Prédio na Rua do
Ouro, nº 200
Prédio da “Cardosa”, na Rua do Ouro, nº 200 - Fonte: Google maps
Fachada principal de prédio localizado próximo à Fonte do
Ouro - Fonte: AHMP
A Fonte do Ouro e, à direita, a “Casa da Cardosa” – Ed. J.
Bahia Junior, 1909
O pedido de licenciamento para a construção do prédio, sito
como próximo à Fonte do Ouro, foi solicitado em 12 de Março de 1862, por
Joaquina Margarida Cardoso.
Este prédio era identificado em 1892, na planta de Telles
Ferreira, como “Casa da Cardosa” e localizava-se na esquina da Rua do Ouro com
a Calçada do Ouro, confrontando, a nascente, com a Fábrica do Gás.
A Casa da “Cardosa” (à esquerda) e a Fábrica do Gás
Aqui, morou, até ao seu falecimento em 21 de Agosto de 1890, Joaquina Margarida Cardoso,
casada em 2ªs núpcias com Francisco Cardoso da Cunha, que foi seu testamenteiro
e que haveria de falecer dois anos depois.
Joaquina Margarida Cardoso havia sido casada, antes, com
Manuel Cardoso dos Santos, seu primo, de cujo casamento resultaram três filhos:
António Cardoso dos Santos, Joaquim Cardoso dos Santos e Joaquina Cardoso dos
Santos.
Manuel Cardoso dos Santos (1796-1851), nascido na Quinta da
Granja, Lugar de S. Martinho de Lordelo, foi um Brasileiro de torna-viagem, um dos Contratadores do Tabaco e
havia adquirido o edifício, que era uma ala inacabada do Convento dos Lóios
(ou Convento Novo de Santa Maria da Consolação, ou Convento dos Cónegos
Seculares de S. João Evangelista), com vista a terminar o edifício.
A Quinta da Granja situava-se no Lugar de Lordelo e dava o
nome a uma ribeira que desagua a poucas dezenas de metros, no rio Douro e, que,
pelo seu trajecto, vai tomando o nome dos lugares por onde passa: Ribeira da
Agra, Ribeira de Ramalde, Ribeira de Lordelo, Ribeira de Grijó, Ribeira de
Penoucos, Ribeira do Ouro e finalmente Ribeira da Granja.
À Ribeira da Granja, já praticamente na sua foz, vem desaguar o Rio Escuro (entubado) que vem lá dos lados da Capela de Nossa Senhora da Ajuda, umas centenas de metros mais a montante.
À Ribeira da Granja, já praticamente na sua foz, vem desaguar o Rio Escuro (entubado) que vem lá dos lados da Capela de Nossa Senhora da Ajuda, umas centenas de metros mais a montante.
À data do nascimento de Manuel Cardoso dos Santos, S.
Martinho de Lordelo ainda pertencia ao concelho de Bouças (Matosinhos) e só
integraria o concelho do Porto, como freguesia, com o decreto de 6 de Novembro
de 1836.
Fotografia aérea de Lordelo do Ouro em 1939-40 – Fonte: AHMP
Legenda:
1 Rio Douro
2 Foz da Ribeira da Granja
3 Ilha do Frade
4 Terrenos da Quinta da Granja
5 Granja de Cima
6 Largo António Calém
7 Manutenção Militar
8 Estaleiro do Ouro
9 Pasteleira
Decreto de expropriação, em 1919, dos terrenos para
construção do Bairro Operário de Lordelo do Ouro, em terrenos da Granja de Cima
Regressando à remodelação do convento dos Lóios, acontece
que em virtude do falecimento de Manuel Cardoso dos Santos, não lhe foi
possível completar essa tarefa e seria a sua mulher, a quem chamavam “A
Cardosa”, a fazê-lo.
À sua morte, Manuel Cardoso dos Santos possuía uma fortuna, que
depois de deduzido o dote da mulher, montava em 484.552$315 réis.
Para além dos muitos edifícios no Porto, Gaia, Vila do Conde,
Almada, Lisboa e Brasil, tinha um enorme lote de títulos de crédito, de
embarcações, cortinados bordados e de damasco, muitos diamantes, inúmeras joias,
faqueiro e muitos objectos de prata, rico mobiliário e piano. Dizem, porém, que
nem um único livro possuía.
Moradia na Rua de
Alexandre Herculano, nº 289
Moradia na esquina da Rua de Alexandre Herculano e Rua Duque
de Loulé – Fonte: Google maps
A moradia localizada na Rua Alexandre Herculano, nº 289
(teve o nº de polícia, 207), esteve durante muitos anos devoluta e em situação
de degradação, entrou no ano 2020, em processo de recuperação.
O seu primeiro proprietário foi Joaquim José Dias Pereira, um
grande capitalista, dono de uma vasta fortuna, que a mandou erguer em 1888.
Aí, primeiro enviuvou e, depois, faleceu em 1919.
Foi casado com Rita Augusta da Silva Pereira, casamento do
qual resultaram 6 filhos (3 rapazes e 3 raparigas).
Em testamento, agindo sobre a sua quota disponível, o prédio
foi deixado para as suas duas filhas, Ângela e Alcina.
A partir de 2023, o antigo palacete foi ocupado por uma
unidade hoteleira – Hotel G. A Palace – Fonte: Google maps
Prédio a norte da
Praça do Marquês
O prédio que se situa a norte da Praça do Marquês, e que faz
esquina e tem entrada pela Rua de Costa Cabral, foi começado a construir em
1864.
Foi seu primeiro proprietário, Francisco Ferreira Zimbres,
brasileiro de torna-viagem, negociante no Brasil em sal grosso, com várias
casas comerciais e sede em Santos e que, em 28 de Abril de 1864, requeria a
respectiva licença de construção, que ficou registada com o nº 8/1864.
À data, a Rua de Costa Cabral já tinha sido aberta desde
1851, e a Rua 27 de Janeiro, que havia depois de ser a Rua da Constituição,
também.
Por outro lado, a actual Praça do Marquês era o Largo da
Aguardente (já com a sua forma rectangular) e só o deixou de o ser, em 1867,
quando passou a ser a Praça da Constituição e, alguns anos depois (1882),
passou a ter o topónimo que hoje ostenta.
Ao longo dos anos, o prédio haveria de ter diversos inquilinos.
Prédio do Zimbres, na Praça Marquês de Pombal, em meados do século XX, tendo por inquilino uma firma de mobílias
Prédio de Francisco Ferreira Zimbres, na Praça Marquês de
Pombal – Fonte: Google maps
Prédio na Rua
Formosa, nº 201-203, de Joaquim Pinto da Fonseca
Este prédio, sito na Rua Formosa, 201-203, teve licença de
construção em meados do ano de 1825.
Foi mandado construir por João Pereira Batista Vieira Soares,
bacharel, advogado e juiz de direito criminal substituto, que é citado no
processo do julgamento de Camilo Castelo Branco.
Foi esta personalidade, por decisão régia de 1822, nomeado como
um dos responsáveis pelo Recolhimento
da Porta do Sol / Recolhimento de Nossa Senhora das Dores e de S. José das
Meninas Desamparadas.
No ano seguinte,
estava sob escrutínio real e impedido de se associar a qualquer sociedade
secreta.
Em 1846, o “Directorio
Civil, Politico, Commercial, Historico, e Estatistico da cidade do Porto e Vila
Nova de Gaia”, apresentava-o como advogado, na Rua Formosa.
Em 1857, depois do
prédio ter passado pelas mãos dos herdeiros de João Pereira Batista
Vieira Soares, passou a pertencer a Joaquim
Pinto da Fonseca (1816-1897) que, naquele ano, solicitava à Câmara uma
autorização para acrescentar mais um andar ao edifício.
Os Pinto da Fonseca tinham a sua casa, parque e jardins, que se estendiam por um pouco mais a montante da rua, em terreno onde, mais tarde, vieram dar os jardins do “Jardim Passos Manuel”.
Joaquim Pinto da
Fonseca foi sócio fundador
do Club Portuense e sócio gerente da Casa Bancária Fonsecas, Santos &
Vianna.
Entre 1837 e 1851,
esteve emigrado no Brasil, onde se dedicou ao negócio de tráfico de escravos,
cuja abolição o faz retornar a Portugal.
Em 1861, funda a
Casa Bancária Fonsecas, Santos & Vianna e torna-se seu sócio gerente até
1890.
A casa bancária
Fonsecas, Santos & Viana foi constituída em 27 de Maio de 1861, pelos
negociantes António Pinto da Fonseca, Joaquim Pinto da Fonseca, Carlos Ferreira
dos Santos Silva e Francisco Isidoro Viana e tinha sede em Lisboa.
Esta casa bancária
já em pleno século XX seria o embrião do banco “Fonsecas & Burnay”.
Em 1897, os dois filhos de Joaquim Pinto da Fonseca, Manuel e Joaquim, fundam a casa Bancária Pinto da Fonseca & Irmão, na Praça da Liberdade.
À direita, na Rua Formosa, 201-203, a casa que foi de João
Pereira Batista Vieira Soares – Fonte: Google maps
A porta lateral, mais a montante, indicia ser a entrada para
a cocheira, o lugar de garagem desses tempos.
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