Lado SUL
A sul, a Praça D. Pedro era limitada pelo Palácio das
Cardosas, um edifício neoclássico dos finais do século XVIII, com o rés-do-chão
adaptado a diversos estabelecimentos comerciais e que, quando começou a ser
construído, se destinava a ser um convento dos padres Lóios.
Após o Cerco do Porto e a vitória dos liberais, na guerra
civil então acontecida, e da sequente extinção das ordens religiosas, o
edifício passou para as mãos de uma família, cujo patriarca era Manuel Cardoso
dos Santos e, posteriormente, para a sua viúva e outros descendentes, passando a ser
conhecido, no futuro, pelo Palacete das Cardosas.
Assim, Manuel Cardoso dos Santos casou com Joaquina Cardoso dos Santos, sua prima, de cujo enlace resultaram três filhos: António Cardoso dos Santos (nascido em 1837) Joaquim Cardoso dos Santos (nascido em 1839) e Joaquina Cardoso dos Santos (nascida em 1840).
Por herança, a propriedade vai acabar, em determinado momento, por passar para a viúva de António Cardoso dos Santos, Laura Virgínia Vilar e, depois, para única filha deste casal, de seu nome Laura Júlia Vilar Cardoso que, por sua vez, também só tem uma filha.
A transmissão da propriedade acontece sempre por via feminina, com as mulheres a terem um certo protagonismo que conduz à sua identificação como Palacete das Cardosas.
Assim, Manuel Cardoso dos Santos casou com Joaquina Cardoso dos Santos, sua prima, de cujo enlace resultaram três filhos: António Cardoso dos Santos (nascido em 1837) Joaquim Cardoso dos Santos (nascido em 1839) e Joaquina Cardoso dos Santos (nascida em 1840).
Por herança, a propriedade vai acabar, em determinado momento, por passar para a viúva de António Cardoso dos Santos, Laura Virgínia Vilar e, depois, para única filha deste casal, de seu nome Laura Júlia Vilar Cardoso que, por sua vez, também só tem uma filha.
A transmissão da propriedade acontece sempre por via feminina, com as mulheres a terem um certo protagonismo que conduz à sua identificação como Palacete das Cardosas.
Notícia inserta no “Ecco Popular” sobre ocupação do Palacete
das Cardosas e reproduzida pelo jornal “O Commercio” fundado em 1854 e que, em
1856, já se designava como “O Commercio do Porto”
Fachada do Convento dos Loyos – Ed. Joaquim Cardoso Villanova
1833
Panorâmica tirada da Torre dos Clérigos
A foto acima é uma vista da torre dos Clérigos, à volta de
1860.
“Trata-se de uma vista
rica em pormenores interessantes. Como que dividindo a foto a meio, temos o
enfiamento da rua dos Clérigos, praça de D. Pedro (hoje, da Liberdade) -- o
chamado passeio das Cardosas -- e subida da rua de Santo António (hoje, de 31
de Janeiro), até à igreja de Santo Ildefonso, no topo.
Ao centro da imagem,
destaca-se a igreja dos Congregados e o edifício anexo, a ala do antigo
convento, com frente para a praça de D. Pedro. Após a extinção das ordens
religiosas em 1834, o edifício original foi vendido em lotes e ocupado por
vários negócios, entre os quais os famosos botequins e cafés: Guichard,
Camanho, Suíço, entre outros. Um pouco mais acima, vê-se ainda uma zona de
campos e, ao fundo, as traseiras dos prédios da rua de Santa Catarina. À data
da foto já se tinha aberto a rua de Sá da Bandeira (no troço que hoje tem o
nome de Sampaio Bruno) e, pouco depois, toda esta área estaria também
urbanizada.
Do lado direito da
imagem, a torre sineira da igreja do mosteiro de São Bento de Ave-Maria e a sua
cerca. Delimitada, do lado esquerdo, pela muralha fernandina (são visíveis as
ameias da muralha), ao fundo e à direita, por altos muros. Cerca de três
décadas mais tarde, aqui abrir-se-iam os túneis que trariam os comboios vindos
de Campanhã e o convento daria lugar à estação ferroviária com traço de Marques
da Silva, que hoje conhecemos”.
Com a devida vénia a “Porto Desaparecido”.
Vista para a Rua dos Clérigos. Na foto, um Fiacre e um
Americano
Praça D. Pedro e o Americano
“O Pasmatório dos Lóios” depois “O Real Clube dos Encostados”, eram nomes pelos
quais era conhecido o local, onde um conjunto de homens durante longas horas, conversando,
iam admirando quem passava, encostados ao Palacete das Cardosas.
De notar, que nessa época, o rés-do-chão do edifício era
ocupado praticamente na totalidade, por um conjunto de estabelecimentos
comerciais dos mais variados ramos.
O edifício das Cardosas e o “Real Clube de Encostados”
Horácio Marçal deixou-nos uma exaustiva descrição sobre o
lado sul da Praça D. Pedro, no último quartel do século XIX.
Assim, segundo ele, o lado sul da praça era praticamente ocupado pelo Palacete das Cardosas. Começando um périplo pela sua fachada, voltada para a Praça Almeida Garrett, encontrávamos a relojoaria de João Vieira, a tabacaria Martins & Brito e uma confeitaria de Avelino Teixeira da Mota que foi, mais tarde, incorporada no Café Astória.
Assim, segundo ele, o lado sul da praça era praticamente ocupado pelo Palacete das Cardosas. Começando um périplo pela sua fachada, voltada para a Praça Almeida Garrett, encontrávamos a relojoaria de João Vieira, a tabacaria Martins & Brito e uma confeitaria de Avelino Teixeira da Mota que foi, mais tarde, incorporada no Café Astória.
Ultrapassado, o cunhal do edifício, seguia-se a tabacaria
Sá Reis que, em 1895, já por lá se encontrava, uma alfaiataria a que se
seguia uma camisaria de Teles & Marques e por aí, se instalaria,
durante muitos anos, o Café Astória.
Logo aparecia uma casa de fazendas de Abreu & Irmão,
o restaurante
Internacional, sucedendo-lhe
a casa
bancária Sousa, Cruz & Cia, a camisaria de Guilherme de José d’Oliveira
passada de trespasse a Manuel Caetano d’Oliveira, ocupado mais tarde, pelo Interposto
Comercial e Industrial do Norte, Lda.
Continuando para poente, com a Torre dos Clérigos no
horizonte, aparecer-nos-ia a Papelaria Central fundada, em 1885,
por João Dias Alves Pimenta, na Rua de Sampaio Bruno e que, por aqui, se
instalou em 1895, acabando na gerência do seu filho, um armazém de tecidos de Alves,
Costa & Cia., os bancos Peninsular e Angola e Metrópole,
a Casa
Baptista, uma confeitaria
que se transformou em café, o Banco Ferreira Alves & Pinto Leite, Lda.,
que ocupou o lugar de a alfaiataria Pinho & Lima, a Camisaria
Passos e Ourivesaria Soares dos Reis
que, anos depois, passou a casa Campeão & Cia, o Banco Pinto &
Sotto Mayor ocupando o lugar de três outras, a camisaria Freitas Guimarães,
Suc., a confeitaria Reis &
Olimpo, fundada em 1902, o corrector de fundos Alberto Gonçalves, que deu lugar à Papelaria Guimarães, a Casa Laporte (artigos de caça e
desporto).
Continuando para poente, tínhamos a casa de modas Silva Monteiro,
depois Barbearia Petrónio, o armazém
de fazendas João da Costa & Silva
Magalhães & Filhos, que deu lugar à casa bancária Pinto da Fonseca
& Irmão e depois ao Banco
Comercial, a camisaria de José Amorim.
Na área destes dois últimos espaços comercias desde há
muitas dezenas de anos, ainda hoje, está instalada a Farmácia Vitália.
Resta a Camisaria Central que sucedeu à
firma Prata & Irmão e onde, desde meados do século XIX, esteve a Livraria
Moré.
Praça D. Pedro, nos finais do século XIX, durante a realização
de um desfile
Na foto acima, é
possível observar-se a nível do 2º andar, os escritórios da Sociedade Protectora
dos Animais, e alojadas nos baixos do Palacete das Cardosas, da esquerda
para a direita, as firmas Soares Reis & Filho, no nº 25, A
Confeitaria
Luzo-Brazileira no nº 26, Papelaria Guimarães no nº 28 e Casa
Laporte.
Esta última firma comercializaria talvez, artigos
relacionados com a caça, pois, vê-se uma réplica de uma espingarda por cima das
padieiras das portas, e seria alvo da notícia que se segue, no jornal O
Velocipedista em 1894:
“Está exposta na casa Laporte, á Praça de D. Pedro, uma bicycleta
fabricada na serralheria do snr. Figueiredo Junior, á rua do Campo Pequeno. É
muitíssimo elegante na sua forma e de uma confecção fóra do usual, no
esqueleto, pois é de prancheta e não de tubo de ferro, não chegando a pesar 20
kilos, destinando-se a passeio. Pertence ao snr. Camillo d’Almeida que, vendo,
com outros amigos, no snr. Figueiredo, um industrial empreendedor e laborioso,
lhe incutiu a ideia de tentar este género de construcções. Merece todos os
elogios o hábil artista porque desempenhou satisfactoriamente o encargo,
apresentando um artefacto em condições de realçar os seus merecimentos
artísticos”.
Esquina do Largos dos Lóios
“Na esquina do largo
dos Lóios, ficava a melhor livraria do Porto, — a More, — onde, além dos
livros, se vendiam «quinquilharias» várias; a esquina da More foi um lugar célebre
de cavaco. Em frente deste vasto prédio, ao longo da valeta, viam-se durante o
dia barracas de pano cru e mesas volantes, sobre as quais estendiam a sua
sombra protectora gigantescos guarda-sóis de pano branco; encontravam-se ali à
venda, desde o bacalhau às guloseimas, os géneros mais variados e as melhores
pechinchas. Entre esta fila de vendedores e o edifício, corria o passeio
chamado sarcasticamente o Pasmatório dos Lóios(...).
No Passeio das
Cardosas estão instaladas algumas das mais conhecidas casas comerciais, como a “Camisaria
Oliveira, installada com fino gosto no prédio fronteiriço à Câmara…É
uma das camisarias mais bem sortida em roupas brancas, enxovaes, artigos
ligeiros e de novidade para senhoras, homens e creanças…”; a Livraria
Moreira, “uma das mais conceituadas e bem installadas livrarias
do Porto…”; e a casa de Modas e Confecções de F.Rebello &
Coelho, de reputação invejável pelo primor da execução que se observa nas suas
confecções e fina escolha nos artigos que vende…”
Artur Magalhães Basto – O Porto do Romantismo 1932; Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
O comércio na Praça D.
Pedro – Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt”
Planta do edifício das Cardosas, em 1892, na planta de
Telles Ferreira
Na planta acima, no nº 25, ficava a firma Soares
Reis & Filho, no nº 28 a Papelaria Guimarães e, no nº 29, a
“Laporte”.
No nº 1, esteve a livraria “Moré”.
Praça D. Pedro e Rua dos Clérigos com árvores do lado
esquerdo c. 1900
À direita a Igreja dos Congregados e o seu varandim
Praça D. Pedro e os Eléctricos
Praça da Liberdade e Palacete das Cardosas à direita
Vista da Rua de Santo António para o Passeio das Cardosas
Panorâmica da Praça da Liberdade obtida a partir do Passeio das Cardosas em 1932
Praça
da Liberdade em 1955 com mesma perspectiva da foto anterior
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