19.9 Rua do Bonjardim
Rua do Bonjardim- Troço da Antiga Estrada de Guimarães
(Desde a Porta de Carros ao Largo da Aguardente)
No seu percurso a Rua do Bonjardim cruza-se com ruas, pátios, praças, largos e travessas, tais como: Rua de Sá da Bandeira; Rua de Sampaio Bruno (antiga Travessa de Sá da Bandeira); Rua de Magalhães Lemos (que nasceu do plano de urbanização do Bairro do Laranjal); Praça de D. João I; Rua de Rodrigues Sampaio (antiga Rua do Paraíso); Pátio do Bonjardim; Travessa do Bonjardim (antiga Viela dos Tintureiros); Rua de Guilherme da Costa Carvalho (antiga Cancela Velha); Rua Formosa (antiga Viela da Fonte da Neta); Rua do Estevão; Travessa das Liceiras; Rua de Fernandes Tomás e Viela do Anjo da Guarda; Rua do Alferes Malheiro (antiga Rua de Liceiras); Rua Guedes de Azevedo (antiga Rua de Fradelos); Largo Dr. Tito Fontes (antigo Largo do Bonjardim); Rua de Gonçalo Cristóvão; Rua de Raúl Dória (antiga Travessa das Musas, antiga Viela das Musas e antigo Beco das Musas); Rua Dr. João das Regras (antiga Rua do Duque do Porto e ex Rua Nova do Duque do Porto e ainda ex Rua Heliodoro Salgado); Rua das Musas (já existia em 1777, com o nome de Monte da Musa "acima de Fradelos"); Travessa das Musas; Calçada do Leal e Travessa do Leal; Rua de Olivença; Rua do Paraíso (esta designação também chegou a ter a Rua Rodrigues Sampaio) e foi antes Travessa da Senhora da Lapa; Rua de Santa Helena, Travessa dos Campos; Rua de João de Oliveira Ramos; Rua de João Pedro Ribeiro e por fim a Praça do Marquês do Pombal (antigo Largo da Aguardente).
1. Bonjardim
O Bonjardim é um dos velhos topónimos portuenses que recordam a paisagem rústica às portas da cidade, em tempos não muito recuados.
O "lugar do Bonjardim, em Liceiras", vem
mencionado no testamento do bispo D. Vicente Mendes, em 1296, tendo passado à
posse do Cabido que, em 1427, o emprazou ao arcediago do Porto, Diogo Anes.
A Rua do Bonjardim desde a confluência com a Rua João das
Regras até à Rua do Paraíso (antiga Rua dos Ferreiros) chamava-se Rua
do Bairro Alto. Daí para cima até ao Marquês era a Rua da Aguardente.
Com a designação de Bonjardim, temos a Quinta do Bonjardim
que foi um vínculo da família Pereira Pinto tendo, um dos administradores dela,
Gonçalo Cristóvão Teixeira Coelho de Melo Pinto de Mesquita, dado o nome à
actual de Rua de Gonçalo Cristóvão.
Casa e quinta estão referenciadas na planta do Bairro dos
Laranjais, de cerca de 1760, e na de Balck, de 1813. Situava-se no troço
superior da rua.
Ao largo que forma a Rua do Bonjardim ao chegar à Rua de
Gonçalo Cristóvão, chama-se hoje Largo do Dr. Tito Fontes, em homenagem a um
médico ilustre, que toda a cidade conheceu e respeitou.
Esta Rua do Bonjardim foi, em tempos idos, uma estreita e
tortuosa artéria que, tendo sido a primitiva estrada, se não romana, pelo menos
medieval, que saindo do Porto pelo postigo, depois Porta de Carros, levava,
pela Aguardente (Praça do Marquês do Pombal) e Cruz das Regateiras (Hospital do
Conde Ferreira), a Guimarães e outros lugares além.
Antes da abertura do primeiro troço da Rua Sá da Bandeira, a
Rua do Bonjardim começava frente àquela Porta de Carros, junto da Igreja dos
Congregados.
Em 18 de Junho de 1821, na página 3, o jornal “Borboleta dos
Campos Constitucionais”, noticiava:
“15 de junho de 1821 –
Chegada: chegou neste dia a esta cidade Filipe Ferreira de Araújo e Castro
(1771-1849), Chanceler da Relação e Casa do Porto, tendo ido habitar para as
casas onde residia Manuel Fernandes Tomás, na rua do Bonjardim, à esquina da
travessa da Quinta dos Congregados, na propriedade conhecida como Asnivel”.
Filipe Ferreira de Araújo e Castro seria ministro do reino
entre 7 de Setembro de 1821 e 28 de Maio de 1822.
Entre 1828-1833, esteve exilado em França.
Parece que, tal com Fernandes Tomás, morreu pobre, pois nunca se aproveitou dos cargos que exerceu.
A seguir cruzava-se, nas primeiras décadas do século XIX,
pela esquerda, com a Travessa da Quinta dos Congregados.
Planta W. C. Clarke, 1833, em que está representada com o
trajecto 1, a Rua do Bonjardim e com o trajecto 2, a Travessa da Quinta dos
Congregados
Entre 1828-1833, esteve exilado em França.
Parece que, tal com Fernandes Tomás, morreu pobre, pois nunca se aproveitou dos cargos que exerceu.
Rua de Santo António - Ed. Alberto Ferreira
Na foto acima, à esquerda, vê-se começo da Rua do Bonjardim e, ao centro, a Rua de 31 de Janeiro. Pegado à Igreja dos Congregados ficava a "Tesoira Económica".
Rua do Bonjardim
Era lá, ao fundo, junto à Rua de Santo António, que tinha o seu
início a Rua do Bonjardim (desde 1916, esse troço faz parte da Rua de Sá da
Bandeira).
Na imagem acima pela direita, ficaria o Hotel Real e o Café Portuense, o Café
Braga e o Café Moreira e pela esquerda, o Restaurante Monteiro e Restaurante
Adriano e o Café Lisbonense e Café Madrid.
O Café Portuense ficava à direita da foto, na esquina, no
prédio onde esteve a fonte.
Aqui, foi inaugurado em 1921 o Café Chave d’Ouro, sucursal
do de Lisboa, mas depressa abandonou a denominação e passou a ser o Café
Tivoli.
Nesse tempo, no prédio estava o Hotel Portuense, que
passaria na década de 1930 a Hotel Lisbonense.
Quanto ao Café Madrid, haveria de ir, mais tarde, para a Rua
de Sá da Bandeira, para junto do mercado do Bolhão.
O Hotel Real ficava à entrada da Rua do Bonjardim que, à
época, correspondia à parte da actual Rua de Sá da Bandeira, compreendida
entre a Rua de 31 de Janeiro e a Rua de Sampaio Bruno.
Este Hotel Real teve origem numa velha hospedaria e foi
frequentado por Camilo Castelo Branco e Ana Plácido.
A partir de Fevereiro de 1892, ao Hotel Real ficaria associado um café-restaurante.
In "Jornal do Porto", em 8 de Fevereiro de 1892
Sobre a inauguração do Café Lisbonense e do seu restaurante, dá-nos conta o anúncio que se segue.
"Vai abrir-se este novo estabelecimento no dia 9 do corrente, tendo a sua entrada principal pela rua de Santo António nº 41, bem como a comunicação pela do café e bilhares à rua do Bonjardim".
In "Comércio do Porto", de 2 de Fevereiro de 1879 - Domingo
Sobre o Restaurante Adriano, que em 1910 se localizava no nº
52 da, ainda, Rua do Bonjardim, em troço que mais tarde viria a pertencer à Rua
de Sá da Bandeira, se refere o anúncio abaixo.
In "O Primeiro de Janeiro"
Hotel Lisbonense c.1930, onde tinha sido o Hotel Portuense
No prédio onde esteve o Hotel Lisbonense, começaria a ser
construído, no início da década de 1960, um novo edifício que albergou o Banco
Pinto Magalhães” e, recentemente, após obras de beneficiação, foi adaptado para
receber o “Hotel Porto Royal Bridges”.
Um outro Café Portuense que sucedeu ao Café Lusitano e
antecedeu o Café Suisso esteve num prédio que fazia esquina da Praça da
Liberdade e da Rua Sampaio Bruno.
" (...) Os
prédios que faziam parte da referida rua eram, na sua maioria ocupados por
cafés, restaurantes e hotéis. Do lado direito (para quem estivesse de frente
para a Praça Almeida Garrett) havia os cafés Portuense, Braga e Moreira, o Novo
Hotel Portuense (vindo da praça da Batalha) e o Hotel Real. Este era no local
onde hoje (1948) está instalado o Peninsular Hotel.
O Hotel Real foi
frequentado por Camilo, que nele se hospedou várias vezes com Ana Plácido,
nos primeiros tempos em que ambos começaram a viver juntos. O hotel Real ficava
à entrada da Rua do Bonjardim que, à época, correspondia à parte da atual Rua
de Sá da Bandeira, compreendida entre a Rua de 31 de Janeiro e a Rua de
Sampaio Bruno. Este hotel Real teve origem numa velha hospedaria que vinha do
tempo em que ainda estava de pé a Porta de Carros que fora aberta na muralha
fernandina mesmo em frente à igreja dos Congregados.
Em tempos idos, já
bastante recuados, à porta do Hotel Real faziam estação os almocreves,
diligências e estafetas. As estafetas, nome porque eram conhecidos uns pesados
e avantajados carroções cobertos de lona (...), faziam recovagem entre vários
pontos da província e, de quando em vez, transportavam um ou outro passageiro
que tivesse coragem e resistência para suportar tais jornadas. Estes carroções
eram puxados por cavalos e traziam sempre, durante a viagem, atrelado na
traseira do carro um cão de guarda com coleira de picos compridos e acerados,
isto, já se vê, para o que desse e viesse...É que os tempos eram outros...
Do lado esquerdo (para
quem estivesse de frente para a Praça Almeida Garrett), existiam os Restaurantes
Monteiro e o Adriano, que teve a sua fama, e os Cafés Madrid e Lisbonense. Este
Café foi um dos mais frequentados da época, não porque fosse luxuoso, como
actualmente os há, mas por nele se realizarem, principalmente no inverno,
excelentes e apreciadíssimos concertos de boa música, executados por artistas
de real merecimento. (...)
A rua em referência,
depois das modificações a que foi sujeita (na realidade foi construído um
arruamento novo), foi integrada na Rua de Sá da Bandeira, e à parte da citada
rua, entre as Ruas do Bonjardim e de D. Pedro (que já não existe nem existia à
escrita destas linhas), foi dado o nome de Sampaio Bruno (...) ”
Comunicação de: Velho tripeiro - F.M.N.J. - Porto
Numa outra visão do mesmo local e tendo por base a mesma
fotografia, dizia-se:
“(...) Foi um dos
pontos frequentados pela boémia de há trinta anos. Olhando para a fotografia, do lado esquerdo, vê-se o Café
Madrid, a seguir o Restaurante
Monteiro, depois a Relojoaria, o
célebre Restaurante Adriano, com
esplêndidos almoços a quatro ou cinco tostões, o lindo Café Lisbonense, com um esplêndido terceto, com concertos ao
domingo, à uma hora da tarde, restaurante no primeiro andar, com entrada por um
largo portão à direita do Café e ainda pela Rua de Santo António (hoje 31 de
Janeiro). A seguir, havia ainda a Sapataria
Mota, Barbearia Barradas, salvo
erro, Ourivesaria Boneville, Quiosque Espírito Santo, etc. Olhando
ainda a fotografia, à direita, havia
o Café Portuense, o Café Liberal, o Restaurante Mesquita, Mercearia
Maia, Farmácia, Barbearia Tinoco, uma Confeitaria, o velho Café
Moreira. Fazia esta rua, do lado de Santo António, um cotovelo que não
deixava ver dali a Rua de Sá de Bandeira”.
Comunicação de: Tripeiro Luís - Porto
Sobre os estabelecimentos referidos no texto anterior, em 5 de Janeiro de 1902, Manuel Domingues Pousada tomou de trespasse o restaurante Mesquita e o Hotel Novo Portuense, passando a ser o estabelecimento denominado Hotel e Restaurante Novo Luso -Brasileiro.
Até 1836, a área da cidade compreendida entre a Rua de Santa Catarina a leste, e a Rua do Laranjal a poente, e entre a igreja dos Congregados a Sul e o começo da Rua Formosa, à Cancela Velha, a Norte, possuía apenas duas ruas e algumas vielas.
Até 1836, a área da cidade compreendida entre a Rua de Santa Catarina a leste, e a Rua do Laranjal a poente, e entre a igreja dos Congregados a Sul e o começo da Rua Formosa, à Cancela Velha, a Norte, possuía apenas duas ruas e algumas vielas.
As ruas eram a de Santo António e a do Bonjardim. As vielas
eram várias: Viela da Neta, a Viela das Pombas, a Viela
dos Tintureiros (actual Travessa do Bonjardim) e a Viela dos Congregados
(hoje a Travessa dos Congregados). Estas vielas foram destruídas na totalidade
ou em parte para abrir as ruas actuais.
A Rua Formosa para a ligação da Cancela Velha ao Largo do
Padrão começou a ser rasgada em 1784.
A Rua Sá da Bandeira começou a ser rasgada em terrenos da
cerca dos Congregados, em 1836 para estabelecer uma ligação entre a Praça de D.
Pedro e a Rua do Bonjardim, esse troço é o que hoje se chama Rua Sampaio Bruno
e, só 7 anos depois, em 1843, se começaram a construir casas. As primeiras têm
as traseiras voltadas para a Viela dos Congregados.
A artéria que começou por se chamar Rua de Sá da Bandeira, a partir de 2 de Abril de 1920, tomaria o nome de Sampaio Bruno, uma figura de destaque da cidade, que nela tinha vivido.
A artéria que começou por se chamar Rua de Sá da Bandeira, a partir de 2 de Abril de 1920, tomaria o nome de Sampaio Bruno, uma figura de destaque da cidade, que nela tinha vivido.
Planta do Bonjardim de Balck, até à Rua do Bolhão
Planta do Bonjardim de Balck desde Rua do Bolhão ao Bairro
Alto
2. Troço entre a Rua de Sampaio Bruno e a Praça de D. João I
Hotel Aliança
Em 1884 iniciou-se a
Casa Bancária António Nunes Borges & Irmão na esquina da Rua de Sampaio
Bruno (então Rua de Sá da Bandeira) e Rua do Bonjardim.
Anteriormente, tinha
estado no rés-do-chão um luveiro e nos andares superiores o Hotel Aliança, que
se dizia sucessor do English Hotel.
Etiqueta de bagagem do Hotel Aliança c. 1950
O edifício de gaveto, da gravura acima, que foi ocupado pelo
Banco Borges & Irmão, mais recentemente BPI, sofreu há poucos anos obras
profundas para o adaptar novamente a hotel.
Rua do Bonjardim, em 1939 – Fonte: AHMP
Na foto anterior, no troço da Rua do Bonjardim entre a Rua
de Sá da Bandeira e o que viria a ser mais tarde a Praça D. João I, que ainda
não existia, vemos: a entrada do Restaurante Regaleira (1), tabuleta da
Tinturaria Portuguesa (2), reclame da empresa representante das máquinas de
escrever "Underwood" de Carlos Dunker (3), tabuleta da Barbearia
Gonçalves (4) e espaço onde iria surgir a Praça D. João I (5).
Foi no Restaurante "REGALEIRA", cuja entrada se
observa na foto anterior, que começaram a ser confeccionadas as célebres
"Francesinhas", que já rivalizam com as "Tripas à Moda do
Porto", na crescente procura pelos turistas, de pratos tradicionais desta
cidade. Acabaria por fechar no início do mês de Junho de 2018, mas, em 2021,
reabriria, uns metros abaixo do local original, na Rua do Bonjardim, nº 83.
Junto à Regaleira, mas do tempo do Hotel Aliança, morou aí,
no nº 67, um bar da moda, “o único bar digno desse nome, que havia no Porto
daquele tempo”, chamado de “Bar Borges”.
Um pouco acima da Regaleira esteve durante dezenas de anos
“Cardoso Cabeleireiro”, estabelecimento aberto desde 1906.
Jerónimo Cardoso
Jorge, especialista no fabrico de cabeleiras de cabelos naturais, fundou, no nº
105 da Rua do Bonjardim, uma casa de fabrico e venda destes artigos. Era muito
procurado pelos artistas do Teatro Rivoli e outros.
“Editava catálogos dos penteados da moda e de
outros artigos que comercializava, tais como manequins de cera, produtos para
embelezamento e tratamento do cabelo, adereços de fantasia etc. Servindo-se
destes catálogos para vender em todo o país e Brasil, onde se deslocava
frequentemente. Ficou, depois da sua morte, para 2 sobrinhos e mais tarde, por
falta de sucessão de sangue, para 2 empregados”.
Fonte: portoarc.blogspot.pt
Exterior do “Cardoso Cabeleireiro”
Interior do “Cardoso Cabeleireiro”
Entre a Regaleira e o Cardoso Cabeleireiro ficava o
restaurante “Os Três Irmãos” de um tal Moreira, oriundo de Chaves, que o tomou
por trespasse, desde os anos 60 do século passado.
Em 30 de Janeiro de 1940, tinha sido inaugurado, então, o restaurante
“Os Três Irmãos”, à Rua do Bonjardim, nº 99, pelos irmãos Arminda, Nicolino e
Óscar, filhos do empresário António Joaquim da Silva, que tinha aberto o “Restaurante
Escondidinho” da Rua Passos Manuel, em 12 de Dezembro de 1931.
Em frente ao restaurante “Os Três Irmãos”, do lado de
lá da rua, ficava um outro de nome “Maria Rita” e, ainda, uma queijaria de nome
sugestivo: “O Rei dos Queijos”.
Um pouco mais acima do Cardoso Cabeleireiro esteve, no n.º 111, a Barbearia Gonçalves e, no n.º 119, a Cervejaria
Stadium.
A Barbearia Gonçalves e a Cervejaria Stadium estiveram por aqui – Ed. JPortojo
3. Praça D. João I
Praça D. João I, meados do séc. XX
Na foto acima a Praça ainda não apresentava as esculturas
equestres, nem a fonte que viria a ocupar a área central e que mais tarde seria
transferida para a Praça do Marquês.
No local onde está agora o teatro Rivoli e a Associação de
Jornalistas e Homens de Letras do Porto, era o Pátio do Paraíso, onde
estiveram a Casa do Paraíso e o quartel dos Bombeiros Voluntários do Porto.
A sede da Associação dos Bombeiros Voluntários do Porto
4. Pátio do Bonjardim
Até há pouco tempo ainda existia na toponímia da cidade o
Pátio do Bonjardim, que ficava nas traseiras do Palácio Atlântico, na Praça de
D. João I.
O pátio tinha entradas pelas ruas do Bonjardim e de Sá da
Bandeira.
Fechado ao público, funcionou ultimamente como parque de
estacionamento, que foi posto fora de serviço há algum tempo.
De momento, o pátio e toda a área atrás do Palácio Atlântico
foram intervencionados, e objecto de uma grande remodelação urbanística.
Entrada do pátio pela Rua do Bonjardim
Pegado ao edifício que dava entrada para o Pátio do
Bonjardim, e que já não existe, ficava o “Restaurante Porto”, que teve
existência durante a 2ª metade do século XX, no rés-do-chão de um prédio
contíguo àquele, na Rua do Bonjardim, à direita de quem subia.
Um outro “Restaurante Porto” existiu onde hoje está a
delegação do Banco de Portugal, na Praça da Liberdade, a uma dezena de metros
da esquina da Rua do Dr. Artur de Magalhães Basto, que foi outrora Travessa
de D. Pedro e, a partir de 18 de Julho de 1912, por proposta do
vereador António Lelo, passaria a designar-se de Travessa da Praça da Liberdade.
5. Rua Rodrigues
Sampaio, Pátio do Paraíso e antiga Cancela Velha
“Logo a seguir está a
Praça D. João I e reconforta ver o edifício sede dos Jornalistas e Homens de
Letras do Porto, finalmente restaurado. Foram dezenas de anos de luta, mas
valeu a pena. Continuem com a obra, rapazes da escrita. Do lado esquerdo, o
Café Garça Real, antigo Flórida, que combatia com o Odin, na Praça, pela
supremacia dos clientes salgueiristas.”
Fonte: JPortojo
Edifício da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do
Porto
Chamava-se à Rua Rodrigues Sampaio, Rua do Paraíso porque,
nos inícios do século XVIII, corria ao longo de uma quinta com a mesma
designação que pertencia à influente e próspera família Huet Bacelar. A área
ocupada pelo cinema Rivoli, Café Garça Real e Caixa Geral de Depósitos seria o
local do palacete dessa família.
Nas pesquisas que fez, Cunha e Freitas diz que esta artéria
teve várias designações e cita-as " … ao Paraíso e Rua do Paraíso, em
1723; Lugar do Paraíso e Viela do Paraíso, em 1724".
E, em anos posteriores, encontrou mais estas referências
"… Viela do Mendes, na Rua do Paraíso (1772); Rua do Paraíso,
acima da Viela do Tintureiro, defronte da Cancela Velha (1767); Rua do
Paraíso, defronte do Pardieiro; e Rua defronte do Pátio do Paraíso (1772).
O Pátio do Paraíso compreenderia o espaço hoje ocupado pelo
cinema Rivoli, Caixa Geral de Depósitos, Café Garça Real e Associação dos Jornalistas e constituía-se num logradouro onde os Bombeiros Voluntários do
Porto tiveram o seu quartel, casa de exercícios e a sua sede.
Era nas traseiras das instalações desta corporação que
ficava, desde meados do século XVIII, uma casa apalaçada da rica e influente
família dos Huets Bacelar. Esta propriedade já aparece assinalada nas plantas
antigas (século XVIII) do Bairro dos Laranjais. A quinta desapareceu de todo
com a urbanização do Bairro dos Laranjais, ordenada por João de Almada e Melo.
Rua Rodrigues Sampaio, em 1936
Na foto acima, os prédios ao fundo, corriam ao longo da Rua
do Bonjardim.
À esquerda, vemos o prédio da AJHLP inaugurado cerca de seis anos antes.
No rés-do-chão do prédio teve vida efémera o “Restaurante Lagostim” e pelos anos de 50 do século XX, por lá já estava a casa de artigos de fotografia a “Filmar”.
A foto foi obtida em 1936, precisamente, no dia em que ocorria o leilão dos móveis daquele restaurante.
À direita, ficava o Pátio do Paraíso, onde os Bombeiros Voluntários do Porto tinham o seu quartel. Os arcos faziam parte de um projecto para um novo quartel, que acabou por ser reformulado e que, por essa razão, acabaram por ser demolidos.
Ao fundo, aquela parede era do prédio da “Pensão do Joãosinho”.
Um pouco mais à frente, após virar a esquina, encontrava-se o Teatro Rivoli.
O terreno vago viria a ser o chão da sede da Ordem dos Engenheiros.
Os prédios da Rua do Bonjardim seriam poucos anos depois demolidos para abertura da Praça D. João I.
Da esquerda para a direita, à data, a primeira casa com apenas uma nesga visível era a Fábrica do Pão de Ló do Tuna, seguia-se a casa de torrefacção de café e mercearia de António Augusto.
Na casa a seguir, no seu primeiro andar, tinha o seu consultório o médico homeopata, Dr. Rodrigo Guimarães.
Depois, seguia-se a Farmácia Homeopática de Cândido Alves, que viria a ser um dos proprietários do café “A Brasileira” e o armazém de solas e cabedais de José Bento Pereira.
A partir daí, era, porta-sim e porta-não, as confeitarias e padarias, das Rezendes, das Brenhas, das Palaias, etc, fornecedores das vendedeiras das feiras nortenhas e do pão de ló, pela Páscoa.
Mais abaixo, no nº 125, esteve a “Fotografia Americana”, onde Manuel de Sousa Ferreira imprimia os passes anuais para os passageiros dos carros americanos da Companhia Carris de Ferro do Porto.
À esquerda, vemos o prédio da AJHLP inaugurado cerca de seis anos antes.
No rés-do-chão do prédio teve vida efémera o “Restaurante Lagostim” e pelos anos de 50 do século XX, por lá já estava a casa de artigos de fotografia a “Filmar”.
A foto foi obtida em 1936, precisamente, no dia em que ocorria o leilão dos móveis daquele restaurante.
À direita, ficava o Pátio do Paraíso, onde os Bombeiros Voluntários do Porto tinham o seu quartel. Os arcos faziam parte de um projecto para um novo quartel, que acabou por ser reformulado e que, por essa razão, acabaram por ser demolidos.
Ao fundo, aquela parede era do prédio da “Pensão do Joãosinho”.
Um pouco mais à frente, após virar a esquina, encontrava-se o Teatro Rivoli.
O terreno vago viria a ser o chão da sede da Ordem dos Engenheiros.
Os prédios da Rua do Bonjardim seriam poucos anos depois demolidos para abertura da Praça D. João I.
Da esquerda para a direita, à data, a primeira casa com apenas uma nesga visível era a Fábrica do Pão de Ló do Tuna, seguia-se a casa de torrefacção de café e mercearia de António Augusto.
Na casa a seguir, no seu primeiro andar, tinha o seu consultório o médico homeopata, Dr. Rodrigo Guimarães.
Depois, seguia-se a Farmácia Homeopática de Cândido Alves, que viria a ser um dos proprietários do café “A Brasileira” e o armazém de solas e cabedais de José Bento Pereira.
A partir daí, era, porta-sim e porta-não, as confeitarias e padarias, das Rezendes, das Brenhas, das Palaias, etc, fornecedores das vendedeiras das feiras nortenhas e do pão de ló, pela Páscoa.
Mais abaixo, no nº 125, esteve a “Fotografia Americana”, onde Manuel de Sousa Ferreira imprimia os passes anuais para os passageiros dos carros americanos da Companhia Carris de Ferro do Porto.
Rua Rodrigues Sampaio, em 1951, em perspectiva idêntica à
anterior, pela qual se observa, que a sede da Ordem dos Engenheiros ainda não
foi construída (inaugurada em 1958) e a Praça D. João I já foi rasgada
Um pouco mais acima do Pátio do Paraíso, seguindo para Norte pela Rua do Bonjardim vamos encontrar a Cancela Velha mas, antes, encontramos uma série de restaurantes.
Zona de restaurantes com “O Pedro dos Frangos”, à esquerda –
Ed. JPortojo
Na foto acima, entre a Praça D. João I e a Rua Formosa não
falta onde comer: “O Pedro dos Frangos”, as duas Congas e o “Solar da Conga”.
Chegados aqui, estamos na antiga zona da Cancela Velha, em cujo chão está, hoje, a Rua de Guilherme da Costa Carvalho e o Palácio dos Correios.
A rua, que tinha o topónimo de Rua de Cancela Velha e que ligava a Rua do Bonjardim à Praça do Laranjal (área em frente à actual Câmara Municipal) por terrenos hoje ocupados pelo Palácio dos Correios, desapareceu, completamente.
Apesar de tudo, aqui, ainda se diz que é a Cancela Velha.
Chegados aqui, estamos na antiga zona da Cancela Velha, em cujo chão está, hoje, a Rua de Guilherme da Costa Carvalho e o Palácio dos Correios.
A rua, que tinha o topónimo de Rua de Cancela Velha e que ligava a Rua do Bonjardim à Praça do Laranjal (área em frente à actual Câmara Municipal) por terrenos hoje ocupados pelo Palácio dos Correios, desapareceu, completamente.
Apesar de tudo, aqui, ainda se diz que é a Cancela Velha.
Abertura da Rua Guilherme da Costa Carvalho
O mesmo local da foto anterior, actualmente – Fonte: Google
maps
Casa Januário, na esquina das ruas do Bonjardim e Formosa
Por aqui, no cruzamento da Rua do Bonjardim com a Rua Formosa, esteve a “Casa Borges”.
Rua do Bonjardim, esquina da Rua Formosa.
O maior e mais variado sortido de licores, vinhos finos, frutas doces, frutas secas, queijo, pão-de-ló de Margaride, etc”.
In jornal “A Voz do Comércio” de 27 de Março de 1896
“Pão-de-ló de Margaride, o maior sortido e o mais fino encontra-se na Casa Borges, idem, Bola de Arouca, amêndoas, manjares”.
In jornal “A Província” de 27 de Março de 1899
(Continua)
Para sua informação a imagem a que você chama desenho da Capela de Nossa Senhora da Conceição não é desenho. É uma fotografia. Sou possuidor dela e de outras. Foram das primeiras fotos tiradas na Foz do Douro por um cidadão inglês que visitou e permaneceu no Porto durante algum tempo. Pena é que faça referência à minha página do Facebook "A Nossa Foz do Douro" em algumas coisas e em outras, como o "desenho" da Capela não o faça. Hoje foi a primeira vez que vi este blogue. Irei ver em outra altura com mais atenção. Agostinho Barbosa Pereira
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