Espectáculos de Benefício
Os espectáculos de benefício ocorriam para premiar um
artista, alguns personagens do mundo teatral ou, mesmo, uma companhia teatral,
sendo sessões anunciadas como tal e em sequência da qual, a receita revertia a
favor do(s) beneficiado(s), assegurando a sobrevivência financeira dos visados
ou complementando os seus rendimentos.
“Quando uma cantora
agradava ao público havia, habitualmente, uma festa de despedida a que se
chamava o “benefício”. Isto porque a receita de bilheteira lhe era
integralmente entregue. Eram momentos de grande entusiasmo, histeria, delírio e
até loucura. “... Bastará recordar que essas espécies de consagração
principiavam, de ordinário, pela entrada solene que a diva fazia no teatro por
sobre as casacas dos admiradores, que ao descer da carruagem, lhe serviam de
tapete, e terminavam por ser ela reconduzida a sua casa na mesma carruagem, não
já puxada pelos quadrúpedes que a trouxeram, mas pelos próprios admiradores,
que sofregamente se faziam substituir aos varais (com grande desvantagem, é
claro) às alimárias destinadas a tão disputado serviço”.
In “O Tripeiro”, Volume 2, 1/7/1909.
Algumas vezes, as actuações tinham fins filantrópicos.
Foi o que aconteceu quando a “Academia Dramática de Coimbra”,
composta na sua maioria por estudantes, daquela cidade, promoveu um espectáculo,
revertendo uma percentagem significativa da verba arrecada com a venda de
bilhetes, para o auxílio das «victimas
polacas da Revolução Nacional da Polónia» (O Comércio do Porto, 9.04.1863,
p. 2).
Anúncio no “Commércio do Porto” de 8 de Janeiro de 1856, de
espectáculo de benefício a levar a cabo no Real Teatro S. João
Anúncio no “Commércio do Porto” de 8 de Janeiro de 1856, de
espectáculo de benefício a levar a cabo no Teatro-Circo (Hoje, o Teatro Sá da
Bandeira)
A reconstrução do
Teatro S. João
Em 1909, a cidade começa a empreender a tarefa de reerguer
um novo teatro.
Assim, em 3 de Junho de 1909, são registados no 4º Cartório
Notarial do Porto os estatutos da Sociedade do Teatro de S. João. São
outorgantes, decidindo formar uma sociedade anónima de responsabilidade
limitada, com sede no Porto, sem sucursais, e com a denominação de Sociedade do
Teatro de S. João:
“ (…) o Dr. Adolfo da
Cunha Pimentel, à época Governador Civil do Porto, casado, residente na Rua do
Príncipe, Bento de Sousa Carqueja, casado, lente da Academia Politécnica do
Porto e jornalista, residente na Rua da Alegria, Arnaldo de Sousa Moreda,
casado, proprietário, residente na Rua de S. Jerónimo, Pedro Mariani Pinto,
casado, proprietário, residente na Rua do Barão do Corvo (Gaia), António
Joaquim Machado Pereira, casado, proprietário, residente na Rua de S. Roque da
Lameira, Alberto Nunes de Figueiredo, casado, proprietário, residente na Rua do
Crasto, este outorgante por si e na qualidade de procurador do Dr. Ricardo
Pinto da Costa Bartól, conde de Lumbrales, solteiro, maior, capitalista,
residente na Rua da Picaria, António Pedro Augusto da Costa, casado,
negociante, residente na Rua de Fernandes Tomás, João Baptista de Lima Júnior,
casado, negociante e proprietário, residente na Rua do Monte Crasto, Dr. Álvaro
de Vasconcelos, casado, advogado, residente na Avenida da Boavista, António da
Silva Marinho, viúvo, industrial e proprietário, residente na Rua da Piedade,
Eduardo Honório de Lima, casado, industrial e proprietário, residente na Rua de
Cedofeita, João Gomes do Espírito Santo, casado, oficial do exército e
residente na Rua do Sol, Manuel Reis, solteiro, negociante, residente na Rua da
Alegria, José de Oliveira Basto, casado, negociante, residente na Rua de Santa
Catarina, Ezequiel Ribeiro Vieira de Castro, casado, negociante e proprietário,
residente em Ermesinde (Valongo), António da Silva Cunha, casado, negociante,
residente na Rua de Santa Catarina.”
Cortesia de Maria José de Sousa Ferraria (2000)
Após alguns re-arranjos na repartição do capital accionista
e após alguns aumentos de capital, o novo teatro é inaugurado em 22 de Janeiro
de 1920.
Assim, em 22 de Janeiro de 2020 (está próximo), será a
comemoração do centenário daquele que, agora, é denominado Teatro Nacional de
S. João.
Construção do novo Teatro S. João
Novo Teatro S. João c. 1920 (postal) – Ed. Tabacaria
Africana
Quatro anos após a inauguração do novo Teatro S. João, a
capela de Nossa Senhora da Batalha, que lhe era fronteira, foi mandada demolir.
Essa capela foi construída (c. 1799) para substituir uma
outra, bem próxima, que dataria de 1686, e que tinha passado a albergar uma
imagem da santa, que estava numa edícula, localizada na Porta de Cima de Vila
da muralha fernandina.
Capela de Nossa Senhora da Batalha, à direita, e atrás o
Real Teatro S. João
Capela de Nossa Senhora da Batalha c. 1900 – Ed. Aurélio da
Paz dos Reis
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