sábado, 13 de maio de 2017

(Continuação 7) - Actualização em 02/01/ e 12/12/2018, 15/11/2019, 14/02/ e 28/11/2020

A Fábrica de Fibra Comercial Lusitana situava-se na Avenida da Boavista com fachada principal voltada para a mesma.
Esteve abandonada muitos anos, sendo depois comprada por uma empresa do grupo Salvador Caetano, e demolida para dar lugar a uma urbanização de luxo, o que acabou, até hoje, por não acontecer.



Fibra Comercial Lusitana



Fábrica de Fibra Comercial Lusitana, em ruínas


Vista aérea do local e ruínas da Fábrica de Fibra Comercial Lusitana


Nesta vista (actual) o terreno da fábrica já está livre de qualquer edifício – Fonte: Google maps



A Fibra Comercial Lusitana era uma empresa que foi uma das primeiras a introduzir no nosso país o fabrico de fibras artificiais.
Inicialmente, as instalações da Fibra Comercial Lusitana estavam localizadas na Rua da Alegria no nº 689 (onde mais tarde veio a implantar-se uma refinaria de açúcar), mas, muito provavelmente na primeira metade da década de 1930, dará início à construção da sua nova fábrica, na Avenida da Boavista, próximo daquela que foi uma das mais famosas unidades industriais da Cidade Invicta - a Fábrica de Fiação e Tecidos William & John Graham & Co., também conhecida por Fábrica dos Ingleses, num local próximo da Ribeira de Lordelo, e que já possuía uma certa tradição industrial, em virtude de no início do século XX, ter aí laborado uma fábrica de curtumes.



“A Firma Comercial Lusitana, Lda foi fundada em 1928, como filial de uma sociedade hispano-italiana com sede em Barcelona. Era uma sociedade por quotas, que integrava apenas dois associados: a Fibra Comercial España, SA, que detinha um capital de 45 contos, e C. César P. Carbonelli, que dispunha de uma quota de cinco contos, ou seja, 50 contos no total, montante que hoje em dia nos parece irrisório, mas que para a época era bastante considerável.
Em 1934, César Carbonelli vende a sua quota à SNIA Viscosa - Societá Nacionali Industria Aplicata Viscosa, de Turim, uma importante firma industrial que estava na vanguarda da produção de fibras artificiais. Num balanço dos edifícios que marcaram a arquitectura portuense do século XX, a fábrica da Fibra Comercial Lusitana terá, indiscutivelmente, um lugar de destaque.
Não nos foi possível ainda encontrar a documentação original relativa à construção desta fábrica. Nos arquivos do município, a documentação mais antiga diz respeito a um pedido de alteração do projecto, apresentado em 1936, o qual deverá, no entanto, ter constituído o projecto definitivo de construção, pelo que consideraremos aquela data como a da concepção do edifício. 
Os respectivos projectos de engenharia e de arquitectura foram assinados pelo engº Antão de Almeida Garrett e pelo arqº Leandro de Morais, provavelmente os autores do projecto inicial, dado ser compreensível a administração da empresa entregar o pedido de alteração das instalações a quem já as tinha projectado.
Para além da sua importância económica e social, do ponto de vista arquitectónico o valor deste edifício reside, quanto a nós, no facto de preencher todas as condições que caracterizaram o movimento da arquitectura moderna. Juntamente com as já referidas garagem do jornal "O Comércio do Porto" (1932), de Rogério de Azevedo e do Entreposto do Peixe e Frigorífico (1932-34), de Manuel e Januário Godinho, a fábrica da Firma Comercial Lusitana integra de pleno direito os exemplares portuenses que marcaram o surgimento da arquitectura modernista entre nós.
A fábrica de "dobagem e torcedura de fios de seda artificial e secção de fiação de fibras artificiais" da Fibra Comercial Lusitana, construída em betão - um material que naquela época também constituía uma novidade - preenche, de facto, as características fundamentais da arquitectura modernista, não obstante as suas manifestações entre nós já terem sido classificadas de "efémeras", entre as quais se podem salientar a definição de um espaço único de laboração, suportado por colunas de betão, uma profusão de luz natural através de grandes paredes envidraçadas, uma renúncia deliberada a tudo o que pudesse transmitir um carácter monumental, e uma clara assunção de sobriedade e leveza que lhe transmitem um irrepreensível sentido de beleza. As instalações desta fábrica apresentam ainda um espaço ajardinado defronte do edifício principal - muito raro de encontrar, em virtude de estas tipologias sacrificarem ou reduzirem ao mínimo a implantação destas áreas - o qual, em virtude do abandono em que se encontram, se apresenta actualmente repleto de vegetação selvagem. Apesar da sua importância - que conduziu, no início da década de 1990, à apresentação de uma tentativa de classificação - a fábrica está condenada e, mais cedo ou mais tarde, irá ser demolida para dar lugar a uma das muitas urbanizações que têm vindo a implantar-se na congestionada Avenida da Boavista”.
Com a devida vénia a José Manuel Lopes Cordeiro, In Jornal Público em 09/01/2000


Outras indústrias


Fábrica de Moagens Harmonia


Fábrica de Moagens Harmonia em 1966 – Ed. SIPA


Esta fábrica ficava junto do Palácio do Freixo, que ainda é um pouco visível, ao fundo na foto.
Quando o palácio ficou na posse de José Maria Rodrigues Formigal, vendeu-o com uma propriedade anexa, por 19 contos de réis à sociedade gestora da Companhia de Moagens Harmonia, que se instalou então numa nova fábrica, bem junto do palácio.
Tal ocorreu, após o incêndio acontecido em 1890 numa destilaria de cereais, que anteriormente tinha sido uma fábrica de sabão, situada a poente do palácio. À data toda a área estava na posse de um cidadão alemão, Gustavo Nicolau Alexandre Peters, que continuou na posse da destilaria e retalhou a propriedade e a vendeu em talhões.
Em 1918 a Companhia de Moagens abre falência e é comprada a seguir por um conjunto de capitalistas portuenses, que reabilita o funcionamento da fábrica.
Depois de décadas de peripécias, as instalações da antiga fábrica acabam nas mãos do instituto de Emprego e Formação Profissional, que as cederia à Câmara Municipal do Porto.


Moagem Ceres



“João Ferreira de Figueiredo, oriundo de Viseu, fundou em 1875, no Porto, o seu negócio, que inicialmente era de Comércio de Cereais e Farinhas.

Em 1895, os seus filhos, Abílio e Augusto, juntaram-se como sócios ao negócio do pai, assumindo, passados 6 anos, a responsabilidade de uma nova sociedade, sob a designação de “A. de Figueiredo & Irmão”.
Em 1915, enquanto toda a Europa se debatia numa guerra profunda, os irmão Figueiredo criaram a Fábrica de Moagem junto ao caminhos-de ferro em Campanhã.
Na época conturbada entre as duas Grandes Guerras, em especial na década de 30, quando uma gigantesca crise económica e financeira abalou todo o Mundo, a Sociedade continuou a crescer, adoptando em 1931 a sua designação definitiva, “Moagem Ceres, A. de Figueiredo & irmão, S.A.R.L.”.
Em 1949, após o falecimento quase simultâneo dos dois sócios fundadores, começou a restruturação profunda da Moagem Ceres, que até então mantinha as máquinas e tecnologias com que tinha iniciado a sua actividade. Esta modernização foi acelerada pela publicação em 1961 de uma lei que obrigava a reorganização da indústria moageira.
Em 1965, nas Bodas de Ouro da Sociedade, foram inauguradas as novas máquinas e actuais instalações sendo o grande impulsionador desta reforma o Administrador Arnaldo de Figueiredo. A partir daí, a Moagem Ceres foi crescendo a um ritmo imparável, adoptando sempre a mais moderna tecnologia existente, de modo a satisfazer as crescentes necessidades do mercado.
Desde o 25 de Abril de 1974, sob a égide dos Administradores Armando Miranda e Rogério Figueiredo, a Moagem Ceres aumentou mais de 6 vezes a sua capacidade produtiva, atingindo em 1998, uma capacidade instalada superior a 460 toneladas de trigo por dia e um volume de negócios anual de cerca de 30 milhões de euros. Estando actualmente cotada no top 20 das PME e entre as 500 maiores empresas nacionais tem obtido sucessivas distinções, nomeadamente o "Rating 1" da Dun & Bradstreet e os prémios "PME Prestige", "PME Excelência" e "PME Lider" do IAPMEI.
No dia 1 de Abril de 2015 a Moagem Ceres completou 100 anos de actividade como moagem de cereais, na qual se tem distinguido pelo elevado padrão de qualidade dos seus produtos, pela satisfação dos seus clientes e pela constante inovação”.
Fonte: “moagemceres.pai.pt”


A Ceres na Rua Pinheiro de Campanhã

A Ceres, actualmente 


De notar que o jornal “O Commércio” de 26 de Dezembro de 1854, publicava uma notícia que dava conta da formação de uma sociedade em comandita, sob a firma de Companhia Ceres, cujo objectivo principal era a moagem de cereais, embora esta sociedade pareça nada ter a ver com a lançada, mais tarde, por João Ferreira de Figueiredo.
Na sociedade em comandita há dois tipos de sócios. Os de responsabilidade limitada que só contribuem com capital, e os de responsabilidade ilimitada que contribuem, para além da subscrição de capital, com o trabalho, sobre qualquer forma.









Fábrica de Moagem Andrades Villares. Moagens Invicta. Sociedade de Moagens Aliança, Lda.



Por volta de 1855 apareceram na cidade do Porto as primeiras moagens a vapor.
As mais importantes foram o Moinho a Vapor do Bicalho, de Pinto Basto e, com aparecimento naquele ano, a Companhia Ceres que viria a ser dissolvida em 1860, passando para a posse do seu principal credor Felix Fernandes Torres.
Na década seguinte apareceram a Companhia Industrial e Agrícola Portuense (de fiação e moagem de cereais) e a Manuel José Barreto, que mais tarde passaria a Barreto Filho & Genro.
Em 1874 surgiria então a Andrades Villares que, a partir de 1881, aparece com a designação de António Joaquim de Andrade Villares.
Aquela Companhia Ceres não tem qualquer ligação com “Moagem Ceres, A. de Figueiredo & irmão, S.A.R.L.”, surgida muito mais tarde.



“Pertencente a António Joaquim de Andrade Villares, foi fundada em 1874, na Rua de S. Jerónimo, n.º 136, hoje Rua de Santos Pousada. Segundo o Inquérito Industrial de 1881, esta importante fábrica de moagem não vendia farinha mas apenas pão, existindo aí uma padaria.
Parte do cereal que moía, cerca de 1/3, era utilizada na padaria da fábrica; o restante era moído por «conta alheia», isto é, por clientes que aí levavam o cereal, como se de um moinho tradicional se tratasse. Em 1908, é integrada na Companhia de Moagens Invicta e, em 1918, na Sociedade de Moagem Aliança Ltd., mais tarde Sociedade Industrial Aliança, tornando-se esta uma importante unidade do sector moageiro. Foi reconvertida em complexo habitacional”.
Fonte: “cct.portodigital.pt”




Pedido para instalação, em Agosto de 1909, de uma panificação e fabrico de amêndoas, da firma Andrades Villares na Travessa de Fernandes Tomás, nº 84 (hoje a Rua Comandante Rodolfo de Araújo) – Fonte: AHMP



A Companhia de Moagens Invicta formou-se em 1908 e, em 1917, antes de ser absorvida pela Companhia Aliança, era proprietária de 5 fábricas:
Fábrica de S. Jerónimo (Antiga Andrades Villares – 1874), Fábrica da Afurada (1890), Fábrica do Freixo (1890) e Fábrica de Valbom (1892) e a sociedade passa a ser gerida por Raúl Monteiro Guimarães:


“É ele que, em 1915, junta àquele lote, a Fábrica de Barcelos, em Barcelos e, três anos mais tarde, vai organizar a Sociedade de Moagem Aliança, adquirindo em 1920, a Nova companhia Nacional de Moagem, organizando, ainda, a Companhia Industrial de Portugal e Colónias que, por sua iniciativa, adquire o jornal Diário de Notícias”.
Fonte: “A experiência da Primeira República no Brasil e em Portugal” - Alda Mourão e Angela de Castro Gomes


A Fábrica de Bolachas Villares, na Rua de Santos Pousada, nº 145 (antes a Rua de S. Jerónimo), coexistiu com a Fábrica Aliança, naquela rua, durante quase todo o século XX, lançando no ar um cheiro característico ao produto final.





A Fábrica de Bolachas Villares esteve por aqui – Fonte: Google maps



Agora um condomínio fechado, a fábrica de bolachas da “Aliança” era aqui – Fonte: Google maps



A marca Aliança foi adquirida em 1997, pela firma “Vieira de Castro” de Famalicão.



Tampas de caixas de bolachas da “Villares”

Moagem do Ouro


Moagem do Ouro na Rua do Ouro – Ed. Espólio Fotográfico Português


O edifício da Moagem do Ouro actualmente – Fonte: Google maps

Após ter sido a Moagem do Ouro, por lá esteve uma garagem pertencente ao exército e serviu, ainda, de armazém ligado à indústria têxtil.
Hoje, alberga uma leiloeira e um restaurante.




Fábrica de Moagem da Senhora da Hora


A conhecida, no fim dos anos 20 do século passado, como “Fábrica de Moagem da Senhora da Hora” começou a laborar em 1900, fundada por Francisco Joaquim Pinto e sendo de início conhecida por “Fábricas a Vapor de Moagem de Trigo”.
Esta unidade de moagem de cereais da Senhora da Hora, tinha escritório no Porto, na Travessa da Fábrica, nº15 (hoje é a Rua de Avis).



Fábricas a Vapor de Moagem de Trigo da Senhora da Hora - Postal de 1910



Fachada principal (parcial) da Moagem da Senhora da Hora c. 1927 – Fonte: Fotograma de filme da Cinemateca



“Germen-moagem de cereais Sa”



A fábrica de Joaquim Francisco Pinto iniciou, então, em 1900 (fábrica original a vapor), foi ampliada em 1905 (segunda fábrica a vapor) e passou para novos sócios em 1920 (Sociedade de Fomento Industrial Lda). 
Hoje, após a passagem inexorável dos anos, a antiga unidade de moagem é apenas uma memória, mas, no mesmo local (gaveto formado pela Rua de Joaquim Pinto – uma homenagem ao seu fundador há mais de 100 atrás -  e a Avenida Fabril do Norte), está uma importante fábrica de moagem de cereais que faz parte de um grupo moageiro conhecido por “Germen-moagem de cereais Sa”.
A Fábrica de Moagem da Senhora da Hora foi, a par com a EFANOR (Empresa Fabril do Norte, SA, que abriria em 1907), uma das unidades industriais mais importantes da Senhora da Hora que, entre 1836 e 1853, tinha sido a sede do concelho de Bouças, mas que viria a perder esse estatuto para Matosinhos.





Fábrica de Bolachas Imperial


Com início de actividade nos anos 30 do século XX esta fábrica tinha instalações na Rua de Entreparedes nº 21, e tinha a particularidade de aromatizar com o cheiro doce das bolachas que aí eram fabricadas, toda a rua até à Praça da Batalha, que lhe ficava próxima. Encerrada já neste século mudou instalações para V. N. de Gaia sob a orientação do actual e único sócio-gerente e proprietário da fábrica, António Rocha, que nos últimos anos apenas se dedica ao embalamento de bolachas, compradas em Espanha, por ser mais "rentável".



Fábrica de Bolachas Imperial, à data, na Rua de Entreparedes nº 21-23 – Fonte: Google maps


Publicidade à Fábrica Imperial em calendário para 1983




 Frigorífico do Bacalhau


A Comissão Reguladora do Comércio de Bacalhau mandou construir um frigorífico, na Rua do Ouro em Massarelos, o primeiro e único equipamento em Portugal, para conservar o bacalhau nacional e estrangeiro, construção levada a cabo pela OPCA – Sociedade de Engenharia e Obras Públicas e Cimento Armado, Lda. Foi, solenemente, inaugurado a 3 de Dezembro de 1939.
Concebido pelo engenheiro Iglésias Oliveira o edifício original nasceu com dois volumes distintos: a nascente, um bloco imponente de cinco andares de armazenagem (os dois últimos acrescentados já depois de aberto o armazém), com grandes portões ao nível do rés-do-chão; a poente, três andares maneiros albergavam os escritórios e a casa do zelador, à moda da época. 
Actualmente constitui um empreendimento de habitação.


Frigorífico do Bacalhau, presentemente – Fonte: Google maps



Edifício do Frigorífico do Peixe / Bolsa do Pescado


Junto ao museu do Carro Eléctrico na Alameda Basílio Teles, na esquina com a Rua de D. Pedro V, em Massarelos, está o Entreposto e Frigorífico, que veio introduzir novos métodos de conservação do pescado, então considerado dos mais modernos processos de refrigeração. Das instalações sobressaem, no exterior, os baixos-relevos (Henrique Moreira) em granito com representações da vida piscatória e, no seu interior, um túnel subterrâneo que ligava o antigo cais de descarga de pescado às instalações frigoríficas. 
O edifício foi inspiração do arquitecto Januário Godinho e foi construído entre 1933 e 1935.

“À cota da entrada um duplo pé-direito conjuga-se com a planta livre pontuada apenas por três suportes verticais. Um grande vão, correspondente a dois módulos estruturais e que por isso é centrado por um pilar, ligava directamente ao grande salão que abrigava a bolsa/lota do pescado e inferiormente os frigoríficos onde o mesmo era transformado. Este amplo espaço de salão constitui justamente o segundo corpo do programa, aquele que o justificava pelo seu uso eminentemente industrial. Com cerca de 10 metros de pé-direito e uma estrutura de suporte porticada que vencia toda a largura de 20 metros sem qualquer pilar de apoio. Surgia assim um espaço completamente livre marcado apenas na cobertura por quatro expressivos pórticos em betão de perfil recto que desenhava um arco ligeiramente abatido. Pequenas vigotas perpendiculares articulavam esta rede estrutural abrindo-se nos intervalos da cobertura abobadada superfícies que permitiam a entrada de luz natural através do tijolo de vidro que preenchia as superfícies entre vigas. Uma estreita galeria em consola, agarrada às paredes e situada ao nível de um primeiro piso, corria em U todo o espaço rectangular desta grande nave. Por baixo, a semi-cave destinada ao entreposto frigorífico com 4 metros de pé-direito era suportada por potentes pilares de secção circular e capitel cónico dispostos numa modulação de 8 metros a eixo dos pilares.”
Fonte: patrimoniocultural.gov.pt/



Em 1961 foi adquirido pela Empresa de Cimentos de Leiria para funcionar como armazéns e está classificado como Imóvel de Interesse Público, desde 1977.
Hoje, depois de décadas ao abandono e abandonado à degradação, após obras de restauro tornou-se numa unidade hoteleira.



Entreposto Frigorífico do Peixe em construção, em Massarelos


Frigorífico do Peixe


Frigorífico do Peixe, 1936 - Ed. Bonfim Barreiros


Bolsa do Pescado (Frigorífico do Peixe) - Desenho a carvão, colorido




A Fábrica de Produtos Coração


“A Fábrica de Produtos Coração foi instalada no Porto em 1928, por Albrecht Löbe.
Sabe-se que Albrecht Löbe se interessava por produtos dedicados à limpeza doméstica e já em 1929 tinha registado em Portugal o pó para facas «Luis de Camões», embora só em 1930 registasse a marca Coração.
Encontrava-se nessa altura estabelecido no Porto na Travessa da Fábrica, nº 46 e a insígnia da marca seria o belo coração encarnado sangrante trespassado por uma seta que iria iluminar as suas latas de limpa metais.
E o mesmo se passaria com as latas de pó «Trigo Rato» que igualmente se apresentavam nas cores, verde e vermelha. Nesse mesmo ano registou também um insecticida denominado «Durma Bem» acompanhado por um cartaz publicitário que seria eficaz para a época mas, que,  hoje, consideraríamos pouco ecológico.
Em 1933 Albrecht fez o registo do nome da «Fábrica de produtos Coração» que então se situava na Travessa da França, nº 229, no Porto (antiga designação da rua D. António Barroso). Em 1935 registou uma marca de tinta para tecidos chamada «Papagaio».
Em 1938, a fábrica passou a ser gerida pela empresa Albrecht Löbe & Companhia e, a partir de 1945, em nome individual por Alberto Guimarães.
Nos anos 50 esta fábrica, nas mãos de Alberto Guimarães, encontrava-se no Porto na Rua de D. António Barroso nº 229 onde se manteve até quase aos anos 80.
Depois desta data foi feita uma cedência de quotas a António Queiroga que passou a fábrica para Braga onde se manteve até 2012, data da insolvência desta firma.
Tendo o registo da marca «Limpa Metais Coração» ficado caduco registou-se como seu titular, em 2008, Paulo José Carvalho dos Santos, que em 2011, com novo sócio, constituiu a empresa «Solarine Coração», em Braga, perto do local da anterior fábrica”.
In garfadasonline.blogspot


Cartaz publicitário


Postal de publicidade - Fonte: Edições 19 de Abril


Embalagem do período de Alberto Guimarães


Aqui esteve a Fábrica de Produtos Coração - Fonte: Google maps


As fitas pega moscas, um dos produtos Coração





Fábrica de Sabão da Rua de S. Dinis



Instalações da fábrica de sabão



Esta fábrica, situada no século XIX na Rua de S. Dinis, nº 18, ficava à entrada da Rua da Natária, quase em frente ao antigo Matadouro, e as suas instalações foram ocupadas pelo Centro de Bem-Estar Infantil e Juvenil do Coração de Jesus, fundado em 1893, sob o nome de Asilo-Colégio do Sagrado Coração de Jesus.
No último quartel do século XIX, a cerca de 50 metros, a poente, na Rua de S. Dinis, nº 78, situavam-se as instalações da Fábrica de Tabacos Aurora.



Indústria do Papel




A Fábrica de Papéis Pintados da Foz nasceu em 1887 pela mão de António Cardoso da Rocha, na actual Avenida do Brasil, nº 314, num casarão pintado de cinzento, um pouco antes do que, nos anos 50 do século passado, viria a ser “a sedução dos chás e noites dançantes: o Belo Horizonte”.
Hoje, localiza-se na Rua de Pedro Hispano e labora ainda com algumas máquinas antigas, como as de impressão de papel de parede e as de dar relevo.
A Fábrica de Papéis Pintados da Foz conta já com 125 anos de experiência.
A empresa haveria de ser comprada por Serafim Correia associado com dois sócios nos anos 50 do século XX.
A partir daí a fábrica passou por diversas vicissitudes e esteve quase a desaparecer.
A fábrica apresenta hoje um trabalho particular, uma vez que produz alguns produtos únicos em Portugal. São eles as serpentinas, os confetti e diversos tipos de papel, tais como o parafinado, o crepado, o gomado e o alcatroado, em sector de actividade em competição feroz com China, Alemanha, Espanha e Itália.
A fábrica tinha outrora à venda os seus produtos ao público num estabelecimento na Rua 31 de Janeiro ou Rua de Santo António, como se chamava à data.
A loja de vendas aí fundada em 1887 tornou-se requintadíssima, como convém a quem vendia artigos para decoração selecta de interiores, com as suas montras a serem enquadradas por artísticas estruturas de madeira entalhada, ostentando, na parte superior da fachada, belas letras pintadas em vidro, com o nome “Depósito da Fábrica de Papéis Pintados de António Cardoso da Rocha”.
Seria a loja mais tarde sujeita a obras da autoria do mestre-de-obras João Gomes Guerra em 1906.





A loja da Fábrica de Papéis Pintados da Foz na Rua de Santo António no mesmo prédio onde esteve o Jornal “A Voz Pública”, fundado após 31 de Janeiro de 1891 e com existência até 1909 – Ed. Foto Guedes






Aspecto actual do prédio onde esteve o Depósito de Papéis Pintados da Fábrica da Foz – Fonte: Google maps



In jornal “O Comércio do Porto” de  14 Fevereiro de 1919



“A Fábrica de Papéis Fozeira foi fundada por António Cardoso da Rocha, em 1887. Seria das primeiras construções da "solidão profunda" da antiga Estrada de Carreiros. Porque bem longe estaria de pensar transformar-se no cúmulo do chique em chalés de bom gosto e, mais tarde, no chique de caixotes à moda de Sacavém, a futura Av. Brasil lá teve de aceitar, no meio do charme discreto da sua burguesia, aquela fábrica que só não era contranatura por produzir refinados papéis pintados que encheram de fantasias as paredes interiores das moradias portuenses. E tão esmerado era o fabrico, que a Fábrica exibia os diplomas honoríficos das Exposições Industriais do Porto (1887 e 1926), Lisboa (1888), Paris (1889), Açores (1901) e o Grande Prémio de Honra (Lisboa, 1932). Em matéria de produto onde estrangeiros eram exímios, a Fábrica da Foz dava cartas.
Da Fábrica de Papéis Pintados da Foz nada resta. Talvez alguns quartos espalhados por aí, nas moradias antigas que o progresso a martelo ainda não demoliu e o abandono ainda não arruinou, possam recordar o luxo efémero mas requintado dos papéis de parede com que quase todos - pobres, ricos e assim-assim - decoravam as casas”.
Autor desconhecido, In JN em 8 Setembro 2005



Actuais instalações da Fábrica de Papéis Pintados da Foz na Rua de Pedro Hispano – Fonte: Google maps




A “Fábrica Veludo”, por sua vez, era outra conhecida fábrica de papéis pintados, com casa de comercialização dos seus produtos junto da entrada do Teatro Sá da Bandeira, sendo a actividade industrial respectiva, desenvolvida na Avenida da Boavista quase em frente à Fábrica do Graham.

Em frente a Casa Veludo, loja da Fábrica Veludo na Rua de Sá da Bandeira em 1952


Outras indústrias


Fábrica de Calçado Atlas

 

Esta fábrica sucederia a uma outra destinada à indústria da chapelaria, de acordo com requerimento submetido à Câmara do Porto, em 4 de Fevereiro de 1905, para um terreno com frente para a Rua Anselmo Brancamp e Rua Duquesa de Bragança (Rua D. João IV).


Requerimento de Marques Rodrigues & Cia

 

Em 1926, a fábrica de calçado “Atlas” substituiu, naquele local, uma fábrica de chapelaria, que o ocupava desde 1905.
Em 1957, as instalações seriam adquiridas pela Sociedade Nacional de Sabões, em 2000, pela Simon - Sociedade Imobiliária do Norte SA e, em 2016, pela Braamcamp 119 - Projetos e Investimentos SA.

 

Desenho da fachada da Fábrica de Calçado Atlas na Rua Anselmo Brancamp (entre a Rua do Moreira e a Rua Firmeza)

 


Fachada da antiga fábrica de Calçado Atlas, antes da última intervenção – Fonte: “braamcamp119.pt”


Instalações actuais que foram da antiga Fábrica de Calçado Atlas – Fonte: Google maps

 

Até ao aparecimento da Fábrica de Calçado Atlas, pontificava no Porto a Fábrica de Calçado “A Portugal”, da firma “Frederico, Braga & Cia”, inaugurada na Rua da Lomba, 153, no dia 12 de Março de 1898.
Foi a primeira fábrica de calçado a vapor no Porto.
Em 1910, esta fábrica foi alvo de um artigo num jornal americano de Boston, sendo considerada a principal do ramo no Porto.
Nesta morada, haveria de estabelecer-se, a partir da década de 1930, a Fábrica Portuguesa de Passamanarias.

 

 


Publicidade na Gazeta dos Caminhos de Ferro, em Julho de 1961

 

Fábrica de Acabamentos Vitória

 

 


Fábrica de Acabamentos Vitória na Rua António Granjo



Perante o instantâneo, pouco falta para a Fábrica de Acabamentos Vitória ser, apenas, uma memória – Fonte: Google maps



Fábrica de Cofres e Fogões

 

Fábrica de Cofres e Fogões, sobranceira à Estação Ferroviária de S. Bento

 

Perspectiva actual, semelhante à da foto anterior – Fonte: Google maps

5 comentários:

  1. Boa tarde

    Se me permite uma correcção sobre a Fábrica Ach. Brito, o local do Edifício Capitólio é depois da antiga linha de comboio. No antigo terreno da Ach. Brito (antes da actual linha do Metro), foi construído um condomínio fechado, onde permanece a chaminé e um pavilhão da antiga fábrica (o mesmo da foto C.1920).

    https://www.google.pt/maps/@41.1598277,-8.6277097,3a,75y,48.9h,106.36t/data=!3m6!1e1!3m4!1srIhgjnCPzKq6xJ0TUtvr0w!2e0!7i13312!8i6656


    A Fábrica de Produtos Coração era em frente, do lado esquerdo da Rua Dom António Barroso, onde hoje existe um prédio.


    https://www.google.pt/maps/@41.1597211,-8.6268458,3a,75y,237.96h,102.85t/data=!3m7!1e1!3m5!1s3j8K-Gng4vgIZvErPNfW1w!2e0!5s20140601T000000!7i13312!8i6656


    Cumprimentos
    Hugo Martins

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    1. Caro Hugo Martins

      Agradeço-lhe o seu comentário que lamentavelmente só hoje visualizei.
      Concordo inteiramente com ele e já procedi à respectiva correcção que me sugeriu. Aliás, tenho pouca desculpa para explicar o meu erro, que só se verificou por um tremendo lapso de memória. Toda essa zona foi na minha adolescência por mim calcorreada e conheci-a bem. Por vezes a memória prega-nos boas partidas. Mais uma vez muito obrigado e espero que continue a visitar-nos.
      Abraço.

      Américo Conceição

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  2. Parabéns pelo blog! Ģostei muito.
    As fotografias são de arquivos?
    Felicitações.

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    Respostas
    1. As fotos exibidas têm a identificação do autor, ou editor, ou a proveniência e para as não identificadas foi impossível conseguir conhecer a sua origem.
      Esperamos que continue a desfrutar deste blogue.
      Cumprimentos

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