quarta-feira, 10 de maio de 2017

(Continuação 4) - Actualização em 05/12/2017 e 18/04/2021

Indústria fosforeira


No século XIX, Lordelo do Ouro assistiu ao aparecimento de algumas unidades industriais de certa importância para a freguesia, hoje desactivadas.
Foi o caso da Companhia Portuguesa de Fósforos, resultante de decisão governamental, em 1895, que levaria ao encerramento de uma miríade de pequenas unidades que se dedicavam ao fabrico de fósforos.
Assim, a partir de então, foi concedido o exclusivo do fabrico de fósforos à Companhia Portugueza de Phosphoros.
Os anos que antecederam a medida foram, no entanto, de agitação para o sector, tendo os próprios operários desempenhado um papel de relevo na luta pelo seu posto de trabalho.
 


 






“Em 1895, o então Presidente do Conselho e Ministro da Fa­zenda, Conselheiro Hintze Ribeiro implantou medidas legais restritivas, de forma a disciplinar a produção, mandando cessar toda a laboração nas fábricas de fósforos existentes, com exceção da Companhia A Geral de Fósforos e a Companhia de Fósforos Segurança.
Neste contexto, foi fundada, por decisão governamental, a Companhia Portugueza de Phosphoros, à qual foi concedido o exclusivo do fabrico de fósforos. Esta abriu duas fábricas de grande porte; uma em Lordelo do Ouro, no Porto, e outra no Beato, em Lisboa, nas quais foram produ­zidos fósforos de enxofre, integrais e amorfos, de cera e de madeira, em oficinas devidamente separadas e com tarefas definidas. “O consórcio era formado por eminentes negociantes e capitalistas. (...) Que terão garan­tido o empréstimo de mil e duzentos contos necessário para o arranque da Companhia Portuguesa de Phosphoros.”
O consórcio que deu origem à Companhia Portu­gueza de Phosphoros era formado por distintos negociantes, tais como: Vieiras & Mendonça (Fábrica Boa Fé) – Porto; Companhia A Geral de Fós­foros – Porto e Lisboa; Companhia de Fósforos Segurança – Porto; Francisco António Borges – Porto; Companhia Nacional de Fósforos – Lis­boa; Companhia de Fósforos Químicos – Lisboa; Fábrica de Fósforos de Alcochete – Lisboa; José Maria Fonseca – Lisboa; Arthur Barbosa Santos – Lisboa; Adolpho Correia Barbosa – Lisboa; Rodrigo Jorge Furtado – Lisboa e finalmente João Marques da Silva (Fábrica Progresso) – Lisboa
A data de Junho de 1925 marcou uma mudança significativa no sector fosforeiro português, pois, é dado como terminada a concessão estatal que durante 30 anos concedeu exclusividade de mercado à Companhia Portugueza de Phosphoros. Abria-se, deste modo, a actividade industrial às empresas que se constituíssem para o efeito, com a condição de o Estado ter uma participação de 25% do capital social.
Neste âmbito, em Março de 1926, nasce a Sociedade Nacional de Fósforos (SNF) que herda os alvarás da extinta Companhia Portugueza de Phosphoro.
De acordo com dados recolhidos esta sociedade era constituída por uma extensa linha de produção que integrava todos os trabalhos de produção, desde o corte e tratamento da madeira, à realização da “massa” dos fósforos e respectivo embalamento, tornando, assim, possível combater a concorrência das outras unidades que entretanto surgiram, a Fosforeira Portuguesa de Espinho e no Porto a Com­panhia Lusitana de Fósforos e a Companhia Continental de Fósforos.
Em 1930 a SNF formou uma parceria com a compa­nhia sueca de fósforos Swedish Match, que introduziu nova tecnologia na produção da fábrica portuguesa como se pode ler num comunicado distribu­ído à imprensa por Axel Beselin, na altura administrador da SNF, presente no Museu dos fósforos.
Em 1967, a Companhia Lusitana de Fósforos, com sede no Porto, foi integrada na SNF.
Segundo o Boletim Estatístico de 1963, a produção das quatro fábricas foi de mais de 16 biliões de fósforos, num valor superior a 100 mil contos, dos quais foram exportados mais de 400 toneladas de valor superior a 12 mil contos. Nessa altura, estavam empregadas nas referidas fábricas mais de 800 pessoas. Esta última deixou de laborar em 1991, encerrando definitivamente em 1993.”
Com a devida vénia a Cláudia Raquel Ferreira de Castro

“Em 1895 surge a "Companhia Portuguesa de Fósforos" através de uma proposta do político "Hintze Ribeiro". O Estado viabilizou um contrato que acabou por ser assinado com os accionistas dos fósforos, em 25 de Abril desse ano. O objectivo consistia na exploração exclusiva do fabrico e venda de fósforos em Portugal.
Assim, a "Companhia" liquidou todas as pequenas fábricas que existiam no país instalando as novas unidades fabris em Lisboa na "Rua Do Açúcar" ao Beato, e no Porto em (Lordelo).
A exclusividade da produção prolongava-se por um período de trinta anos, durante o qual se procedia ao prolongamento da renda anual ao Estado, estabelecida em contrato.
A «Companhia Portuguesa de Fósforos» produzia os fósforos suecos e os de cera. Em 1911, a "Fábrica do Beato" impressionava; "pela variedade de maquinismo que se encontram em numerosas e amplas oficinas, tendo em vista os mais delicados pormenores da divisão do trabalho. Em todas as instalações se nota o mais apurado método e uma excelente organização de serviços técnicos".
In: “aps-ruasdelisboacomhistria.blogspot”


Publicidade em 1911



Companhia Portuguesa de Fósforos em Lordelo do Ouro - Fonte: Centro de Documentação do Museu da Indústria do Porto



Outra perspectiva da Fábrica Portuguesa de Fósforos – Cliché In CPF

Ainda outra perspectiva da fábrica em Lordelo do Ouro – Cliché In CPF; Espólio Fotográfico Português


A ante-penúltima imagem acima foi obtida a partir de tese de Cláudia Raquel Ferreira de Castro e extraída do Centro de Documentação do Museu da Indústria do Porto. Ao fundo à direita, a Igreja de S. Martinho de Lordelo do Ouro.
Na útima foto no canto superior esquerdo é visível a Casa Andresen do actual Jardim Botânico na Rua do Campo Alegre. Parte do casario ao fundo à direita da foto, ainda hoje existe.


Na área relvada ficava a fábrica em Lordelo do Ouro - Fonte: Google maps

A perspectiva acima fica na confluência da Rua da Arrábida com a Rua do Progresso. 
Em Lordelo do Ouro ainda existe o topónimo Rua Sociedade Nacional de Fósforos, muito próximo do local assinalado na foto anterior.


Interior da fábrica - Fonte: Centro de Documentação do Museu da Indústria do Porto



Sobre a indústria dos fósforos podemos resumir:

“1895 - É fundada, por decisão governamental, a Companhia Portugueza de Phósphoros.
1925 – Em junho terminou a concessão estatal que durante 30 anos concedeu exclusividade de mercado à Companhia Portugueza de Phosphoro.
1926 - A "Match and TabaccoTimber Supply Co." adquiriu todo o activo e o passivo da "Companhia Portuguesa de Fósforos", transferindo praticamente todo o capital para uma nova sociedade a "Sociedade Nacional de Fósforos" (SNF), que herda os alvarás da extinta empresa.
Por esses tempos estão no mercado, também, a Fosforeira Portuguesa de Espinho, a Companhia Lusitana de Fósforos do Porto e a Companhia Continental de Fósforos da Rua do Ouro a quem a Sociedade Nacional de Fósforos (SNF) pretende fazer a devida concorrência.
1930- A SNF formou uma parceria com a compa­nhia sueca de fósforos Swedish Match.
1967 - A Companhia Lusitana de Fósforos do Porto foi integrada na SNF.
1993 – A SNF encerrou definitivamente.
2006 – A Fosforeira Portuguesa também encerrou”.
In portoarc.blogspot



Companhia Lusitana de Fósforos


Caixa de fósforos com endereço da fábrica

A Fábrica Lusitana de Fósforos situava-se na Rua Silva Porto, junto ao Centro Hípico do Porto, do Sport Club do Porto.

Vista actual do local da Fosforeira Lusitana - Fonte: Google Maps


Título de uma acção da Companhia Continental de Fósforos em 1928

A Companhia Continental de Fósforos ficava, à data, na Rua do Ouro nº 39.

Fosforeira Portuguesa em Espinho

Publicidade à fábrica de Espinho da Fosforeira Portuguesa

“ A “Chama Vermelha” é a única fábrica que faz fósforos na Península Ibérica. Um economista com queda para a engenharia acreditou na rentabilidade de um negócio que se transformou num nicho de mercado. Comprou toda a Fosforeira Portuguesa aos patrões espanhóis, menos as paredes.
Em 1926 um empresário espanhol encontra um sócio português para construir uma fábrica de fósforos, numa altura em que a entrada de capital estrangeiro não era vista com bons olhos.
Em Abril de 1974 quinze dias antes do 25 de Abril, os trabalhadores contestam duas horas extraordinárias por dia; o patronato acabaria por ceder. 
Julho de 1998 Administração anuncia o despedimento de 53 funcionários e prepara a saída de outros 40.
Durante Abril de 2005 os funcionários paralisam as máquinas por não aceitarem o aumento salarial proposto pela empresa e em Agosto de 2006 os operários insurgem-se contra a proposta de compra da empresa por parte do director de produção.
Após Setembro de 2006 a Comissão de trabalhadores e sindicato do sector reúnem-se com a administração que anuncia o fecho da fábrica para, em Outubro de 2006 o então director da fábrica, Jaime Teixeira Pinto, vir a  tomar conta do negócio, agora com o nome de “Chama Vermelha” em Serzedo V. N. de Gaia”.
In Site: publico/temas/jornal/nova-chama-dos-fosforos-180765


Entretanto a “Chama Vermelha” acabaria por fechar.



Indústria Tabaqueira

“A indústria tabaqueira foi desde sempre um sector fortemente regulado, em virtude de representar uma fonte considerável de receitas fiscais. O comércio e manipulação de tabaco eram tradicionalmente exclusivos do Estado português, o qual optava por celebrar contratos de arrendamento por triénios, com particulares interessados na exploração desse negócio.
Este regime durou até 1864, ano em que foi extinto o exclusivo e o sistema de arrendamento, passando o sector dos tabacos a estar aberto à livre iniciativa. Sob o regime de liberalização, que começou a vigorar no primeiro dia de 1865, foram instaladas diversas fábricas, algumas delas por acção de antigos arrendatários do contrato do tabaco. Nas palavras de Raul Esteves dos Santos, assistiu-se à pulverização da indústria, tendo as fábricas em laboração chegado a atingir o número de trinta.
O livre exercício da actividade de manipulação do tabaco manteve-se durante 24 anos. Depois da tentativa falhada de impor uma contribuição total conjunta às empresas tabaqueiras existentes, o governo procedeu à nacionalização das fábricas em Maio de 1888. As fábricas em actividade foram tomadas pelo Estado, mediante o pagamento de indemnizações, e passaram a ser exploradas por um organismo público designado Administração Geral do Tabacos. O inquérito de 1881 encontrou a indústria ainda sob o regime de livre actividade. No continente português foram recenseadas 17 fábricas de tabaco, que eram propriedade de 15 empresas. Deste total, seis integravam o grupo das 50 maiores empresas industriais.”
Fonte: Pedro José Marto Neves (Dissertação apresentada para a obtenção do grau de Doutor em História Económica e Social) - Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior de Economia e Gestão



A actual Rua da Fábrica deve o nome à mais antiga fábrica de tabaco que se conhece na cidade, a Real Fábrica do Tabaco e, sabe-se que já tinha existência no século XVIII, pois, a ela em 1789, se refere o padre Agostinho Rebelo da Costa.
Por outro lado, a referência de Ilissínio Duarte é mais antiga e refere: 

“No coração da cidade já em 1723 havia a Real Fábrica do Tabaco, que tinha a seu lado a bela e senhorial casa dos Senhores da Fábrica. Tudo se foi, mas ficou a rua com o nome da Fábrica, como eram Senhores da Fábrica os Souto e Freitas. Começa a rua, na Rua do Almada e termina na Rua de Santa Teresa…O tabaco da Real Fábrica era considerado superior ao da Fábrica de Lisboa. Tinha mais de 100 operários e apresentava ao mercado, várias marcas: "Cidade", "Somente, verde", "Somente amarelo",  "Esturro de cor" e "Esturro preto". Já com a Fábrica a funcionar, entrou como administrador o espanhol D. Vicente Gregório Garcia, que criou novas marcas e introduziu novas técnicas.”



 

Houve outras fábricas de tabaco, no Porto, mas apareceram já em pleno século XIX.
As mais importantes foram: a Lealdade, que funcionava na Rua de Costa Cabral e empregava só homens; a Portuense (era uma casa de habitação que se transformou em fábrica inaugurada em 1865) localizada no antigo Poço das Patas, o actual Campo de 24 de Agosto, onde só trabalhavam mulheres; e ainda a Nacional e a Aurora (com instalações na Rua de S. Dinis).




In jornal "O Comércio do Porto" de 30 de Setembro de 1877



Tiveram existência na cidade, também, a Brigantina, na antiga Rua das Valas, hoje Rua de Nossa Senhora de Fátima, a Porto e Havana, na Rua de Santa Catarina, a Manilha, fundada em 1875, na Rua de São Jerónimo (actual, Santos Pousada), de Pereiras & Seixas e a Boa-Fé, de Vieira & Irmão, fundada na Rua de Malmerendas (actual, Alves da Veiga) em 1865.
A Fábrica de Tabaco Lealdade, fundada por João António de Lima, nascido em 1823, ficava na Rua de Costa Cabral onde ainda hoje se encontra o seu belo edifício bem conservado.
A viúva de João António Lima, Luzia Joaquina Bruce, após ter mandado edificar em memória do seu marido o hospital da Ordem da Lapa, haveria de deixar à Santa Casa da Misericórdia do Porto uma grande parte da sua fortuna.
Por isso, aquele Lima daria o nome ao Estádio do Lima e à Rua do Lima pois, os terrenos respectivos, tiveram origem em doacções. Também uma parte da Rua da Alegria surgiu em terrenos seus, que foram também, oferecidos à Câmara.


“Luzia Joaquina Bruce nasceu no Brasil, na cidade do Maranhão, e presume-se que, com grande probabilidade, na sua ascendência, para além de sangue escocês, também haja sangue africano. Foi no Maranhão que conheceu o homem que seria até ao fim dos seus dias a paixão da sua vida: João António Lima, natural de Lisboa, que emigrara para o Brasil onde enriqueceu por via de negócios ligados à produção e ao comércio agrícola.
Quando conheceu a bela adolescente, Luzia de seu nome, João António Lima era um homem "desquitado" de sua primeira mulher. Apaixonaram-se rapidamente. Mas dado o impedimento canónico, nunca puderam celebrar o matrimónio. Isso não os impediu de construírem uma vida a dois, numa união que foi marcada por um duradouro e recíproco amor.
João António Lima e a companheira deixaram o Brasil em data que não podemos precisar e vieram fixar-se na cidade do Porto, na Rua de Costa Cabral, onde construíram um palacete que ainda hoje existe com algumas marcas dos donos originais, e nele está instalado o Académico Futebol Clube. Ao lado da sumptuosa casa, João António Lima fundou uma fábrica de tabaco, de nome "A Lealdade". O belo edifício ainda lá está, contíguo à casa. Lima, um brasileiro de torna-viagem, bem-sucedido, tornou-se um senhor "de grossos cabedais" e deixou a sua marca e o seu nome naquela zona da cidade, como se pode comprovar reparando na toponímia.
João António Lima faleceu em agosto de 1891, deixando à companheira a sua copiosa fortuna”.
Fonte: “mmipo.pt”


“A propósito da Fábrica de Tabaco Lealdade, gostaria de vos informar que João António Lima, o seu fundador, morreu em 1891. Foi sua herdeira a sua companheira Luzia Joaquina Bruce que faleceu em 1917, em Lisboa, tendo deixado os seus bens à Santa Casa da Misericórdia do Porto. A sua casa era o edifício que actualmente é sede do Académico. Só muito recentemente (há cerca de 10 anos, mais coisa menos coisa), uma parte dos terrenos da Rua de Costa Cabral, ocupados pelo Académico, foram entregues pela Santa Casa à Câmara Municipal do Porto, por troca com terrenos que a Câmara possuía na VCI que foram integrados na Quinta da Prelada da SCMP.” 
Com a devida vénia ao Professor Ribeiro da Silva; Fonte: “portoarc.blogspot.pt/”



Fábrica Lealdade seguindo-se o palacete de João António Lima à Rua  Costa Cabral – Ed. Teo Dias, admin. ruasdoporto.blogspot.pt


A Portuense (já anteriormente referida) situada no Poço das Patas, foi uma fábrica propriedade de Miguel Augusto da Silva Pereira, que teve grande importância na cidade e seria:


“Fundada na Rua das Flores em 1865, quando foi decretada a liberdade de fabrico. Em 1868 associou-se com o seu guarda- livros, Fonseca, e outro empregado de nome Cardoso, passando a firma a ser “Miguel Augusto, Fonseca e Cardoso”sendo transferida para o Poço das Patas.
Estes, por falecimento do fundador continuaram com a mesma firma até que em 31 de Dezembro de 1886 eles entraram com a fábrica para a sociedade anónima sob a designação de Companhia Nacional de Tabacos que se organizou pela fusão das fábricas de Lisboa e Porto.
Passou para o Estado quando se estabeleceu a “régie” e depois o monopólio.
A de Miguel Augusto teve a especialidade de cigarro de 8, curtos, mas grossos e saborosos, que custavam 20 reis, pois os mais baratos, os “brejeiros”, tinham 12. Também eram conhecidos por “Marca Leão”, por terem como marca da casa, a figura do rei das feras. Eram magníficos os seus charutos de 25, de nome “trabucos”, como os cigarros curtos e grossos.” 
In O Tripeiro, Volume 4 de 15/3/1919

 
Em 1876, a Portuense já estava no Poço das Patas, como se vê referido no texto abaixo do “Guia do Viajante na cidade do Porto e seus arrabaldes” da autoria de Alberto Pimentel, em 1877.
 
 
 
 

Fábricas de tabacos na cidade do Porto, em 1876




Excerto de relatório de inquérito industrial ao sector Tabaqueiro, do Ministério das Obras Públicas, visando a fábrica de tabacos “A Portuense”
 
 
 
À Fábrica Portuense sucederia a Companhia Nacional de Tabacos do Porto, no último dia do ano de 1886 e, dois anos mais tarde, a unidade industrial passaria, por nacionalização, para as mãos do Estado, após os pagamentos respectivos de indemnização.
Estiveram aquelas unidades no local onde hoje se encontra uma loja do hiper-mercado "Continente", entre o Campo 24 de Agosto, a Rua de Santos Pousada e a Rua Fernandes Tomás.
Aquando da construção desta estrutura foi possível fazer uma pequena intervenção arqueológica e, agora, em exposição, estão em painéis, alguns pedaços de azulejaria doutros tempos.
 
 
 

Companhia Nacional de Tabacos, no Campo 24 de Agosto – Painel exposto em acesso do hiper-mercado "Continente"
 
 


 
 
Na planta acima, de 1892, de Teles Ferreira, pode observar-se o local de instalação da Companhia Nacional de Tabacos (elipse azul), no Campo 24 de Agosto e, ainda, que o último troço da Rua de Fernandes Tomás ainda não estava rasgado e essa rua terminava na Rua de S. Jerónimo (Rua de Santos Pousada).

Publicidade à  Companhia dos Tabacos de Portugal


Em 1891, é constituída a Companhia de Tabacos de Portugal, com maioria (70%) de capital estrangeiro (e sobretudo francês): Obtêm do Estado a concessão exclusiva da produção e comercialização do tabaco em Portugal até 1926, contra o pagamento de uma soma anual fixa de 6520 contos.
A esta companhia passam a pertencer, as duas fábricas portuenses, a Lealdade e a Portuense.






Indústria do vidro

Barbosa & Almeida (BA)

Em 1912 é constituída a sociedade ’Barbosa e Almeida’ (empresa de comercialização de garrafas) pelos sócios Raul da Silva Barbosa e Domingos de Almeida, com o capital de três contos de reis.
Em 1930, dá-se o início da actividade industrial em Campanhã (Porto), na Quinta do Rego do Lameiro, com tecnologia semi-automática. É adoptada a designação ’Fábrica de Vidros Barbosa e Almeida, Lda.’


Publicidade da Barbosa e Almeida, sita na Quinta do Rego do Lameiro - Fonte: jornal "O Comércio do Porto" de 25 de Dezembro de 1946


Instalações da Barbosa & Almeida em Campanhã – Fonte: “bavidro.com”

A introdução da tecnologia automática ocorre em 1947, sendo inovadora em Portugal, nos equipamentos de alimentação e moldagem automática para fabricação de garrafas.
Em 1969 a laboração passa para a nova unidade fabril em Avintes (Vila Nova de Gaia), com dois fornos regenerativos que recuperam o calor que se apresentavam como tecnologia de vanguarda face aos tradicionais métodos de fusão das matérias-primas.
Em 1975 a empresa é transformada em sociedade anónima com a determinação ’BA - Fábrica de Vidros Barbosa & Almeida, SARL’.


Barbosa & Almeida em Avintes – Fonte: “bavidro.com”


José Augusto da Silva Domingues adquire em 1986 as participações dos accionistas da Sogrape (77%) e da Vinícola do Dão (3%) passando a controlar cerca de 80% do capital social.
Depois de em 1993 a BA ter adquirido ao Estado 94,5% da ’CIVE - Companhia Industrial Vidreira, SA’ (empresa situada na Marinha Grande, com três fornos), em 1998 uma empresa do Grupo Sonae adquire 19,9% do capital aos herdeiros de José Augusto Domingues e, em consequência do acordo accionista, passa a deter 49,9% dos direitos de voto, assumindo a gestão da empresa.
Nos anos seguintes são feitos investimentos em Espanha e em sequência ocorre a fusão em 2001 entre as empresas espanholas ’BA - Fábrica de Envases de Vidrio Barbosa & Almeida, SA’ e ’Vidriera Leonesa, SA’, alterando-se a designação social para ’BA Vidrio, SA’.
A actividade do grupo viria a estender-se com a aquisição do Grupo Sotancro, que permitiu alargar o portfolio de produtos e clientes do Grupo BA passando este a abranger os segmentos de farmácia e cosmética e do grupo Polaco Warta Glass para o segmento de bebidas espirituosas e, por fim, em 2016, a aquisição da HNG Global, uma empresa alemã de embalagens de vidro com sede em Gardelegen, a oeste de Berlim.
Em 2017 ocorre a aquisição do Grupo Yioula, composto por 4 fábricas em 3 países: Grécia (Atenas), Bulgária (Sofia e Plovdiv) e Roménia (Bucareste). Com estas novas aquisições, o grupo passa a produzir mais de 20 milhões de unidades por dia. 

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