Unidade Residencial de Ramalde (1952/60) conhecida como o
Bairro da Previdência
Será Fernando Távora
quem irá ensaiar, pela primeira vez, os princípios que tantos arquitectos,
haviam reclamado, ao projectar o Bairro de Ramalde, primeira grande operação de
habitação social promovida pela Câmara Municipal do Porto.
O Bairro de Ramalde
foi implantado numa zona então periférica e pouco edificada da cidade, junto à Avenida da Boavista e à Avenida Antunes Guimarães.
Bairro da
Previdência, junto à Rua Doutor Vasco Valente
Bairro da
Previdência
“O plano foi executado tomando em conta dois
projectos existentes (baseados no Bairro de Alvalade, o supra-sumo para a
altura) e que se não integravam num esquema geral. Procurou-se então
dimensioná-lo para permitir um mínimo de vida própria; o tráfego mecânico ia
perdendo em importância à medida que se aproximava dum eixo central de peões,
ligando as casas, o parque e o centro comercial. O equipamento era bastante
desenvolvido e a orientação das fachadas a melhor possível - o que agravou um
condenável geometrismo já condicionado pelo volume dos edifícios previamente
projectados e dos quais se introduziram apenas algumas alterações. Passei ali
alguns dos grandes momentos da minha vida profissional... Depois, a Câmara não
fez as plantações previstas; os edifícios públicos e o parque não se
realizaram; a entidade promotora do empreendimento não tornou possível a
revisão dos projectos para a 2.a fase (que agora se terminou, apenas com uma
nova disposição dos edifícios, cobertura de telhado e revisão da coloração das
fachadas); a estrutura viária preconizada está comprometida como esta 2.a fase
ocupa o local da Escola pré-primária. O desleixo nos espaços livres continua e a
Federação das Caixas de Previdência parece não construir novos programas
porque o custo dos terrenos teria ultrapassado as possibilidades”.
Fernando Távora 1960
(In Fernando Távora – ed. Blau, Lisboa 1993)
O Plano de Melhoramentos do Porto 1956/66
“Depois da experiência do Bairro de Ramalde
de Fernando Távora (1952), e das ampliações, com a construção agora em
blocos, nos bairros Rainha D. Leonor em Sobreiras (1954/55), e S.
João de Deus (1956) e correspondendo à necessidade inadiável de satisfazer
a crescente procura de habitação e de “resolver” o problema das ilhas, a Câmara
Municipal do Porto, presidida entre 1952 e 1962, pelo Engenheiro José Albino
Machado Vaz, promove o “Plano de Melhoramentos 1956-1966”.
Fundamentado no “ Decreto-lei n.° 40616, de
28 de Maio de 1956, foi aprovado o Plano de Melhoramentos para a Cidade do
Porto, a executar pela Câmara Municipal e que previa a construção no prazo de
dez anos, a partir de 1 de Janeiro de 1957, de prédios urbanos com a capacidade
de alojamento de 6 000 fogos, de rendas módicas, destinados exclusivamente a
habitação das famílias provenientes das construções a demolir ou a beneficiar.”
Em 1966, nas comemorações do 40º aniversário
do 28 de Maio, a Câmara publica uma brochura dando conta da execução do Plano”.
Fonte:
“doportoenaoso.blogspot.pt”
Bairro Rainha D. Leonor-Sobreiras
“O Bairro da Rainha D. Leonor, popularmente
conhecido por Bairro de Sobreiras, é um bairro de habitação social municipal
localizado nas freguesias de Foz do Douro e Lordelo do Ouro, no Porto.
A parte localizada na freguesia da Foz do
Douro foi construída no ano de 1953 e é constituída por 150 fogos. A
parte construída em 1955 situa-se na freguesia de Lordelo do Ouro é constituída
por 5 blocos de habitação plurifamiliar, inaugurados em 6 de Setembro de
1956, pelo ministro das Obras Públicas Arantes e Oliveira que prometeu a
erradicação das ilhas.
Localiza-se perto do Bairro da Pasteleira,
tendo como referência os equipamentos públicos do Instituto Português da
Juventude (IPJ) e da Piscina e Mata da Pasteleira”.
Fonte: “pt.wikipedia.org”
Moradias do Bairro
da Rainha Dona Leonor (construído em 1953)
Bloco de habitação
do Bairro Rainha Dona Leonor (construído em 1955)
Bairro de Santo Eugénio em Ramalde
A primeira pedra deste bairro situado junto da Estrada da
Circunvalação, vizinho do quartel do regimento de Transmissões, foi lançada em
11 de Março de 1956.
Este bairro tem a particularidade de a denominação das suas
ruas estarem ligadas a nomes de aves.
Vista da entrada da Rua das Andorinhas – Fonte: Google maps
Bairro S. João de Deus
O Bairro de S. João
de Deus foi um bairro portuense, já demolido, que se situava na freguesia de
Campanhã. Chegou a ter cerca de 5 mil habitantes e foi um dos mais
estigmatizados do Grande Porto, muitas vezes identificado na imprensa como
"supermercado da droga" ou o "Tarrafal".
Durante anos, a
Câmara Municipal do Porto empreendeu numerosas acções de reabilitação do bairro
que incluíram demolições dos edifícios mais antigos e degradados, despejos e
realojamentos forçados de alguns dos seus habitantes. Estas acções geraram
muita controvérsia.
Para as situações
mais gritantes de exclusão, nasceu em 1999 o projecto ARRIMO (Apoiar, Reduzir
Riscos e Integrar, Motivando e Orientando), pela qual, uma equipa de
intervenção directa percorria o bairro, satisfazendo as necessidades básicas dos
toxicodependentes: fornecendo refeições, cuidados de enfermagem, troca de
seringas, etc.
No dia 16 de Dezembro
de 2008 foi demolido o último bloco, colocando assim fim, a um pesadelo social
e urbano.
Só o terreno restou do Bairro S. João de
Deus
Os Bairros do Plano de Melhoramentos 1956/66
“Até 1966 - ano em que o regime comemora os
seus quarenta anos – constroem-se 13 Bairros (alguns com duas fases), num total
de 6 072 fogos, ultrapassando o objectivo de construção de 6 000 fogos fixados
no Plano, e que tornarão, com a construção do II Plano de Melhoramentos
(1966/73) a Câmara Municipal do Porto, o maior senhorio do País.
Os bairros distribuem-se do seguinte modo
pelas freguesias: 1 em Massarelos, 1 em Aldoar, 1 no Bonfim, 1 em Lordelo, 1 em
Ramalde, 3 em Campanhã e 5 em Paranhos, ou seja concentrando-se a sua
localização nas duas freguesias norte e nascente.
Os bairros procuravam situar-se junto dos
bairros da República e dos bairros de Casas Económicas do Estado Novo e quase
todos no exterior da projectada Via de Cintura Externa, exceptuando-se três –
Bom Sucesso, Carvalhido e Fernão de Magalhães – mesmo assim em zonas ainda não
urbanizadas”.
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
Bairro do Bom Sucesso (Massarelos 1956)
128 fogos (128 T3)
“Construído em terrenos camarários,
inicialmente desvalorizados pela proximidade do cemitério de Agramonte, com a
construção da ponte da Arrábida (inaugurada em 1963) e a progressiva
importância que vão ganhando as áreas e os equipamentos (Mercado do Bom
Sucesso) em torno da rotunda da Boavista, o Bairro foi dos poucos e o que
melhor, se integrou no tecido urbano e social da cidade.
É inaugurado a 1 de Março de 1958 pelo
ministro das Obras Públicas, sendo a primeira realização do plano para
erradicar as ilhas”.
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
Bairro do Bom
Sucesso na actualidade
Bairro do Carvalhido (Paranhos 1957)
264 fogos (8 T1, 56
T2, 192 T3, 8 T4)
“Em 22 de Junho
de 1957 começou a execução do Bairro do Carvalhido, com 264 moradias, projectado
nos primeiros meses do ano.
O Bairro situa-se perto do Largo que lhe dá o
nome, entre as ruas do Monte dos Burgos e de Monsanto, entre os edifícios
camarários dos Serviços de Manutenção (hoje GOP empresa municipal) e o Canil
(antigo Matadouro e hoje serviços do Ambiente).
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
Bairro do Carvalhido
Bairro Fernão de Magalhães
Com acesso pela
Avenida Fernão de Magalhães e a Rua de Santos Pousada o bairro de Fernão
Magalhães, situado na freguesia do Bonfim, foi construído na década de 1960 e
requalificado em 2007. É constituído por 18 blocos onde atualmente residem mais
de 600 pessoas.
Bairro Fernão de
Magalhães c. 1960 - Ed. CMP, Arquivo Histórico Municipal
Na foto acima vê-se
ao longe o depósito de água na Rua da Alegria.
Junto à Rua de Dom
Agostinho de Jesus e Sousa
Demolições de
“Ilhas” nas Eirinhas - Ed. CMP Arquivo Histórico Municipal
Lá longe na foto
acima está o depósito de água da Rua da Alegria. Entre ele e a zona demolida
está a Avenida Fernão de Magalhães e o Bairro Fernão de Magalhães.
Bairro da Pasteleira (Lordelo 1957)
608 fogos (36 T1,
130 T2, 410 T3, 32 T4)
“Seguiu-se a
construção do Bairro da Pasteleira, com 600 moradias, cujo projecto
se concluiu em Janeiro de 1958, iniciando-se a sua construção em 8 de Abril do
mesmo ano”.
O Bairro da Pasteleira construído a sul do
bairro de Casas Económicas de Gomes da Costa, e junto a uma zona de habitação para
a classe média, então planeada para o PDM de R. Auzelle é o primeiro grande
bairro do Plano de Melhoramentos. O Bairro da Pasteleira foi tema de um
estudo “Câmara Municipal do
Porto: o novo conjunto habitacional da
Pasteleira” publicado
por Bartolomeu Costa Cabral e Nuno Portas na revista Arquitectura n.º 69
Nov/Dez 1960. (de onde são retiradas algumas das fotografias).
A ideia era construir um conjunto
habitacional para 2. 500 habitantes, com uma densidade de 500 habitantes por
hectare”.
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
Bairro da Pasteleira
Bairro da Pasteleira
com parque infantil
Bairro da Pasteleira
junto da Rua João Rodrigues Cabrilho
Bairro do Outeiro (Paranhos 1958)
235 fogos (8 T1, 54
T2, 165 T3, 8 T4), mais na 2ª fase 143 fogos 65 T1, 16 T2, 42 T3, 20 T4)
“Em Agosto e
Setembro de 1958, mais dois novos agrupamentos foram lançados, o primeiro com
235 moradias, denominado do Outeiro, e o segundo com 170, chamado da Agra do
Amial.”
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
Bairro do Outeiro
Bairro do Outeiro em frente à faculdade de
Economia
Bairro do Regado (Paranhos 1962)
722 fogos (206 T1,
356 T2, 80 T3, 80 T4)
“Em Agosto de
1962 deu-se início à construção do Grupo de 722 moradias do Regado e em
Fevereiro de 1963 à do aglomerado do Eng.° Arantes e Oliveira com 900
habitações, o maior núcleo residencial desta natureza levado a efeito no Porto
e certamente um dos maiores do País.” (Plano
de Melhoramentos, CMP 1966).
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
Bairro do Amial à
esquerda e à direita o Bairro do Regado
Na foto de cima
entre os dois bairros temos a Rua Engº Carlos Amarante que vai entrocar lá em
cima na Rua do Amial que vem lá da direita do Largo da Arca d’Água.
Bairro do Regado
junto à Rua Abade Correia da Serra
Bairro de S. Roque (Campanhã 1959)
I fase 451
fogos (76 T1, 128 T2, 197 T3, 50 T4)
II fase (64 T1, 88
T2, 88 T3, 32 T4)
“…em 1959, no
período de Agosto a Outubro, deu-se início à construção das primeiras fases de
três novos bairros, respectivamente, do Carriçal com 170 moradias, de Fernão
Magalhães com 236 e de S. Roque da Lameira com 116; as segundas fases dos
mesmos aglomerados com 88, 110 e 335 habitações, de Maio a Junho de 1960.
Resultou este faseamento de dificuldades surgidas na expropriação do terreno
necessário para a totalidade destes empreendimentos como foram previstos.”
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
Bairro de S. Roque
Bairro de S. Roque
junto à Rua do Buçaco
Bairro da Fonte da Moura (Aldoar 1960)
I Fase 596 fogos
(30T1, 120T2, 416 T3, 30 T4)
II Fase (24 T1, 0
T2, 12 T3, 6 T4)
Bairro Eng. Arantes e Oliveira ou Bairro das Campinas (Aldoar 1963)
900 fogos (188T1,
360 T2, 248 T3, 104 T4)
“… em 1960, em
Julho, começou a edificar-se o agrupamento da Fonte da Moura com 596 moradias,
seguido, em Março de 1961, do Bairro do Cerco do Porto com 803 casas. “
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
Bairro da Fonte da
Moura junto a Rua da Fonte da Moura e Rua da Guiné
Bairro das Campinas junto à Avenida Vasco da Gama
Bairro de Aldoar ou Bairro de Agrelos
Entre 1966 e 1968 procedeu-se à construção do bairro Manuel
Carlos Agrelos num terreno oferecido por Manuel Carlos Agrelos, depois bairro
de Aldoar, composto por 396 habitações em 16 blocos de habitação plurifamiliar,
e enquadrado na 2.ª fase do Plano de Melhoramentos do Porto (1966 a 1973)
durante a qual foram construídos também mais 7 bairros camarários entre 1966 e
1973 num total de 2179 fogos.
Em 08/1968 foi feita
a inauguração e abertura das casas aos moradores escolhidos, indo para lá viver
as famílias que viviam em 'ilhas' e em bairros insalubres de lata como o Bairro
da Liberdade com 1000 pessoas e o Bairro de Xangai que nascera junto à antiga
seca do bacalhau onde hoje é o Parque da Cidade.
Bairro de Aldoar na
Rua de Pelagio
Bairro de Xangai, junto
da seca de bacalhau, na Estrada da Circunvalação, próximo do Largo da Cidade de
S. Salvador
(Continua)
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