passam a fazer os cerca de 300
quilómetros entre as duas cidades em apenas sete horas. Uma nova melhoria do
serviço ocorre em 1911, com a compra de locomotivas alemãs, capazes de circular
a 120 km/hora e que reduzem o percurso para cinco horas e meia”.
In Público de
2/9/2006; Fonte: “portoarc.blogspot”
O percurso da Linha
do Norte, a partir de V. N. de Gaia, foi construído de Norte para Sul, tendo a
linha atingido Estarreja em 8 de Junho de 1863. Entretanto, decorriam os trabalhos iniciados em Lisboa no sentido de Sul para Norte.
A ligação de V. N. de Gaia até Lisboa
foi concluída cerca de um ano depois, em 1864.
Estação da Granja – Fonte: “restosdecoleccao.blogspot”
“Até à construção da Ponte Maria Pia, durante
13 anos, os passageiros e mercadorias saíam na Estação de Gaia, Devesas,
seguindo para o Porto por diversas formas. Os mais pobres vinham a pé e os que
podiam alugavam um trem ou tinham o seu próprio veículo esperando. Atravessavam
a Ponte D. Maria II, pênsil. Porém, algumas pessoas preferiam atravessar o rio
de barco por razões várias, entre elas o custo”.
Fonte: portoarc.blogspot
“(...) A evolução
dos transportes e vias de comunicação terrestres sofreu uma significativa
evolução durante o início do séc. XIX com o aparecimento dos caminhos-de-ferro,
em Inglaterra.
Em Portugal, o
primeiro troço ferroviário foi inaugurado no ano de 1856, ligando Lisboa e o
Carregado e tornava-se importante continuar a via-férrea até à cidade do Porto.
Para isso o Porto precisava de uma estação ferroviária. Após algumas opções
falhadas, optou-se por construir a estação em Campanhã, entre a zona de Godim e
da Quinta do Pinheiro. Devido à sua localização a estação ferroviária ficou
conhecida como Estação do Pinheiro e o primeiro comboio que circulou a norte do
Douro português partiu daí em direcção a Braga a 20 de maio de 1875. Dois anos
mais tarde seria inaugurada a Ponte Maria Pia, permitindo assim a ligação por
via-férrea entre o Porto e o centro e sul do país. Revestida de grande
importância para a cidade e também para o seu comércio e indústrias, a Estação
do Pinheiro viu essa importância diminuir devido ao seu afastamento do centro
da cidade, que “obrigou” à construção da Estação Central de São Bento. Ainda
assim, na entrada do séc. XX e agora já conhecida por Estação de Campanhã,
acompanhou a evolução tecnológica e industrial, foi-se mantendo uma estação moderna,
com ligação internacional a Espanha e foi ponto de chegada, partida, ou
passagem de figuras importantes da História nacional. Além disto, também foi
local de armazenagem e controlo de produtos e mercadorias, local de fabrico e
arranjo de material circulante com as suas oficinas e os seus ferroviários
deram mesmo origem em 1930 a um grupo desportivo. Mais tarde, na década de 1960
a electrificação da linha permitiu que comboios mais eficazes e menos poluentes
pudessem circular pela estação. De Campanhã havia ligação de comboio às Linhas
do Minho, Douro, ligação a Leixões, ligações de longo curso para o centro e
sul, ligações concelhias a São Bento e à Alfândega e ligações à Galiza.
Na entrada para o
séc. XXI a Estação de Campanhã, integrou a rede do Metro do Porto recebendo uma
estação metropolitana e permitindo, entre outros, a ligação ao aeroporto. Ao
longo dos seus 140 anos de história esta Estação soube resistir ao tempo e a
uma localização “afastada”, dinamizou uma região, viu a sua importância crescer
e serviu a cidade e o país, sempre acompanhando a evolução a diversos níveis.
Foi e é um importante ponto de ligação entre locais e pessoas e é actualmente a
mais importante estação ferroviária do Norte de Portugal”.
In Arquivo Municipal
do Porto; Fonte: “portoarc.blogspot”
Estação de Campanhã em 1896 – Desenho de R. Christino –
Fonte: portoarc.blogspot
Gare da Estação de Campanhã em 1900 - Fonte AHMP
Caixa de correio
No dia 15/9/1897
inaugurou-se o primeiro serviço de venda de selos e de recepção da última hora,
na gare da Estação de Campanhã.
A correspondência
para o norte, desde que fosse colocada nos receptáculos para o fim colocados na
gare, até 5 minutos antes da partida dos comboios, seguiria no mesmo dia para
os seus destinos.
Estação de Campanhã em 1900 – Ed. Arnaldo Soares
Restaurante da Estação Ferroviária de Campanhã
Ao fundo, a Estação Ferroviária de Campanhã, na primeira
metade do século XX
Estação de Campanhã na actualidade – Fonte: portoarc.blogspot
Outras ligações
entre o Porto e outros destinos foram-se instalando como, por exemplo, a linha do Minho até Valença e a linha do Douro até Barca d'Alva, começadas em 1875, quando foi inaugurada a Estação do Pinheiro de Campanhã.
Entretanto, a Estação das Devesas, em V. N. de Gaia, já tinha sido inaugurada em 8 de Junho de 1863, embora o comboio, proveniente de Lisboa, só ali chegasse em 1864.
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