1. Bairros
unifamiliares de continuidade (fora de vista)
Houve uma época em que foi prática dos proprietários particulares
abrirem arruamentos de serventia nos seus terrenos e, aí, construírem,
normalmente, em terrenos que tinham sido as quintas onde a população mais
abastada do séc. XIX passava os meses de Verão.
Essas práticas começaram no ocaso desse século, tendo continuado até
1940, apesar da legislação que desincentivava a prática.
Surgiram, assim, as Ruas Particulares e os Bairros
Particulares.
A actividade ligada ao negócio do imobiliário, nos seus diferentes
aspectos prosperou, nuns casos, noutros, nem tanto.
As novas soluções exploravam as possibilidades de optimização do lote
de terreno aproveitando a sua profundidade, dispondo, aí, conjuntos de moradias
em banda, com o propósito de substituição dos pardieiros utilizados pela classe
operária por casas airosas que integravam os novos padrões de conforto mínimo.
Estas propostas de iniciativa privada situavam-se num patamar intermédio de
qualidade entre a “ilha” e a pequena casa burguesa.
Em alguns casos, a construção das habitações tem por objectivo,
tornar visível um tipo de habitação correntemente escondida do olhar público ou
na maioria deles ao usar a estratégia dos construtores de “ilhas”, configuram uma casa melhorada sobre a face da rua, escondendo o restante
conjunto no interior do lote.
Bairro Abílio
Braga e D. Maria Braga
Bairro Abílio Braga e D. Maria Braga, na Rua de Monsanto, nºs 271-295
Identificados em tempos como se dois bairros se tratassem, afinal, é um
só, conhecido por Bairro Silva Braga, com projecto de 1928 e começado a
construir em 1930.
Pedido de alterações solicitado à C. M. Porto pela “Construtora
Portuense de Casas Económicas, Lda”, ao projecto aprovado com a licença, nº 326
do ano 1928, referente ao que se viria a chamar Bairro Silva Braga – Fonte:
AHMP
Planta do Bairro Silva Braga, anexa ao requerimento supra – Fonte: AHMP
O bairro com “42 moradas de casas” haveria de tomar o nome
daqueles que foram os seus senhorios mais importantes.
Foi sempre um bairro de propriedade privada, mas em 1977, começou a ser
vendido aos seus ocupantes que introduziram alterações importantes nas fachadas
das habitações.
Dos primeiros tempos, restam meia dúzia de casas onde se pode ainda
vislumbrar a arquitectura dos anos trinta do século XX.
Com entrada para o complexo habitacional pela Rua de Monsanto, tem a
passar, nas suas traseiras devidamente encanado, o ribeiro que passando na
Prelada e atravessando a Rua de Requesende, vai em Ramalde do Meio juntar-se a
um outro, vindo do Padrão da Légua dando, a partir daí, origem à Ribeira da
Granja.
Bairro Maria
Albertina
Eduardo da Rocha Mendes, em Junho de 1929, solicitava à C. M. Porto a
construção do que viria a ser o Bairro Particular de Maria Albertina. Aquele
empreendedor, que tinha residência na Avenida Rodrigues de Freitas, possuía
inúmeros terrenos na Rua do Duque de Saldanha e em ruas próximas.
Requerimento para licenciamento de construção de dois prédios na Rua
Duque de Saldanha e, entre eles, numa rua particular perpendicular àquela, mais
20 casas
Alçado da frente de duas casas e acesso, a meio delas, a bairro de 20
casas na Rua de Duque Saldanha – Fonte: AHMP
Prédios na Rua Duque de Saldanha fazendo parte do Bairro Maria
Albertina, ladeando a entrada para a Rua Particular – Ed. MAC
Entrada do Bairro (Rua Particular Maria Albertina), na Rua Duque
Saldanha a poucos metros do Bloco de Duque de Saldanha, com a mesma perspectiva
da do desenho anterior – Ed. MAC
Na foto, em Outubro de 1937, o começo da construção do Bloco Camarário
da Rua de Duque Saldanha, sendo visível, a meio da foto, as traseiras, voltadas
a Norte, de uma correr de casas do Bairro Particular Maria Albertina
Bairro
Particular na Rua Pedro Hispano, 937
O bairro situado actualmente na Rua de Pedro Hispano, 937 e, que, à
data de construção, tinha morada na Rua da Carcereira, com o mesmo número de
polícia, foi mandado construir por João Machado Fonseca de Castro em 1927, de
acordo com o pedido de licenciamento abaixo.
Encontra-se próximo da entrada das urgências da Casa de Saúde da
Boavista.
Pedido de licenciamento para construção de bairro na Rua da Carcereira,
937
A memória descritiva do projecto deste bairro fala em 20 casas, das
quais 18 (térreas) que se posicionavam em 2 grupos de 9, com frente para um
arruamento de serventia de 6 metros de largo e com cerca de 67 m de comprido,
sendo dotadas de um pequeno quintal com c. 93 m2.
As restantes 2 casas, independentes, separadas do bairro por um
quintal, situar-se-iam à entrada do arruamento (de cada lado) e seriam de
rés-do-chão e 1º andar (entretanto demolidas para alinhamento da rua).
Entrada do bairro na Rua de Pedro Hispano, 937 – Fonte: Google maps
Interior do Bairro da Rua de Pedro Hispano, 937 – Ed. MAC
Bairro
Particular de Vale Formoso
Na actual Rua Alcácer Ceguér
Entre Dezembro de 1938 e o mês seguinte, João Pimentel Júnior apresenta
requerimentos à C. M. Porto, para licenciamento do que viria a ser o Bairro
Particular de Vale Formoso – Fonte: AHMP
A construção do Bairro Particular do Vale Formoso compreende o
levantamento de 14 casas identificadas no desenho apenso ao processo de
licenciamento submetido à C. M. Porto, neste caso, para 6 moradias (coloridas)
– Fonte: AHMP
(Continua)
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