Este palacete situado na Rua das Flores, quase fronteiro à
igreja da Misericórdia remonta ao século XVI.
“Nos finais do século
XVII (1699), é adquirido pelo desembargador Jerónimo da Cunha Pimentel.
A pedra de armas do cunhal
foi mandada colocar no ângulo da casa no século XVIII, por Luís da Cunha
Pimentel”.
Fonte: José Ferrão Afonso In “A Rua das Flores no século XVI - Elementos para a história urbana do
Porto quinhentista”
Palacete dos Cunhas Pimentel
Na foto acima observa-se o brasão no cunhal do palacete, e à
esquerda a Igreja da Misericórdia.
Casa dos Sousa da
Silva Alcoforados
Na esquina das ruas do Ferraz e das Flores, oposta àquela
onde se encontra a Casa da Companhia, está implantada a Casa dos Sousa e
Silva, uma construção do século XVII.
Nesse local, nºs 77 a 87, erguem-se as casas que foram de D. Ana de
Meneses, viúva de Francisco de Sousa e Silva, das quais foi herdeiro o filho do
casal, Francisco de Sousa da Silva, mestre-escola de Barcelos, casado em 1676,
com Madalena de Sá.
A Casa dos Sousa e Silva, no século XVI, tinha já
pertencido a Gaspar Ferraz, cavaleiro fidalgo da casa do duque de Bragança e
provedor da Misericórdia e a seu filho Afonso Ferraz, chantre da Sé do Porto.
A eles se deve a designação de Rua do Ferraz.
A Casa dos Sousas e Silvas foi recentemente (2020)
intervencionada, dando origem a treze habitações.
Casa dos Sousa da Silva, à esquerda da foto
Casa dos Sousa da Silva
Casa dos Sousa e Silva, em 1958, quando o seu rés-do-chão estava ocupado com a "Caza do Chá", de José Monteiro Guimarães & C.ª, cuja abertura aconteceu em 1 de Janeiro de 1820 - Ed. Teófilo Rego
A fachada de entrada do que foi a capela – Ed. MAC
Na foto acima, pode apreciar-se a entrada do que foi a
capela do palacete dos Sousa da Silva, situada nas suas traseiras e virada para
a Rua do Ferraz.
Jerónimo Brandão da Silva, senhor de Vale da Cunha, que
militou no Alentejo nas Guerras da Restauração, deve ter sido quem mandou
edificar esta casa.
“A Casa Brandão da Silva, que faz esquina com a Rua da
Ponte Nova, pertencia na segunda metade do século XVII a Jerónimo Brandão da
Silva, casado com D. Petronilha Maria de Andrade Lemos Sotomaior, sendo herdada
mais tarde pelo seu neto, Martim Afonso de Melo Brandão Correia (1711-1776),
filho e sucessor de José Correia de Melo e de D. Micaela Margarida Brandão de
Sotomaior. O único documento que temos sobre a construção desta casa é de 21 de
Julho de 1741, altura em que Martim Afonso de Melo contratou os mestres
pedreiros António da Costa, Bernardo Borges, António Fernandes, Manuel Martins
e Simão Lopes, para lhe fazerem a obra de pedraria na sua casa do lado da Rua
da Ponte Nova, «na forma do risco e planta». Mais uma vez o contrato não revela
o nome do autor das plantas. Esta obra provavelmente está relacionada com a
construção, de toda ou parte, da extensa fachada virada para a Rua da Ponte
Nova, onde se abrem, nos dois pisos, catorze janelas de peitoril. O
frontispício virado para a Rua das Flores apresenta, no andar nobre, seis
janelas de sacada (numa descrição da casa, em 1746, referem-se cinco),
rematadas, em alternância, por frontões curvos e triangulares. Este esquema
arquitectónico poderia datar-se entre o último quartel do século XVII e a
primeira metade de Setecentos, ainda que, sem documentação, a datação precisa
seja difícil. No rés-do-chão, onde existiam cinco portadas, uma pequena portada
lateral é rematada por um frontão cujo modelo o insere numa linguagem mais
lúdica, própria do barroco portuense”.
Fonte: Joaquim
Jaime B. Ferreira Alves, In “A Casa Nobre do Porto na Época Moderna” ed.
INAPA 2001
Casa dos Brandão e Silva, antes de ser intervencionada
Casa dos Brandão e Silva, após sofrer obras de restauro, passando a ser a "Pousada Porto - Grupo Pestana"
Prédio onde viveu o fidalgo da Casa da Prelada, na esquina das ruas das Flores e
Ponte Nova, no início do século XVIII
Casa da Companhia (Casa Figueiroa Pinto) / Companhia da Agricultura das Vinhas do Alto Douro
Esta casa, que fica situada na Rua das Flores nº 69, onde
funcionou a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, criada
pelo Marquês do Pombal, está a ser preparada (2021) para se tornar num hotel.
Aberta a Rua de Santa Catarina das Flores em 1521, em 16 de
Fevereiro de 1523, uma parte da área que compõe a Casa da Companhia foi
emprazada através de escritura a Brás Brandão e, dez anos depois, uma outra
parte foi emprazada a Isabel Luís, viúva de Álvaro Rodrigues, mercador da
cidade.
Em 1542, ainda eram proprietários dos terrenos o dito Brás
Brandão e Catarina Luís, provavelmente filha de Isabel Luís e, a 14 de Novembro
de 1576, Fernão Brandão e sua mulher Faustina de Almeida, filho e nora de Brás
Brandão, vendem pelo preço de cento e quarenta reis dois chãos ao fidalgo da
Casa Real e procurador da cidade do Porto, Francisco Neto de Figueiroa, também
conhecido por ter emprestado desinteressadamente 500 cruzados ao Senado da
Câmara do Porto, para que esta socorresse Lisboa, que tinha sido atingida por
uma peste.
Em 7 de Novembro de 1579, aquele fidalgo comprou outro chão
e prazo, já com casa, a Froyollas de Saa e mulher Margarida Ferreira, que os
herdou da sua primeira mulher, Maria Ribeira, a quem foram doados por Catarina
Luís.
Francisco Neto de Figueiroa morre em 1604, passando a casa
para o seu filho mais velho, João de Figueiroa Pinto.
Durante os 100 anos seguintes, a casa passa de mão em mão,
sempre dentro da mesma família e, em meados do século XVIII, está na posse de
um outro João Figueiroa Pinto, filho também de João Figueiroa Pinto e de Maria
Carneiro de Barros.
É o neto deste casal, Manuel Figueiroa Pinto (1721 – 1775)
que nela tinha nascido, que irá herdar a casa da Rua das Flores passando, mais
tarde, a residir na sua Quinta de Santo Ovídio, hoje, Praça da República.
Por sua morte e dado, como parece, não ter tido
descendência, passou para a posse de um seu afilhado, Manuel Pamplona Carneiro
Rangel Veloso Barreto Miranda de Figueiroa, da família dos Pamplona, que viria
a ser o 1º visconde de Beire, dos quais descendem os condes de Resende.
Aquele Manuel Pamplona vendeu por 23 contos de réis, em 1 de
Dezembro de 1809, à Companhia Velha a casa que, no entanto, já lhes estava
arrendada, desde Maio de 1761, por Manuel Figueiroa Pinto.
Até ao fim do século XIX, as instalações da Casa da Companhia
tinham uma força militar, composta por um cabo e três soldados, que montava
guarda ao edifício de dia e de noite.
Antes, a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto
Douro teve o seu escritório ou casa do despacho, como era uso
dizer-se, na Rua Nova (hoje, do Infante D. Henrique).
Casa da Companhia
Casa da Companhia
Casa da Companhia em desenho de J. Villanova em 1833
A fachada de entrada do que foi a capela da casa dos
Figueiroa – Ed. MAC
Na foto acima pode apreciar-se a entrada do que foi a capela
do palacete dos Figueiroa Pinto, situada nas traseiras deste e virada para a
Rua do Ferraz. Esta capela é fronteira à capela do palacete dos Brandão e Silva
do outro lado da Rua do Ferraz.
Após sofrer obras de restauro, o edifício passou a albergar o "Casa da Companhia Hotel" - Ed. Graça Correia
Casa dos Maia (ou Ferraz)
Esta casa fica na Rua das Flores nº 29, remonta ao séc. XVIII.
Casa dos Maia
Em meados do século XIX esta casa pertencia a Domingos de
Oliveira Maia, o mesmo que mandou construir no Passeio Alegre o edifício,
réplica de um castelo. Antes conhecida por Casa dos Ferraz, passou mais tarde
para a posse dos Maia.
Esta casa pertencia em 1570 a, “Martim Ferraz, «fidalgo
cavaleiro da casa real», governador de Baçaim e que casou no Porto com Catarina
Rebelo, filha de Manuel Bravo e sua mulher Maria Carneiro e é o primeiro
desta família a viver na Rua das Flores. Em 1733, Bartolomeu Ferraz de Almeida
vinculou-a, sendo em 1746 os administradores dos legados perpétuos instituídos
por Bartolomeu Ferraz de Almeida, o prefeito e irmãos da Casa de São Roque da
Companhia de Jesus. No segundo quartel do século XIX estava na posse de
Domingos de Oliveira Maia nome pela qual ficaria conhecida.”
Fonte: Joaquim
Jaime B. Ferreira Alves In “A Casa Nobre do Porto na Época
Moderna” ed. INAPA 2001
Chegado o palacete às mãos de Domingos d'Oliveira Maia, cuja família possuía a Quinta do Painço, no concelho da Maia, por sua morte, suceder-lhe-ia Maria Ludovina d'Oliveira Maia, casada com Bernardo Pereira Leitão.
Mais tarde, o palacete passaria a pertencer a Maria Serpa, filha do visconde de Gouveia, falecida em 1952 e que vivia, habitualmente, na Quinta de Vale Abraham, em Lamego.
Após a sua morte, seu sobrinho, Manuel Serpa, passou a ser o proprietário do imóvel.
“O edifício é composto por lojas, sobrelojas e primeiro
andar.
Neste último, podem ver-se oito varandas de ferro e
respectivas portas, decoradas com frontões triangulares. O beiral é bastante
saliente e está assente numa série de «cachorros de pedra».
Entre os dois portais e a janelas da sobreloja, decoradas
com finos lavores de pedra, sobressaem dois brasões partidos, com as armas dos
Bravo e Ferraz.
No interior, possui uma escadaria nobre formada por três
lanços de escadas de pedra - dois laterais e um central - que dá acesso, por
quatro portas abertas no último patamar, aos três salões do primeiro andar”.
Fonte: Amélia
Vieira de Oliveira e Maria Helena Gil Braga AHMP, In “Porto a
Património Mundial CMP 1993”
“No pátio das traseiras existe uma fonte composta por um
grande golfinho de cabeça voltada para baixo que lançava água para uma taça de
pedra.
Neste mesmo pátio erguia-se uma capela de planta oitavada, obra atribuída a Nicolau Nasoni; também já referidos como da autoria de Nasoni são os ornatos das janelas da fachada do edifício, com evidência para as que ostentam os dois brasões.
Tudo indica que o prédio foi reformado no século XVIII, sendo desta época a decoração da frontaria”.
Fonte: “doportoenaoso.blogspot”
Neste mesmo pátio erguia-se uma capela de planta oitavada, obra atribuída a Nicolau Nasoni; também já referidos como da autoria de Nasoni são os ornatos das janelas da fachada do edifício, com evidência para as que ostentam os dois brasões.
Tudo indica que o prédio foi reformado no século XVIII, sendo desta época a decoração da frontaria”.
Fonte: “doportoenaoso.blogspot”
Após sofrer obras de restauro, a Casa dos Maias passou a albergar o "Hotel Bay Porto" - Ed. Graça Correia
Rua das Flores nº 36
Na foto acima está a casa onde no século XVIII nasceu
Jerónimo de Távora e Noronha que viria a ser Deão da Sé do Porto e um dos
principais mecenas de Nicolau Nasoni.
Roque Peres Picão residia na Rua das Flores e casou com D.
Leonor Freire que era irmã do deão da Sé (chefe do Cabido) D. João Freire
Antão.
Desse casamento nasceu D. Micaela Antónia Freire que herdou
a Quinta do Freixo, que pertencia a seu pai.
Esta senhora foi casada com D. António de Távora Noronha
Leme e Cernache, tendo, desta união, nascido D. Jerónimo de Távora Noronha Leme
e Cernache, que nasceu nesta casa da Rua das Flores em Novembro de 1690.
“À semelhança da maioria das casas desta rua,
que se encontram bastante alteradas em relação à sua forma original, a nº 36
caracteriza-se por ainda ter importantes partes que datam da ocasião da
abertura da rua. De onde se destacam os dois pisos intermédios, que na fachada
contempla as janelas emolduradas precisamente ao estilo renascentista, com os
lintéis harmoniosamente salientes das ombreiras e coroados por uma cornija.
Observando-se a
fachada destes dois pisos podemos obter uma fugaz perceção de como eram as
casas desta rua no século XVI. Tendo para isso de nos abstrairmos das
alterações que posteriormente a casa sofrera: como o acrescento do terceiro
piso; a alteração do piso térreo; bem como o acrescento das varandas; e, ainda,
o revestimento a azulejo.”
In: historiadoreseb23.blogspot.pt
O Deão Jerónimo de Távora e Noronha viria também a ser
proprietário por herança, na Sé, da chamada Casa Nobre de Vandoma.
Deão é uma dignidade eclesiástica que identifica o
presidente do cabido, isto é, dos cónegos.
“A entrada principal
da casa fica na Rua das Flores nº 39 e dava para um amplo portal, por onde se subia
à sobreloja e desta para o andar nobre, onde se encontravam os salões. No
terceiro andar, estavam os aposentos principais e a Capela com Sacristia.
Também neste andar ficava, na parte de trás, a sala de jantar e o salão de
festas. Por baixo era a cozinha e uma esplêndida garrafeira com abóbada de
granito.
Possuía extensos
jardins, estufas, mirantes, pomares e hortas.
Do lado da Rua da
Vitória, ficavam as cocheiras, cavalariças e outras dependências e a
propriedade tinha ainda saída para a Rua dos Caldeireiros.
O portão do lado da
Rua da Vitória era encimado pela pedra de armas da família dos
"Constantinos".
Fonte: Amélia Vieira de Oliveira e Maria Helena Gil Braga
AHMP, In “Porto a Património
Mundial CMP 1993”
A Rua da Vitória já se chamou de S. Roque da Vitória e no século XVII tinha outra denominação, Viela de Luís Coelho.
Sobre o topónimo Luís Coelho, sabe-se que se referiria a uma
personagem que se chamava, Luís Coelho de Beça e tinha uma alcunha pitoresca:
o "Boas Noites".
Por aqui tinha lugar o culto, a S. Roque com origem na tal
peste que grassou na antiga Rua da Porta do Olival, que era como se chamava a
Rua das Taipas, antes de ter sido entaipada por ordem da Câmara. Na atual Rua
da Vitória, logo à entrada para quem nela entra pela Rua das Taipas, do lado
direito, ainda existe um pequeno nicho (foto mais pequena) onde está uma
imagem de S. Roque. E todos os anos a comunidade local evoca este padroeiro
com uma festa sempre muito concorrida.
O primeiro dono que se conhece desta casa é o Dr. Inácio
Ferreira que residia em Lisboa e a terá vendido a um mercador e piloto da
Índia.
O primeiro Constantino a lá viver foi Constantino António
Alves do Vale que a comprou por 12000$000, reconstruindo-a e dando-lhe o
aspecto que tem hoje.
Nesta casa viveu o Padre Luís Gonzaga Cabral.
Hoje o edifício foi remodelado e aloja o Flores Village
Hotel & SPA.
O projeto de
recuperação do edifício primou por manter a traça original, com destaque para
os tectos pintados por Luigi Chiari e para os estuques de alguns dos quartos e
apartamentos.
À direita a Casa dos Constantino
A casa dos Constantino cuja propriedade ia da Rua das Flores
à Rua da Vitória
Portão traseiro da antiga casa, na Rua da Vitória, actualmente, a entrada para um hotel que aproveitou esta parte das instalações
Notável registro histórico da cidade que me viu nascer no longínquo 1935.
ResponderEliminarChama minha atenção a modernização de janelas muito frequente nos antigos casarões.
Muito bom.
ResponderEliminarAlguma coisa sobre casas da R. Oliveira Monteiro? Obr
Sobre a Rua Oliveira Monteiro aconselho:
Eliminarhttps://portodeantanho.blogspot.com/2020/03/conclusao_13.html
Muito agradado por seguir este blogue.
Cumprimentos
Américo Conceição