A Igreja de S. Nicolau está localizada na freguesia
do mesmo nome.
Com a necessidade de melhorar a administração da cidade do
Porto, em finais do século XVI, a única freguesia então existente, a de Santa Maria da Sé, foi dividida em
quatro pelo bispo do Porto, Marcos de Lisboa: Sé, Vitória, São Nicolau e S. João Baptista de Belomonte, sendo
esta última extinta, poucos anos depois, e repartida entre Vitória e São
Nicolau.
“Antes da igreja,
existia desde 1247, uma ermida de S. Nicolau, onde estava a Confraria de Nossa
Senhora da Boa Nova, que pertencia à Albergaria de Santa Catarina, instituição
destinada ao tratamento dos leprosos na Reboleira e, por isso, serviria aquela
ermida de oratório do hospital de Santa Catarina.
Nossa Senhora da Boa
Nova era padroeira dos homens do comércio, mareantes e negociantes da cidade do
Porto.
Tendo a ermida sofrido
obras de ampliação em 1656, em 1671 o bispo D. Nicolau Monteiro manda edificar
uma nova igreja, que será consagrada em 1676. Esta igreja é destruída por um
incêndio em 1758, e no mesmo ano inicia-se a sua reconstrução segundo risco de
Frei Manuel de Jesus Maria, e foi executada durante o bispado de D. Frei
António de Sousa.
A nova igreja é aberta
ao culto em 1762. Os retábulos laterais foram elaborados entre 1762 e 1763, por
José Teixeira Guimarães e Francisco Pereira Campanhã e são dedicados a Santo
Elói e a Nossa Senhora da Conceição”.
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
No alto da fachada, encontra-se um frontão cortado por um
nicho, com a imagem do padroeiro, em calcário. O interior do templo, de uma só
nave, é coberto com abóbada em tijolo. O retábulo é em talha dourada rococó, e
o painel é do pintor João Glama Ströberlle.
“Na sacristia,
encontram-se várias obras de arte e valiosas peças de ourivesaria. Os arcazes,
que vieram de Hamburgo, em 1817, têm os puxadores em bronze. Das peças de
ourivesaria destacam-se um cálice do século XVI, com tintinábulos, uma píxide
rococó, de prata, com legenda na base, um cálice em prata dourada, também
rococó, e dois gomis com as respectivas salvas, do século XVIII, da autoria do
ourives portuense Domingos Sousa Coelho.
Em 1832 foi
acrescentado um adro gradeado para a protecção das sepulturas e em 1861 cobriu
se a frontaria com azulejos”.
Fonte: “pt.wikipedia.org”
Igreja de S. Nicolau
Igreja de S. Nicolau em desenho de Joaquim Villanova c. 1833
17.5
Capela de Santo António do Penedo e Confraria de Santo António
A Capela de Santo António do Penedo, também conhecida por
Capela de Santo António Magno, erguia-se no Campo de Santa Clara, hoje, o Largo
1º de Dezembro, tendo sido demolida em 1886, para abrir a actual Rua Saraiva
Carvalho, para dar acesso à ponte de Luís I, a construir.
Já, agora, diga-se, que Saraiva Carvalho foi um político e
ministro de várias pastas, interveniente na revolta conhecida por Janeirinha
por ter tido lugar a 1 de Janeiro de 1868 e que depôs o partido Regenerador, à
frente de um governo, até aí, com as finanças públicas de rastos e pelo
aparecimento do partido Reformador. O jornal portuense “ O 1º de Janeiro” tem
tudo a ver com a Janeirinha. O período que se seguiu à revolta foi de grande
instabilidade governativa.
Rua Saraiva Carvalho em 1908 - Ed. Aurélio Paz dos Reis
Na foto acima, uma
manifestação do 1º de Maio, em 1908. À esquerda (em cima), o palacete dos
Azevedos.
Perspectiva actual da foto anterior
Dispensário Rainha D. Amélia – Ed. Photo Guedes
A imagem acima
mostra uma capela que existiu junto do edifício onde funcionou o dispensário Rainha
D. Amélia, encostada ao torreão da muralha Fernandina e, embora, esteja
identificada em várias publicações, como sendo a Capela de Santo António do
Penedo, tal não corresponde
à verdade, como veremos a seguir.
Voltando à capela de
Santo António do Penedo, ela tinha 12 a 15 metros de comprimento e 4 a 5 de
largura e o arco bizantino da frontaria era o único na cidade.
Segundo algumas
personalidades, supõe-se que esta capela foi construída no séc. XIV, mas “o
primeiro documento que tem aparecido a seu respeito é um título do ano de 1504,
onde se vê que naquela data estava ela vinculada, ou na posse dum tal Afonso
Ferraz, a qual havia já herdado de seus ascendentes”.
Ignora-se, portanto, a data exacta da sua construção
inicial, mas sabe-se que no 1º quartel do século XVII, foi alvo de uma séria
remodelação.
Assim, em 1671/72, recebeu
a capela, um coro e uma galilé executados pelo mestre pedreiro Manuel do Couto,
segundo a traça do Padre Pantaleão da Rocha de Magalhães, mestre-capela da Sé
do Porto e arquitecto amador, que investigações recentes ligam a algumas das
obras mais importantes realizadas, no Porto, na segunda metade do século XVII.
Sabe-se que a capela
começou por se chamar de Santo Antão passando, mais tarde, a Santo António.
Segundo o blogue
“Porto, de Agostinho Rebelo da Costa aos nossos dias”:
“…Note-se que esta capela dedicada a Santo
António não se referia ao Santo António de Lisboa, mas sim a Santo António
Magno, eremita de Tebaida, conhecido por Santo Antão.
Agostinho Rebelo Costa afirma: “…a de Santo António do Penedo, que foi a
primeira que se consagrou a este Santo”.
Ora, foi provado documentalmente que este
Santo António era o ermitão que acima referimos.
O documento referido por Carlos das Neves, em
O Tripeiro, Volume 1 a páginas 300 e Volume 2 a páginas 25, eram as “Memórias da Congregação do Oratório da
Cidade do Porto…de 1741” e pertencia, em 1898, ao ex- Abade de
Miragaia, quando foi lido pelo referido Carlos das Neves. Neste documento pode
ler-se:
“…determinaram
Gaspar de Abreu de Freitas desembargador dos agravos desta
Relação, como Juiz que era da Confraria de Santo António, ele e mais
mordomos da mesma Confraria edificar um templo em honra de Santo António;
porque não tinha este Santo sendo nosso português igreja alguma na cidade
dedicada ao seu nome: pois ainda que a Capela, enquanto a dita Confraria até
ali estava assentada, se chamava de Santo António do Penedo, por estar fundada
sobre viva Rocha junto ao muro da cidade da parte de dentro; na realidade esta
Capela não foi fundada para Santo António Português; mas sim para Santo António
Magno que vulgarmente chamamos Santo Antão…”
Em 1845, a capela de Santo António do Penedo (que existiu até 1886) no meio do Largo 1º de
Dezembro
A gravura anterior é
uma prova, em papel salgado, a partir de um calótipo de Frederick William
Flower, em 1845, na qual é possível notar a presença de um cruzeiro que, como
habitualmente, integraria uma via-sacra.
Abaixo, está
representada, numa planta do século XIX, a área intramuros do Largo de Santa
Clara.
Nela, pode
observar-se a Capela de Santo António do Penedo e a sua orientação e, ainda, a
casa de habitação a si adossada que acabou por pertencer a Teixeira Pinto.
Planta de Santo António do Penedo, antes, Carvalhos do Monte
Porta do Sol (vista de intramuros) e Largo de Santo António
do Penedo
Na gravura, acima,
pode ver-se, à direita, o cruzeiro do Senhor da Boa Fortuna, (actualmente
exposto no cemitério da Lapa junto ao jazigo onde está Camilo Castelo Branco) próximo
da casa de Teixeira Pinto (exemplificado no desenho abaixo).
A capela adossada à casa era propriedade do morgado Miguel Brandão e Silva.
Em 1860, sendo proprietário da casa adossada à capela, que vinha a apresentar sinais de ruína, desde 1835, Teixeira Pinto (…)
A capela adossada à casa era propriedade do morgado Miguel Brandão e Silva.
Em 1860, sendo proprietário da casa adossada à capela, que vinha a apresentar sinais de ruína, desde 1835, Teixeira Pinto (…)
“ (…) num processo
trabalhoso, conseguiu também a capela para si. O agora proprietário tratou de a
adaptar ao uso que lhe pretendia e daqui adveio o último estágio evolutivo do
monumento, poucos anos antes da destruição final: nivelou-a ao seu prédio do
lado poente, demolindo o alpendre bem como a escadaria localizada em
frente deste. Todo este terreno deixado livre foi à sua custa, ajardinado, e mais
algum de que entretanto se apossou... Mais pobre mas ainda com aspeto de
capela, o seu interior foi a partir daí usado como dependência de arrumos do
proprietário.”
Com o devido crédito a Nuno Cruz, administrador de
“aportanobre.blogs.sapo.pt”
Quanto ao arco
cruzeiro da capela, alguns dizem terem ido, as suas pedras, para os jardins o
Palácio de Cristal e sido alvo de um projecto de instalação, aí. No entanto, tal
nunca se concretizaria por se terem extraviado alguns dos seus elementos
estruturais. Outros estudiosos colocam outras hipóteses.
“O arco cruzeiro desta
capela, de primoroso lavor, foi salvo da destruição tendo também ele sido
remetido para S. Lázaro. Contudo, como refere Pedro Vitorino (ver aqui) quando
o quiseram voltar a erguer na quinta do SMAS, o mesmo já se mostrava
incompleto!”
Com o devido crédito a Nuno Cruz, administrador de
“aportanobre.blogs.sapo.pt”
Planta do Largo de Santa Clara
Quando a capela de
Santo António do Penedo se tornou exígua e os desembargadores, cuja confraria
tinha como patrono Santo António de Lisboa e que vinham ocupando aquela capela
por favor, quiseram ter templo próprio onde instalar a irmandade, escolheram um
terreno perto do medieval Campo das Hortas, mesmo em frente à Porta de Carros, que
se abria no pano da muralha fernandina, compraram-no e, aí, começaram a erguer
a ermida com a ajuda de esmolas dos fiéis.
A escritura respectiva ocorreria em 20 de Dezembro de 1657, em que são outorgantes a Câmara e a Mesa da Confraria de Santo António e na qual é feita a oferta condicionada, daquela a esta, de uns terrenos situados fora da Porta de Carros para a construção de um templo. A escritura viria a ser confirmada por alvará régio de 4 de Abril de 1658.
Este templo iria ser, finalmente, o primeiro da cidade dedicado a Santo António de Lisboa.
Aliás, compreende-se a devoção dos desembargadores a Santo António de Lisboa, justificada pela lenda, que reza que o seu pai tinha sido injustamente condenado pelo homicídio de um vizinho. Já ia a caminho da forca quando Santo António, então em Pádua, se terá transportado espiritualmente para Lisboa para o defender e salvar da morte.
Neste episódio radica a expressão; “Tirar o pai da forca”.
A escritura respectiva ocorreria em 20 de Dezembro de 1657, em que são outorgantes a Câmara e a Mesa da Confraria de Santo António e na qual é feita a oferta condicionada, daquela a esta, de uns terrenos situados fora da Porta de Carros para a construção de um templo. A escritura viria a ser confirmada por alvará régio de 4 de Abril de 1658.
Este templo iria ser, finalmente, o primeiro da cidade dedicado a Santo António de Lisboa.
Aliás, compreende-se a devoção dos desembargadores a Santo António de Lisboa, justificada pela lenda, que reza que o seu pai tinha sido injustamente condenado pelo homicídio de um vizinho. Já ia a caminho da forca quando Santo António, então em Pádua, se terá transportado espiritualmente para Lisboa para o defender e salvar da morte.
Neste episódio radica a expressão; “Tirar o pai da forca”.
Entretanto, poucos
meses depois do início das obras, os magistrados abandonaram o projecto e
ofereceram o terreno e o que já havia da ermida à Câmara do Porto, "para sempre, enquanto o Mundo
durar".
(Continua)
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