domingo, 21 de maio de 2017

(Conclusão) - Actualização em 13/07/2018, 12/04/2019 e 28/03/2021

Associações de Trabalhadores (I)

Na segunda metade do século XIX, com a expansão da indústria, começaram a aparecer os primeiros movimentos de associação de operários.
A Fontinha, era uma das zonas da cidade, onde aquelas associações se concentravam. 


“O sítio da Fontinha, chamemos-lhe assim, nasce junto a Fradelos e morre, lá no alto, na Rua da Fábrica Social. Fica-lhe pelo dorso torcicolado as Carvalheiras, essa maravilha humilde de serventia citadina; e a Rua das Musas - na sua graça poética de legenda toponímia.
Trata-se de um dos mais típicos e generosos aglomerados populacionais tripeiros de índole tipicamente operária, cuja verdadeira história está ainda por fazer.
Com efeito, foi por estas bandas que, no surto associativo dos anos 70-80, do século XIX, se deram os passos mais decisivos do movimento operário portuense - um período e um sítio acerca dos quais muito pouco ou nada se tem dito.
É para tentar ajudar à reconstituição histórica do movimento operário portuense que aqui se evocam apenas alguns dos mais significativos acontecimentos que tiveram por palco o Bairro da Fontinha ou as suas redondezas.
Em Abril de 1874, por exemplo, um pequeno núcleo de operários fundou, na Rua de Santa Catarina, na esquina com a Calçada do Luciano, hoje Rua da Escola Normal, a Associação dos Trabalhadores que, dois anos depois, transferiu a sua sede para o Largo da Fontinha, onde se manteve, em permanente actividade, por muitos anos mais. Nesta associação, que reunia operários dos mais diversos ramos da indústria, pontificava o cidadão francês Joseph Delarue, fabricante de pianos, que estivera implicado nos acontecimentos da Comuna, e por causa dos quais deixara França para se radicar no Porto. Ainda há relativamente pouco tempo funcionava na Praça da República a Casa Delarue, especializada na reparação e afinação de pianos.
Associada aos primeiros passos do movimento operário portuense, anda a Imprensa operária que surge para sustentar, apoiar e defender os interesses da classe e a doutrina mutualista que lhe andava associada. Em 1875, apareceu nas imediações da Fontinha, mais concretamente na Rua do Bonjardim, nas proximidades do actual Largo de Tito Fontes, o "Jornal Artístico Social", de que eram redactores os irmãos Abreu, Bernardino e Eduardo Gonçalves, pertencentes, os três, ao quadro redactorial de "O Primeiro de Janeiro".
O nome da Rua da Fábrica Social anda ligado, por sua vez, à fábrica de chapéus que por ali laborou.
Em 1873, a classe dos chapeleiros atravessava uma das suas fases de maior desenvolvimento com a mecanização das instalações das fábricas Social, no Alto da Fontinha; e de Costa Braga, na Rua da Firmeza, no mesmo local onde agora está a Escola Artística de Soares dos Reis.
O sítio onde se realizavam os maiores comícios operários desses tempos era no actual Largo do Dr. Tito Fontes por ser, para a época, o mais amplo logradouro que havia na cidade para esse tipo de manifestações. As reuniões públicas em que participavam os associados das instituições operárias da altura faziam-se num velho edifício situado na esquina da Rua de Gonçalo Cristóvão e do actual Largo do Dr. Tito Fontes. Defronte ficava outra casa célebre a sede da Laboriosa (está agora em ruínas) em cujo salão se realizaram importantes e agitadas reuniões operárias. Dionísio Ferreira dos Santos Silva, antigo operário chapeleiro, estreitamente ligado aos movimentos republicanos (seria um dos participantes na revolta de 31 de Janeiro de 1891) e mutualistas, com a sua palavra fácil e convincente interveio em inúmeros comícios e reuniões especialmente nos da classe a que pertencia.
Por falar em oradores de comícios a Rua de Conceição Fernandes, em Gaia, lembra um grande orador dos movimentos operários dos meados do século XIX, José Maria Conceição Fernandes, que em 25 de Julho de 1875, juntamente com Felizardo Lima, protagonizou uma vibrante intervenção no Salão da Laboriosa durante um concorrido comício operário. Era serralheiro de profissão e acabou os seus dias professor na Escola Industrial do Infante D. Henrique. O Porto esqueceu-o. Gaia perpetuou-lhe o nome na toponímia local.
O espaço da crónica é curto mas não queremos encerrá-la sem falar num tipo de indústria que teve algum sucesso nos meados do século XIX e se desenvolveu através de pequenas oficinas que se espalhavam pelas faldas do monte da Fontinha, ou seja, nas zonas das Liceiras e Carvalheiras. Referimo-nos ao fabrico de camas e outra mobília de ferro. O pioneiro desta indústria foi um antigo operário da Fundição do Bolhão chamado António Martins Viana, que morreu em 1912, na sua casa do Bairro Operário da Constituição, esquina desta rua com a de Serpa Pinto, mandado construir pelo jornal "O Comércio do Porto", segundo um projecto do arquitecto Marques da Silva.
Em 1876, paredes-meias com a sede da Associação dos Trabalhadores, citada na peça ao lado, funda-se, também, no Largo da Fontinha, a Cooperativa de Tecidos em que congregam os trabalhadores do sector têxtil. Mas a mais famosa actividade desta zona foi, sem dúvida, a indústria do fabrico manual de pregos de ferro forjado, disseminada por inúmeras oficinas instaladas na Rua das Musas, no Alto da Fontinha e em terrenos onde, posteriormente, viria a ser construído o hoje tão falado (pelos piores motivos) Bairro do Leal. A 12 de Maio de 1876, os pregueiros das oficinas das Musas e da Fontinha deram início uma greve exigindo aumentos salariais. Este movimento grevista coincidiu com a inauguração, na Rua dos Bragas, da Companhia Aurifícia, uma unidade industrial moderna, apetrechada com a mais moderna maquinaria que na época existia para o fabrico de pregos a partir do arame. Estes dois acontecimentos estiveram na origem da extinção da velha indústria artesanal do fabrico de pregos de ferro forjado.” 
Com a devida vénia a Germano Silva, no Jornal de Notícias




Largo da Fontinha em 1964, onde funcionava, sob a cobertura, um dos mercados de levante da cidade do Porto



 

Largo da Fontinha, actualmente – Fonte: Dora Mota (Revista Evasões - 2017)

 
 
A década de 1850 foi prolífera no que à formação de associações de classe diz respeito.
A Associação Portuense de Socorros Mútuos das Classes Laboriosas – A Laboriosa- acima referida, foi instituída e instalada no dia 25 de Março de 1856 e confirmada, por alvará régio de 10 de Março de 1857. Ocupou um prédio (recentemente demolido) na Rua de Gonçalo Cristovão (em frente à actual sede do Jornal do Notícias), onde esteve também instalado, durante anos, o Grupo dos Modestos (Escola de formação de muitos actores portuenses de teatro) fundado em 25 de Setembro de 1902.




No prédio do meio (já demolido) esteve a Associação Portuense de Socorros Mútuos das Classes Laboriosas e, posteriormente, o Grupo dos Modestos - Cortesia de Teo Dias (administrador de “ruasdoporto.blogspot.com”)



Prédio onde esteve a Associação Portuense de Socorros Mútuos das Classes Laboriosas – Cortesia de “outra-face.blogspot.com”




Em 1906, o prédio onde tinha estado a Associação Portuense de Socorros Mútuos das Classes Laboriosas estava devoluto e “Os Modestos” ocuparam-no, estabeleceram lá a sua sede e levantaram nas instalações uma sala de espectáculos que começaria a funcionar em 1908.
Em 1902, um grupo de jovens já tinham arrancado com as suas representações teatrais, numa loja de um prédio da Rua do Almada, levando à cena “Os sinos de Bonneville”. 





Outra perspectiva do local das fotos anteriores, com o edifício que foi morada da Associação Portuense de Socorros Mútuos das Classes Laboriosas, à esquerda. Até à esquina, à direita, já tudo foi demolido – Cortesia de “outra-face.blogspot.com”





Memórias de um Porto Operário e Anarquista


Após 4 anos da greve e tumultos de Chicago em 1886, que provocou a condenação à forca de 7 anarquistas, realizou-se no Porto o Dia do Trabalhador, com 12000 manifestantes, em que socialistas e anarquistas se juntaram no Monte Aventino.
Teria sido no Largo da Fontinha nº 50 que nasceu o movimento sindicalista e socialista, em volta da Fábrica Social, antes Fábrica de Chapéus e hoje a sede da Fundação José Rodrigues.
Em volta daquela fábrica existiam uma série de pequenas oficinas que foram o campo para a explosão do movimento sindical.
Por sua vez a Rua do Almada ou Rua das Ferragens seria no início do século XX a rua com maior número de associações de classe.
Muitos sindicatos desta rua estavam ligados aos socialistas mas devido a um certo desencanto com o caminhar dos acontecimentos, a chegada da República e alguma desilusão, fizeram com que muitos se aliassem à anarco-sindicalista União Operária Nacional em 1912.
Assim, em 1895 os socialistas saem da Fontinha e vão para o nº 641 da Rua do Almada, onde fundam o Partido Socialista Português e o Centro Operário de Propaganda Socialista.
Já antes aí funcionava o Instituto Antero de Quental e algumas outras associações profissionais, tendo, naquele ano, o Centro Operário de Propaganda Socialista se associado a outros sindicatos e por aí se mantiveram até 1914 quando passam para a Rua do Paraíso (cooperativa do Povo Portuense).
No cimo da Rua do Almada no nº 641 chegaram a ter sede 8 sindicatos
Os anarquistas continuaram na Fontinha.
O movimento associativo, no feminino, está ligado a duas mulheres trabalhadoras na Fábrica de Camisas Confiança na Rua de Santa Catarina.
Esta fábrica sucedeu a uma modesta loja de camisas no mesmo local, aberta em 1883.
Foi naquela fábrica que chegou a empregar mais de mil mulheres que Margarida Barros e Virgínia Dantas se conheceram e acabaram por fundar a primeira secção da Juventude Socialista que mais tarde se estenderia a outras unidades fabris.
Aquelas duas mulheres, mais tarde haveriam de fundar o Grupo Anarquista Louise Michel e escreviam frequentemente para o periódico “A Comuna”.
Por sua vez o Comunismo nasceria perto da Cadeia da Relação, na Rua de Trás.
Em 1919 cria-se a Federação Maximalista Portuguesa pelas mãos de libertários inspirados na Revolução de Outubro de 1917.
A existência daquela federação foi de um ano e meio, mas alguns dos seus membros acabam em 1921 por fundar o Partido Comunista Português, tendo o seu primeiro secretário-geral sido um dos fundadores da Fundação Maximalista Portuguesa.
O Largo Dr. Tito Fontes representa outro marco importante do sindicalismo portuense.
Num edifício daquele largo, que já foi a sede da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso, funcionavam a Cooperativa dos Carpinteiros e a Associação dos Fabricantes do Calçado.
Em Setembro de 1918 a União Operária Nacional, que mais tarde se transformaria em Confederação Geral do Trabalho, promove aí, uma reunião de 300 manifestantes durante o governo de Sidónio Pais, que foi dispersa pela polícia à coronhada.
A imprensa ligada ao movimento associativo teve também vários locais emblemáticos.
Na Rua da Bainharia na Sé, desde 1910, teve assento o semanário anarquista “Aurora” que daria ao fim de mês e meio origem à Cooperativa Aurora Social.
Enquanto a cooperativa só viveu 4 anos o semanário esteve a público até 1920, extinto após perseguições políticas e policiais.
Entre 1920 e 1926 o periódico “A Comuna” na Rua do Sol foi a expressão escrita do anarquismo portuense”.
Fonte principal: Zita Moura, In Jornal Público 



Como acima é dito, o Monte Aventino, torna-se um local de eleição para a realização dos comícios operários.
Em 24 de Abril de 1898, durante a realização de um grande comício operário no Monte Aventino, contra a Lei de 13 de Fevereiro de 1896, considerada contra os princípios da liberdade do operariado português, Cristiano de Carvalho daria a conhecer uma petição que iria ser enviada ao Parlamento, sobre o assunto. O comissário da Polícia, capitão Feijó, pergunta se ele é o autor do texto e se os dirigentes do comício (António Pereira de Carvalho, José Pinto Moreira e Joaquim Mendes Campos) a perfilhavam. Como todos responderam afirmativamente, foram os 4 presos e o comício dissolvido.


Carro Alegórico e Cortejo do 1º de Maio no Jardim de S. Lázaro em 1905 – Ed. Aurélio Paz dos Reis



Manifestação de comemoração do 31 de Janeiro de 1911, na Rua de Pinto Bessa




Associações de operários católicos e movimentos precursores



Associação Católica do Porto (ACP)
 

A Associação Católica do Porto foi aprovada pelo Governo Civil em 20/1/1872 e pelo Cardeal D. Américo a 9/2/1872 sendo que, a 10 de Março de 1872 ocorreria, numa casa alugada na antiga Rua D. Pedro, a eleição do 1º corpo directivo da Associação Católica do Porto tendo como director Roberto Guilherme Woudhouse e vice-director o Visconde de Azevedo, entre os restantes elementos.
A Associação Católica do Porto haveria de ter sede nas ruas do Almada, da Fábrica e Cimo de Vila, tendo ocupado, em 22 de Junho de 1884, a actual, na Rua de Passos Manuel, nº 54.
Este movimento associativo de católicos será o precursor e servirá de ensaio para os movimentos operários de católicos que irão surgir no fim do século XIX.

 
 
“A Associação Católica do Porto, uma das mais antigas da Europa, nasceu em 1872 de um movimento associativo tipicamente laical que surge a par do dinamismo do I Congresso dos Escritores e Oradores Católicos reunido no Palácio de Cristal, Porto, de 27 de Dezembro de 1871 a 5 de Janeiro de 1872.
Já desde o início de 1870 que um grupo de honrados senhores se reunia, com regularidade, em casa do Mons. António Joaquim de Azevedo e Couto, analisando estatutos de associações católicas da Europa. Tentavam responder aos apelos do Papa Pio IX em favor do associativismo dos católicos e elaborar os estatutos de uma idêntica instituição. Requerida ao Governo Civil a aprovação em 28 de Maio de 1870, só haveria de sê-lo em 20 de Janeiro de 1872 e, pelo Cardeal D. Américo em 9 de Fevereiro seguinte.
Um forte impulso recebeu tal objectivo do entusiasmo vindo do referido Congresso, a que presidiu D. Francisco Lacerda e tendo como vice-presidentes o Conde de Samodães e o Visconde de Azevedo e nomes como D. António de Almeida, Roberto Woodhouse, Arcediago Wanzeler, Cón. Manuel Barbosa Leão e outros. Era a resposta católica das gentes do Norte aos que tentavam ridicularizar a Fé católica, e fizeram-no invocando a sua qualidade de cristãos e proclamando a igual dignidade baptismal e o direito de levantarem a sua voz. Tal atitude mereceu todo o apreço do Papa Pio IX que lhes concedeu mesmo «indulgência plenária», como se diz no jornal «A Palavra» em 6 de Dezembro de 1872.
Surgido em 1 de Agosto de 1872, por iniciativa do director espiritual da Associação, P. António Couto, «A Palavra» foi outro elemento revelador da têmpera dos homens ligados à Associação Católica. Contra ele haveriam de bater-se quantos queriam silenciar uma tão extraordinária consciência laical e consequente intervenção por parte de uma gente que, na Igreja e na sociedade, levantava a voz em favor da liberdade de pensamento, de expressão e de associação, e apelava mesmo ao compromisso político dos católicos. Ainda que acusados de miguelistas, retrógrados e sectários, os sócios da ACP sempre tiveram coragem para defender as suas ideias, recusando subserviências partidárias. Recorde-se que estávamos antes de Leão XIII, na Immortale Dei (1885), reconhecer a autonomia do poder temporal e, de algum modo, absolver os que defendiam o liberalismo constitucional.
A ACP, depois de ter sede nas ruas do Almada, da Fábrica e Cimo de Vila, inaugurou em 22 de Junho de 1884 a actual, na Rua de Passos Manuel, 54, o que mereceu uma bênção especial do Papa Leão XIII. E dali haveria de brotar um dinamismo eclesial visível no referido jornal e em obras a que deu todo o apoio, como a Conferência de S. Vicente de Paulo, a Oficina de S. José e, algum tempo depois, a Juventude Católica do Porto.
Os tempos mudaram e agora é diferente o modo de presença da Igreja na sociedade, como também o respeito que por ela manifesta o Estado, defendendo mesmo a liberdade de consciência e de religião. Entretanto, a história de 125 anos da ACP permite perceber a largueza dos passos que conduziram ao II Concílio do Vaticano e que fazem a Igreja dizer que não foge do mundo e quer mesmo partilhar das suas alegrias e sofrimentos, tentando amá-lo à maneira de Cristo. Ele recusa o secretismo e, hoje, aposta na transparência, sem esconder que pretende levar a Boa Nova de Cristo a todas as pessoas e comunidades. Respeitadora da autonomia do que é temporal, coloca-se ao serviço dos que mais precisam, proclamando a dignidade inviolável da pessoa humana e promovendo o diálogo, cooperação, justiça, respeito pela Natureza, valorização do trabalho, bem como a reconciliação, a paz e o amor entre as pessoas. E afirma com clareza que é no modo como se tratam estas coisas mundanas que se revela a santidade das pessoas.
Passou, assim, o tempo das hegemonias espirituais, tristemente hoje visíveis em retrógrados fundamentalismos, e passou também a arrogância do poder político sobre o religioso que deixou marcas nas inquisições pós-medievais, na expoliação de judeus e de ordens religiosas, e em outras práticas. Será agora tempo de uma convivência civilizada entre todos os homens de boa vontade, católicos ou não, e de uma cooperação para que possam ser resolvidos os grandes problemas deste tempo, agora visíveis em escala mundial. Disso sejam capazes os homens e mulheres do novo milénio que se aproxima, unidos no que os aproxima e sem tentarem encontrar desculpas na diversidade da Fé, da raça ou da cultura.
Cortesia de F. M. ; Fonte: “etc.pt/VP/”


Em 15 de Fevereiro de 1911, ainda na sequência da implantação da República, tiveram lugar aos acontecimentos que provocaram danos nas instalações da Associação Católica do Porto. 
Tudo começou pela impossibilidade de entrada na sede daquela associação, à Rua de Passos Manuel, dos muitos que pretendiam ouvir a oratória do estudante Verdial, que aí se apresentava para contraditar outro orador. A páginas tantas, era tanto o povo, que foi dada ordem para o fecho das portas.
Não gostou a populaça e vai de apedrejar o edifício. A desordem invadiu a cidade. 
O Palacete dos Pestanas, de José Joaquim Pestana da Silva e a residência da família Álvares Ribeiro, foram alvo dos desordeiros, bem como, o edifício onde se acolitava o jornal de cariz monárquico "A Palavra".
Os motins que tiveram lugar foram reprimidos com violência pela Polícia e Guarda Republicana, dando como resultado inúmeros feridos e levando à prisão Francisco Gomes Cortêz e os padres Artur Leite de Amorim, Adriano Moreira Martins e Guilhermino de Trindade Afonso, que viria a ser comissário de polícia.
O Dr. Paulo Falcão, governador civil pediria, na sequência dos acontecimentos, a sua demissão, o que não viria a ser aceite.
Entretanto, no dia seguinte, as instalações do jornal "A Palavra" voltariam a ser apedrejadas, pelo que seria suspensa a sua publicação e os motins estender-se-iam, também, a V. N. de Gaia.
Facto curioso é que o jornal "Diário da Tarde", dirigido pelo ilustre republicano José Pereira Sampaio (Bruno), terá sido também ameaçado de sofrer a ira dos populares. Assim, a sua publicação será suspensa. Esta atitude de Sampaio Bruno iria, porém, levantar um coro de protestos, que ficariam expressos num comunicado público assinado, entre muitos outros por Xavier Esteves, Delfim Pereira da Costa, Silva Cunha, Adriano Gomes Pimenta, Rómulo de Oliveira, Ângelo Vaz, Eduardo Ferreira dos Santos Silva, Francisco Cordeiro dos Santos, Vasco Verdial, etc.
Sampaio Bruno ouvido pelo governador civil livra-se de ser acusado do crime de "alarme do espírito público, susceptível de ocasionar prejuízo para o Estado" e os padres Manuel Pereira Lopes e José de Almeida Pais do jornal "A Palavra", são ouvidos pelas autoridades e postos em liberdade.
Numa situação insólita, o jornal "A Luta" de Lisboa, põe à disposição de Sampaio Bruno as suas colunas.
Com os ânimos mais calmos, a 28 de Fevereiro de 1911, Sampaio Bruno parte para o estrangeiro em visita a vários países da europa,  tendo à sua despedida, na estação de S. Bento, muitos dos seus amigos e admiradores, em missão integrada na sua função de director do Museu Municipal.
Por outro lado, o Comissário da Polícia entrega a chave do jornal "A Palavra", na sua posse desde o dia 15 do corrente, ao Dr. Alberto Pinheiro Torres, director daquele periódico, que continuaria suspenso.


Em 1935, o 2º carro, no sentido ascendente, está estacionado à porta do Ateneu Comercial e, o 3º, diante da sede da Associação Católica do Porto

 
 
Na sua sede, na Rua de Passos Manuel, a Associação Católica do Porto continua, nos nossos dias, a cumprir, sobretudo, o artigo 2º dos seus estatutos.
 
 
(Artigo 2.º dos Estatutos)
 
(a) Aprofundar, difundir e aplicar a doutrina da Igreja Católica à vida em sociedade e às instituições laicais empenhadas em promover a paz social, o desenvolvimento; os princípios da mundividência cristã e os valores do Evangelho;
(b) Estudar, desenvolver e difundir o conhecimento dos princípios da ética, da moral e da doutrina social da Igreja;
(c) Promover e apoiar iniciativas de solidariedade em diálogo com intelectuais, artistas, trabalhadores, empresas, associações e movimentos empenhados em objetivos de bem comum, de paz, progresso humano e social, equilíbrio ambiental e ecológico e de valorização do património histórico, material e imaterial do povo português.




Círculo Católico de Operários do Porto (CCO)


“O incomensurável impacto da encíclica Rerum Novarum em todo o mundo católico alertando para os designados «deveres do Estado», estava já eivada de uma nova noção de justiça, da responsabilização dos proprietários, da promessa de relações renovadas entre trabalhadores e patrões através do associativismo operário. Esta primeira encíclica social reflecte largamente o sindicalismo e a participação dos católicos na organização sindical, apresentando os sindicatos como «instrumentos de solução da questão social e de […] correcção de situações injustas e desumanas». Demais, enquanto a encíclica Rerum Novarum deixa caminho aberto à opção livre entre o sindicato misto e o sindicato separado, os CCO em Portugal vão seguir, na sua essência, a primeira via, não envolvendo qualquer ideia de separação ou confronto, pelo contrário, como defendia na época o padre Roberto Maciel, os Círculos «eram um meio prático de reforma social.
O Círculo Católico de Operários do Porto, como primeiro e mais pujante CCO português, fundado em 9 de Junho de 1898.
Aliás, no cerzir daquela teia de Círculos Católicos releva-se a notável acção itinerante dos padres João Roberto Maciel e Benevenuto de Sousa, ambos redactores de A Palavra e O Grito do Povo, constituindo este último o órgão do CCOP.
Apesar de um certo pendor mutualista dos CCO, o advento do seu movimento em finais do século XIX é considerado uma primeira tentativa de «presença católica organizada no movimento operário português».
É, pois, com o patrocínio do bispo do Porto, D. Américo Ferreira do Santos Silva, em 1898, que vemos surgir a primeira associação de católicos não só para operários mas, sobretudo, constituída por número significativo de operários: o Círculo Católico de Operários do Porto (CCOP).
Augurando o impacto que viria a ter na cidade, a cerimónia inaugural do CCOP, presidida por Manuel Frutuoso da Fonseca, contou com a presença das mais altas figuras dos meios civil e eclesiástico, portuenses. A funcionar, desde 28 de Julho de 1898, no nº 192 da Rua dos Mártires da Liberdade, o CCOP vê os seus estatutos formalmente aprovados pelo Governo Civil em 27 de Agosto de 1898. A aprovação do prelado da Diocese é obtida por Alvará de 5 de Setembro daquele ano”.
Com a devida vénia a Eduardo C. Cordeiro Gonçalves


Rua dos Mártires da Liberdade, nº 192- Fonte: Google Maps


À esquerda a sede actual do CCOP na Rua Duque de Loulé, nº 202- Fonte: Google Maps



Centro de Democracia Cristã

 
O Centro de Democracia Christã nasceu na cidade do Porto em 1912, sob influência de outros grupos similares, nomeadamente o Centro Académico de Democracia Cristã de Coimbra. Eram associações ligadas aos movimentos operários e ao pensamento social-católico. Promoviam diversas actividades, como sejam debates, organização de uma biblioteca, escolas nocturnas, grupo de arte dramática, conferências, dinamização de cooperativas, recolha de fundos e apoio a iniciativas religiosas como as peregrinações ao Monte da Virgem. Editaram um jornal de regularidade intermitente entre 1912 e 1924: A Paz.


 

Sede do Centro de Democracia Cristã, na Rua Galeria de Paris - In Illustração Catholica, 28 de Agosto de 1915

 
 

Edifício da foto anterior, actualmente
 
 
 
 
Imprensa portuense afecta às Organizações dos Trabalhadores, no século XIX
 
 
 
Em Janeiro de 1872, tinha sido criada, em Lisboa, a associação de resistência, Fraternidade Operária, com estatutos elaborados por José Fontana.
No Porto, a Fraternidade Operária era fundada a 30 de Setembro de 1872 e instalava-se com a Cooperativa dos Carpinteiros e a Associação dos Fabricantes do Calçado, na Rua de Gonçalo Cristóvão, no Largo do Bonjardim (actual Largo Tito Fontes, em prédio fronteiro à Laboriosa, começando a publicação de um jornal – “Bom Senso” dirigido por Felizardo Lima.
Eram anos em que o movimento operário português se dispersava por várias secções e associações que muitas vezes funcionavam como organizações rivais que competiam entre si pelo maior número de greves
Todos sentiam a necessidade de unidade no movimento operário. Nesse sentido, em Outubro de 1873, nascia em Lisboa a “Associação dos Trabalhadores na Região Portuguesa (ATRP)” e, no Porto, dias depois, a 29 de Outubro de 1873, nascia a “Associação dos Trabalhadores da Região Portuguesa (ATRP)” portuense.
A partir de 1877, a ATRP portuense, conhecida como Associação dos Trabalhadores do Porto, passa a habitar o Largo da Fontinha, depois de ter tido a sua sede na Rua de Santa Catarina, na esquina da Calçada do Luciano, desde 1873 a 1877.
A ARTP, que vinha a colaborar com o Partido Socialista desde 1876, acaba, mais tarde, naquele âmbito, por ser o seu financiador, deixando para o partido a luta política.
Em Portugal, a fundação do Partido Socialista decorreria a 10 de Janeiro de 1875.
No Porto, no seio do movimento socialista, na década de 1880, com expressão na “Associação de Trabalhadores do Porto”, nascida na década de 1870, começavam a desenhar-se, nitidamente, as principais tendências que iriam levar, à ruptura entre possibilistas (defensores de uma via reformista) e os marxistas (defensores da revolução) e entre estes e os anarquistas.
Como líder do socialismo possibilista do Porto, sobressaía Eduardo Carvalho e Cunha, o histórico dirigente da importante Cooperativa de Tecidos do Porto, que estava agregada à Associação dos Trabalhadores do Porto, desde 1877, com sede no Largo da Biquinha.
A tensão interna conduzirá a rupturas que, no Porto, implicam as saídas, em 1879, de Pinto Barbosa e, em 1881, de Ermelindo Martins.
O abandono de Pinto Barbosa do movimento socialista, levá-lo-ia a fundar, na Rua do Almada, a “União Democrática e Social (UDS)”.
Terão aderido à U.D.S. elementos da tendência anarquista, como Guedes de Oliveira, da tendência marxista como José Ribeiro e, ainda, alguns fundadores da Associação dos Trabalhadores do Porto, como Manuel José Martins.
Em 1881, as divergências entre os socialistas levam, então, ao abandono da Associação de Trabalhadores do Porto, do serralheiro Ermelindo Martins, um dos fundadores principais do movimento operário socialista do Porto, que fundaria, pouco depois, a “Associação União dos Trabalhadores”, com sede na Rua das Carvalheiras.
Após a saída do anarquista Ermelindo Martins, regressava o marxista José Ribeiro (João Ricardo) à Associação de Trabalhadores do Porto.
Todos esses movimentos se estribavam em jornais que levavam a mensagem a todos os militantes e simpatizantes.
Assim, o jornal O Operário, publicado entre 1879 e 1882, era um semanário matutino que se publicava todos os Domingos, constituindo uma fonte de grande importância para a compreensão do movimento socialista portuense e até, português, na segunda metade do século passado.
O Operário funcionou, numa primeira fase, como porta-voz dos interesses da Associação dos Trabalhadores do Porto, tendo como editor o tecelão António Lopes de Almeida e, a partir de Outubro de 1880, como órgão oficial do Partido dos Operários Socialistas Portuenses, ou seja do Partido Socialista fundado em 1875.
Sobre a importância de O Operário, narra o texto seguinte:
 
 
“A função política desempenhada pelo jornal implicou que nele colaborassem alguns dos protagonistas do socialismo português como Antero de Quental, Oliveira Martins, Azedo Gneco, Manuel Luís de Figueiredo, Eduardo Carvalho e Cunha, José Martins Gonçalves Viana, entre outros. Além disso, encontram-se pequenas colaborações de nomes importantes do socialismo internacional como Benoît Malon, Andrea Costa,Becker e F. Borde.
(…) Assim, de 25 de Maio de 1879 até 24 de Outubro de 1880, designava-se como «Periódico destinado a advogar os interesses dos trabalhadores»; de 31 de Outubro até 7 de Novembro de 1880 apresentava como subtítulo «Órgão do Partido Socialista» e, finalmente, de 14 de Novembro de 1880 até ao último número, passava a ter como subtítulo, «Jornal do Partido dos Operários Socialistas.
(…) A administração e redacção do Operário tinham a mesma sede no Porto, no Largo da Fontinha, n° 50, que era, simultaneamente, a sede da Associação Internacional dos Trabalhadores do Porto, do Partido dos Operários Socialistas e da Cooperativa de Tecidos dirigida por Eduardo Carvalho e Cunha, não admirando, por isso, que este núcleo socialista do Porto fosse conhecido como o «grupo da Fontinha».”
Cortesia de Maria João de Abreu Mena Guimarães e Castro; In dissertação de mestrado em História Contemporânea (1999)
 
 
O Operário tinha a sua sede, então, no Largo da Fontinha, nº 50, a morada do Partido Socialista (desde 1875), da Cooperativa dos Tecidos de Algodão e do Ateneu Operário.
Por estes tempos, começava-se, timidamente, a fazer uma nova abordagem no âmbito do catolicismo, porque apesar da consolidação das posições conservadoras por parte do Vaticano, face ao crescente anticlericalismo liberal, republicano e socialista, emergiam também movimentos ligados ao catolicismo social que procurarão trazer a questão social para o seio da Igreja.
Curiosamente, é também no Porto, que aparece pela primeira vez essa nova tendência, com a criação, em 1878, do jornal A Palavra.
Entretanto, em 1882, O Protesto, o jornal editado pelos socialistas de Lisboa, funde-se com O Operário dando origem ao Protesto Operário.
A partir de meados dos anos 80 e, sobretudo, na década de 90, acentuaram-se as divergências entre os possibilistas e os marxistas, pontificando no Porto, como dissidente, Francisco Viterbo de Campos.
Cada facção iria fundar as suas associações operárias e os seus jornais.
Tudo acontecerá após o “Congresso Nacional das Associações de Classe”, realizado no Porto, em 24 de Março de 1892 – o chamado “congresso possibilista” – o acontecimento que provocará o aparecimento de novas publicações.
No Porto, os elementos dissidentes fundam o “Centro Operário de Propaganda Socialista” em oposição à velha “Associação dos Trabalhadores”, tendo por órgão marxista, lançado por Viterbo Campos, O Eco Socialista, saído em 1892, para se opor ao semanário O Trabalhador, porta-voz dos socialistas possibilistas portuenses.
É emO Eco Socialista(Porto, 1892-1894; 1899, 1900-1901), editado pelo Centro Operário de Propaganda Socialista e onde, já militante, o conhecido colonista Ernesto da Silva vai colaborar publicando, entre outros artigos, uma análise crítica ao “Congresso Nacional das Associações de Classe”, atrás referido.
Refira-se que, nos anos 90, Ernesto da Silva surgirá como líder de uma outra tendência nos socialistas, a que defendia a união com os republicanos. 
Quanto ao ideal anarquista, protagonizado por Ermelindo António Martins, não sobreviveria à sua morte acontecida em 1884.
Porem, o primeiro jornal anarquista no Porto, A Revolução Social começará a publicar-se em 1887, como órgão dos grupos anarquistas de Lisboa e Porto quando, um antigo anarquista, José Martins Gonçalves Viana, retoma a bandeira anarquista, e passa a liderar o primeiro jornal dessa tendência, como órgão dos grupos anarquistas de Lisboa e Porto.




Associações de Solidariedade Social - Mutualidades
 
 
Em 1888, pontificava no movimento associativo operário, na cidade do Porto, a denominada “União Operária”.
 
 
 
In “O Jornal do Paiz”, de 8 de Agosto de 1888




"Cooperativa de Solidariedade Social do Povo Portuense, CRL" ou Casa do Povo Portuense e Cooperativa de Ramalde



“A CSSPP (Cooperativa de Solidariedade Social do Povo Portuense, CRL) resulta de uma fusão efectuada em 1900, de várias Associações e Cooperativas operárias que existiam no Porto.
No entanto, consideramos 1893, como o acto fundador dos valores e princípios desta Cooperativa, com a criação do Instituto de Instrução Antero de Quental.
Surge no meio operário, segundo a ideia e modelo da Casa do Povo de Bruxelas, com intuitos Associativos, Culturais (alfabetização das pessoas) e sobretudo Assistenciais, terminar com os funerais de vala comum e dar até na morte dignidade a quem tanto sofreu na vida.
Hoje em dia, 120 anos depois deste acto fundador, as preocupações são as mesmas, as necessidades são iguais e as metas a atingir continuam as mesmas.
Fonte Site: “animar-dl.pt”



“A 18 de Março de 1900 - data do aniversário da Comuna de Paris, que, por coincidência, naquele ano se verificava num domingo -, era fundada no Porto uma nova instituição de solidariedade operária, que veio a adoptar a denominação de "Casa do Povo Portuense". Foram promotores desta iniciativa, três figuras do meio socialista portuense, Manuel José da Silva, Joaquim Francisco Pedrosa e, em particular, Serafim dos Santos Piedade. Este último - o verdadeiro impulsionador da novel instituição - há muito que vinha acalentando o projecto de fundação de uma organização daquele tipo, ideia que tinha cimentado após ter conhecimento da experiência realizada pela "Casa do Povo de Bruxelas". Nos inícios do século XX, existiam na cidade do Porto inúmeras cooperativas operárias, tanto de consumo como de produção. Entre as primeiras, destacavam-se a "Cooperativa dos Operários da Arrábida", com instalações próprias, e a "Cooperativa de Ramalde", então florescente, e, quanto às segundas, a mais famosa de entre elas era a "Cooperativa dos Pedreiros", que ainda hoje existe, e que recentemente comemorou o seu 85º aniversário. No entanto, para os fundadores da Cooperativa "Casa do Povo Portuense" fazia-se sentir a falta de uma instituição com objectivos mais amplos, que, embora prosseguisse a mesma actividade altruísta, prestasse também socorro aos seus filiados na doença, na prisão, na falta de trabalho, na velhice, e que alargasse igualmente a sua acção à instrução e cultura dos filhos dos operários. Elaborado o projecto de Estatutos por Manuel José da Silva, destacado dirigente operário e socialista, foi o mesmo apresentado, a 7 de Janeiro de 1900, na sala de aulas do "Instituto Antero de Quental" - fundado por socialistas, à semelhança d' "A Voz do Operário", de Lisboa, e então localizado na Rua do Almada -, a um considerável número de interessados, que também escutaram os objectivos que tinham presidido à sua elaboração.
Instalada no "Instituto Antero de Quental" - onde então tiveram também as suas sedes vários organismos de carácter operário e social da cidade, como a Federação das Associações Operárias do Porto -, a "Casa do Povo Portuense" mudou sucessivamente de instalações, até que, em 1914, a Direcção de então decidiu adquirir um terreno na esquina das ruas de Camões e do Paraíso, para edificação da sede social. No entanto, as obras de construção arrastaram-se durante quase duas décadas, e só em 1931 é que a mesma foi inaugurada - albergando a secretaria, gabinete da Direcção, consultório médico, serviços jurídicos, biblioteca, salas de aulas, salões de festas e das assembleias gerais e, ainda, uma tipografia -, permanecendo naquele local até aos nossos dias.”
Cortesia de José Manuel Lopes Cordeiro, In jornal “Público”, 2 de Abril de 2000




Cooperativa do Povo Portuense, em 1914, na esquina das ruas de Camões e do Paraíso - Fonte: Foto Alvão




“Os grandes vértices pelo qual somos conhecidos, são os subsídios de funerais que damos, e que completam para as famílias o acto do funeral, e através das nossas Clínicas (Porto e Vila Nova de Gaia), assistimos diariamente largas dezenas de Associados, a preços substancialmente mais baratos do que os do Serviço Nacional de Saúde.
Isto tudo sem filas, sem esperas, dando e proporcionado os melhores cuidados médicos e de enfermagem possíveis.
Somos também viveiro de Associações dado termos no nosso 2º andar, uma vintena de salas onde as Associações e colectividades populares da cidade podem nascer e crescer com confiança, a exemplo do que se verifica há mais de 50 anos”.
Fonte: Paulo Jorge Teixeira – presidente (2017)




Sede da Cooperativa de Solidariedade Social do Povo Portuense – Fonte Google maps




O edifício da foto acima fica na esquina da Rua do Paraíso com a Rua de Camões.
Entretanto em 1892, tinha já sido fundada a Cooperativa de Ramalde (ainda hoje existente).




Instituições que antecederam a “Cooperativa de Ramalde”




Antiga sede da “Associação Brilhante de Beneficiência Popular”, na esquina da Rua Senhora do Porto e Travessa da Senhora do Porto. Mais tarde as instalações albergariam a sede do Atlético Clube do Monte dos Burgos – Ed. Manuela Campos



Em 8 de Dezembro de 1901, na freguesia de Ramalde, em Pereiró, realizou-se uma festa promovida por duas associações de socorros mútuos, a de S. Salvador de Ramalde e a Restauradora, para comemorar a nova casa para as duas, além da inauguração do retrato do Dr. Francisco Fernandes Godinho de Faria, a quem ambas associações deviam relevantes serviços.
A Restauradora de Ramalde é, hoje, a mais antiga associação da freguesia.




“A Restauradora de Ramalde fundada em 1879 é a mais antiga associação da freguesia de Ramalde, inscrita na história da freguesia, resultou da criação em Pereiró da Associação de Socorros Mútuos, percursora da Restauradora em Ramalde - Associação de Socorros Mútuos, que persiste até aos nossos dias e que funcionou onde fica hoje a Unidade de Saúde de Ramalde.
Com intervenção voltada para as áreas da saúde e social congregou o respeito dos Ramaldenses e continua a ser uma referência do que deve ser o associativismo. A mais antiga e prestigiada associação da freguesia envelheceu, porque o poder não foi capaz de reconhecer os altos serviços prestados pela Restauradora.
Sem sede, por falta de decisão, a Restauradora está viva no coração dos Ramaldenses, com a esperança de que em breve o problema da Sede esteja resolvido e possa continuar a prestar o seu meritório serviço social. Dona de um espólio histórico não se concebe que este se degrade sem que nada seja feito”. 
Fonte: “restauradora_ramalde.blogs.sapo.pt”





Sede da “Restauradora”, na Rua São Salvador, nº 17 – Fonte: Google maps

 

 

Sobre a Cooperativa de Ramalde que, actualmente, ainda está em plena actividade, são os dois textos seguintes.



“Na época da sua fundação, 8/12/1892, ainda a agricultura dominava a vida económica e a paisagem da freguesia. No último quartel do século XIX verifica-se um desenvolvimento acelerado da actividade industrial e a freguesia ocupa o principal centro da indústria têxtil do concelho do Porto. Para suprir as grandes dificuldades dos operários, que viviam em habitações sem ventilação e sem luz e para fazer face às dificuldades criam-se associações, onde a troco de uma pequena quota, os sócios obtinham assistência na doença e velhice e até no funeral. É neste contexto social que nasce a Sociedade Cooperativa União Familiar Operária de Consumo e Produção. A 6 de Maio de 1906 a Assembleia-geral toma a decisão histórica de adquirir um terreno para edificação da Sede. Em 1931 as instalações são ampliadas consolida-se o espaço comercial onde aos produtos tradicionais se juntam outros e outras actividades na área de prestação de serviços. A Cooperativa passa a ser um importante apoio social das famílias na dignificação do ser humano, no desenvolvimento cultural e informação”.
Fonte: “portoarc.blogspot.pt”




“Instituição centenária prestou e ainda presta relevantes serviços à população da freguesia de Ramalde. Com um serviço na área do abastecimento de qualidade e para bem servir tem feito um esforço gigantesco para o manter. Na época da sua fundação ainda a agricultura dominava a vida económica e a paisagem da freguesia, que pertencia ao concelho de Bouças (Matosinhos), só foi integrada no Porto a 21 de Novembro de 1895. No último quartel do século XIX verifica-se um desenvolvimento acelerado da actividade industrial e a freguesia ocupa o principal centro da indústria têxtil do concelho do Porto.
Nos primeiros anos funcionou na Rua da Preciosa, nº 82 com o fabrico e venda de tabaco, mais tarde inicia o fornecimento de mercearia. 
A 6 de Maio de 1906 a Assembleia-geral toma a decisão histórica de adquirir um terreno para edificação da Sede. Em 1931 as instalações são ampliadas consolida-se o espaço comercial onde aos produtos tradicionais se juntam outros e outras actividades na área de prestação de serviços. 
A Cooperativa passa a ser um importante apoio social das famílias na dignificação do ser humano, no desenvolvimento cultural e informação. 
Apesar das dificuldades, foi durante o fascismo, (1926 / 1974), um espaço de liberdade com iniciativas culturais, uma biblioteca e uma escola básica. 
Com actividades culturais, recreativas e de lazer dispõe de um Salão polivalente com palco para teatro ou outras iniciativas.” 
Fonte: “cooperativa_ramalde.blogs.sapo.pt”




Antiga sede da "Cooperativa de Ramalde", na Rua da Preciosa (prédio em 1º plano)




Ruínas da antiga sede da "Cooperativa de Ramalde", actualmente - Fonte: Google maps




Sede actual da "Cooperativa de Ramalde", na Rua Dr. Pedro Sousa - Fonte: Google maps




“Grupo Dramático e Beneficente 26 de Janeiro”
 
 
Como noutros locais, em Ramalde, como resultado de uma cultura republicana, os movimentos cooperativo e associativo, que visavam a assistência à doença e invalidez, a protecção da fome e de outras carências, começam a surgir nos finais do século XIX e início do século XX.
Aquelas organizações, para servirem a classe operária, fundaram farmácias, contrataram médicos, organizaram escolas, bibliotecas, actividades culturais e desportivas e procuraram assegurar bens de primeira necessidade.
Dentro deste espírito, em 26 de Janeiro de 1924, nasce o “Grupo Dramático e Beneficente 26 de Janeiro”, tendo como principais objectivos o desempenho teatral e a vertente da solidariedade.
A receita da bilheteira das peças de teatro representadas pelos actores amadores ajudava, então, as famílias mais carenciadas.
A primeira sede da associação foi um barracão localizado na Rua de Ramalde do Meio.
Após três anos de actividade, seguir-se-ia um interregno na actividade da agremiação por cerca de três anos.
 
 
 
“Mas existem sempre homens que não desistem, e por volta de 1930 a Associação arranjou novo espaço, o nº 8 da Rua de Requesende, aqui foi recomeçado o trabalho e dada continuidade ao convívio e aos ensaios, as representações públicas das peças eram levadas à cena no desaparecido Teatro Casino do Monte, em S. Gens, Senhora da Hora.
Em 1936 muda-se a Associação para um novo espaço que é o actual, na Rua de Requesende, nº 194, na época apenas ocupava o 1º andar do prédio, no início da década de quarenta passa a ocupar o rés-do-chão e logradouro.
A partir de então começou a cimentar-se no meio Associativo, sempre com o Teatro como principal actividade, mas introduzindo entretanto outras secções: columbofilia, que se manteve entre 1975 e 1996 e pesca desportiva”.
Fonte: Associação das Colectividades do Concelho do Porto
 
 
 
Ocupada que foi, em 1936, a nova sede, na Rua de Requesende, que ainda se mantem e que tinha instalado, durante alguns anos, antes, o Seminário Baptista Português, antecessor do Tabernáculo Baptista (actualmente na Rotunda da Boavista), o “Grupo Dramático e Beneficente 26 de Janeiro” nunca deixou de ser uma referência cultural na freguesia de Ramalde.
Em Novembro de 1985, é fundado dentro da associação o Rancho Folclórico de Ramalde, que se mantém em actividade, passando a ser organizado anualmente o Festival Nacional de Folclore de Ramalde e alguns Festivais Internacionais.
Em 1988, foi um dos organizadores do 1º Festival de Folclore da Europa Comunitária realizado em Portugal.
 
 
“Em 1992, através de um protocolo com a Comissão de Jovens de Ramalde, criou-se no 26 de Janeiro o Grupo de Teatro de Ramalde. O objectivo foi reactivar o Teatro, dar-lhe continuidade, dar-lhe alma, ter uma actividade regular, e não esporádica como vinha acontecendo desde o início dos anos oitenta.
Ao fim de dois anos, após alguns espectáculos em co/produção com o grupo Ribalta, e sempre com Alfredo Correia como Encenador, uniram-se estes dois grupos e nasce a Companhia Teatral de Ramalde”.
Fonte: Associação das Colectividades do Concelho do Porto
 
 
 
Ainda, no que ao teatro diz respeito, em 1995, foi realizado o primeiro encontro teatral de amadores, o “AMASPORTO ”, que continua até aos nossos dias.
Em 2016, a sede da agremiação foi alvo de obras de beneficiação.
Hoje, a “Associação Recreativa e Cultural Conjunto Dramático 26 de Janeiro” é composta pela Companhia de Teatro de Ramalde, o Rancho Folclórico de Ramalde e uma série de atividades desportivas e de animação cultural, como é o caso da pesca desportiva, aulas de karaté, capoeira e zumba ou do Grupo de Cavaquinhos do Porto e os associados praticam, ainda, jogos de cartas e bilhar.
 
 
 
 

Sede da “Associação Recreativa e Cultural Conjunto Dramático 26 de Janeiro” – Fonte: Google maps





“A BENEFICÊNCIA FAMILIAR - Associação de Socorros Mútuos”
 
 
No dia 1 de Janeiro do ano de 1877 foi fundada, no Porto, a Sociedade Fúnebre Familiar de Beneficência.
Em Maio de 1904, o Rei D. Carlos I concedeu-lhe o Alvará Régio, com a denominação de “Sociedade de Beneficência Fúnebre Familiar - Associação de Socorros Mútuos”.
Em Setembro de 1904, a Associação muda a sua Sede Social para Rua Formosa n.º 325, no Porto, onde se tem mantido até à presente data e, neste mesmo ano, são aprovados os respectivos Estatutos.
 
 
“Em 1905, a Associação federou-se com outras associações mutualistas, constituindo a Liga das Associações de Socorro Mútuo do Porto, com o objetivo de prestar serviços clínicos e assistência médica e medicamentosa aos seus associados e familiares.
Também por Alvará Régio de 24 de Agosto de 1905, foi aprovado o Estatuto da Caixa Económica do Porto, anexa á Sociedade de Beneficência Fúnebre Familiar - Associação de Socorro Mútuos, com o objetivo de aceitar o depósito de capitais com vencimento de juros e de conceder empréstimos aos associados e público em geral”.
Fonte: abfamiliar.pt/historia.html

 
 
A 27 de Novembro de 1961, foi atribuído o Alvará e a Associação passou a denominar-se “A BENEFICÊNCIA FAMILIAR - Associação de Socorros Mútuos”.
Foram aprovados os novos Estatutos que em 1915 já tinham sido alterados.
Em 1 de Janeiro de 1993, foram realizadas profundas obras de restauro na Sede Social, criados o logótipo e a Bandeira da Associação, baseados no Código das Associações Mutualismos.
Os Estatutos seriam, então, mais uma vez, reformulados com o objectivo de dotar a Associação com Modalidades de Previdência.
Em 18 de Agosto de 1993, faleceria um dos membros que teve uma actividade profícua em prol da associação. Tratou-se de Inácio dos Santos Viseu Júnior, nascido em 3 de Setembro de 1900, que foi seu director e que, ficou, também conhecido, por ter pertencido à Associação de Socorros Mútuos das Classes Laboriosas e, ainda, sobretudo, por ter dirigido a publicação do Anuário Comercial do Porto, entre 1945 e 1974, que poderá ser consultado, na biblioteca da Casa Allen, na Rua António Cardoso, nº 175.
Mais, propriamente, tratava-se do:
Anuário do Porto - Santos Viseu (comercial, industrial e burocrático): para a cidade do Porto, Gaia, Matozinhos e restantes concelhos do distrito / dir. Inácio dos Santos Viseu Júnior; ed. António dos Santos Guimarães. 

 
“Em 17 de Janeiro de 1997, a Câmara Municipal do Porto agraciou, por unanimidade, a A BENEFICÊNCIA FAMILIAR - Associação de Socorros Mútuos com a MEDALHA MUNICIPAL DE MÉRITO - GRAU OURO, em reconhecimento pelos relevantes Serviços Sociais prestados à população da Cidade do Porto.
Nas Comemorações do 120º Aniversário, em 1997, foi inaugurada a Secção Funerária da Associação, com serviço de armador permanente, a preços mutualistas e destinada aos seus associados e aos associados das restantes Associações Mutualistas protocoladas”.
Fonte: abfamiliar.pt/historia.html
 
 
 
 

Sede de “A BENEFICÊNCIA FAMILIAR - Associação de Socorros Mútuos” durante as comemorações dos 140 anos da instituição




A Lutuosa de Portugal
 
 
Em 19 de Novembro de 1926, os fundadores reuniram-se e tiveram a ideia de fundarem uma associação idêntica à associação “Lutuosa do Professorado Primário”, já existente, mas que permitisse abranger todas as classes em geral.
Elaborados os estatutos e aprovados, o início do exercício da atividade d´ “A Lutuosa de Portugal” viria a ocorrer em 1 de Julho de 1927, com cerca de mil associados, que foram crescendo ao longo dos anos, chegando atingir aproximadamente os 15 mil.
 
 
“Esta Associação, sendo uma Instituição Particular de Segurança Social, com um número ilimitado de Associados, capital indeterminado e duração indefinida, através da quotização dos seus Associados, pratica em benefício destes, seu agregado familiar e seus beneficiários, modalidades de auxílio, nos termos legalmente permitidos”.
 
 

Sede Social da Lutuosa de Portugal, na Avenida dos Aliados, 168
 
 
 
Desde 1 de Janeiro de 2004, a associação tem ao dispor dos associados, junto da sua sede, um consultório dotado de um bloco operatório para pequenas cirurgias e, desde Outubro de 2011, um Óptica Mutualista, junto do Teatro Rivoli.
Completa a oferta na área da saúde uma clínica, na Rua Rodrigues Sampaio, 99 e uma Farmácia, na Rua Formosa, 404.
Ao longo dos anos, “A Lutuosa de Portugal” mandou construir ou adquiriu vários imóveis para arrendamento, não só no Porto, como nos concelhos da Maia e V. N. de Gaia.
Um dos mais icónicos daqueles edifícios situa-se na Avenida de Fernão de Magalhães e ficou concluído em meados da década de 1950.
 
 
“Além de continuar a praticar, nos seus imóveis, rendas muito abaixo da média do mercado (também com o objetivo de ajudar os respetivos arrendatários), foi ainda lançado um programa de apoio – devidamente regulamentado – para acorrer a situações de comprovada carência económica de Associados”.
In Relatório e Contas da Direcção da Lutuosa de Portugal, 2017
 
 
 
 

Prédio d’ “A Lutuosa de Portugal” (esquina da Avenida Fernão de Magalhães e Rua das Antas)
 
 
No terreno no qual foi implantado pela Lutuosa de Portugal o edifício da foto acima, existia um prédio nesse quarteirão, em 1933, na Avenida Fernão de Magalhães nº 1266 e esteve, inicialmente previsto um outro, mais a sul, que teve a licença de construção nº 735 de 1934, conforme se pode observar, a seguir, em desenho de esquema de localização, constante do pedido de licenciamento respectivo, concedido a Manuel Pinto Ribeiro.
Como se pode constatar actualmente, haveria de vingar, para o local, o projecto da Lutuosa de Portugal.

 
 

Em destaque, em planta, a área de implantação do prédio da Lutuosa, na Avenida Fernão de Magalhães, estando identificado o prédio primitivamente existente na área (1)
 
 
 
 
 

Entrada do complexo habitacional d’ “A Lutuosa de Portugal”, na Rua de Álvaro Castelões, 600, 610 E, 622
 
 
 

Rua dos Clérigos, 64-66


 

Avenida dos Aliados, 162-164

 
 


Cartazes comemorativos do Xº aniversário da Lutuosa de Portugal


 

Edifício à entrada da Rua da Boavista, no qual os portuenses, desde há muitas dezenas de anos, se habituaram a visualizar na sua platibanda um reclame luminoso alusivo à Lutuosa de Portugal – Fonte: Google maps




Outras formas de associação dos trabalhadores e operários portuenses


A Cooperativa dos Pedreiros


“Em 1914, dez operários especializados, que trabalhavam na construção do Edifício da Estação de S. Bento, na cidade do Porto, resolveram fundar a Cooperativa dos Pedreiros, pagando cada um apenas 20 escudos. A sede foi instalada na Travessa das Almas, 36- 1º, no Porto e um dos cooperantes mais dinâmicos é José Moreira da Silva.
Nesse mesmo ano, inicia, a cooperativa recém-formada, a construção da sede da Cooperativa do Povo Portuense na Rua de Camões.
Pela alta qualidade profissional dos seus fundadores, foi encarregada a cooperativa, da construção do Monumento à Guerra Peninsular, erigido na Praça Mouzinho de Albuquerque, mais conhecida por Rotunda da Boavista. Por falta de verba, a Câmara Municipal do Porto suspende a construção mas, 34 anos mais tarde (1948), volta a entregar à Cooperativa dos Pedreiros a sua conclusão.
Em 1924, a câmara Municipal do Porto encarrega a Cooperativa dos Pedreiros da construção dos Paços do Concelho. Mas passados alguns anos, mais uma vez por falta de verbas, decidiu interromper o prosseguimento da construção. Então, aconteceu uma coisa que, nos dias de hoje, acharíamos extraordinária: a Cooperativa dos Pedreiros comprometeu-se a prosseguir a referida construção e a autofinanciá-la até a Câmara possuir a verba necessária, o que veio a acontecer no ano seguinte.
Em 1930, começa a construção de uma nova Sede Social, na Rua D. João IV, onde começaram a funcionar cantina, garagem, posto médico e de enfermagem.
Em reconhecimento pelo gesto tido com a C.M.PORTO e dado que na época existia uma elevada taxa de desemprego, a Cooperativa dos Pedreiros foi louvada pelo então Ministro das Obras Públicas e Comunicações, Eng.º Duarte Pacheco, pela sua acção social, por portaria do Diário do Governo nº. 31-2ª Série, de 7 de Fevereiro de1933.
A indústria dos Granitos Polidos foi introduzida em Portugal pela Cooperativa, em 1937. A laboração iniciou-se nas novas oficinas da rua D. João IV, no Porto. Em 1958, a Cooperativa é distinguida com a Medalha de Ouro e um Diploma de Honra na Exposição Universal de Bruxelas, pela apresentação em exposição de uma Coluna oca em granito totalmente polida.
Em 1953, a Cooperativa inaugura o edifício a que dá o nome de "Trabalho e Reforma" cujo rendimento é dedicado às pensões dos seus cooperantes e suas viúvas.




Edifício na Rua Nossa Senhora de Fátima




Em1969 é inaugurado um novo edifício com 13 andares a que se deu o nome de Miradouro, cujo rendimento se destina aos pensionistas cooperantes e suas viúvas. Nos últimos pisos do edifício é instalada uma unidade hoteleira e um restaurante panorâmico no último andar.
No mesmo ano faleceu o seu Gerente Honorário José Moreira da Silva. 
Por iniciativa da Câmara Municipal do Porto, o largo em frente à sua Sede Social passa a chamar-se Largo José Moreira da Silva e é ali colocado, em sua homenagem, um monumento e o seu busto em bronze (1971).
A Cooperativa é distinguida, em 1972, com a Medalha de Prata da Direcção Geral de Minas e Geologia, pelos serviços prestados à indústria de rochas naturais.
Em 1989, a Cooperativa faz 75 anos e é distinguida pela Câmara Municipal do Porto com a Medalha de Mérito (Grau Ouro) pelos serviços prestados à Cidade.
No mesmo ano são inaugurados a Escola Profissional de Estudos Económicos e Sociais José Moreira da Silva e o Museu da Cooperativa.
É ainda atribuída, a título póstumo, a José Moreira da Silva, a Comenda da Ordem de Mérito Industrial.
A Cooperativa dos Pedreiros é agraciada, em 1991, com o título de Membro Honorário da Ordem de Mérito, por alvará, de 31 de Outubro, da Presidência da República.
Em1991 inaugura o Instituto de Estudos Sociais Joaquim Oliveira Guedes, na sede na Rua da Alegria.
A Cooperativa inaugura as suas novas instalações (fábrica) em Ponte de Moreira - Leça do Balio- Matosinhos, em 1997, onde além, de uma moderna unidade de corte de blocos, polimento e acabamento, tem também um grande parque de blocos e placas serradas.
Pode dizer-se que “A Cooperativa dos Pedreiros” faz parte da História da cidade do Porto por mérito próprio. Construiu um vasto património que para garantir rendimentos destinados a um fundo social, que é aplicado na ajuda aos seus Cooperantes e suas viúvas na velhice, como complemento das reformas, e obras públicas e privadas que são o orgulho da cidade e dos Portuenses. Para além dos anteriormente referidos, o Monumento ao Império (na Praça do Império), a Igreja de Nossa Senhora da Conceição (no Marquês), a Igreja de Santo António (nas Antas), o Palácio do Comércio (na Rua de Sá da Bandeira), o Pelourinho actual junto da Sé do Porto e muitos outros. Os seus trabalhos em granito, as suas colunas ocas e cantarias não estão só na cidade do Porto mas espalhadas pelos quatro cantos do mundo”.
Fonte: “amaroporto2.blogs.sapo.pt”



Algumas daquelas emblemáticas obras devem-se ao arquitecto David Moreira da Silva, filho de José Moreira da Silva, casado desde 1943 com a arquitecta Maria José Marques da Silva, filha do arquitecto Marques da Silva.
David Moreira da Silva é um dos primeiros urbanistas portugueses, tendo realizado, entre outros, os anteplanos de urbanização de Moledo do Minho, Águeda, Paredes, Matosinhos, Aveiro, Barcelos, Elvas, Valongo, Guimarães e Chaves.
Alguns destes trabalhos foram realizados em co-autoria com sua mulher, bem como as principais obras de arquitectura de que se destacam os projectos e direcção de obras do Palácio do Comércio (quarteirão de Sá da Bandeira e Fernandes Tomás), do prédio de rendimento Trabalho e Reforma (na Rua Nossa Senhora de Fátima), a torre de habitação da Cooperativa dos Pedreiros (na Rua da Alegria), o adro da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e seu remate (na Praça Marquês de Pombal).



Instalações da cooperativa dos Pedreiros, na Rua D. João IV - Fonte: Google maps



Entrada para as instalações da Cooperativa dos Pedreiros na Rua da Ponte de Moreira, 498, Leça do Balio – Fonte: Google maps

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