Bairro de Casas Económicas de Paranhos 1935/1939
“Este bairro situa-se
na Freguesia de Paranhos, junto à Faculdade de Economia e Cemitério de
Paranhos.
O bairro organiza-se a
partir da praça do Cávado numa malha rectangular, com ruas de traçado rectilíneo,
com duas ruas principais longitudinais, a Rua do Guadiana e a Rua do Dr. Manuel
Laranjeira, e catorze ruas secundárias, transversais e longitudinais, com nomes
de rios portugueses. É definido por um agrupamento de moradias económicas de
unidade tipológica, da Classe A e B, do tipo um, dois e três, de um e dois
pisos, em banda e geminadas duas a duas, com logradouro junto do alçado
posterior, jardim fronteiro e alpendre a anteceder a porta principal.
Na primeira fase foram
construídas cento e cinquenta casas, térreas, da classe A, sendo dezoito do
tipo I, noventa e duas do tipo II e quarenta do tipo III; na segunda fase
construíram-se mais trinta casas, com dois pisos, sendo doze da classe A e
dezoito da classe B. Estas últimas encontram-se localizadas na rua do Dr.
Manuel Laranjeira”.
Fonte: IHRU-DGEMN (Instituto de Habitação e Reabilitação
Urbana-Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais)
Rua do Tejo com escola primária ao fundo
As casas térreas na actualidade
As habitações de 2 pisos
Bairro de Casas Económicas de Ramalde 1935/39
“Na freguesia de
Ramalde junto à Avenida Antunes Guimarães situa-se este bairro de moradias
económicas, organizado em torno da praça onde se localiza a Escola Primária,
com ruas com o nome de árvores. O bairro é constituído por 148 moradias,
construídas em duas fases, que evidenciam duas categorias económicas, e definem
uma hierarquização social espacial. A primeira fase, localizada no interior do
rectângulo, é caracterizada por casas térreas, de construção simples, da classe
A, tipo I, II, e III, geminadas duas a duas, com logradouro junto do alçado
posterior, jardim junto do alçado principal, e alpendre de estrutura simples,
de betão ou tijolo aparente, apresentado nalguns casos telheiro. As moradias da
segunda fase, das classes B, C, e D, apresentam-se voltadas, na sua maioria,
para a Avenida do Dr. Antunes Guimarães, também geminadas duas a duas, de
maiores dimensões, com dois pisos, melhores materiais e acabamentos,
delimitadas por muros. No interior, todas a variantes dispõem de cozinha, e
casa de banho, variando esta em número, dimensão e equipamentos de acordo com
as várias classes e tipologias. Na classe A, nalguns casos não dispõe de sala e
noutros é comum, as classes B, C, e D, dispõe de sala de estar e sala de
jantar, tendo a classe D, ainda um pequeno gabinete de estudo. O número de
quartos varia de classe para classe e dentro da classe, de tipologia para
tipologia, podendo ir de um a quatro nas classes A e B, e de dois a cinco nas
classes C e D.
Nestas últimas, pode
ainda existir vestíbulo, "quarto de criada" e respectiva casa de
banho. (fonte IHRU- DGEMN)
Foi o único, na cidade
do Porto, a ser contemplado com duas escolas, com quatro salas de aula cada
(actualmente unidas) destinadas respectivamente aos dois sexos”.
Fonte: IHRU-DGEMN
Casa térrea
Habitação de 2 pisos na actualidade
Escolas primárias do Bairro de Casas Económicas de Ramalde,
em 1939, também conhecida por Escola Básica dos Correios
Os edifícios das duas escolas na Rua dos Choupos estão agora
unidos - Fonte: Google maps
Encerrada desde Dezembro de 2022, a Escola Básica dos
Correios, após sofrer obras de
requalificação de 1,3 milhões de euros, reabrirá em Setembro de 2024, com
capacidade para acolher 194 alunos, 50 no pré-escolar (duas turmas) e 144 no
1.º ciclo do ensino básico (seis turmas).
Bairro de Casas Económicas de S. Roque 1938/40
“Na freguesia de
Campanhã perto da Secundária do Cerco e Bairro de Contumil este bairro tem um
acesso por S. Roque da Lameira.
Conjunto urbano
localizado na zona Oriental da cidade do Porto, organizado segundo um trapézio
com três triângulos internos, circundado pela estrada da circunvalação a
Nordeste e pela linha de caminho- de- ferro, com a estação de Contumil a
Noroeste. Os arruamentos têm nomes de batalhas históricas. Começou por se
chamar Bairro de Casas Económicas de Contumil.
O Bairro constituído
por 234 moradias geminadas, unifamiliares, das classes A e B, tipos I, II, III
e organizadas simetricamente em torno de três triângulos bem definidos,
servidos por quatro artérias principais de circulação”.
Fonte: IHRU-DGEMN
Centro do bairro
Casa de 2 pisos na actualidade
Bairro de Casas Económicas de Costa Cabral 1939/42
O bairro é denominado de Costa Cabral já que quando foi
construído, a Avenida Fernão de Magalhães ainda não chegava à Circunvalação e
ficava pelas bandas da Rua das Cavadas. Assim, o bairro era servido pelas ruas
de Contumil, de Santa Justa e da Cruz, que ligavam com a Rua Costa Cabral.
As suas ruas têm topónimos de lugares de Lisboa.
Rua da Cruz (no começo da Rua João Roby) – Fonte Google maps
Ainda há 30 anos a Rua da Cruz do local mostrado na foto
anterior seguia (flectindo para a direita) para a Avenida Fernão de Magalhães,
situada 20 metros adiante. Ainda é possível apreciar na foto o resto do
empedrado do trecho da rua cortado.
Antes da construção daquela avenida e do Bairro de Costa
Cabral, a Rua da Cruz seguia o trajecto da hoje chamada Rua de Nau Vitória.
Marco comemorativo da inauguração na Praça do Campo Grande
Na actualidade
Bairro de Casas
Económicas de Rebordões ou Rebordãos
Situado entre S. Roque e a Areosa, onde mais tarde surgiria
o já demolido Bairro de S. João de Deus, foi a iniciativa que sucedeu em 1941,
à malograda empreitada do Bloco da Rua Duque de Saldanha.
Bairro de Casas Económicas de Rebordões – Fonte: Google maps
Bairro de Casas Económicas do Monte da Bela ou Bairro da
Corujeira ou Bairro de S. Vicente Paulo
Sobre o topónimo Monte da Bela, o padre Agostinho de Azevedo
diz que com esta ação de “velar, vigiar ou fazer vela” se devem identificar
todos os topónimos bela como Monte da Bela ou Alto da Bela, curiosamente ambos
na freguesia de Campanhã, aqui no Porto. Como que a corroborar a opinião daquele
sacerdote diremos que, antigamente, tanto o Alto da Bela, como o Monte da Bela
dos nossos dias se chamavam Outeiro da Vela.
Com efeito, o topónimo de Monte da Bela, nada tem a ver com
beleza mas, sim, com velar ou seja vigiar.
Sabe-se que por um documento de 1484, que se guarda nos
arquivos municipais, que aos moradores de determinadas áreas do termo do Porto
se ordenava que fossem fazer “a dita vela“, ou seja vigiar, estar de vela, para
prevenir contra a aproximação do inimigo.
“No dia 27 de Abril de 1949, a câmara
inaugurou a primeira fase do Bairro da Corujeira (mais tarde nomeado Bairro de
S. Vicente de Paulo, situado no Alto da Bela, em Campanhã). O custo médio
destas 148 moradias, pagas apenas pelo município, foi de 40 contos, para o tipo
1, e 53 contos, para tipo 2. O bairro de casas económicas do Estado foi
construído por iniciativa da DGEMN, que acumulava experiência na construção
desde 1934; as casas económicas da cidade, desde a construção dos bairros de
Costa Cabral e S. Roque da Lameira, tinham o equipamento sanitário reduzido ao
mínimo, as casas não estavam equipadas com banheira, por exemplo. Por outro
lado, o custo de bairros de casas para pobres inclui a compra do terreno, a sua
urbanização e todos os equipamentos necessários para serem habitados, já que a
sua finalidade é o arrendamento. Nesta altura a câmara arrendava um total de
407 “casas para pobres”: Duque de Saldanha (115), Rebordões/S. João de Deus
(144) e Corujeira (148). Estavam já em projecto as 162 habitações do bairro de Sobreiras
(depois nomeado Rainha D. Leonor), situado na Quinta da Boavista. É assinalável
que o investimento da câmara no bairro mais luxuoso da cidade, em regime de
renda resolúvel, embora menor, seja aproximado ao dos empreendimentos de “casas
para pobres”, conforme são designadas as habitações unifamiliares promovidas
pela câmara dentro da filosofia prevista pelo regime. O bairro de Marechal
Gomes da Costa, ao contrário dos bairros da primeira fase, não teve uma escola
primária no miolo do agrupamento”.
In mestrado em
História de Paulo Rogério de Sá Pinto Marques de Almeida
“Ângelo Coelho, conhecido por Lito é o
terceiro de quatro irmãos e viveu os seus tempos de miúdo num bairro pobre de
Campanhã.
Em 2007, as obras de demolição de São Vicente
de Paulo começaram e foi aí que Ângelo soube que tinha de escrever as memórias
do bairro social. “A minha mãe tinha-se mudado para um bairro ao lado e sempre
que ia à janela, via as máquinas a triturarem as casas e a desfazerem-se
delas”, conta, “Eu olhava para a minha mãe, via-a a chorar e disse: ‘Tenho de
fazer qualquer coisa pelas pessoas do bairro'”. E o livro começou a formar-se,
com o objetivo de gravar as memórias daquele lugar: as brincadeiras de criança,
as dificuldades, as doenças.
“Memórias do meu bairro” é um livro que
retrata, sobretudo, a realidade. As dificuldades que se viviam eram imensas: a
fome, a miséria, as doenças. A tuberculose, que vitimou muita gente no séc. XX,
é assunto no livro, bem como os maus-tratos e a violência doméstica, numa altura
em que “era comum o homem bater na mulher”.
No entanto, as dificuldades eram quase que
esquecidas, quando as crianças, se juntavam para brincar.
“No meio de toda a dificuldade havia de facto
uma grande solidariedade entre as pessoas. As crianças, quando passavam na rua,
faziam uma bola de trapos e tudo isso era esquecido momentaneamente”, lembra
Ângelo. “As crianças eram pobres, mas ao mesmo tempo felizes e sonhavam. Esses
sonhos, essa liberdade de sonhar e de pensar ninguém nos arrancava.
In jpn.up/2014/07/04
“O Bairro de S. Vicente de Paulo, situado na
Freguesia de Campanhã, foi construído na década de 50.
Inicialmente constituído por 18 fogos, num
único bloco, e 201 habitações unifamiliares, presentemente existem 18 fogos,
num único bloco.
Atualmente, residem neste Bairro cerca de 40
pessoas”.
In site
www.domussocial/habitacoes/bairro-de-s.-vicente-de-paulo
Bairro da Corujeira -
Ed. Boletim do GDE Mário Navega
Na foto acima, lá ao
longe no centro da foto, pode ver-se o bairro de S. Vicente Paulo no Monte da
Bela, na Corujeira.
Em 1º plano temos o
campo de jogos de Ruy Navega, no começo da Rua de Benjóia ou Bonjóia.
Miradouro na Rua do
Monte da Bela no bairro S. Vicente Paulo com o rio Douro lá ao fundo
Bairro do Monte da Bela
No fim da década de 1970, numa abordagem que já vinha sendo realizada, desde há alguns anos antes, nomeadamente, desde do fim da década de 1940 e do fim da 2ª Guerra Mundial, quanto à tipologia da habitação social, o conceito de bairros económicos unifamiliares de inspiração alemã, passaria a dar origem a uma arquitectura de edificação de blocos plurifamiliares.
Neste âmbito, o Bairro de São Vicente Paulo, ao Monte da Bela, seria demolido, por fases, acontecendo as primeiras demolições no fim da década de 1970 e, as últimas, em 2007.
Assim, iria surgir no chão do Bairro de São Vicente de Paulo, o Bairro do Monte da Bela que alcançaria os 236 fogos distribuídos por 7 blocos.
Bairro de Casas Económicas Marechal Gomes da Costa
1947/50
“Agrupamento constituído por cento e oitenta
e seis moradias unifamiliares, desenvolvido em terreno plano com traçado
rectilíneo formando vários rectângulos distribuídos de forma simétrica,
envolvendo três arruamentos principais de faixa dupla com alinhamento de
árvores ao centro, as Ruas de Dom Luís Ataíde, de João de Barros e de Diogo do
Couto, e vários arruamentos secundários longitudinais e transversais de largura
considerável, ladeados alguns deles, por jardins e árvores.
As moradias eram destinadas a pessoas que
fossem «chefes de família com idade
entre os 21 e os 40 anos, empregados, operários ou outros assalariados, membros
dos sindicatos nacionais, funcionários públicos, civis e militares, e outros
operários dos quadros permanentes dos serviços do Estado e das Câmaras
Municipais». O regime de propriedade era o de propriedade resolúvel,
pelo qual os adquirentes pagariam uma prestação (nunca inferior a 240 meses). A
prestação incluía além do pagamento da habitação ainda seguro de vida, de
invalidez, de doença, de desemprego e de incêndio.
Os arruamentos têm nomes de personalidades
dos Descobrimentos. Localizada a nascente, encontra-se uma praça arborizada e
ajardinada onde foi colocado o marco comemorativo da inauguração do bairro e,
posteriormente, a escultura Afonso de Albuquerque de Diogo de Macedo.
As tipologias habitacionais definem-se pelas
casas com dois pisos, geminadas duas a duas, com diferente tratamento dos
alçados consoante a respectiva classe e tipologia, com jardim e quintal que
pode variar entre os cem e os duzentos metros quadrados.
O bairro económico Marechal Gomes da Costa
foi o primeiro a ser contemplado com as categorias C e D, das tipologias dois e
três, destinadas a estratos sociais mais altos, não sendo construídas
habitações da classe A, para moradores de rendimentos mais baixos, mostrando a
inflexão do regime no sentido de privilegiar a classe média e os funcionários
públicos um dos principais suportes do regime. A área destas habitações varia
entre os sessenta e quatro e os setenta e oito metros quadrados por piso,
dependendo da tipologia. No interior todas as variantes dispõem de cozinha,
despensa, escada, chaminé com lareira e casa de banho variando esta em número,
dimensão e equipamentos de acordo com as várias classes. Ambas as classes
dispõem de sala de estar e sala de jantar, tendo a classe D ainda um pequeno
gabinete de estudo. Relativamente aos quartos, consoante a tipologia, o número
pode variar entre dois e quatro para a classe B, e dois e cinco para as classes
C e D, sendo um deles de recurso. Nestas variantes pode ainda existir
vestíbulo, quarto de "criada" e respectiva casa de banho. Todas as
divisões apresentam luz directa com excepção das casas de banho.
Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
Casa na actualidade
em Marechal Gomes da Costa
Na actualidade junto
da Rua Diogo Couto
Na actualidade junto
da Rua André Álvares de Almada
Marco das Moradias
Económicas do Bairro Marechal Gomes da Costa
Vista aérea da zona
do bairro de Marechal Gomes da Costa
O bairro de casas
económicas de Marechal Gomes da Costa, faz a transição da 1ª para a 2ª fase do
Programa de Casas Económicas no Porto.
Seguir-se-ão o da
Vilarinha, o de António Aroso e o do Amial II fase, projectados ao abrigo do
Decreto-Lei n.º 33 278, de 24 de Novembro de 1943, que definiu a construção de
mais duas classes C e D destinadas a estratos sociais mais alto.
Bairro de Casas Económicas de António Aroso
Este bairro localiza-se
junto à Rua da Vilarinha.
Em 1955 são feitos os
estudos de urbanização do agrupamento, elaborados pelo Serviço de Construções
de Casas Económicas e em 1957 são executados os trabalhos de escavação para as
fundações.
Por fim em Maio de
1958, o bairro, composto por 225 casas, está inaugurado.
Um Posto fiscal
seria construído em 1960
Na Rua de Meixomil –
Fonte Google maps
Junto à Rua Roriz e
Rua Vermoim – Fonte Google maps
Bairro de Casas Económicas da Vilarinha
Começado a construir
em 1958, à Fonte da Moura, os arruamentos têm topónimos de algumas sedes de
concelho do Distrito do Porto.
O bairro da
Vilarinha faz parte da segunda fase de construção de moradias unifamiliares, cuja
primeira fase arrancou, em 1943 e que comportavam duas classes de habitações
destinadas a estratos sociais mais altos.
A organização destes
bairros teve como modelo de inspiração as "cidades-jardim"
britânicas.
O Bairro de Casas de
Renda Económica da Vilarinha também era conhecido como Bairro da Avenida
Epitácio Pessoa (hoje, Dr. Antunes Guimarães), Bairro da Vilarinha ou Bairro da
Boavista.
Bairro da Vilarinha
– Ed. “gisaweb.cm-porto.pt”
Actualmente, junto à
Rua Paredes e Rua Santo Tirso – Fonte: Google maps
(Continua)
Sem comentários:
Enviar um comentário