Bernardino Pires (1901-1977) foi um fotógrafo amador que
desenvolveu a paixão pela fotografia entre as décadas de 1950 e 1970.
Desconhecendo-se, para já, muitos pormenores da sua vida
pessoal, sabe-se, no entanto, que morou com a sua mulher na Rua da Alegria e
que teve cinco filhos.
Foi um profissional de seguros, dono de um bazar, na Rua de
Santo Ildefonso, o “Bazar Estrela” e ilustrador gráfico. Teria derivado desta
sua última actividade o gosto que desenvolveu pela fotografia que tinha por
alvo das suas objectivas os uso e costumes e a azáfama quotidiana da cidade do
Porto.
Começou por pertencer a uma associação de fotógrafos
amadores, surgida na década de 1950, a “Associação Fotográfica do Porto”
integrando ainda um outro, o “Grupo da Ribeira”, que se reunia, informalmente, aos
Sábados, na Ribeira do Porto, fotografando as regateiras do mercado da Ribeira
e todo o bulício envolvente.
Este grupo, para além de Bernardino Pires, contava com Viana
Jorge e Ricardo Fonseca, entre muitos outros.
Na década de 1960, Bernardino Pires sai da “Associação
Fotográfica do Porto” e cria um outro que reunia, em tertúlia, no Café
Majestic, na Rua de Santa Catarina, denominado “Grupo quatro mais”, do qual
fazia parte Alberto Rio, o pai do que viria a ser, mais tarde, o presidente da
Câmara do Porto, Rui Rio.
Acontece que, derivado da actividade de Bernardino Pires, no
âmbito da fotografia, resultou um enorme espólio que foi reunido por um dos
seus filhos, Daniel Pires.
Este espólio, em 2019, chegou às mãos do
livreiro-alfarrabista, editor e também fotógrafo Paulo Ferreira, que com a chancela da sua In-Libris, numa parceria
com o filho do fotógrafo, Daniel Pires, e com o apoio do programa Garantir
Cultura, vai dar corpo à obra “A Cidade
do Porto na Obra do Fotógrafo Bernardino Pires”, em 2 volumes.
O primeiro volume é lançado em 2022 e, no ano seguinte, é
lançado o 2º volume.
A editora convidou ainda várias personagens a escolherem uma
fotografia de Bernardino e a redigirem textos "que vão desde a poesia e
prosa à análise histórica, semiótica e estética das imagens do fotógrafo".
Entre eles estão Cláudia Lucas Chéu, Júlio Machado Vaz, Luca Argel, Manuel
Sobrinho Simões e Joel Cleto.
“Este espólio, que
contém cerca de 10 mil negativos, e que começámos, entretanto, a digitalizar e
a estudar, chegou ao meu conhecimento em 2019, por via de Hermano Marques, um
médico e fotógrafo amador que integrou a Associação Fotográfica do Porto e aí
conheceu ainda Bernardino Pires”, diz ao PÚBLICO o livreiro-editor. “Ninguém
conhece o seu nome e o seu trabalho, um amador que, além da fotografia, teve
uma actividade interessante também como ilustrador e publicitário, entre muitas
outras coisas”.
Cortesia de Paulo Ferreira
“É, sem dúvida, a
cidade do Porto o palco que Bernardino Pires escolhe para o desenvolvimento do
seu trabalho. O rio douro, as pontes, os comboios, o trabalho, as crianças e os
velhos, a cidade nocturna, são o alvo que os olhos do fotógrafo procuram. Trata
com especial curiosidade a Zona Histórica da cidade classificada como
Património Mundial pela Unesco”.
Cortesia da editora In-Libris
Navio-motor “Senhor do Mar” encalhado em Massarelos, durante
as cheias de 1962 – Foto de Bernardino Pires, cortesia da Ed. In-Libris
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