Lado Nascente
No lado nascente da Praça D. Pedro, apresentava-se o antigo
Convento dos Congregados, totalmente modificado (após a vitória dos liberais na
guerra civil, na qual o usurpador D. Miguel foi derrotado) e também adaptado a
comércio, e uma série de estabelecimentos, cafés e restaurantes, que se foram
revezando ao longo dos anos.
Assim, foram ocupando
parte das antigas instalações convertidas do convento dos Congregados, o café
Portuense que depois seria o café Suisso, o café Central e o restaurante Camanho entre outros, que ficariam na memória da cidade.
O café Porto-Club, com ambiente
requintado e um excelente serviço de restaurante, existia, por aqui, em 1904, junto do restaurante Camanho.
A partir de 6 de Fevereiro de 1910, abriria o Café-Restaurante
Paris no mesmo edifício onde esteve instalado o Restaurante
Porto-Clube, e de que foi proprietário António Machado da Silva, que também o fora
do extinto estabelecimento.
As fotos seguintes mostram a evolução da confluência
(esquina) da Praça D. Pedro com a Rua de Sá da Bandeira (actual Rua Sampaio
Bruno) na transição de séculos.
O prédio da esquina, a norte, apresenta três andares
O prédio referenciado na foto acima foi mandado edificar por Florindo
José Teixeira de Carvalho e obteve a Licença de Obra nº 52/1856.
Depois de um incêndio que sofreu em 1860, seria dotado de mais um andar no fim do século XIX.
Depois de um incêndio que sofreu em 1860, seria dotado de mais um andar no fim do século XIX.
Outra perspectiva da confluência das ruas referenciadas
Na fotografia acima, o Eléctrico passa em frente ao Café
Central que esteve neste local, entre 1897 e 1933, ocupado, depois,
pelo café Imperial.
Para lá, na esquina da Rua Sá da Bandeira (agora
Sampaio Bruno), ficava o Café Suisso que, antes, tinha
sido o café Portuense, que aí tomou o lugar da Hospedaria
Resende e, na esquina, em frente, da antiga Rua do Bispo, depois
D. Pedro e, finalmente, Elias Garcia, o Crédit Franco-Portugais, ocupando
parte de um prédio, no local em que, um outro foi alvo de um incêndio, em 11 de
Outubro de 1860.
Em 1860, aí estava um armazenista de açúcar, Florindo José
Teixeira, dono do prédio, com depósito de géneros alimentícios, nos baixos.
Sobre aquele incêndio diz Alberto Pimentel na “Praça Nova”:
Sobre aquele incêndio diz Alberto Pimentel na “Praça Nova”:
Texto de Alberto Pimentel
Sobre o café Suisso diz Firmino Pereira:
“Subia-se para a sala,
esguia como uma fita, por três apertados degraus. Ao fundo, sob o arco, eram os
bilhares. E duas grandes jarras de porcelana, sobre dois aparatosos plínios,
davam a esse corredor sombrio um aspecto janota de casa abastada.”
Firmino Pereira O
Porto D’ Outros Tempos Liv. Chardron Porto 1914
Em 1906, Alberto Pimentel escrevia, que podia observar-se no
quarteirão dos Congregados virado para a Praça D. Pedro, os cafés Suisso, Camanho
e o Central e ainda a Tabacaria do Arnaldo Soares que à
mistura com caixas de charutos se armazenavam brochuras francesas e portuguesa,
de colecções baratas, com o Quiosque (de ferro) do
Sebastião, de alcunha “O Correligionário” a Sul da praça, a controlar.
Pelos meados do século XIX por aí tinha existido o célebre Café
Guichard e os relojoeiros Girod e Courrege, e Azevedo
& Cardoso, substituídos pelos cafés mencionados.
Café Camanho em 1910
Na foto acima vê-se, na Praça D. Pedro, no sentido da esquerda para a direita, o prédio do Café Camanho e a porta de entrada (à direita) para o 1º
andar do «Atelier de alfaiate Old England, Duarte & Raymundo»; o prédio onde esteve o café/cervejaria "Porto-Club" e, mais tarde, o restaurante Paris; a Tabacaria de Arnaldo Soares, já no prédio que a Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão habitou.
Dos mais antigos estabelecimentos que ainda funcionam na
actual Praça da Liberdade, e situados a nascente da praça, temos a Farmácia
Birra & Irmão (ao lado do antigo café Central, depois, café
Imperial e, hoje, uma loja McDonald’s), que veio para aquele sítio
transferida do Largo dos Lóios.
De notar que, a Farmácia Albano, situada no lado
poente da Praça D. Pedro, era mais antiga do que a Farmácia Birra & Irmão,
pois, quando a Birra chegou à praça, vinda dos Lóios, já há muito tempo, tinha
encerrado portas.
A poucos metros da esquina era o Camanho – Ed. Arnaldo
Soares
Sobre a foto anterior e tendo como referência a esquina, a partir de 1901, o «Restaurante Camanho», era antecedido pela «Cervejaria Porto-Club» (3º toldo) e pela «Tabacaria
Arnaldo Soares» (2º toldo).
Vista para nascente da Praça D. Pedro em 1897
Pela esquina representada na foto acima, pegado à Igreja dos
Congregados, esteve a Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão e, mais tarde, durante dezenas de anos, o
Banco Nacional Ultramarino.
A Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão, teve origem em 1896, tendo terminado em virtude de
falência, em 1934, quando já desenvolvia a sua actividade no palacete das Cardosas, na Praça da Liberdade, 35-37.
Entretanto, as suas instalações primitivas, na Praça da Liberdade, viriam a ser adquiridas, em 1917, pelo Banco Nacional Ultramarino, para instalação da sua filial no Porto.
Entretanto, as suas instalações primitivas, na Praça da Liberdade, viriam a ser adquiridas, em 1917, pelo Banco Nacional Ultramarino, para instalação da sua filial no Porto.
Por esta razão, a Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão mudaria,
na sequência, para novas instalações, no Edifício das Cardosas.
“Construído em finais
do século XIX, o edifício do Banco Nacional Ultramarino, no gaveto sudeste da
Praça, apresentava uma linguagem mais eclética do que os restantes edifícios da
mesma frente poente da Praça, cujos alçados herdavam ainda a estrutura
compositiva do extinto convento dos Congregados. O edifício possuía as duas
fachadas idênticas e três níveis, tendo o primeiro destes os vãos rematados por
arco abatido, sendo o central mais estreito. No segundo nível, com varanda
central, os vãos eram sobrepujados por frontão curvo no vão central a por
frontões curvos interrompidos nas laterais. O último nível repetia os vãos do
nível imediatamente inferior, ostentando apenas um frontão triangular acima do
vão central. Sobre o edifício, platibanda balaustrada com espaldares centrais.
Com o rasgamento da
Praça pela avenida, os interesses do Banco seriam de expansão física do
edifício, adquirindo para tal dois lotes vizinhos para realizar o intento.
Este, traria ao edifício, a par da sua expansão para norte, mais um nível e uma
mansarda (adulterada posteriormente) ao longo da cobertura que completava a
obra. A intervenção colonizaria todo o novo edificado sob a linguagem
arquitectónica do antigo edifício, de tal modo que se viria a tornar difícil a
identificação do antigo edifício na nova massa aglutinadora que a intervenção
de forma monumentalizante havia criado”.
Fonte: Rafael Santos Silva, In Tese de Mestrado (“Praça da
Liberdade: 1700-1932”)
Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão e Igreja dos Congregados na década de 1910
Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão Banco, substituído depois,
no local, pelo Nacional Ultramarino – Fonte: Centro Português de Fotografia,
Cliché 420
Nos dias de hoje, o Edifício do Banco Nacional Ultramarino, muitos
anos após a ampliação
Instalações da Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão, em 1920 – Ed. Photo Guedes
Acima observa-se que as novas instalações da Casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão, no Edifício das Cardosas, estão a ser alvo de remodelação, encontrando-se a fachada tapada por painéis produzidos pelas Propagandas Caldevilla fazendo publicidade à «revista semanal ABC». Mais tarde, esse local, seria ocupado pela Farmácia Vitália, que já por aí estava.
Praça D. Pedro em 1904
Fotograma da Praça da Liberdade, em 1928 - Ed. Cinemateca
Portuguesa
Vista actual da perspectiva da foto anterior - Ed. Google
Maps
Pela comparação do fotograma com a foto acima, se vê que, em
1928, os edifícios da tabacaria “Deus dá Sorte”, do café Imperial e do café
Suisso, ainda não tinham sido construídos, mas o edifício “Joaquim Emílio Pinto
Leite”, onde esteve o Banco Pinto Leite, já estava em pé. No início da década
de 30, o Bank of London & South America comprou o edifício, transformou-o e
ampliou-o.
Em 1936, já todos os edifícios referidos estavam levantados,
tendo-se mantido o edifício onde está hoje o Café Embaixador, que viu adossado
a si, o Edifício “Joaquim Pinto Leite”.
O café Imperial será inaugurado em 27 de Maio de 1936, com projecto de Ernesto Korrodi e seu filho Ernesto Camilo.
O projecto é submetido por Manuel da Silva Braga à aprovação da Câmara Municipal do Porto em 4 de Julho de 1933, para obtenção da respectiva licença, a que se seguiram algumas alterações, obtendo a licença nº 910/1934.
O café Imperial será inaugurado em 27 de Maio de 1936, com projecto de Ernesto Korrodi e seu filho Ernesto Camilo.
O projecto é submetido por Manuel da Silva Braga à aprovação da Câmara Municipal do Porto em 4 de Julho de 1933, para obtenção da respectiva licença, a que se seguiram algumas alterações, obtendo a licença nº 910/1934.
Edifício do Café Imperial, em 1944, agora, um McDonald’s
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