segunda-feira, 29 de maio de 2017

(Continuação 1) - Actualização em 01/11/2018 e 01/03/2021


A Igreja de S. Nicolau está localizada na freguesia do mesmo nome.
Com a necessidade de melhorar a administração da cidade do Porto, em finais do século XVI, a única freguesia então existente, a de Santa Maria da Sé, foi dividida em quatro pelo bispo do Porto, Marcos de Lisboa: Sé, Vitória, São Nicolau e S. João Baptista de Belomonte, sendo esta última extinta, poucos anos depois, e repartida entre Vitória e São Nicolau.

“Antes da igreja, existia desde 1247, uma ermida de S. Nicolau, onde estava a Confraria de Nossa Senhora da Boa Nova, que pertencia à Albergaria de Santa Catarina, instituição destinada ao tratamento dos leprosos na Reboleira e, por isso, serviria aquela ermida de oratório do hospital de Santa Catarina.
Nossa Senhora da Boa Nova era padroeira dos homens do comércio, mareantes e negociantes da cidade do Porto.
Tendo a ermida sofrido obras de ampliação em 1656, em 1671 o bispo D. Nicolau Monteiro manda edificar uma nova igreja, que será consagrada em 1676. Esta igreja é destruída por um incêndio em 1758, e no mesmo ano inicia-se a sua reconstrução segundo risco de Frei Manuel de Jesus Maria, e foi executada durante o bispado de D. Frei António de Sousa.
A nova igreja é aberta ao culto em 1762. Os retábulos laterais foram elaborados entre 1762 e 1763, por José Teixeira Guimarães e Francisco Pereira Campanhã e são dedicados a Santo Elói e a Nossa Senhora da Conceição”.
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”


No alto da fachada, encontra-se um frontão cortado por um nicho, com a imagem do padroeiro, em calcário. O interior do templo, de uma só nave, é coberto com abóbada em tijolo. O retábulo é em talha dourada rococó, e o painel é do pintor João Glama Ströberlle.

“Na sacristia, encontram-se várias obras de arte e valiosas peças de ourivesaria. Os arcazes, que vieram de Hamburgo, em 1817, têm os puxadores em bronze. Das peças de ourivesaria destacam-se um cálice do século XVI, com tintinábulos, uma píxide rococó, de prata, com legenda na base, um cálice em prata dourada, também rococó, e dois gomis com as respectivas salvas, do século XVIII, da autoria do ourives portuense Domingos Sousa Coelho.
Em 1832 foi acrescentado um adro gradeado para a protecção das sepulturas e em 1861 cobriu se a frontaria com azulejos”.
Fonte: “pt.wikipedia.org”


Igreja de S. Nicolau

Igreja de S. Nicolau em desenho de Joaquim Villanova c. 1833




17.5 Capela de Santo António do Penedo e Confraria de Santo António


A Capela de Santo António do Penedo, também conhecida por Capela de Santo António Magno, erguia-se no Campo de Santa Clara, hoje, o Largo 1º de Dezembro, tendo sido demolida em 1886, para abrir a actual Rua Saraiva Carvalho, para dar acesso à ponte de Luís I, a construir.
Já, agora, diga-se, que Saraiva Carvalho foi um político e ministro de várias pastas, interveniente na revolta conhecida por Janeirinha por ter tido lugar a 1 de Janeiro de 1868 e que depôs o partido Regenerador, à frente de um governo, até aí, com as finanças públicas de rastos e pelo aparecimento do partido Reformador. O jornal portuense “ O 1º de Janeiro” tem tudo a ver com a Janeirinha. O período que se seguiu à revolta foi de grande instabilidade governativa. 



Rua Saraiva Carvalho em 1908 - Ed. Aurélio Paz dos Reis



 

Na foto acima, uma manifestação do 1º de Maio, em 1908. À esquerda (em cima), o palacete dos Azevedos. 





Perspectiva actual da foto anterior



Dispensário Rainha D. Amélia – Ed. Photo Guedes



A imagem acima mostra uma capela que existiu junto do edifício onde funcionou o dispensário Rainha D. Amélia, encostada ao torreão da muralha Fernandina e, embora, esteja identificada em várias publicações, como sendo a Capela de Santo António do Penedo, tal não corresponde à verdade, como veremos a seguir.
Voltando à capela de Santo António do Penedo, ela tinha 12 a 15 metros de comprimento e 4 a 5 de largura e o arco bizantino da frontaria era o único na cidade.
Segundo algumas personalidades, supõe-se que esta capela foi construída no séc. XIV, mas “o primeiro documento que tem aparecido a seu respeito é um título do ano de 1504, onde se vê que naquela data estava ela vinculada, ou na posse dum tal Afonso Ferraz, a qual havia já herdado de seus ascendentes”.
Ignora-se, portanto, a data exacta da sua construção inicial, mas sabe-se que no 1º quartel do século XVII, foi alvo de uma séria remodelação.
Assim, em 1671/72, recebeu a capela, um coro e uma galilé executados pelo mestre pedreiro Manuel do Couto, segundo a traça do Padre Pantaleão da Rocha de Magalhães, mestre-capela da Sé do Porto e arquitecto amador, que investigações recentes ligam a algumas das obras mais importantes realizadas, no Porto, na segunda metade do século XVII.
Sabe-se que a capela começou por se chamar de Santo Antão passando, mais tarde, a Santo António.
Segundo o blogue “Porto, de Agostinho Rebelo da Costa aos nossos dias”:




Note-se que esta capela dedicada a Santo António não se referia ao Santo António de Lisboa, mas sim a Santo António Magno, eremita de Tebaida, conhecido por Santo Antão.
Agostinho Rebelo Costa afirma: “…a de Santo António do Penedo, que foi a primeira que se consagrou a este Santo”.
Ora, foi provado documentalmente que este Santo António era o ermitão que acima referimos.
O documento referido por Carlos das Neves, em O Tripeiro, Volume 1 a páginas 300 e Volume 2 a páginas 25, eram as “Memórias da Congregação do Oratório da Cidade do Porto…de 1741” e pertencia, em 1898, ao ex- Abade de Miragaia, quando foi lido pelo referido Carlos das Neves. Neste documento pode ler-se: 
“…determinaram Gaspar de Abreu de Freitas desembargador dos agravos desta Relação, como Juiz que era da Confraria de Santo António, ele e mais mordomos da mesma Confraria edificar um templo em honra de Santo António; porque não tinha este Santo sendo nosso português igreja alguma na cidade dedicada ao seu nome: pois ainda que a Capela, enquanto a dita Confraria até ali estava assentada, se chamava de Santo António do Penedo, por estar fundada sobre viva Rocha junto ao muro da cidade da parte de dentro; na realidade esta Capela não foi fundada para Santo António Português; mas sim para Santo António Magno que vulgarmente chamamos Santo Antão…”




Capela de Santo António do Penedo, em 1833 - Gravura de Joaquim Villanova




Em 1845, a capela de Santo António do Penedo (que existiu até 1886) no meio do Largo 1º de Dezembro



A gravura anterior é uma prova, em papel salgado, a partir de um calótipo de Frederick William Flower, em 1845, na qual é possível notar a presença de um cruzeiro que, como habitualmente, integraria uma via-sacra.
Abaixo, está representada, numa planta do século XIX, a área intramuros do Largo de Santa Clara.
Nela, pode observar-se a Capela de Santo António do Penedo e a sua orientação e, ainda, a casa de habitação a si adossada que acabou por pertencer a Teixeira Pinto.




Planta de Santo António do Penedo, antes, Carvalhos do Monte





Porta do Sol (vista de intramuros) e Largo de Santo António do Penedo


 

Na gravura, acima, pode ver-se, à direita, o cruzeiro do Senhor da Boa Fortuna, (actualmente exposto no cemitério da Lapa junto ao jazigo onde está Camilo Castelo Branco) próximo da casa de Teixeira Pinto (exemplificado no desenho abaixo).
A capela adossada à casa era propriedade do morgado Miguel Brandão e Silva.
Em 1860, sendo proprietário da casa adossada à capela, que vinha a apresentar sinais de ruína, desde 1835, Teixeira Pinto (…)



“ (…) num processo trabalhoso, conseguiu também a capela para si. O agora proprietário tratou de a adaptar ao uso que lhe pretendia e daqui adveio o último estágio evolutivo do monumento, poucos anos antes da destruição final: nivelou-a ao seu prédio do lado poente, demolindo o alpendre bem como a escadaria localizada em frente deste. Todo este terreno deixado livre foi à sua custa, ajardinado, e mais algum de que entretanto se apossou... Mais pobre mas ainda com aspeto de capela, o seu interior foi a partir daí usado como dependência de arrumos do proprietário.”
Com o devido crédito a Nuno Cruz, administrador de “aportanobre.blogs.sapo.pt”



Quanto ao arco cruzeiro da capela, alguns dizem terem ido, as suas pedras, para os jardins o Palácio de Cristal e sido alvo de um projecto de instalação, aí. No entanto, tal nunca se concretizaria por se terem extraviado alguns dos seus elementos estruturais. Outros estudiosos colocam outras hipóteses.




“O arco cruzeiro desta capela, de primoroso lavor, foi salvo da destruição tendo também ele sido remetido para S. Lázaro. Contudo, como refere Pedro Vitorino (ver aqui) quando o quiseram voltar a erguer na quinta do SMAS, o mesmo já se mostrava incompleto!”
Com o devido crédito a Nuno Cruz, administrador de “aportanobre.blogs.sapo.pt”




Planta do Largo de Santa Clara




Quando a capela de Santo António do Penedo se tornou exígua e os desembargadores, cuja confraria tinha como patrono Santo António de Lisboa e que vinham ocupando aquela capela por favor, quiseram ter templo próprio onde instalar a irmandade, escolheram um terreno perto do medieval Campo das Hortas, mesmo em frente à Porta de Carros, que se abria no pano da muralha fernandina, compraram-no e, aí, começaram a erguer a ermida com a ajuda de esmolas dos fiéis.
A escritura respectiva ocorreria em 20 de Dezembro de 1657, em que são outorgantes a Câmara e a Mesa da Confraria de Santo António e na qual é feita a oferta condicionada, daquela a esta, de uns terrenos situados fora da Porta de Carros para a construção de um templo. A escritura viria a ser confirmada por alvará régio de 4 de Abril de 1658.
Este templo iria ser, finalmente, o primeiro da cidade dedicado a Santo António de Lisboa.
Aliás, compreende-se a devoção dos desembargadores a Santo António de Lisboa, justificada pela lenda, que reza que o seu pai tinha sido injustamente condenado pelo homicídio de um vizinho. Já ia a caminho da forca quando Santo António, então em Pádua, se terá transportado espiritualmente para Lisboa para o defender e salvar da morte.
Neste episódio radica a expressão; “Tirar o pai da forca”.
Entretanto, poucos meses depois do início das obras, os magistrados abandonaram o projecto e ofereceram o terreno e o que já havia da ermida à Câmara do Porto, "para sempre, enquanto o Mundo durar".


(Continua)

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