sexta-feira, 12 de maio de 2017

(Continuação 6) - Actualização em 26/10/2017, 04/10/2018, 04/06/2019, 28/01/ e 10/03/2020

No Campo 24 de Agosto, junto à embocadura da Rua de Montebelo (depois aproveitada para levantamento da parte meridional da Avenida de Fernão de Magalhães) tínhamos, em 1863, a “Companhia de Fiação Portuense”, que era composta por duas construções: “uma, apalaçada, à frente da rua, e onde estão os escritórios, armazéns, etc.; outra, ao fundo de um campo ajardinado, e que é a fábrica propriamente dita”.



Companhia de Fiação Portuense na Rua de Montebelo - Ed Phot.ª Guedes



Em 23 de Maio de 1872, a Companhia de Fiação Portuense decidiu ampliar a fábrica de fiação no campo 24 de Agosto e aumentar o maquinismo, além de aumentar o capital da companhia em 200:000$000 réis.
Perto daquela, uma outra fábrica pertencia à “Companhia de Fiação e Tecidos do Porto” fundada em 1875.
Estas duas unidades empregavam 530 pessoas, sendo mulheres 322.




Fábrica de Tecidos do Bonfim



“Em 1852, a freguesia do Bonfim tornava-se a líder laboral com 2027 operários e de 150 unidades em estabelecimentos industriais, superando todas as outras freguesias centrais ou periféricas da Invicta.
O fulgor industrial do Bonfim, que o colocou como a freguesia com maior número de unidades fabris e de operários da cidade do Porto, no séc. XIX prolongou-se pela primeira metade do séc. XX.
Em 1890, estava identificada uma fábrica de algodão (fiação e tecelagem), com 14 funcionários, na rua do Bonfim. Era uma entre muitas que por ali existiam, nalguns casos de dimensões bem superiores, tanto nas instalações como em funcionários.
Tinha como número de porta o nº 326 e era dirigida por Carlos da Silva Ferreira, um pequeno industrial que a edificou em 1882 após autorização camarária.
Nos finais do séc. XIX, mais propriamente em 1894, surgiu o bonfinense Manuel Pinto de Azevedo, que de operário têxtil ascendia a director da Fábrica de Tecidos do Bonfim, pertencente a Carlos da Silva Ferreira, e que passaria para as suas mãos, em 1901, tomando as rédeas de um negócio que se transformaria num império”.
Cortesia de “manueljosecunha.blogspot.com”


“Em 1882, o industrial Carlos da Silva Ferreira requer licença para construir o Nº 326 da Rua do Bonfim, junto à sua já existente fábrica de fiação e tecelagem de algodão (uma entre várias situadas na mesma rua), que funcionava com pouco mais de uma dezena de funcionários. O Nº 326 servia então de habitação junto à fábrica e apresentava uma fachada nobre, imponente, carecterística da época, com altos janelões rectangulares, uma alta porta e vários gradeamentos trabalhados em ferro.
Já em 1901, quando a fábrica já passara para a direcção de Manuel Pinto de Azevedo, é requerida uma nova licença para ampliá-la. A fábrica voltará a sofrer uma nova ampliação em 1916 e, vinte anos depois, amplia-se de tal maneira que toma conta do interior do edifício, com o intuito de melhorar as condições de higiene e trabalho dos seus operários, contando com projectos dos arquitectos Manuel da Silva Passos Júnior e Leandro de Morais, ambos discípulos de Marques da Silva, com a participação dos engenheiros Mário Borges e Jorge Vieira Bastian.
Manuel Pinto de Azevedo é um dos maiores empreendores da sua época e este edifício testemunhou-o. Criou um autêntico império industrial e destacou-se na sua actividade política, bem como a preocupação social pelos seus operários.
Se não tivesse sido o forte investimento deste industrial, a Rua do Bonfim, bem como a freguesia, jamais seria a mesma”. 
In portosombrio.blogspot



Aqui foi a fábrica de Tecidos do Bonfim



Publicidade à Fábrica do Bonfim



Área afecta à Fábrica de Tecidos do Bonfim, com entrada pela Rua do Bonfim, nº 326, com ligação à Rua de Barros Lima, na Planta de Telles Ferreira de 1892
 
 
Bem perto da Fábrica de Tecidos do Bonfim, do lado oposto da Rua do Bonfim, nº 317, um pouco acima da então Travessa de Montebelo, existiu uma outra fábrica do ramo têxtil, aberta desde 1889, e que, no dia 1 de Fevereiro de 1892, inaugurava um novo equipamento, como nos é narrado na notícia abaixo.

 
 

In “Jornal do Porto”, em 4 de Fevereiro de 1892
 
 
 
Um pouco mais próximo do Campo 24 de Agosto, à esquerda, no sentido ascendente esteve, na Rua do Bonfim, nº 105, a partir de 1901, a unidade têxtil de calandrar “A Vencedora”, que ficou conhecida por os seus armazéns, durante a crise alimentar vivida pela população, durante a 2ª Guerra Mundial, terem sido usados para empacotar os alimentos que depois seriam distribuídos pela população carenciada.

 
 

 
“A Vencedora”, In jornal “A Voz Pública”, em 27 de Abril de 1901


 
Aquando da distribuição daquela ajuda, “A Vencedora” já estaria na órbita do industrial Joaquim Afonso Fernandes Pereira, proprietário da “Calandra do Bonfim”, sita na mesma rua.

 
 

“ A Vencedora”






Fábrica de Fiação e Tecidos da Areosa
(Sociedade Azevedo, Soares & Cia. SA)



“Esta fábrica foi fundada em 1907 por Pantaleão C. R. Dias e Lobão Ferreira que em 1920 a vende a Manuel Pinto de Azevedo e a Manuel Alves Soares.
Foi a maior accionista da Empresa Fabril do Norte e da Fábrica de fiação e Tecidos de Soure.
Esta fábrica dedicava-se ao fabrico de tecidos em algodão, carrinhos de linha de algodão e afins”.
Fonte: “restosdecoleccao.blogspot.pt”



Pantaleão Dias vendeu então em 1920, a fábrica aos chamados "3 Manuéis": Manuel Pinto de Azevedo, Manuel Alves Soares e Manuel Caetano d'Oliveira (sócio gerente da Fábrica da Areosa). 
Foi a primeira fábrica em Portugal a usar energia elétrica na sua produção, que era totalmente integrada com plantações de algodão em Angola. Tinha creche e escola primária privativas, para os filhos dos trabalhadores.


“Vivi na creche. O médico era o Dr Santos Silva, creio que avô do Dr. santos Silva do BPI. Minha mãe trabalhava na creche e meu pai era mestre - encarregado geral - da tecelagem. Vivíamos no Bairro da Fábrica da Areosa, junto do H. S. João.”
Cortesia de António Manso Fernandes



Fábrica de Fiação e Tecidos da Areosa, na estrada da Circunvalação, c.1920 – Cortesia de Nuno Cruz



Manuel Pinto de Azevedo, ligado ao sector têxtil, ficaria também conhecido por ser proprietário do jornal “O Primeiro de Janeiro”.
A fábrica tinha uma política social muito avançada no tempo, com creches, refeitórios e casas para trabalhadores necessitados, alugadas a preços simbólicos.



Stand da Fábrica de Fiação e Tecidos da Areosa em exposição no Palácio de Cristal em 1923 – Fonte: “restosdecoleccao.blogspot.pt”




Vista aérea da Fábrica de Fiação e Tecidos da Areosa



Na foto acima, ladeando o complexo pela direita, está a Rua Nova do Rio. Pela esquerda a estrada da Circunvalação.



Fábrica de Fiação e Tecidos da Areosa em 1934 - Ed. Cinemateca Portuguesa




Interior da Fábrica de Tecidos da Areosa




Imagem actual das instalações que foram da Fábrica de Tecidos da Areosa - Fonte: Google maps



Na foto acima à direita, face à Estrada da Circunvalação (antecedendo a Areosa), vê-se as antigas instalações agora recuperadas, da Fábrica de Fiação e Tecidos da Areosa.



Bairro Social da Fábrica da Areosa



Foto de uma rua do Bairro Social da Fábrica da Areosa



A Fábrica de Fiação e Tecidos da Areosa tinha um bairro com 42 casas de apoio, junto à fábrica, uma escola primária e creche, e um corpo de bombeiros privativo.
O bairro que também era conhecido por Bairro Manuel Pinto de Azevedo ainda existe, no então chamado lugar da Arroteia, e está situado junto à Estrada da Circunvalação, entre o Hospital S. João e as antigas instalações da fábrica.




Desenho, em projecto, de fachada posterior de um edifício do Bairro Manuel Pinto de Azevedo, à Areosa – Fonte: AHMP



Requerimento de Agosto de 1921, para licenciamento da construção de um Bairro Social para servir os trabalhadores da Fábrica de Fiação e Tecidos da Areosa, submetido à apreciação da C. M. Porto, por Azevedo, Soares & Cia. Lda. – Fonte: AHMP




Foto actual do bairro – Fonte: Google maps



Hospital S. João e Bairro da Fábrica da Areosa em 1º plano






Empresa Fabril do Norte - Efanor


Manuel Pinto de Azevedo também possuía a “Empreza Fabril do Norte”, na Senhora da Hora, que passou a fazer parte do seu universo empresarial a partir de 1922.
A Efanor começou a laborar em Fevereiro de 1907, mas só seria inaugurada em meados deste ano, tendo encerrado a produção em 1994.
Em 22 de Julho de 1905, foi constituída por escritura, uma sociedade para explorar a indústria de fabrico de carrinhos de algodão, sob a razão social de "Empresa Fabril do Norte, Lda.".
Os terrenos para implantação da fábrica, já tinham sido comprados, em 1903, por Delfim Pereira da Costa e Joaquim Pereira Machado.
O primeiro conselho administrativo ficou constituído por Jacinto António Ferreira Furtado, António da Silva Cunha e Delfim Pereira da Costa, com o conselheiro José Novais na presidência da assembleia geral.
Chegou a ter 3.000 trabalhadores. Era uma das melhores empresas de linhas de coser, do país.


Publicidade às linhas de coser da marca "Relógio" e marca "Porto"


Publicidade à Efanor em 1910







Manuel Pinto de Azevedo e Manoel Alves Soares (1879-1941) – Ed. “vantagemcomparativa.blogspot.com”





Por seu lado, Manoel Alves Soares (na imagem acima, ao centro e de chapéu; à esquerda Manuel Pinto de Azevedo), foi um dos maiores industriais e negociantes de sempre da cidade do Porto.
Esteve ligado a inúmeras empresas, de que se destacam: o Jornal “O Primeiro de Janeiro”, a Empresa Fabril do Norte, o Interposto Comercial e Industrial do Norte, a Empresa Citadina de Melhoramentos do Norte, etc..


“Em tempos passados, a rede nacional de caminho–de-ferro escolheu Senhora da Hora, Matosinhos, para instalar um dos nós essenciais das ligações ferroviárias entre o Porto e o Norte do País, contribuindo deste modo para a fixação de diversas empresas.
Foi em torno desta centralidade que, num país ainda regido pela monarquia, foi inaugurada em 1907, a Efanor-Empresa Fabril do Norte, pelo empresário Delfim Pereira da Costa, tendo sido a primeira fábrica em Portugal a produzir carrinhos de linha, razão pela qual lhe chamavam ” a fábrica dos carrinhos”. Mais tarde, esta Empresa foi adquirida por Manuel Pinto de Azevedo, grande industrial e empresário que nela introduziu toda uma série de inovações sociais.
Apesar dos baixos salários praticados, uma regra disciplinar muito apertada e um modelo de produção assente na mão-de-obra intensiva, coisa muito normal nos tempos de governação de Salazar, esta grande estrutura foi uma das mais importantes unidades industriais do Grande Porto, inclusivé de todo o Norte de Portugal que, nos tempos da maior produção, chegou a empregar cerca de 3000 trabalhadores, tendo sido considerada a maior empregadora do Norte de Portugal.
A nível social esta empresa prestava assistência médica e medicamentosa aos seus trabalhadores, mesmo antes do Estado assumir esse compromisso. Possuía igualmente uma creche e jardim infância para cerca de 140 crianças, refeitórios e uma enorme cantina.
É de realçar que a grandeza esta unidade fabril permitiu criar uma corporação privativa de bombeiros e de iniciar em 5/10/1944, a construção de pequenas habitações económicas para os seus trabalhadores. Para fomentar a sua manutenção a Empresa criou concursos anuais para “a casa mais florida”. Este Bairro Operário situava-se na avenida principal em frente das instalações fabris (Av. Fabril do Norte), mas infelizmente foi demolido em 1995/1996.
A empresa registou apenas a sua primeira greve em 1958, não por razões laborais, mas em solidariedade contra a prisão pela PIDE do médico da empresa, Manuel Teixeira Ruela, conhecido como «médico dos pobres».
Apesar desta unidade ter encerrado a sua actividade em 1994, continua a ser um símbolo da freguesia da Senhora da Hora, dado ter revolucionado completamente a sua paisagem e a forma de vida dos seus habitantes.
Fonte: “portoarc.blogspot.pt”, In blogue Caça Devolutos




Empresa Fabril do Norte, vista aérea


Vista aérea da Efanor


Legenda

1. Empresa Fabril do Norte (EFANOR)
2. Cemitério Paroquial, na Rua João Mendonça.
3. Linha de caminho-de-ferro de “Porto – Póvoa”
4. Capela da Senhora da Hora
5. Avenida Fabril do Norte


Chaminé da Efanor c. 1927 – Fonte: fotograma de 1927 de filme da Cinemateca



A Efanor ou Fábrica de Carrinhos em dia de festa



Publicidade à Efanor – Colecção de Vítor Monteiro



A secção de tinturaria e o que resta da grande empresa




Cronologia mais importante da existência da Efanor

“1903 - O empresário Delfim Pereira da Costa teve a ideia de lançar uma fábrica de carrinhos de linha de algodão para coser e bordar. A escritura de constituição da Empresa Fabril do Norte seria assinada dois anos depois. 
1907 - A 26 de Junho é inaugurada a Efanor, com uma área de 40 mil metros quadrados, 280 operários, 6216 fusos, 47 teares e 250 contos de capital. 
1908 - D. Manuel II visita a Efanor.
1911 - Afonso Costa, ministro da Justiça, visita a Efanor. Esta conta já com 1300 operários.
1927 - Manuel Pinto de Azevedo substitui Delfim Pereira da Costa e assume os destinos da Efanor. Três anos depois, João Mendonça e Luís Delgado dos Santos entram para o conselho de administração.
1942 - Aquisição da Fábrica de Fiação e Tecidos de Paleão, em Soure. É construído o bairro operário, constituído por 68 casas de várias tipologias.
(…)1963 - As instalações fabris na Senhora da Hora ocupavam já 77 mil metros quadrados. É inaugurada a cooperativa destinada aos operários para aquisição de bens alimentares e outros. A Efanor distribui pelos seus funcionários, a preço de custo, cerca de 1700 bicicletas e 70 motorizadas. Daí para a frente, a Efanor estancou os investimentos. Viria a fechar 31 anos depois. 
Foi a primeira fábrica a ter energia eléctrica em Portugal e só isso diz muito do pioneirismo que, durante várias décadas, caracterizou a Empresa Fabril do Norte, ou Efanor, como ficou conhecida. 
Na zona em que se insere, na Senhora da Hora, concelho de Matosinhos, é difícil encontrar quem não tenha trabalhado ou pelo menos tido um familiar (ou vários) ao serviço daquela fábrica de "fiação, torcedura, tecelagem, carrinhos de algodão e outras manufacturas", conforme se lia nas letras gordas que acompanhavam a fachada do edifício. Este ficava estrategicamente localizado perto do porto marítimo de Leixões e da via ferroviária.
(...) Além de uma parteira e um enfermeiro ao serviço dos operários, a fábrica possuía uma creche e jardim-de-infância com capacidade para 140 crianças, uma cantina abastecida por quinta própria (a chamada Quinta das Sedas, dotada de vacaria e pocilga) e um bairro operário com 68 casas. Tudo ao dispor dos funcionários, a preços pouco mais que simbólicos".
Natália Faria em 01/07/2007 - In Jornal Público


Cartaz Publicitário da Efanor


À direira o Bairro da Efanor na Quinta das Sedas


Bairro Social da Efanor


Demolição do Bairro da Efanor


Perspectiva actual da foto anterior – Fonte: Google maps


Importa referir que Manuel Pinto de Azevedo foi um industrial e empresário português, que se tornou num dos grandes nomes da história industrial de Portugal no século XX.
Tendo frequentado a partir de 1891 a Escola Técnica de Faria Guimarães, torna-se operário têxtil em 1894 tendo rapidamente ascendido na profissão e, em 1900, já era director da Fábrica de Tecidos do Bonfim.
Em 1917 arrenda a Fábrica de Fiação e Tecidos de Soure, adquirindo-a em 1924. Em 1920 adquire a Fábrica de Fiação de Tecidos da Areosa e em 1922 a Empresa Fabril do Norte, na Senhora da Hora, Matosinhos, fundada em 1905 por Delfim Pereira da Costa e que se tornou sob a sua direcção a mais importante fábrica têxtil de todo o país.
Em 1928, Manuel Pinto de Azevedo adquiriu outras unidades têxteis, a Fábrica de Fiação e Tecidos de Sá, em Ermesinde, concelho de Valongo e a Fábrica de Tecidos Aliança, na Giesta, em Rio Tinto, no concelho de Gondomar, ambas desaparecidas há décadas.
Na primeira, de acordo com os seus objectivos sociais, há registos de ter criado uma cantina e fundado “uma padaria na fábrica destinada exclusivamente ao fornecimento de pão aos operários e de uma cooperativa de consumo, onde eles poderiam abastecer-se de géneros de primeira necessidade a preços muito mais baixos”.



“Fundada nos princípios do século XX, no lugar de Sá, logo se afirmou como uma das mais importantes unidades industriais de Ermesinde, pela sua vastidão, instalações, quantidade de operários e, sobretudo, pela qualidade e perfeição dos seus artigos de então: panos crus, panos famílias e cotins.
A referida unidade fabril é uma das mais antigas da cidade. Segundo algumas fontes, esta fábrica terá arrancado a laboração com 255 trabalhadores, dos quais 155 eram homens e os restantes, mulheres. Esteve em laboração quase um século. Terá sido no ano 1928, que o conhecido industrial portuense, Manuel Pinto de Azevedo, a terá adquirido juntamente com a Fábrica de Tecidos Aliança, de Rio Tinto.
O seu primeiro sócio gerente foi o ilustre ermesindense e convicto republicano Amadeu Vilar. Homem enérgico, foi autarca (Regedor, Presidente da Junta e Administrador do Concelho de Valongo) e empresário. Com objectivos eminentemente sociais, fundou uma padaria na fábrica destinada exclusivamente ao fornecimento de pão aos operários e criou também uma cooperativa de consumo, onde eles poderiam abastecer-se dos géneros de primeira necessidade, a preços muito mais baixos que os do circuito comercial normal. Foi por sua iniciativa que se fez uma primeira ampliação da fábrica para melhor corresponder ao aumento da produção que se ia registando de ano para ano, e que se criou uma cantina, mais uma vez destinada aos operários.
Sucedeu-lhe na gerência desta importante unidade fabril o também ilustre ermesindense Luís Soares.
(…) Presentemente a Fábrica de Fiação e Tecidos de Ermesinde já se encontra desactivada, mas seria bom que se encontrasse uma solução que passasse pela preservação do histórico edifício, ou pelo menos da sua fachada, e se tivesse como modelo o mesmo que se fez com a antiga Fábrica de Cerâmica, junto à Estação.”
Cortesia: Manuel Augusto Dias (30-03-2011); Fonte: “avozdeermesinde.com”



Fábrica de Sá, Ermesinde


Em 2020, os terrenos da fábrica de Fiação e Tecidos de Sá foram ocupados por uma loja do hipermercado espanhol da marca “Mercadona”, que manteve a fachada da antiga fábrica e fez a recuperação da chaminé que servia a unidade industrial.



Vista aérea da antiga fábrica de Fiação e Tecidos de Sá – Fonte: “mercadona.pt/”



Projecto para a fachada da antiga fábrica de Fiação e Tecidos de Sá – Fonte: “mercadona.pt/”



“A Fábrica de Tecidos Aliança localizava-se na actual Rua D. Afonso Henriques e foi instalada em duas fases.
O edifício mais antigo ostentava, na sua fachada, pintada a preto, inscrição “Fábrica de tecidos Aliança, L.da” e, a meio, um relógio, ficando popularmente conhecida como a “fábrica do relógio”. Esta construção, em que se utilizou granito, é da transição do século. Segundo a nossa informante, que não soube precisar o início, a produção de têxteis já se fazia em 1930.
Mais tarde, pela década de 50, num comprado por Manuel Pinto de Azevedo a um lavrador da Triana, conhecido como Joaquim da Portela, foi construída a parte nova. Aqui existia uma inscrição em letras de ferro em que se lia “Fabrica de Tecidos de Manuel Pinto de Azevedo”. Nesta altura, já Manuel Pinto de Azevedo teria comprado a parte dos outros dois sócios (Soares e Cardozo) que com ele tinham fundado a “Aliança”.
Nesta unidade fabril, eram produzidos tecidos de algodão: caqui, cotim, sarja, riscado, chita…Encerrou a laboração têxtil em finais dos anos sessenta.”
Fonte: “umolharsobreriotinto.wordpress.com”


Em 1996, este edifício era propriedade da Editora ASA, onde funcionava o seu parque gráfico, totalizando 316 postos de trabalho.
A ASA está integrada desde 2007 no grupo LeYa.



A Fábrica de Tecidos Aliança era aqui – Fonte Google maps




Manuel Pinto de Azevedo adquiriu ainda algumas unidades industriais em Angola e Moçambique, bem como importantes plantações de matéria-prima para as suas indústrias, nomeadamente algodão, tendo realizado, também, investimentos em outros sectores industriais, destacando-se a criação em 1929, da Continental Sociedade de Conservas, em Matosinhos, tendo investido, mais tarde, na Companhia Portuguesa do Cobre, com fábrica no Porto, assim como na importante firma portuense António Maria Tavares, Júnior, Lda. e na Sociedade Corticeira Robinson Bros., Lda, de Portalegre.
Em 1923 adquiriu a maioria da sociedade detentora do jornal “O Primeiro de Janeiro”, tornando-se seu presidente do Conselho d Administração até ao seu falecimento. Foi sócio do Banco Borges & Irmão, da companhia de seguros “A Mutual do Norte” e duma série de outras empresas.
Republicano, foi membro da primeira direcção do município do Porto, depois da implementação da República e eleito vereador em 1911, 1914 e 1919.
Foi Mesário da Santa Casa da Misericórdia do Porto entre 1926 e 1938 e novamente entre 1941 e 1945 e ainda, Administrador do Hospital Sanatório Rodrigues Semide.
Foi Grande Oficial da Ordem de Cristo e Oficial da Ordem da Instrução Pública.




Fábrica de Tecidos de Seda Aviz


“A Fábrica de Tecidos de Seda Aviz encontrava-se no local onde hoje estão construídos os prédios Aviz. Fabricava dos melhores tecidos de seda natural, tendo depois também trabalhado com fios artificiais e sintéticos. Tinha uma estamparia muito bem apetrechada, com quem trabalhámos vários anos”.
Fonte: Rui Cunha, In “portoarc.blogspot.pt”


A Fábrica de Tecidos de Seda Aviz com projecto de 1943, foi demolida em 1983 e as suas instalações correspondiam, segundo o arquitecto Luís Bourbon Aguiar Branco “a uma ampliação e alteração geral das fachadas de uma fábrica mais antiga (1906) da Companhia de Industrias Reunidas, que começou com uma fábrica de botões de corozo associando logo depois uma fábrica de rendas.”
Diga-se que o corozo é o marfim-vegetal obtido a partir de certas palmeiras.



Fábrica Aviz na Avenida da Boavista


Foto aérea em 1939 do local da Fábrica Aviz (Legenda: 1. Fábrica Aviz; 2. Avenida da Boavista; 3. Avenida Epitácio Pessoa (mais tarde Avenida Antunes Guimarãres; 4. Rua da Vilarinha) – Fonte: “gisaweb.cm-porto.pt”




Fábrica do Graham ou Fábrica de Fiação e Tecidos da Boavista ou Fábrica dos Ingleses


Quando em 1809 chegou ao Porto o escocês William Graham Jr., acabavam de ser expulsos os franceses da segunda invasão.
Logo em 1814 decidiu dedicar-se ao comércio do vinho. Mandou vir o seu sobrinho John Graham e com ele se associou na firma William & John Graham & Cº.
O séc. XIX foi muito agitado até aos anos 50, pelo que só a partir da Regeneração, os Graham se decidiram entrar na indústria têxtil. Em 1880 compram, em Lisboa, a Tinturaria e Estamparia do Braço de Prata. Tendo tido sucesso e tendo verificado que no Porto seria mais rentável desenvolver os negócios têxteis, fundaram a mais importante fiação, tecelagem e tinturaria do país, a Fábrica de Fiação e Tecidos da Boavista, mais conhecida por Fábrica do Graham ou dos Ingleses, que aliás eram escoceses.
Para tal adquiriram um grande terreno (a poente do que é hoje o campo do Boavista F. C.) que chegou a ter cerca de 10 hectares. Este terreno começava onde hoje é a Rua Azevedo Coutinho e estendia-se até à Rua de S. João de Brito. Foi muito grande o desenvolvimento desta indústria, o que se verifica bem se dissermos que tinha em 1905 – 881 operários, em 1928 - 1500 e em 1939 - 1473. A esta mão-de-obra terá que se acrescentar a grande quantidade de pessoas a quem davam trabalho externo. Tiveram sempre uma política da melhor qualidade dos produtos e a actualização das máquinas. Em 12 de Maio de 1897 deflagrou um violentíssimo incêndio que quase destruiu esta fábrica. Os prejuízos foram avaliados em 10.000 libras estrelinas e ficaram sem trabalho centenas de operários. A verdade, porém, é que foi reconstruída. Com o eclodir da guerra, em 1939, e as dificuldades de exportação que se seguiram, a fábrica foi encerrada nos anos 50. Este facto foi causa de um grande prejuízo para esta zona da cidade, levando muitas famílias à pobreza, pois era muito habitual trabalharem lá, vários membros da mesma família.




Fábrica dos Ingleses à direita e à esquerda a fábrica de papéis pintados "Veludo" e em frente a casa da família Gilbert - Fonte: m.facebook.com/PortoDesaparecido



Publicidade à Fábrica Veludo, In revista "Miau" em 4 de Fevereiro de 1916



Fábrica do Graham


A “Casa Graham ”, no Porto, desde 1818, aqui, em gravura da sua fábrica têxtil, na Avenida da Boavista, enquanto, no ramo dos vinhos do Porto, exportava-os, desde 1823


Exterior das instalações da Fábrica do Graham, na Avenida da Boavista - Frame de filme (1917) da "Invicta Filmes"







A Estamparia do Bolhão é: ”(…) fábrica com venda ao público que, no início dos anos 20, já previa o estacionamento de automóveis para os clientes, foi fundada em 1850 por Joaquim António da Silva Guimarães e, estava instalada na Rua de Fernandes Tomás, em frente da antiga Praça do Bolhão”.


Loja da Estamparia do Bolhão



Publicidade à Estamparia do Bolhão



A estamparia do Bolhão, fundada em 1850, foi considerada no seu tempo como o mais antigo dos grandes armazéns da cidade do Porto.
O edifício sofreu um grave incêndio no dia 16 julho de 1924.

No início da década de 1930, para permitir o prolongamento da Rua de Sá da Bandeira até à Rua de Gonçalo Cristóvão, o edifício foi alvo de uma expropriação a J. A. Silva Guimarães, genro e filho (responsáveis à data pela mesma).




Publicidade à Estamparia do Bolhão - Ed. “doportoenaoso.blogspot.pt”




Publicidade da Estamparia do Bolhão em 1894

Envelope com publicidade à Estamparia do Bolhão



Rescaldo do incêndio na estamparia em 16 de Julho de 1924 

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