João Marques Pereira, conhecido por Caruncho, foi um abastado proprietário que fez fortuna na indústria
da panificação.
Na Rua Duque de Loulé (próximo do gaveto com a Rua Alexandre
Herculano), o Caruncho explorou a
padaria “Bijou”, sendo que era proprietário desse solo e, por aí residiria,
também, à data, na Rua Duque de Loulé, nº 84.
Em 22 de Março de 1898, João Marques Pereira solicita uma
licença para edificar, naquela área, um edifício para o funcionamento de uma
padaria, em cujo projecto vai figurar o nome do mestre-de-obras, Manuel
Pimentel Sarmento, trabalhador da Companhia de Fundição Aliança.
Em Janeiro de 1902, é inaugurada a “Padaria Bijou”, que
diziam ter a sua construção ficado, por cerca de 70 contos.
Padaria Bijou, na Rua Duque de Loulé – Fonte: Google maps
No prédio acima, onde funcionou a Padaria Bijou, teve a
“Coats & Clark”, durante muitos anos, um seu depósito.
Actualmente, ainda se mantem a “devanture” em ferro fundido, da entrada principal, que seria
apresentada a D. Carlos, durante uma visita que o rei fez, em 1 de Novembro de
1900, às instalações da Companhia de Fundição Aliança, onde foi construída.
Em 1903, para o terreno com frente para a Rua de Alexandre
Herculano, João Marques Pereira solicitava autorização camarária para construir
uma cocheira e, em 1906, no terreno com frente para a Rua Duque de Loulé, uma
outra autorização, para a construção de um armazém destinado a depósito de
farinhas, anexo à padaria.
Em 1909, no entanto, já apresentava à Câmara do Porto o
licenciamento de um projecto de envergadura para os terrenos que aí possuía e
que resultou no edificado existente.
O projecto foi da autoria do arquitecto Eduardo da Costa
Alves Júnior (1872-1918).
Este conceituado arquitecto, entre muitas outras obras
espalhadas pela cidade, tem uma outra que os portuenses conhecem bem, por estar
situada num local de frequente passagem.
Trata-se do prédio mandado construir por António Correia de
Vasconcelos, em 1916, sob a licença de obra nº 447/1916, situado no gaveto da
Rua de 31 de Janeiro e a Rua de Sá da Bandeira (à época, ainda, um troço da Rua
do Bonjardim).
Peça desenhada integrada em projecto de pedido de
licenciamento de prédio, no gaveto das ruas 31 de Janeiro e do Bonjardim
À direita, no gaveto, o prédio da concepção do arquitecto
Eduardo da Costa Alves Júnior – Fonte: Google maps
O rés-do-chão do prédio, em destaque, foi ocupado, durante
boa parte da primeira metade do século XX, pela Confeitaria Palace e, no 1º
andar, pela delegação do Jornal “O Século”. A foto é de c.1930
Voltando ao prédio de João Marques Pereira, alguém aventava
que o custo de construção teria sido de cerca de 80 contos.
Pedido de licenciamento do qual resultou a Licença de obra
n.º: 176/1910 – Fonte: AHMP
Desenho da fachada principal do edifício do gaveto das ruas
Alexandre Herculano e Duque de Loulé, integrante de projecto submetido a
licenciamento camarário – Fonte: AHMP
Gaveto ruas Alexandre Herculano e Duque de Loulé – Fonte:
Google maps
No prédio do gaveto esteve instalada a sede no Porto da “Electra
del Lima” e, o que lhe é contíguo, na Rua Alexandre Herculano, com risco de
Januário Godinho, foi concluído em 1952, e mandado construir pela União
Eléctrica Portuguesa que, entretanto, absorveu a “Electra del Lima”.
Publicidade à União Eléctrica Portuguesa, sucessora da
Electra del Lima, concessionária da Barragem do Lindoso – Fonte: Revista
“Técnica” dos alunos do I.S.T. (Instituto Superior Técnico), de Fevereiro de
1959
Entretanto, em Junho de 1914, morre João Marques Pereira,
divorciado, com filhos legítimos, que serão os seus herdeiros, mas vai dispor,
no entanto, da sua quota disponível, a favor de Deolinda Judite Amélia, que com
ele vivia maritalmente.
Possivelmente, em cumprimento das vontades testamentárias
durante a execução das necessárias partilhas e, ou, para solver uma penhora por
dívidas, os dois prédios iriam à praça no dia 9 de Janeiro de 1916.
O prédio da Rua Duque de Loulé seria arrematado por 24.301$00
e o do gaveto não teria licitantes, apesar de ter um preço base de licitação,
de 19 contos – uma pechincha.
No dia 2 de Março de 1916, quando voltou à praça, os
banqueiros Borges & Irmão acabariam por arrematar o imóvel por 15. 600$00.
Edifício da EDP, na Rua Alexandre Herculano, da autoria do
arquitecto Januário Godinho, concluído em 1952, e mandado construir pela União
Eléctrica Portuguesa
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