Este colégio que chegou a ter cerca de 100 alunos, alguns
deles em regime de internato, esteve na Rua dos Pelames, à esquerda de quem
entra, vindo da Rua do Corpo da Guarda, num prédio de quatro andares.
Foi fundado, em 1821, por José Álvares de Almeida Guimarães,
um antigo capitão de milícias e, depois, professor, que tinha como auxiliares o
seu filho natural (filho de pais não casados) Gustavo Adolfo e um sacerdote, o
padre Domingos.
O Gustavo Adolfo era um antigo aluno do colégio de seu pai,
um bom estudante que tinha aprendido com os mestres o Latim, o Francês e noções
de Comércio.
Dizem documentos da primeira metade do século XIX, que a
disciplina de Latim esteve entregue ao padre Francisco, a de Inglês ao
professor Narciso, as de Francês, Comércio, Geografia e Geometria, ao professor
José Fernandes Ribeiro, que para lá entrara em 1841.
Este mestre foi entre os anos de 1834 e 1844, também docente
numa escola de meninas existente na Rua de Cedofeita e esquina da Rua do
Mirante, o Colégio Portuense de Ensino Mútuo, cuja directora era D. Ana
Miquelina de Jesus.
José Álvares de Almeida Guimarães, após 30 anos como
professor, viria a falecer em 1851, tendo sido sepultado no cemitério da Ordem
Terceira de Nossa Senhora do Carmo, do qual era irmão.
Dos muitos alunos que passaram pelo colégio, por si fundado,
destaca-se aquele que veio a ser o poeta Soares de Passos, que concluiria em
1840, lá, os seus primeiros estudos.
O filho natural do fundador do colégio, Gustavo Adolfo, à
data do falecimento de seu pai, tinha 18 anos e, na sequência da decisão da
família do defunto de dar um fim ao colégio, resolveu, por vontade própria,
estabelecer-se num outro prédio vizinho, na Calçada do Corpo da Guarda, onde
daria continuidade, com a ajuda do padre Domingos, que tinha estado também ao
lado do seu pai, ao colégio que este tinha fundado.
Este colégio também não iria sobreviver à morte do seu
fundador.
O Colégio do Corpo da Guarda esteve no primeiro prédio (à
direita), na esquina da Rua dos Pelames com a Rua do Corpo da Guarda – Fonte: Google maps
Entre a Travessa de Cedofeita e o Teatro Carlos Alberto, em
plena Rua das Oliveiras, esteve estabelecido durante alguns anos, na transição
de séculos, o conceituado colégio Barbosa
da Gama, fundado por José Pereira Barbosa da Gama.
Antes, em meados do século XIX, aqui vivia o escrivão da
Relação do Porto, Adriano Augusto da Silva Pereira.
Os alunos que por lá tinham passado, no início do século XX,
recordavam algumas dezenas de anos depois, as sessões de ensaios musicais
ocorridas no vizinho Teatro Carlos Alberto e a passagem do “Americano” vindo
dos lados de Paranhos e que se dirigia para o Carmo, onde terminava a sua
marcha, em frente à igreja.
Foram professores no colégio o seu fundador, Barbosa da Gama
e, ainda, Belchior Fortunato Leorne, Luís Adelino Lopes da Cruz e, entre
outros, também, Alfredo Ferreira de Faria o fundador da revista “O Tripeiro”
como professor da disciplina de Comércio.
Em 1902, a mensalidade era, para alguns alunos, de três
tostões.
Em 29 de Setembro de 1895, o Jornal ”A Voz Pública” dava
conta da morada do Colégio Barbosa Gama
A elipse preta identifica o local em que estava o Colégio Barbosa
Gama, quase em frente do local primitivo da Fonte da Rua das Oliveiras, que
seria transladada mais para Norte e que, hoje, ainda existe
Prédio onde esteve o colégio Barbosa da Gama - Fonte: Google maps
Nota (simulando dinheiro verdadeiro) usada nas aulas de Contabilidade
do colégio Barbosa da Gama
Em Agosto de 1908, em Vila do Conde, os alunos, a banhos, do colégio Barbosa da Gama interpretaram com
êxito a peça teatral “A Ceia dos
Cardeais”, do escritor Júlio Dantas, que foi dada à estampa em 1902, levada à cena no Teatro Afonso Sanches, o que permite fazer uma ideia da
formação académica daquela comunidade escolar.
Teatro Afonso Sanches, na Avenida Dr. Artur Cunha Araújo, em
Vila do Conde, e aberto ao público no verão de 1900
Aliás, Barbosa da Gama tinha uma ligação a Vila do Conde,
local onde tinha uma casa adquirida em partilhas da família Cirne, por morte de
D. Mariana Augusta da Silva Freitas de Meneses Cirne e Sousa (1846-1903),
proprietária também da “Casa da Fábrica”, na Rua da Fábrica.
Essa casa, onde a família Cirne durante muitos anos passava
férias, tinha sido adquirida ao proprietário inicial e autor da sua construção,
o accionista e Director do Banco do Minho, José da Conceição Rocha que se viu
obrigado a vendê-la, em virtude da falência daquele banco.
Chalet, em Vila do Conde, usado pelos alunos, a banhos, do
colégio Barbosa da Gama, – Fonte: Cliché de J. Adriano, In “Commércio de Villa
do Conde”, nº 106, 1909
Em 1909, José Pereira Barbosa da Gama, solicitava à Câmara
do Porto, na qualidade de proprietário do edifício, uma licença para a
construção de um barracão, no quintal da escola, para aulas de ginástica e que
obteve a licença de obra, nº 1347/1909.
Sabe-me dizer onde se situava o Colégio S Carlos? Sei que o Raul Brandão estudou lá mas não encontro a sua localização.
ResponderEliminarPoderá encontrar o que pretende neste mesmo blogue no lançamento: https://portodeantanho.blogspot.com/2017/02/continuacao-30_17.html
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