A Rua de Santos Pousada, que homenageia um distinto professor, chamou-se, antigamente, Rua de São Jerónimo.
Este topónimo tinha a sua raiz numa capelinha de invocação daquele santo, situada no local em que hoje faz esquina (lado Norte) as ruas Firmeza e de Santos Pousada.
Planta (1853) de Costa Lima Júnior. Legenda: 1 - Rua Firmeza; 2 - Rua de São Jerónimo; 3 - Capela de S. Jerónimo
A Rua de São Jerónimo começou por ser traçada, na década de 1830, entre o Poço das Patas e a Rua Firmeza, até ao adro da capela de São Jerónimo.
Quem primeiro aí construiu foi o Dr. Francisco Luís Correia que, para tal, solicita a respectiva licença camarária em 1835.
A partir de meados do século XIX, começa a rasgar-se a continuação do arruamento até à Póvoa de Cima. Em fins da década de 1870, ainda se procedia a expropriações para conclusão da empreitada.
“Santos Pousada, de seu nome completo
António José Santos Pousada (1854-1912), foi professor na Escola Industrial de
Vila Nova de Gaia e tornou-se paladino de uma causa nobre: tornar acessível a
toda a gente a instrução pública, que, nos finais do século XIX, ainda parecia
algo utópico.
Envolveu-se também nos ideais republicanos, apesar de só ter vivido 2 anos sob o signo da República. Foi este envolvimento que fez com que, em 1913, o regime recém-vencedor quisesse perpetuar o seu nome na toponímia do Porto.
Envolveu-se também nos ideais republicanos, apesar de só ter vivido 2 anos sob o signo da República. Foi este envolvimento que fez com que, em 1913, o regime recém-vencedor quisesse perpetuar o seu nome na toponímia do Porto.
Num guia da cidade de
1896, podemos ver que esta artéria nascia na Rua do Poço das Patas que foi também Rua do Meio (actual Rua de Coelho Neto) e ia até ao Largo da Póvoa (actual Praça da Rainha
D. Amélia), vindo só posteriormente a ser prolongada até à Praça Teixeira de
Pascoais”.
Fonte: “manueljosecunha.blogspot.pt”
Santos Pousada “(…)
considerado um homem culto e trabalhador, que muito se empenhou na causa da
implantação da República, em especial na região do Porto. Em 1904, Santos
Pousada pertencia à comissão municipal republicana do Porto. Participou de
forma activa nas campanhas contra a Monarquia e na organização do movimento
republicano.
Foi ainda um dos
propagandistas da mutualidade no norte de Portugal, tendo participado em
inúmeras realizações. Foi relator de teses que abordavam a contabilidade e a
escrituração das associações de socorros mútuos, no Congresso Regional que se
realizou no Porto em 1904. Participou também de forma activa no Congresso
Nacional da Mutualidade que se realizou em 1911, na Sociedade de Geografia de
Lisboa. Neste congresso foi eleito vogal do Conselho Central da Federação
Nacional das Associações de Socorros Mútuos e foi vice-presidente da Comissão
Oficial de Reforma do Mutualismo, competindo-lhe a organização dos modelos de
escrita que deviam acompanhar o novo modelo de reforma.
António José dos
Santos Pousada destacou-se como jornalista. Colaborou em diversos órgãos da
imprensa republicana como Vanguarda, Voz da Beira, Voz da Justiça, Voz de
Angola, O Alarme e A Democracia. Era correspondente do jornal República, em
Espinho, terra onde vivia e era muito respeitado pela população. Foi ainda o
fundador da obra beneficência O Vintém das Escolas.
Pertenceu à Maçonaria,
desde 1885(…)”.
In Almanaque Republicano; Fonte: ruasdoporto.blogspot.pt
A antiga Rua de S. Crispim, junto à Ponte de S. Domingos,
nas proximidades do ainda hoje, Largo de S. Domingos, desapareceu, quando na década de 1870, andava a ser aberta a Rua de Mouzinho da Silveira.
Na sequência desse arranjo urbanístico, foi demolida também
a bonita capela de S. Crispim e S. Crispiniano onde a Confraria dos Sapateiros
tinha a sua sede, bem como o anexo hospital e albergue de peregrinos existentes
desde o século XIV e que se situavam na Rua das Congostas (actual Rua Mouzinho
da Silveira, demolidos por ocasião (1874) para abertura daquela artéria. Assim,
no ano de 1307, os irmãos, e cidadãos do Porto, Martim Vicente Barreiros e
João Anes Palmeiro fundaram, "num largo acima da Rua das Congostas, junto
ao rio da Vila", uma albergaria para peregrinos a que chamaram "dos
Palmeiras".
“A Capela de São
Crispim e São Crispiniano, foi transferida e situa-se, desde então, ao cimo da
Rua de Santos Pousada, no Bonfim, na cidade do Porto, pertença da mesma
Confraria. Está dedicada a São Crispim e São Crispiniano e foi inaugurada em
1878 na Rua de S. Jerónimo, tendo
esta, desde 1913, mudado para Rua de Santos
Pousada.
S. Jerónimo deve a sua
fama ao facto de, a pedido do Papa Dâmaso I, ter traduzido a Bíblia para latim,
tradução essa que ainda hoje se usa, a chamada “Vulgata”. S. Jerónimo nasceu no
norte de Itália em 374 e, ao longo da sua vida, foi um polemista notável e um
opositor às diversas heterodoxias que iam surgindo.
O largo que fica
diante da capela e que, na actualidade, tem a designação de Praça da Rainha D.
Amélia, chamava-se, naquele tempo, Largo
da Póvoa.
A palavra Póvoa,
"popula" do latim, significa pequeno povoado. Como havia outra Póvoa,
bem perto do actual Largo do Padrão, nas proximidades da Rua das Oliveirinhas,
que antes se chamou Rua das Oliveiras,
"junto à Póvoa de Baixo", lê-se num documento da paróquia de Santo
Ildefonso do ano de 1757, a outra era designada por Póvoa de Cima para se diferenciar, naturalmente, da de baixo.
Quando se reconstruiu
a capela de S. Crispim e S. Crispiniano no antiquíssimo Largo da Póvoa, a
Municipalidade desse tempo resolveu mudar o nome ao largo que passou a
chamar-se Largo de S. Crispim.
Recentemente, já nos
nossos dias, voltaram a alterar a denominação ao dar ao largo em questão ao
darem-lhe o nome da rainha D. Amélia de
Orleães que foi a esposa de D. Carlos I.
A Rua Nova de S.
Crispim anda, também, ligada à mudança da capela de junto de S. Domingos para o
sítio onde agora está. Evoca o topónimo antigo que o urbanismo ribeirinho fez
desaparecer.
Acerca deste assunto
resta dizer que o topónimo Póvoa ainda subsiste naquela zona alta da cidade
designando uma rua, uma travessa e uma calçada.
Uma confusão frequente
é a que diz respeito à Rua da "Bateria", que por vezes é referida
como "Rua da Bateria do Cativo". Essa Rua da Bateria, ou Bataria,
como o povo diz, evoca uma bateria de artilharia que as tropas Liberais ali
instalaram durante o Cerco do Porto (1832-1833).
Na planta das linhas
(defensivas) elaborada pelo coronel de Engenharia, F.P.A. Moreira, mais
conhecida pela "Planta de Arbués Moreira", esse local vem,
efectivamente, designado como "Bateria do Cativo".
Ao contrário do que se
chegou a pensar, esta designação nada tinha a ver com o sítio do Monte Cativo
situado a uma considerável distância daquele local.
Aconteceu que a
bateria foi colocada no ponto mais alto de uma quinta que, em tempos distantes,
fora emprazada pela Câmara ao fidalgo Francisco de Sousa Cirne, cuja residência
era o edifício onde hoje está a Junta de Freguesia do Bonfim. Este, por sua
vez, em 30 de Agosto de 1730, sub emprazou a propriedade mais "uma parcela
do prazo do Monte da Forca de Mijavelhas" a José Pereira e mulher.
Quando o terreno em
causa começou a ser urbanizado estava na posse de Vicente Francisco Guimarães,
por alcunha "o Cativo". Daí o nome dado à bateria da artilharia
liberal que ali foi instalada durante o Cerco do Porto”.
Com a devida vénia a Germano Silva
Publicidade à Tipografia Peninsular na primitiva Rua de S.
Crispim
A Tipografia e Papelaria Peninsular na Rua Mouzinho da
Silveira – Fonte: Google maps
A Tipografia Peninsular como se vê na foto anterior estará
bem próxima do seu lugar primitivo, na Rua de S. Crispim onde existiu a capela dedicada
a S. Crispim. Ao cimo da Rua de S. João, e à entrada da Rua da Bainharia,
pegado à capela ficava o Hospital de S. Crispim, fundado em 1307 por
Martim Vicente Barreiros e seu irmão João Anes Palmeiro, ambos cidadãos do
Porto.
Funcionou, primeiro como albergaria para peregrinos e por
isso se chamou dos Palmeiras, passando mais tarde a ser administrado pelos
sapateiros, ficando depois disso a ser conhecido por Hospital de S. Crispim e
S. Crispiniano, padroeiros dos fabricantes de calçado. Aliás, junto ao
hospital havia uma capela dedicada aos santos protetores dos sapateiros.
Quando se abriu a Rua de Mouzinho da Silveira (1875), o
templo foi demolido e a irmandade de S. Crispim e S. Crispiniano reconstruiu-a
no local onde agora se encontra.
Capela de S. Crispim, actualmente
Hoje a capela está na Rua de Santos Pousada, paredes meias
com a Praça Rainha D. Amélia.
Este último topónimo é o que resta da memória daquela
personalidade.
Após a implantação da República a família real exilou-se no
estrangeiro, e depois do casamento de D. Manuel II com Augusta Vitória
Hohenzollern-Sigmaringen, D. Amélia, viúva de D. Carlos I, passou a viver no
castelo de Bellevue perto de Versalhes. No fim da 2ª Grande Guerra, Salazar
ofereceu-lhe asilo político em Portugal, mas ela permaneceu em França, embora
com algumas visitas a Portugal.
Em 25 de Outubro de 1951 faleceu em França com 86 anos, mas,
o seu corpo seria transladado para Portugal e, com funeral com Honras de
Estado, seria sepultado na Igreja de S. Vicente de Fora no “Panteão Real da
Dinastia de Bragança”.
D. Amélia em 1945 – Fonte: restosdecoleccao.blogspot.pt
Na foto acima D. Amélia numa visita ao Dispensário de
Alcântara.
Para Norte e contíguo à Praça Rainha D. Amélia
desenvolvia-se o sítio do Seixal, de que hoje resta o topónimo Rua do Seixal.
Praça Rainha D. Amélia, em 1960, no gaveto da Rua de S.
Crispim com a Rua Coutinho de Azevedo
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