quinta-feira, 6 de julho de 2017

(Continuação 27) - Actualização em 28/12/2017 e 12/11/2020

Lado Nascente


No lado nascente da Praça D. Pedro, apresentava-se o antigo Convento dos Congregados, totalmente modificado (após a vitória dos liberais na guerra civil, na qual o usurpador D. Miguel foi derrotado) e também adaptado a comércio, e uma série de estabelecimentos, cafés e restaurantes, que se foram revezando ao longo dos anos.
Assim, foram ocupando parte das antigas instalações convertidas do convento dos Congregados, o café Portuense que depois seria o café Suisso, o café Central e o restaurante Camanho entre outros, que ficariam na memória da cidade.
O café Porto-Club, com ambiente requintado e um excelente serviço de restaurante, existia, por aqui, em 1904, junto do restaurante Camanho.
A partir de 6 de Fevereiro de 1910, abriria o Café-Restaurante Paris no mesmo edifício onde esteve instalado o Restaurante Porto-Clube, e de que foi proprietário António Machado da Silva, que também o fora do extinto estabelecimento. 
As fotos seguintes mostram a evolução da confluência (esquina) da Praça D. Pedro com a Rua de Sá da Bandeira (actual Rua Sampaio Bruno) na transição de séculos.
 


O prédio da esquina, a norte, apresenta três andares


O prédio referenciado na foto acima foi mandado edificar por Florindo José Teixeira de Carvalho e obteve a Licença de Obra nº 52/1856.
Depois de um incêndio que sofreu em 1860, seria dotado de mais um andar no fim do século XIX.



O prédio da esquina, a norte, já apresenta quatro andares

 
 

Outra perspectiva da confluência das ruas referenciadas


Outra perspectiva, em 1907, da confluência das ruas referenciadas - Fonte: HC White Co., Library of Congress, Cortesia de Porto Desaparecido


 
 
 

Praça D. Pedro
 
 
Na fotografia acima, o Eléctrico passa em frente ao Café Central que esteve neste local, entre 1897 e 1933, ocupado, depois, pelo café Imperial. 
Para lá, na esquina da Rua Sá da Bandeira (agora Sampaio Bruno), ficava o Café Suisso  que, antes, tinha sido o café Portuense, que aí tomou o lugar da Hospedaria Resende e, na esquina, em frente, da antiga Rua do Bispo, depois D. Pedro e, finalmente, Elias Garcia, o Crédit Franco-Portugais, ocupando parte de um prédio, no local em que, um outro foi alvo de um incêndio, em 11 de Outubro de 1860. 
Em 1860, aí estava um armazenista de açúcar, Florindo José Teixeira, dono do prédio, com depósito de géneros alimentícios, nos baixos.
Sobre aquele incêndio diz Alberto Pimentel na “Praça Nova”:



Texto de Alberto Pimentel



Sobre o café Suisso diz Firmino Pereira:
“Subia-se para a sala, esguia como uma fita, por três apertados degraus. Ao fundo, sob o arco, eram os bilhares. E duas grandes jarras de porcelana, sobre dois aparatosos plínios, davam a esse corredor sombrio um aspecto janota de casa abastada.”
Firmino Pereira O Porto D’ Outros Tempos Liv. Chardron Porto 1914



Em 1906, Alberto Pimentel escrevia, que podia observar-se no quarteirão dos Congregados virado para a Praça D. Pedro, os cafés Suisso, Camanho e o Central e ainda a Tabacaria do Arnaldo Soares que à mistura com caixas de charutos se armazenavam brochuras francesas e portuguesa, de colecções baratas, com o Quiosque (de ferro) do Sebastião, de alcunha “O Correligionário” a Sul da praça, a controlar.
Pelos meados do século XIX por aí tinha existido o célebre Café Guichard e os relojoeiros Girod e Courrege, e Azevedo & Cardoso, substituídos pelos cafés mencionados.




Café Camanho em 1910



Na foto acima vê-se, na Praça D. Pedro, no sentido da esquerda para a direita, o prédio do Café Camanho e a porta de entrada (à direita) para o 1º andar do «Atelier de alfaiate Old England, Duarte & Raymundo»; o prédio onde esteve o café/cervejaria "Porto-Club" e, mais tarde, o restaurante Paris; a Tabacaria de Arnaldo Soares, já no prédio que a Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão habitou.
Dos mais antigos estabelecimentos que ainda funcionam na actual Praça da Liberdade, e situados a nascente da praça, temos a Farmácia Birra & Irmão (ao lado do antigo café Central, depois, café Imperial e, hoje, uma loja McDonald’s), que veio para aquele sítio transferida do Largo dos Lóios.
De notar que, a Farmácia Albano, situada no lado poente da Praça D. Pedro, era mais antiga do que a Farmácia Birra & Irmão, pois, quando a Birra chegou à praça, vinda dos Lóios, já há muito tempo, tinha encerrado portas.




A poucos metros da esquina era o Camanho – Ed. Arnaldo Soares



Sobre a foto anterior e tendo como referência a esquina, a partir de 1901, o «Restaurante Camanho», era antecedido pela «Cervejaria Porto-Club» (3º toldo) e pela «Tabacaria Arnaldo Soares» (2º toldo).


Engraxador exercendo a sua profissão, na Praça D. Pedro, com o lado nascente da praça em fundo






Vista para nascente da Praça D. Pedro em 1897



Pela esquina representada na foto acima, pegado à Igreja dos Congregados, esteve a Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão e, mais tarde, durante dezenas de anos, o Banco Nacional Ultramarino.
A Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão, teve origem em 1896, tendo terminado em virtude de falência, em 1934, quando já desenvolvia a sua actividade no palacete das Cardosas, na Praça da Liberdade, 35-37.
Entretanto, as suas  instalações primitivas, na Praça da Liberdade, viriam a ser adquiridas, em 1917, pelo Banco Nacional Ultramarino, para instalação da sua filial no Porto.
 
Por esta razão, a Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão mudaria, na sequência, para novas instalações, no Edifício das Cardosas.



“Construído em finais do século XIX, o edifício do Banco Nacional Ultramarino, no gaveto sudeste da Praça, apresentava uma linguagem mais eclética do que os restantes edifícios da mesma frente poente da Praça, cujos alçados herdavam ainda a estrutura compositiva do extinto convento dos Congregados. O edifício possuía as duas fachadas idênticas e três níveis, tendo o primeiro destes os vãos rematados por arco abatido, sendo o central mais estreito. No segundo nível, com varanda central, os vãos eram sobrepujados por frontão curvo no vão central a por frontões curvos interrompidos nas laterais. O último nível repetia os vãos do nível imediatamente inferior, ostentando apenas um frontão triangular acima do vão central. Sobre o edifício, platibanda balaustrada com espaldares centrais.
Com o rasgamento da Praça pela avenida, os interesses do Banco seriam de expansão física do edifício, adquirindo para tal dois lotes vizinhos para realizar o intento. Este, traria ao edifício, a par da sua expansão para norte, mais um nível e uma mansarda (adulterada posteriormente) ao longo da cobertura que completava a obra. A intervenção colonizaria todo o novo edificado sob a linguagem arquitectónica do antigo edifício, de tal modo que se viria a tornar difícil a identificação do antigo edifício na nova massa aglutinadora que a intervenção de forma monumentalizante havia criado”.
Fonte: Rafael Santos Silva, In Tese de Mestrado (“Praça da Liberdade: 1700-1932”)



Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão e Igreja dos Congregados na década de 1910







Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão Banco, substituído depois, no local, pelo Nacional Ultramarino – Fonte: Centro Português de Fotografia, Cliché 420





Nos dias de hoje, o Edifício do Banco Nacional Ultramarino, muitos anos após a ampliação 



Instalações da Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão, em 1920 – Ed. Photo Guedes


Acima observa-se que as novas instalações da Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão, no Edifício das Cardosas, estão a ser alvo de remodelação, encontrando-se a fachada tapada por painéis produzidos pelas Propagandas Caldevilla fazendo publicidade à «revista semanal ABC». Mais tarde, esse local, seria ocupado pela Farmácia Vitália, que já por aí estava.



Praça D. Pedro em 1904



Fotograma da Praça da Liberdade, em 1928 - Ed. Cinemateca Portuguesa



Vista actual da perspectiva da foto anterior - Ed. Google Maps



Pela comparação do fotograma com a foto acima, se vê que, em 1928, os edifícios da tabacaria “Deus dá Sorte”, do café Imperial e do café Suisso, ainda não tinham sido construídos, mas o edifício “Joaquim Emílio Pinto Leite”, onde esteve o Banco Pinto Leite, já estava em pé. No início da década de 30, o Bank of London & South America comprou o edifício, transformou-o e ampliou-o.
Em 1936, já todos os edifícios referidos estavam levantados, tendo-se mantido o edifício onde está hoje o Café Embaixador, que viu adossado a si, o Edifício “Joaquim Pinto Leite”.
O café Imperial será inaugurado em 27 de Maio de 1936, com projecto de Ernesto Korrodi e seu filho Ernesto Camilo.
O projecto é submetido por Manuel da Silva Braga à aprovação da Câmara Municipal do Porto em 4 de Julho de 1933, para obtenção da respectiva licença, a que se seguiram algumas alterações, obtendo a licença nº 910/1934.



Edifício do Café Imperial, em 1944, agora, um McDonald’s

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