segunda-feira, 8 de maio de 2017

(Continuação 2) - Actualização em 06/09/2019 e 23/10/2020

Cerâmicas à beira-rio

Massarelos com vista para a barra do rio



Na foto acima as chaminés são da Cerâmica de Massarelos.
As chaminés e os respectivos fornos (visíveis) foram construídos em 1901. Mais à direita, junto da igreja do Corpo Santo de Massarelos (de que se notam as torres sineiras), com entrada pela Rua da Restauração nº 34, esteve a Fábrica do Corpo Santo de Moagem de Trigo a Vapor.
Nas traseiras da igreja Matriz de Massarelos, junto ao rio, o local é conhecido por Cais das Pedras.
Em frente a Massarelos, já na margem esquerda do rio Douro, fica o Cavaco e, mais a montante, Vale da Piedade.
Ora, é neste cenário, que aqui encontramos, no séc. XVIII, a Fábrica de Louça de Massarelos/ Fábrica de Cerâmica de Massarelos fundada em 1766, entre a Rua de Monchique e a Rua da Restauração.
Esta fábrica foi fundada por Manuel Duarte Silva, em 1766 e, em 1774, está instalada em Massarelos.
Em 1829, é alvo de um incêndio e, em 1830, ocorre um litígio entre Manuel Duarte Silva (à altura falido e terceiro proprietário da unidade), e José António Cruz que lhe contestava a posse, mas que perdeu a causa. Entretanto, o projecto da abertura da Rua da Restauração que, desde 1826, estava em marcha, para além daquele incêndio e do conflito, narrados, colocou em causa a sobrevivência da fábrica, naquele local. 
No início da década de 1830, a fábrica estava já na total posse da família de Manuel Duarte Silva, sendo explorada pelos seus filhos, sob a firma, “Silva Guimarães e Irmãs”.





“Na década de 40 do século XIX, um destes herdeiros cede a fábrica ao seu tio por afinidade, João da Rocha e Sousa.
Este, morre em 1870, entrando a fábrica num novo clima de instabilidade passando a ser gerida, a partir de 1873, pela firma “Sá Lima e Irmão”, sendo sob a sua gerência que surge, no inventário de 1877, a produção de azulejos. Esta sociedade é dissolvida em 1878 e, apenas, João da Rocha e Sousa Lima fica em Massarelos. A fábrica aparece como sendo sua propriedade no Inquérito Industrial de 1881. Com uma nova designação a partir de 1884, a “Fábrica de Louça de Massarelos a Vapor” obtém uma máquina a vapor vinda de França, fornos, filtrador mecânico, moinhos para vidro e dois balancés para azulejo. É construída também, em 1886, a fachada voltada ao rio. 
No Inquérito Industrial de 1890 a Fábrica de Massarelos pertence já à viúva de João da Rocha e Sousa Lima e ao seu segundo marido, Álvaro Arnaud, e é conhecida por Clementina Vieira C. de Lima de Arnaud & Sucessores. Entre 1892 e 1895 é arrendada por Francisco Ferreira Rebelo, fechando nesse ultimo ano. Encerrando a sua produção entre 1895-1900, reabre e entra na derradeira etapa da sua exploração. É alugada por João Regis de Lima, da capital, que a trespassa em 1901 a William MacLaren e a sua sociedade, tendo este sido mestre da Fábrica de Sacavém. A partir de 1904, com uma sociedade por quotas, o investimento de capital inglês permite à unidade fabril conhecer um período estável. William MacLaren trazia a experiência de Sacavém e, já com a designação de Empresa Cerâmica Portuense Ld.ª, a fábrica especializou-se na produção de azulejos relevados. Nesta época a empresa tinha uma estrutura bipolar pois, além da própria fábrica, ainda na Rua da Restauração, havia um outro núcleo fabril na Quinta do Roriz, perto da Ponte D. Maria Pia, onde tinha a sua sede e onde habitava MacLaren. A Empresa Cerâmica Portuense Ld.ª é dissolvida em 1912 e logo nesse mesmo ano cede lugar a uma nova sociedade. Os sócios são agora Archibald James Wall, juntamente com a mulher, e Charles F. Chambers e o filho, tendo o nome de “Chambers & Wall”. 
Em 1920 o edifício da Fábrica de Massarelos na Rua da Restauração é destruído por um incêndio. A partir desta data restava apenas o prestígio da marca Massarelos-Porto e que continuaria a ser utilizado pela unidade da Quinta do Roriz. Esta fábrica teve de sofrer algumas alterações de forma a poder produzir louça, incidindo estas na construção de fornos e na ampliação das oficinas. Em 1936 é vendida à Companhia das Fábricas Cerâmica Lusitânia SARL, uma empresa lisboeta que tinha já em sua posse diversas unidades fabris”.
Fonte: “reflexosdoporto.wixsite.com”





Fábrica de Massarelos segundo planta de 1826



Em 1904, a Fábrica de Massarelos tinha mudado a sua designação para "Empresa Cerâmica Portuense, Lda", a qual realiza novas obras de ampliação em 1910, acrescentando um novo andar ao corpo principal.




Terrina de decoração Cedro e marca da sociedade Chambers & Wall (1912-1936) – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”



Fábrica Cerâmica de Massarelos em Massarelos– (Ed. desconhecido)



Na década de 30, instalar-se-ia, por aqui, em Massarelos, em área preparada para o efeito, uma refinaria mecânica de açúcar, a “Maurício Macedo & Faustino”, a qual viria a ser, em 1962, a líder de um grupo de nove empresas do sector, que dariam origem à RAR (Refinarias de Açúcar Reunidas) que, em 1967, montaram a sua sede na Rua Manuel Pinto de Azevedo.
Já no século XXI, o complexo fabril de Massarelos que estaria anos ao abandono, foi convertido num empreendimento imobiliário.




Vista das ruínas das instalações do que foi uma cerâmica e uma refinaria de açúcar




A Fábrica de Cerâmica de Massarelos transformada em complexo habitacional… sobrou a chaminé



Fábrica Chambers & Wall” em Quebrantões Norte – Fonte: “portoarc.blog”



Na foto acima, de c. de 1930,  observam-se as instalações da “Fábrica de Louça de Massarelos” que, desde 1912, aqui tinha um polo de produção e que, a partir de 1920,  produzia em exclusivo, nestes terrenos pertencentes à Quinta do Roriz, em Quebrantões do Norte, na margem direita do rio Douro e situados na Freguesia do Bonfim, que o foi, apenas a partir de 1841, quando aquela freguesia foi criada por decreto de Costa Cabral.
Em 1922, a firma “Chambers & Wall”, sita na Quinta de Roriz, solicita à Câmara para, em Quebrantões do Norte, ser autorizada uma ampliação das suas instalações fabris.



Na margem direita do rio Douro, a Fábrica Chambers & Wall”, c. 1920



Muito perto da ponte S. João, ainda se podem ver dois dos fornos dessa unidade industrial, no que é hoje, a Avenida Paiva Couceiro.
No Museu do Azulejo, no Palácio Balsemão, dezenas de peças de cerâmica traçam a história da Fábrica de Massarelos, que encerrou definitivamente a sua actividade em 1936, após um novo incêndio que a destruiu.



Duas chaminés dos fornos junto da Avenida Paiva Couceiro



Aquando da reconversão do que restava da refinaria de açúcar, que se estabeleceu durante anos no que eram as ruínas da Fábrica de Louça de Massarelos, num empreendimento imobiliário, foi possível proceder a um trabalho de pesquisa arqueológico, que possibilita hoje, a exposição de algum do material recolhido, no Palacete dos viscondes de Balsemão, à Praça Carlos Alberto, no chamado “Banco de Materiais”.



“Por debaixo dos escombros da refinaria, foi ainda encontrado um espólio impressionante de peças, cacos, moldes, desenhos e utensílios utilizados pela Fábrica de Cerâmica de Massarelos, espólio que ascende a um milhão de peças de um período compreendido entre a segunda metade do século XVIII e os inícios do século XX. Este material foi recolhido em cinco mil sacos para um armazém cedido pelo grupo RAR e aí limpo, tratado e catalogado de forma a poder ser estudado de acordo com a metodologia definida e, posteriormente, embalado e acondicionado para ser “digamos doado” ao Gabinete de Arqueologia Urbana da Câmara do Porto, que apoiou o projecto com uma redução da taxa de licenciamento e construção”.
Filinto Melo, In o jornal “O Primeiro de Janeiro” de 06/06/2005




Painel de azulejos da Fábrica de Louça de Massarelos, com fabrico de finais do século XIX, exposto no Palacete dos viscondes de Balsemão – Ed. JPortojo




A Quinta de Roriz ocupava, se assim se pode dizer, a parte sobrante da Quinta do Prado, onde agora está o cemitério do Prado do Repouso e que, antes da construção deste pertencia ao bispo.
Aqueles terrenos que desde a Quinta do Prado se desdobravam em socalcos até ao rio Douro foram postos à venda, em hasta pública, tendo sido comprados pelo brasileiro de torna viagem José Joaquim Leite Guimarães, a quem o rei D. Luís deu o título de barão de Nova Sintra, em Novembro de 1863.
Com a morte deste titular, a propriedade foi de novo posta à venda, tendo sido adquirida, em 1871, pelo banqueiro José Inácio Ferreira Roriz, que nela instalou duas fábricas, uma Fábrica de Moagem e a uma Fábrica de Sabão, de que se mostra abaixo um anúncio publicitário do “Jornal do Porto”.




Anúncio à Saboaria - Fonte: “Jornal do Porto” de 31 de Dezembro de 1870




O banqueiro, cujo estabelecimento bancário funcionava na Rua das Flores, faliu estrondosamente em 1876. Os seus bens foram leiloados e a Quinta de Roriz, depois de ter passado por vários proprietários, foi comprada, em Maio de 1904, pela Empresa Cerâmica Portuense, proprietária da Fábrica de Louça de Massarelos, que ali instalou um dos seus núcleos industriais para o fabrico de tubos de grés e de louça sanitária.




A Cerâmica de Santo António de Vale da Piedade foi fundada em 1784 pelo Genovês Jerónimo Rossi, vice-cônsul da Sardenha no Porto, na quinta de Vale Piedade em Vila Nova de Gaia, e teve um período inicial de grande desenvolvimento industrial ficando como baluarte no fabrico nacional de faiança relevada, em concorrência com a louça inglesa. 
Competiu no fabrico de azulejos, com a Fábrica do Cavaquinho e, na modelação de peças de faiança, com a de Miragaia. 
O esmalte utilizado por esta fábrica é bem distinto do das fábricas congéneres e a ornamentação em relevo só foi ultrapassada, mais tarde, pela que realizou a Fábrica A. A. Costa e C.a das Devesas. 
Rossi exportava bastante para a América tendo, como os demais, sofrido um importante golpe com as perturbações causadas pelas invasões francesas e pela posterior abertura dos mercados nacional e ultramarino aos produtos ingleses. 
Em 1814 encontra-se em meia decadência e acaba por falecer, e ser sepultado no Porto.
Em 1821 as suas filhas continuam a explorar a fábrica e pedem renovação do alvará, obtendo-o em 1825.

“Joana Rossi, terceira filha de Jerónimo Rossi e D. Teodora Maria Fontana nasceu no Porto, em Outubro de 1777, e foi batizada na Igreja de São Nicolau. Como filha solteira mais velha encabeçou a gerência da fábrica, que passou a assumir, após a morte de seu pai, em Novembro de 1821.
A partir de Janeiro de 1830, D. Joana arrendou a fábrica a diversos industriais, a saber:
Francisco de Sousa Galvão (1830), Francisco da Rocha Soares (Filho), e seu primo, João da Rocha e Sousa da fábrica de louça de Miragaia (entre 1830 e 1835) e Bonifácio José de Faria e Costa e João de Araújo Lima (entre 1835 e 1840).
Francisco de Sousa Galvão, caixeiro da fábrica de louça de Miragaia, pelo menos desde 1816, pois data de 14 de Setembro desse ano a sua matrícula profissional atestada pelo proprietário daquela, Francisco da Rocha Soares (Pai) arrendou a de Vale de Piedade em Janeiro de 1830), mas pouco tempo aguentou a sua gerência, trespassando o contrato de arrendamento meio ano depois para os seus fiadores, Francisco da Rocha Soares (Filho) e primo deste, João da Rocha e Sousa.
Joana Rossi manteve-se sua proprietária, conjuntamente com as cinco irmãs solteiras, até Novembro de 1835, altura em que a vendeu ao seu sobrinho por afinidade Joaquim Augusto Kopke, continuando a vigorar os contractos de arrendamento à data.
Nesta altura morava em Viana do Castelo (villa de Vianna do Minho), onde julgamos que veio a falecer, solteira e sem deixar descendentes, cerca de 1853”.
(…) Bonifácio José de Faria arrendatário com João de Araújo Lima da fábrica de Vale de Piedade, entre 1835 e 1840 (…), após o seu falecimento, no primeiro semestre desse ano, a gestão do estabelecimento passou a ser assegurada em exclusivo pelo sócio sobrevivente.
Pedro Vitorino descreve Bonifácio como um brasileiro, fundador da fábrica das Palhacinhas, (Rua Cândido dos Reis) também em Vila Nova de Gaia, dizendo-se que aí habitava em 1837.
Com a morte de Bonifácio, em 1840, Araújo Lima passou a administrar a fábrica sozinho, adquirindo-a ao Barão de Massarelos em Agosto de 1846.
Com a devida vénia a Laura Cristina Peixoto de Sousa, In Mestrado em Arqueologia da U. Porto, 2013




Em 1846 a fábrica encontra-se na posse de João de Araújo Lima, (que a comprou ao barão de Massarelos) um dos industriais mais dinâmicos da sua época, fundador da Associação Industrial Portuense e acolhe muitos operários especializados que deixaram a unidade de Miragaia quando esta encerrou. 
Posteriormente à morte de Araújo Lima (1861), já sob a direcção de João do Rio junior, irmão de um cunhado do 1º matrimónio de Araújo Lima, introduziram-se modificações que levaram à produção de peças de ornamentação em relevo para interiores e exteriores. 
João do Rio Júnior adquiriu a fábrica de louça de Vale de Piedade, juntamente com o seu irmão, José Lopes dos Rios, à viúva e ao pai de Araújo Lima, em Outubro de 1861, já a gerindo, pelo menos, desde Maio do mesmo ano.
Depois de vários arrendamentos, ardeu na noite de 1 para 2 de Julho de 1886, indo alguns dos seus operários para as Caldas, por iniciativa de Feliciano Bordalo Pinheiro. Foi um ano depois adquirida e reconstruída por António José da Silva, entrando assim em nova fase de laboração. 
Continuou a renovar-se e a laborar até cerca de 1930.
Nesta fábrica trabalhou Soares dos Reis, onde realizou algumas das suas melhores obras. 



Local da fábrica de louça de Santo António do Vale da Piedade



Possivelmente a fábrica ocuparia a área de implantação do edifício mais alto em ruínas da foto acima.



Edifício em ruínas que terá servido a Fábrica de Cerâmica de Santo António de Vale da Piedade




Peças da cerâmica de Santo António de Vale da Piedade que estão no Museu Soares dos Reis


Vaso da Fábrica de Santo António de Vale da Piedade, à entrada da igreja das Almas do Corpo Santo de Massarelos – Ed. Graça Correia





A Fábrica do Cavaco e a Fábrica do Cavaquinho, embora localizadas em V. N. de Gaia, têm merecido grande atenção por parte dos estudiosos sendo aceite que se trata de duas unidades, a mais antiga dedicada ao fabrico de faiança e uma segunda, mais moderna, que iniciou e desenvolveu o fabrico da louça de pó de pedra em Portugal, à moda Inglesa. A sua história está, porém, indissociavelmente ligada entre elas e à cidade do Porto, embora apareçam peças de faiança com marcas bem distintas.
Houve duas fábricas na Quinta de Vale de Amores, ambas pertencentes à mesma sociedade. A primeira em 1780 e fabricava louça de faiança e era conhecida por Fábrica do Cavaco.
Foi gerente e fundador desta fábrica João Bernardo Guedes, o segundo marido da proprietária dos terrenos de implantação da unidade industrial, Joana Eufrásia Mesquita.
A sociedade desta fábrica devido a problemas de falta de capitais seria sucessivamente alargada a outros sócios.
João Bernardo Guedes e um outro sócio, Diogo José de Araújo convencem Domingos Vandelli, que tinha já criado uma fábrica de porcelana em Coimbra, a entrar num projecto duma nova fábrica de louça de pó de pedra, perto do local da existente Fábrica do Cavaco.
Seria assim construída, uma segunda fábrica, mais moderna, com alvará desde 1787, que acabou por se juntar à já existente, e que fabricava louça de pó pedra, à moda inglesa, de qualidade superior e que, entre 1793 e 1808, exportava uma parte da produção para o Brasil.
Era a Fábrica do Cavaquinho, agora em produção conjunta com a que lhe antecedeu.
A Fábrica do Cavaquinho mereceu aprovação real de Sua Majestade dada a perfeição da sua louça e exportou bastante para o Brasil, durante o seu período áureo.
Contudo a concorrência inglesa e as invasões francesas obrigam ao seu encerramento entre 1808 e 1817. Em 1826 vendem apenas para o mercado interno.
Durante os anos 30 a empresa passa por graves problemas financeiros e é sucessivamente arrendada acabando nas mãos do conde de Sarmento que a herdou, e em 1858 a vende a um industrial do ramo, Joaquim Nunes da Cunha que tinha acabado de ver a sua fábrica de Fervença desmantelada para os seus terrenos passarem a fazer parte do acesso à ponte sobre o Douro. A fábrica da Fervença tinha sido fundada por aquele industrial junto à cerca do convento da serra do Pilar no sítio da Mesquita c. de 1826, em terreno arrendado.
Este proprietário em 1881 ainda explora a fábrica do Cavaquinho mas, tendo falecido pouco tempo depois, sucede-lhe à frente do negócio a viúva e filho, em 1884, sob a firma Margarida Rosa Nunes & Filho, dissolvida em 1889. Na sequência a viúva assume as dívidas e passivo da firma dissolvida e sob a nova firma Viúva de Joaquim Nunes e Cunha.
Os terrenos da fábrica e propriedade entram, porém, em processo judicial de inventário e acaba depois de uma venda nas mãos de Alberto Almeida Lucas, em 21 de Janeiro de 1897. No fim do século é detida pelos seus filhos sob a firma Luís Nunes da Cunha & Cia.
Encerra no fim do século XIX e as suas instalações passam a albergar outras indústrias.


Fábrica do Cavaquinho


Prédio implantado em terrenos que foram da Cerâmica do Cavaco




“A Fábrica de Louças de Miragaia foi fundada em 1775 por Francisco da Rocha Soares (comerciante emigrado na Baía onde fez fortuna) e seu sobrinho João da Rocha e Sousa, naturais de Sabadim, Arcos de Valdevez, debaixo da direcção do Mestre Sebastião Lopes Gavicho. Com estes homens inicia-se uma verdadeira "dinastia" de industriais cerâmicos - os "Rocha de Miragaia" - que introduziram inovações como a produção de louça em formas (1827-1830) e chegaram mesmo a explorar, em determinados momentos, as fábricas concorrentes: Massarelos (1819-1845), Santo António de Vale da Piedade (1830-1834) e a do Cavaquinho (a partir de 1845). A fábrica ocupava uma área bastante extensa como se pode ver na gravura. Situava-se na Rua da Esperança, contígua à Igreja de S. Pedro de Miragaia e esteve em laboração durante 77 anos, tendo a sua actividade sido interrompida apenas durante as invasões francesas e, posteriormente, no período das lutas liberais”.
In “portoarc.blogspot”



“Francisco da Rocha Soares, era filho do proprietário, fundador e gerente da fábrica de louça de Miragaia, seu homónimo. Nasceu a 24 de Janeiro de 1806 e faleceu a 20 de Março de 1857. Após a morte do pai, em 1829, portanto com 23 anos, assumiu a gerência daquela manufatura.
Administrou a fábrica de Vale de Piedade entre 1830 e 1834, com o seu primo, João da Rocha e Sousa, por terem sido fiadores de Francisco de Sousa Galvão, que não cumpriu o prazo do contrato de arrendamento
A agitada vida de Francisco da Rocha Soares (Filho), com envolvimento na política (liberal) e investimentos e atitudes imprudentes, chegando a ser preso, levou à falência e ao encerramento definitivo da fábrica de Miragaia”.
Com a devida vénia a Laura Cristina Peixoto de Sousa, In Mestrado em Arqueologia da U. Porto, 2013




Fábrica de Louça de Miragaia



A fábrica foi fundada num terreno em socalcos à margem da Calçada da Esperança, mais tarde Rua da Esperança e que hoje é a Rua Tomás Gonzaga.
Tendo obtido, Francisco da Rocha Soares (Filho), o controlo do mercado da louça na cidade, não só por ter tomado conta das principais fábricas concorrentes como por, entre 1845/48 ter congregado as demais em uma única organização, quando foi estabelecido um depósito de venda de louça, na Rua da Esperança, com a participação das fábricas do Carvalhinho, Fervença, Fontinha, Monte Cavaco e Vale Piedade. 
O último período de vida da empresa, referente aos anos entre 1840 e 1852 culmina com a falência e encerramento da fábrica devido, entre outros factos, ao envolvimento político de Francisco Rocha Soares filho, liberal militante, na Guerra Civil.
Já depois das lutas liberais foi retomada a laboração, tendo a fábrica recebido a visita do Rei D. Fernando e, entregue a Francisco Rocha Soares, à data, o hábito de Cristo.
Encerrou definitivamente em 1852.
Francisco da Rocha Soares (filho), acima mencionado foi, para além de comerciante e industrial ligado à indústria da cerâmica, oficial do exército e presidente da Câmara do Porto, entre 30 de Dezembro de 1835 e 6 de Fevereiro de 1836.
Voltaria à presidência da edilidade, entre 1 de Janeiro de 1840 e 8 de Agosto de 1840.
Exerceu ainda as funções de fiscal dos trabalhos de construção da ponte pênsil, nos primeiros anos da década de 1840.
O seu nome haveria de ficar ligado, também, à toponímia da cidade, no Bairro de Miragaia.

 
 

Placa toponímica



Fábrica de Louças de Miragaia



Na zona dos prédios assinalados pela oval, na foto anterior, estava a Fábrica de Louças de Miragaia, logo atrás da igreja de S. Pedro de Miragaia.
O nome da rua onde esteve localizada a fábrica, homenageia António Tomás Gonzaga nascido em Miragaia.



À direita da foto na primeira casa, nasceu António Tomás Gonzaga




Placa na casa onde nasceu o poeta



“Tomás António Gonzaga (Miragaia, Porto, 11 de agosto de 1744 — Ilha de Moçambique, 1810), cujo nome arcádico é Dirceu, foi um jurista, poeta e ativista político participante da Inconfidência Mineira, movimento pela independência de Minas Gerais, precursor do processo que conduziu à separação do Brasil de Portugal. Considerado o mais proeminente dos poetas árcades, é ainda hoje estudado em escolas e universidades por seu "Marília de Dirceu".
Órfão de mãe no primeiro ano de vida, mudou-se com o pai, magistrado brasileiro para Pernambuco em 1751 depois para a Bahia, onde estudou no Colégio dos Jesuítas. Em 1761, voltou a Portugal para cursar Direito na Universidade de Coimbra, tornando-se bacharel em leis em 1768. Com intenção de lecionar naquela universidade, escreveu a tese Tratado de Direito Natural, no qual enfocava o tema sob o ponto de vista tomista, mas depois trocou as pretensões ao magistério superior pela magistratura. Exerceu o cargo de juiz de fora na cidade de Beja, em Portugal. Quando voltou ao Brasil, em 1782, foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes da comarca de Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto, então conheceu a adolescente de apenas dezesseis anos Maria Doroteia Joaquina de Seixas Brandão…”
Fonte: “pt.wikipedia.org”

2 comentários:

  1. Excelente material para quem está pesquisando sobre as antigas fábricas de cerâmicas do Porto . Parabéns!

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  2. Agradeço o seu comentário e espero que as consultas lhe continuem a ser úteis. Pode crer, que receber incentivos como o seu, nos dá mais alento para continuarmos.
    Cumprimentos

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