A Rua das Taipas, já foi Rua do Olival e Rua
da Porta do Olival das Taipas.
Nos finais do século XVII estava dividida em três artérias.
A parte superior ou seja o troço que desce desde a antiga
cadeia até à esquina da Rua de S. Miguel é que era a Rua das Taipas. A parte
central, ou seja, a parte mais larga da rua chamava-se Largo de Belomonte. E a
parte restante, aquele bocado mais inclinado era a Rua de Belomonte e a
actual Rua de Belomonte chamava-se Rua de S. Domingos.
A curta Rua das Taipas que acabava na esquina da Rua de S.
Miguel tinha sido chamada Rua do Olival por meados do século
XV.
Ao princípio, a Rua do Olival era um caminho ao longo da
parte interior da muralha fernandina que se foi alargando e tomou essa
designação.
Em 1485 foram descobertos surtos de peste nesta artéria e a
Câmara para evitar a expansão mandou entaipar a rua nos dois extremos. Nos
séculos XVII e XVIII era habitada pela grande burguesia.
No Largo de Belomonte existiu no seu
meio, um chafariz abastecido pelo manancial de Paranhos e um cruzeiro,
conhecido por Padrão de Belmonte.
A fonte das Taipas veio substituir esse chafariz.
À direita, observa-se uma nesga do Palacete Sandeman na
fachada voltada para a antiga Cadeia da Relação.
Na foto, acima, o aglomerado do edificado, em destaque, há
muito foi demolido.
Na foto seguinte, se dá conta daquele edificado voltado para
a Rua das Taipas.
Foto do que já foi a Rua das Taipas junto à cadeia da
Relação
“...Um acordão da
Câmara do Porto, determinava que tendo-se entaipado parte da Rua do Olival, por
nela se descobrir peste, e grassando já fora dela, se mandassem os empestados,
com um físico e um sangrador, para a Torre do Pêro do Sem. Daí provavelmente,
derivou o nome de Rua das Taipas, que já encontramos em 1512 - Rua da Porta do
Olival das Taipas, em 1534”.
In "Toponímia Portuense" de Eugénio Andrea
da Cunha e Freitas
“Antes daquela Rua de
Belomonte houve outra com a mesma designação. E, por sinal, até ficava
bastante longe daquela que chegou até aos nossos dias. Situava-se para os lados
da Batalha, entre as ruas Chã e de Cima de Vila. Nas suas crónicas acerca de
toponímia portuense, o investigador André da Cunha e Freitas diz que encontrou
uma referência à existência dessa artéria num documento do Hospital de
Rocamador de 1498 que está guardado no arquivo da Santa Casa da Misericórdia do
Porto.
O referido documento
dá conta da existência, na tal Rua de Belomonte, junto da Batalha, de umas
cavalariças que haviam pertencido a um tal Álvaro Fernandes, que fora escrivão
da chancelaria, e que passaram, entretanto, para a posse do seu genro,
Vicente Afonso.
Nos começos do século
XV, aquele monte, a que mais tarde se daria o nome de Vitória, estava ainda por
urbanizar. Desde 1386 que, bem lá no alto, da parte de dentro da muralha,
ficava a judiaria nova ou do Olival, para ali transferida do bairro de
Monchique por ordem expressa de D. João I. Mas a encosta do monte,
voltada para o rio da Vila, que corria a céu aberto onde hoje está a Rua de
Mouzinho da Silveira, estava por urbanizar. Predominavam por ali hortas,
pomares, pequenas parcelas de cultivo, na maioria propriedade da Mitra (que é
como diz, do bispo; ou do cabido, isto dos cónegos). Só uma ou outra almuinha
(horta ou quintal cercado por um muro) pertenciam ao Hospital de Rocamador.
E a Rua das Flores ainda não existia, pois só foi aberta na primeira metade do século XVI. Naqueles recuados, tempos, quem pretendesse descer da Cordoaria (desde, pelo menos, 1331 que ai se faziam cordas) até à margem do rio da Vila tinha que o fazer pela antiga e estreita Rua da Laje, que depois se chamou da Caldeiraria e é hoje a Rua dos Caldeireiros.
A parte do monte da Vitória mais voltada para poente dava-se o nome de pedreira, naturalmente por assentar em pedra. Era ao longo do sopé desta pedreira que corria o tal carreiro que começava, digamos assim, junto da cerca do Mosteiro de S. Domingos e conduzia ao campo do Olival.
A pedreira pertencia à Câmara do Porto, que em 1470 tentou urbanizar aquele sítio começando por mandar abrir ao longo do tal carreiro "uma rua nova, que se vai fazer acerca do Mosteiro de S. Domingos". Para facilitar, a Câmara "doava chãos" (parcelas de terrenos) a quem pretendesse construir ao longo da nova artéria. Mas a obra não andava. E foram os frades da Ordem de S. Domingos que tomaram a iniciativa de abrir a nova rua, depois, claro, de um acordo que fizeram com a Câmara.
O aforamento das primeiras parcelas de terreno para a construção de cinco casas foi feito, em 1503, pelo armeiro Álvaro Gonçalves, um conhecido personagem do romance histórico, “A Última Dona de S. Nicolau” de Arnaldo Gama.
Consta da escritura que esse terreno ficava "pegado à escada que sobe para a viela da Esnoga". São as actuais escadas da Vitória, que antigamente se chamaram da Esnoga, palavra que é uma corruptela de Sinagoga. Tudo isto fica do lado direito para quem entra na Rua de Belomonte pelo Largo de S. Domingos.
Mas havia o outro lado. O que ficava voltado ao rio Douro. O panorama devia ser surpreendente e daí que a imaginação popular tenha feito correr que a designação de Belomonte tenha a ver com monte belo, ou seja, um local com uma bela vista. Mas é só uma suposição.
A primeira "morada de casas" que se construiu do lado voltado para o rio Douro situava-se "na esquina defronte da capela dos nossos Terceiros", da Ordem Terceira de S. Domingos, que viria a dar origem à Ordem da Trindade. A Igreja dos Terceiros de S. Domingos, que era um belíssimo templo, tinha a frontaria voltada para a actual Rua de Ferreira Borges, quase na esquina do Largo de S. Domingos.
Uma curiosidade: nos projectos de construção da maior parte das casas que viriam a ser erguidas na Rua de Belomonte constava a instituição de uma capela. Em algumas das que ainda hoje existem, há capela ou oratório, apesar de as casas já não serem as primitivas.
Com a devida vénia a Germano Silva
E a Rua das Flores ainda não existia, pois só foi aberta na primeira metade do século XVI. Naqueles recuados, tempos, quem pretendesse descer da Cordoaria (desde, pelo menos, 1331 que ai se faziam cordas) até à margem do rio da Vila tinha que o fazer pela antiga e estreita Rua da Laje, que depois se chamou da Caldeiraria e é hoje a Rua dos Caldeireiros.
A parte do monte da Vitória mais voltada para poente dava-se o nome de pedreira, naturalmente por assentar em pedra. Era ao longo do sopé desta pedreira que corria o tal carreiro que começava, digamos assim, junto da cerca do Mosteiro de S. Domingos e conduzia ao campo do Olival.
A pedreira pertencia à Câmara do Porto, que em 1470 tentou urbanizar aquele sítio começando por mandar abrir ao longo do tal carreiro "uma rua nova, que se vai fazer acerca do Mosteiro de S. Domingos". Para facilitar, a Câmara "doava chãos" (parcelas de terrenos) a quem pretendesse construir ao longo da nova artéria. Mas a obra não andava. E foram os frades da Ordem de S. Domingos que tomaram a iniciativa de abrir a nova rua, depois, claro, de um acordo que fizeram com a Câmara.
O aforamento das primeiras parcelas de terreno para a construção de cinco casas foi feito, em 1503, pelo armeiro Álvaro Gonçalves, um conhecido personagem do romance histórico, “A Última Dona de S. Nicolau” de Arnaldo Gama.
Consta da escritura que esse terreno ficava "pegado à escada que sobe para a viela da Esnoga". São as actuais escadas da Vitória, que antigamente se chamaram da Esnoga, palavra que é uma corruptela de Sinagoga. Tudo isto fica do lado direito para quem entra na Rua de Belomonte pelo Largo de S. Domingos.
Mas havia o outro lado. O que ficava voltado ao rio Douro. O panorama devia ser surpreendente e daí que a imaginação popular tenha feito correr que a designação de Belomonte tenha a ver com monte belo, ou seja, um local com uma bela vista. Mas é só uma suposição.
A primeira "morada de casas" que se construiu do lado voltado para o rio Douro situava-se "na esquina defronte da capela dos nossos Terceiros", da Ordem Terceira de S. Domingos, que viria a dar origem à Ordem da Trindade. A Igreja dos Terceiros de S. Domingos, que era um belíssimo templo, tinha a frontaria voltada para a actual Rua de Ferreira Borges, quase na esquina do Largo de S. Domingos.
Uma curiosidade: nos projectos de construção da maior parte das casas que viriam a ser erguidas na Rua de Belomonte constava a instituição de uma capela. Em algumas das que ainda hoje existem, há capela ou oratório, apesar de as casas já não serem as primitivas.
Com a devida vénia a Germano Silva
Na Rua das Taipas, no início à direita, sentido descendente
O prédio acima, na Rua das Taipas, pertenceu a António
Bernardo de Brito e Cunha, que o recebeu, bem como a Quinta do Ribeirinho, em
Matosinhos, como herança de seu pai.
António Bernardo de Brito e Cunha, nasceu em 15/05/1781, na
Quinta do Ribeirinho, em Matosinhos, sendo o 1º da família Brito e Cunha.
Teve três irmãs que faleceram solteiras, tendo casado em
05/02/1801, com Teresa Benedita da Silva Pedrosa, de cujo casamento resultaram
três filhos e três filhas.
Foi preso em Julho ou Agosto de 1828, pela Alçada (criada
a 14/07/1828 por Carta Régia de D. Miguel I, que tinha sido aclamado 3 dias
antes) para julgar os implicados na revolução liberal de 18/05/1828.
A Belfastada, um dos episódios inerentes à
revolução dos liberais, tinha sido planeada na Casa do Ribeirinho, em
Matosinhos, tendo por essa razão, António Bernardo Brito e Cunha sido preso nos
calabouços do Castelo da Foz, com o rótulo de agitador político
altamente perigoso e, mais tarde, transitado para as celas da Cadeia
da Relação no Porto e condenado à forca a 09/04/1829, pela mesma Alçada, que
reuniu em sessão plena e secreta, entre as 10.00 e as 22.00 horas, desse dia,
tendo as suas sentenças ficado secretas até 04/05/1829.
Morreu enforcado na manhã de 07/05/1829, na Praça Nova,
actual Praça da Liberdade, no Porto, juntamente com outros nove Mártires
da Liberdade condenados também, à forca, a 09/04/1829.
António Bernardo de Brito e Cunha ficou, então, conhecido
por se ter tornado num mártir pelas suas fortes convicções liberais e ter
sido executado na forca, a 7 de Maio de 1829, em plena Praça Nova (actual Praça
da Liberdade) pelas forças militares de D. Miguel, ficando popularmente
conhecido pelos seus feitos e ideologias.
O Campo dos Mártires da Pátria, antigo Largo do Olival, no
Porto, ficou a dever o seu nome em homenagem aos doze "Mártires da
Liberdade" que foram enforcados por ordem dos tribunais miguelistas em
1829 e, entre os quais se destaca, António Bernardo de Brito e Cunha (1781-1829)
que tinha, bem perto, a sua residência.
Por iniciativa do povo anónimo e à custa de donativos
particulares, como refere Germano Silva, ali, foi erigido:
"um monumento fúnebre evocativo dos trágicos
acontecimentos da Praça Nova, constituído por uma coluna sobre a qual foi
colocada uma figura representando a cidade. Desapareceu já esse singelo
monumento que pretendia tão-somente representar o triunfo da virtude sobre a
tirania".
António Bernardo de Brito e Cunha foi o Senhor da casa,
capela e quinta do Ribeirinho, em Matosinhos e da casa das Taipas, no Porto,
15º administrador do vínculo de Nossa Senhora da Esperança e Morgado da Cunha,
Cavaleiro fidalgo da Casa Real, Cavaleiro professo nas Ordens de Cristo e de
Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, Contador da Real Fazenda da comarca
do Porto e Deputado da Companhia Geral da Agricultura dos Vinhos do Alto Douro.
Seria, ainda, empresário da 2ª época de ópera do Teatro S.
João, em 1818/1819 (quatro anos após ter ocorrido a 1ª época), talvez por sua
esposa (D. Teresa Benedita da Silva Pedrosa) ter “uma soberba voz de soprano, de que sabe tirar o maior partido… que
brilharia mesmo ao lado das mais belas vozes de Itália”.
Foram seus filhos: D. Joana Carolina de Brito e Cunha, José
de Brito e Cunha, D. Ermelinda Júlia de Brito e Cunha, João Eduardo de Brito e
Cunha, António Bernardo de Brito e Cunha e D. Maria Emília de Brito e Cunha.
Palacete dos Vilar de
Perdizes
Este palacete teria sido mandado construir pelo Dr.
Bartolomeu de Macedo Malheiro de Moraes que, aí, já habitava em 1727.
“Dr. Bartolomeu de Macedo
Malheiro de Moraes, nascido a 11.4.1665 em Melres (…).Faleceu a 6.3.1738 na sua
casa da Rua da Taipas (…).
(…) desembargador da
Relação do Porto (3.1.1726) e ouvidor do crime na mesma Relação
(25.8.1727). Deixou manuscrita uma "Notícias das Igrejas do Bispado de Coimbra", datada de 1726
(Academia Real da História Portuguesa).
Viveu sobretudo na
cidade do Porto, onde fez casa na Rua das Taipas (casa onde hoje está instalado
o Instituto Multimédia), já aí habitando em 1727 (…).
Casou a 1ª vez a 1.7.1693
em Melres com sua parente D. Maria Pinto Brandão (…).
Casou a 2ª vez, cerca
de 1723 e depois de 8.7.1721, com sua prima D. Antónia de Moraes Sarmento
Pimentel, nascida no Porto cerca de 1700 e falecida viúva a 18.8.1784 na casa
da Rua das Taipas, ib (Victória), com testamento, deixando testamenteiro seu
genro, sendo sepultada na matriz”.
Cortesia do Professor Manuel Abranches de Soveral
(História/Genealogia)
Será com origem no casamento de Antónia Benedita de Macedo
Moraes Sarmento Pimentel Moura da Veiga, neta do Dr. Bartolomeu Moraes, filha
de uma das suas filhas, de nome Antónia Narcisa de Macedo Moraes Sarmento
Pimentel de Mariz, que o palacete vai ficar identificado com Vilar de Perdizes,
por matrimónio de Antónia Benedita com o 9º morgado do prestimónio (Pensão
separada das rendas de um benefício para sustento de um sacerdote) de Vilar de
Perdizes e do Hospital de Santa Cruz.
Assim, Antónia Benedita irá contrair matrimónio e, passado
um ano, irá falecer. Os factos são narrados a seguir:
“Faleceu a 3.1.1806 na
casa da Rua das Taipas, com apenas 25 anos de idade, indo a sepultar a um
carneiro que seu marido tinha no mosteiro de S. Francisco.
Casou a 24.2.1805 no
Porto (Victória), no oratório da casa da Rua das Taipais, com João António de
Souza Pereira Coutinho de Yebra e Oca Drago da Cunha e Castro Guedes de
Carvalho, 9º morgado do prestimónio de Vilar de Perdizes e do hospital de Santa
Cruz, fidalgo cavaleiro da Casa Real (14.10.1799), alcaide-mor do castelo de
Piconha (20.12.1800), capitão agregado do Regimento de Infantaria de Bragança,
etc., que nasceu a 30.5.1771 em Vilar de Perdizes e faleceu a 14.5.1825 na casa
da Rua das Taipas, com testamento, deixando herdeiro e testamenteiro seu único
filho, e indo a sepultar ao carneiro que tinha no mosteiro de S. Francisco,
onde já estava sepultada a mulher.”
Cortesia do Professor Manuel Abranches de Soveral
(História/Genealogia)
António de Souza
Pereira Coutinho de Macedo Moraes Sarmento Pimentel (1805-1864), com geração
nos morgados de Vilar de Perdizes, acabaria por herdar de seu pai o palacete de
Vilar de Perdizes, da Rua das Taipas, como filho único.
Em 1839, já o
palacete estava à venda.
“Anúncio: vende-se o Palácio de Vilar
de Perdizes, na rua das Taipas, 71”.
In jornal o
“Periódico dos Pobres no Porto” de 17 de Agosto de 1839, p. 857
O Palacete de Vilar
de Perdizes quer na sequência dum contrato de compra e venda, quer em resultado
duma união por matrimónio, acabaria, segundo opinião de Germano Silva, nas mãos
da família Brito e Cunha, que possuíam a sua casa principal, também na Rua das
Taipas (mais a montante).
Segundo alguns, a Pedra de Armas, que estava na frontaria do
prédio e era dos Brito e Cunha foi, em tempos, retirada e, está, em Matosinhos,
nos jardins da Casa do Ribeirinho.
O certo é, que na segunda metade do século XIX, lá viveram
Francisco de Moura Coutinho de Almeida d'Eça (1816-1899) e Ignez Francisca de Salles Paiva de Sousa Brito (?-1879).
Diz-se, que Francisco de Moura, quatro meses após o
falecimento de Ignez Francisca, voltaria a casar, tendo dois filhos do anterior
matrimónio.
Uma outra opinião, sobre aquele casal, é-nos dada por
Alberto Pimentel que, talvez traído pela sua memória, afirmou que quem
sobreviveu àquele casamento foi D. Ignez Francisca.
“O palácio dos
Vilar-de-Perdizes, na Rua das Taipas, pertencia ao número dos poucos edifícios
nobres que ficavam no meio da população. Habitava-o uma senhora daquela
família, D. Ignez de Sales de Paiva de Moura Coutinho d'Almeida Eça, viúva, com
dois filhos. O palácio, posto que rodeado pelo ruído da cidade, denunciava-se
como sendo o solar melancólico de uma família, que tivera em Lisboa um
representante, D. Alexandre de Sousa, aliás celebrado em mundanidades ruidosas”.
Alberto Pimentel, In “O Porto há 30 anos”, Pág. 41 – Edição
da Universidade Católica Editora-Porto
Palacete dos Vilar de Perdizes ainda com a sua pedra de
armas visível no frontão – Ed. Germano Silva, In "Porto nos Lugares da
História"
Palacete dos Vilar de Perdizes sem a pedra de armas - Ed.
Isabel Silva
Pedra de Armas dos Brito e Cunha vinda da Rua das Taipas,
instalada no jardim da Casa do Ribeirinho em Matosinhos
A ser correcta a
informação contida no espolia da colecção de fotografias da “Foto Guedes”,
neste palacete começaria por se alojar, entre 1903 e 1904, a nova Escola de Cegos
do Porto criada pelo jornalista lisboeta, Branco Rodrigues. Acontece que, em
1904, a escola já estava alojada num edifício da Rua Ferreira Cardoso, pelo que
esteve na Rua das Taipas, apenas, de passagem.
O palacete de Vilar
de Perdizes também acabaria por albergar, mais tarde, as Escolas Comerciais Oliveira
Martins, Mouzinho da Silveira e Filipa de Vilhena.
Quando, em 1972, nasceu
o curso de Filologia Germânica, da Faculdade de Letras, da Universidade do
Porto, foi necessário recorrer a este palacete.
Eram tempos em que aquela
faculdade estava instalada em vários edifícios.
Nos dias de hoje, aí
funciona o Instituto de Multimédia.
Anúncio de 1907 de espectáculo a favor da Escola de Cegos do
Porto
No anúncio acima é publicitada uma récita a favor da Escola
de Cegos do Porto.
Casa das Taipas ou Palacete dos Leite
Pereira da Casa de Ramalde
A Casa das Taipas ou palacete dos Leite Pereira teria sido comprada
ao Correio-mor de Coimbra, Francisco Zuzarte Maldonado, por D. Maria Leite
Pereira de Melo que, em 1734, mandaria colocar as suas armas na frontaria.
Na Casa das Taipas nasceria Henrique da Silva da Fonseca de
Cerveira Leite (1784 - 1852), que viria a ser visconde de Alcobaça, um título
atribuído por decreto de 22 de Dezembro de 1841, pela rainha D. Maria II.
Henrique da Silva da Fonseca de Cerveira Leite foi um dos
mais importantes militares das guerras liberais. Foi perseguido pelos
absolutistas e obrigado a exilar-se, primeiro na Galiza, e depois em
Inglaterra. Atingiu o posto de Coronel, liderando o Regimento de Infantaria n.º
18 e, mais tarde, em 1832, comandou uma das divisões do exército que
desembarcou no Mindelo.
Recebeu o título em vida de Barão de Alcobaça em 1 de
dezembro de 1834 e, em 1841, o de Visconde de Alcobaça de juro e herdade. Foi
Comendador da Ordem de Aviz e Oficial da Ordem Militar de Torre e Espada.
No início do século XX serviu de sede ao Clube Inglês, que
se viria a fixar, posteriormente, noutro palacete nobre, próximo, na Rua das
Virtudes.
Nas suas instalações viria a funcionar, ainda, uma drogaria
que aparentemente se manteve até à segunda metade do século XX e foi também um local de armazenamento de bananas.
Na 2ª metade do século XX foi alvo de dois incêndios ao
nível do 2º piso.
“O segundo piso chegou
a ter zona de fabrico de bombas e pequena fundição ligada à ourivesaria.
As adaptações efectuadas
pelos ocupantes, apesar de dissonantes, não são irreversíveis. No piso térreo
anteriormente à firma actual, esteve instalada a Drogaria Pinheiro. Esta casa
constitui uma construção incompleta, como se constata pelo tratamento e desenho
da escadaria principal. Existe uma rampa em granito desde a R. de S. Miguel até
ao piso térreo, que constituiria a entrada dos cavalos para o actual logradouro
coberto (antiga cavalariça), exactamente no acesso à casa contígua. Estranha
ocupação do lote pela construção”.
Fonte: Isabel Sereno, em 1998, In “monumentos.gov.pt”
Drogaria Pinheiro & Oliveira, c. 1940, instalada no palacete
Brasão do Palacete dos Leite Pereira
Palacete das Taipas - Fonte: CMP; Arquivo Histórico
Municipal
Rua das Taipas – Fonte:
“aportanobre.blogs.sapo.pt”
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