sábado, 21 de março de 2020

25.85 Indústria de Chapelaria (Actualização em 24/03/2021)


A indústria de chapelaria teve uma importância fundamental no panorama da indústria portuense, desde o final do século XVIII e durante todo o século XIX até à década de 1920.
Primava pela qualidade superior da manufactura que tinha raízes em antigas ocupações de cariz popular e familiar.
Assim, inúmeras oficinas com larga experiência viriam, na década de 1870, a dar origem a unidades fabris de alguma dimensão, de chapéus de feltro e ainda de outras, em que a matéria-prima era seda e a palha.
Actividade sujeita aos ditames da moda oriunda de Paris ou de Londres e de matérias-primas da mesma origem, via-se a braços com grandes dificuldades de afirmação, face à volumosa importação do artigo em causa.
A partir da década de 1920, a actividade chapeleira na cidade do Porto foi-se apagando e nos dias de hoje é praticamente inexistente.
A toponímia explicita-a, por exemplo, na Rua do Rosário (aberta pelo meio da Quinta do Carregal pertencente ao empresário chapeleiro Domingos do Rozario do Nascimento e Almeida) e na Rua da Fábrica Social (que dava acesso a esta importante unidade localizada no Alto da Fontinha).


“Ao sabor das modas importadas, a produção portuense foi inicialmente de chapéus grossos de lã; depois surgiu, a partir da segunda metade do século XVIII, a produção de chapéus finos de pêlo; e a partir de finais da década de 1820, a produção de chapéus de pelúcia de seda, que passaram a rivalizar com os chapéus finos, enquanto os chapéus grossos deixavam de ser produzidos na cidade e concentravam a sua produção nas de Macieira de Cambra e S. João da Madeira que se vieram juntar à tradicional produção de Braga”.
Cortesia de José António Real Pereira Ramada, In “A Indústria Chapeleira Portuense”


Aos artesãos que manufacturavam os chapéus de lã era dado, no século XIX, o nome de sombreireiros, enquanto aos de chapéus de feltro, o de chapeleiros.
A congregação dos sombreireiros, até 1834, atestava da autorização de existência das pequenas oficinas, muitas vezes, associadas a lojas.
Estas oficinas-lojas tinham, em certos casos, privilégios como o de isenções fiscais, tomando então a denominação de “fábricas reais”.



Fábricas de chapéus no Porto entre 1865 e 1911 – Cortesia de José António Real Pereira Ramada, In “A Indústria Chapeleira Portuense”



A Rua de Santo António viria a revelar-se, desde sempre, como um dos principais centros afectos à actividade de chapelaria, quer no âmbito industrial como no comercial.
É exemplo disso, a chapelaria com fábrica fundada em 1832, por António Frederico Sternberg, na Rua de Santo António, nº 108-109, depois o nº 211.
Em 1909, ocupava essas as instalações a chapelaria “Camélia Branca – Chapeos para Senhoras e Crianças”, de Jayme Pinto, que à data rivalizava com a chapelaria de Carlota Schmitz, na Rua de Santa Catarina, nº 303.
Na transição de séculos, era muito frequentada a chapelaria "Royal Hatt" de Mamede José Carvalho, com loja na esquina das ruas de Santo António e de Santa Catarina, cujas instalações seriam cedidas à ourivesaria Reis & Filhos, indo, depois, ocupar o nº 215 da Rua de Santo António, por onde, também, se instalariam as Galerias Lafayette.
Mamede José Carvalho e o seu pai tinham sido empregados na fábrica de chapelaria Maia e Silva, na mesma rua.




“Um caso interessante, a destacar, foi a ocupação do mesmo edifício ou local por sucessivas fábricas ou lojas de chapéus de que podemos apresentar, entre outros, dois exemplos, ambos na Rua de Santo António, actual Rua 31 de Janeiro.
Assim, na primeira metade do século XIX, nos então números 161-162 (pois a numeração era corrida, diferente da actual) funcionaram sucessivamente a fábrica de Bento José Vieira, a loja de Miguel António Garcia, novamente Bento José Vieira e finalmente Francisco António Outeiro que se conservou nesse local cerca de duas décadas, mudando depois para o número 216, onde o vamos encontrar em 1854.
Mais prolongada foi a ocupação do primeiro prédio lado direito de quem sobe a mesma rua.
Entre 1813 e 1817, o prédio então com o número 167-168 foi ocupado pela fábrica particular de José António Lopes Guimarães passando, desde 1817 até aos inícios da década de 1820, a pertencer à fábrica privilegiada de Félix Tomás de Magalhães.
Com a decadência desta indústria, foi ocupada por outros inquilinos, mas, a partir de 1854, pelo menos, passou a abrigar a loja de chapelaria de Jacinto José Gonçalves, proprietário da Fábrica Social, recebendo então o número 224. Com a mudança de numeração, ocorrida após 1860 passou a ter o número 2 e, no mesmo local, passou mais tarde, a partir da década de 1880 a funcionar loja e oficina de apropriagem da fábrica Victorino de Almeida que nesse local permaneceu, ocupando agora o número 18, até à década de 1980, quando passou a pertencer à cadeia de lojas das sapatarias Vanda em cuja posse ainda hoje se mantem.”
Cortesia de José António Real Pereira Ramada, In “A Indústria Chapeleira Portuense”



Fábricas de Chapelaria


São referências incontornáveis deste sector de actividade a Fábrica Costa Braga, Maia & Silva e a Fábrica Social da Fontinha, tendo a partir da década de 1910 aparecido muitas outras.


“A partir de 1911, outras fábricas surgiram de novo ou continuando empresas anteriores, mas por poucos anos como as fábricas de chapéus de palha “A Americana” (de Alfredo d'Azevedo & C), “Fortunato Pinto d'Almeida”, “Correia & C" (mais tarde Avelino Augusto Correia), “Santos Abreu & C", “A Invicta” - chapéus de palha e feltro (de António Lopes de Almeida), etc. Em contrapartida, foram sucessivamente encerrando as suas portas as fábricas de chapéus de feltro, primeiro a de Maia e Silva que manteve apenas a casa comercial na Rua 31 de Janeiro, depois a Costa Braga & Filhos da Rua Firmeza (vendida com todo o seu equipamento em 1921), a “António Rodrigues Teixeira &  C", em 1935, a “Fábrica Social” em 1940, em 1951 a “Victorino de Almeida Lda”, e  a “Avelino Correia” em 1955, laborando por mais algum tempo “A jovial” (de José Lopes de Almeida), voltada para os chapéus de senhora  e criança. Podemos portanto concluir que a partir do início da década de 1940 apenas restavam 2 fábricas de chapéus de feltro importantes que encerraram na primeira metade da década de 1950. De então em diante, a indústria chapeleira do Porto contou apenas com a velha empresa “Centro da Moda”, produtora de chapéus de pano e bonés, fundada em 1897 por José Carvalho da Silva e pertencente, até 1989, à firma “Borges & Baião, Lda”.
De então em diante e até aos nossos dias foi substituída pela firma José & Baião que ainda hoje produz essa classe de chapéus. Os outros, de feltro, palha ou seda, são produzidos por fabricantes nacionais, por exemplo de S. João da Madeira ou importados”.
Crédito a José António Real Pereira Ramada, In “A Indústria Chapeleira Portuense”




Real e Imperial Chapelaria a Vapor de Costa Braga & Filhos”,


Francisco António da Costa Braga esteve 24 anos no Brasil, e aí montou, mais propriamente, no Rio de Janeiro, uma fábrica ligada à chapelaria a vapor, o que lhe rendeu a acumulação de importantes capitais e, em 1863, pode por decisão do imperador usar na unidade industrial o título de “imperial fábrica de chapéus”.
Casado e com filhos, regressa ao Porto e, em 1866, monta uma fábrica do mesmo ramo na Rua de Santo António, nº 194.
Em 7 de Julho de 1866, um Sábado, realizou-se a inauguração da Costa Braga & Filhos, Chapelaria, na Rua de Santo António, cerimónia presidida pelo governador civil do Porto, visconde de S. Januário. Durante todo esse dia tocou o Regimento de Infantaria n.º 5, incluindo um hino composto especialmente para a ocasião, pelo sr. Francesco, como pode ser lido num extenso artigo no jornal “O Braz Tisana”, na primeira página do dia seguinte.
Nessas instalações Francisco António da Costa Braga haveria, em Março de 1872, de receber a visita do imperador D. Pedro.
Uma crónica dessa visita rezava assim:
 
Pelas três horas da tarde o Imperador, acompanhado do ex."" barão de Itaúna e dr. Forbes, visitou esta chapelaria a vapor, estabelecida na rua de Santo António.
O sr. Costa Braga e seus filhos receberam o imperial visitante com as maiores demonstrações de gratidão e respeito, e muito mais penhorados ficaram pela nímia delicadeza de Sua Majestade em querer conhecer pessoalmente a esposa do sr. Costa Braga, a qual, sendo-lhe apresentada, houve por bem Sua Majestade inquirir sobre a sua naturalidade, vindo a saber que é natural do Rio de Janeiro, e baptizada na freguezia de Santa Rita. Em seguida visitou as officinas dos propiagistas e costureiras, dos fulistas (onde pediu para ver moldar um chapéu), do salão dos arcos mecânicos, e das machinas de Soufleuse e de afinar. Sua Majestade fez varias perguntas aos operários com aquella extrema delicadeza e bondade inimitável que nelle é proverbial. Depois passou ao salão, luxuosamente preparado, onde o sr. Costa Braga lhe mostrou os diversos productos manufacturados, que Sua Majestade minuciosamente examinou…”.
 
 
Mais tarde, Francisco António da Costa Braga ampliaria as instalações, com a mudança para instalações localizadas num terreno da Rua Firmeza, com frente também para a Rua Duquesa de Bragança (Rua D. João IV).
Em 1876, a chapelaria já estaria neste local, de acordo com o anúncio publicado no "Guia do Viajante na Cidade do Porto e seus Arrabaldes" (1877), de Alberto Pimentel.




Na esquina das daquelas duas ruas, implantada no terreno da nova fábrica que passou a denominar-se, “Real e Imperial Chapelaria a Vapor de Costa Braga & Filhos” esteve localizada uma fonte que, primitivamente, foi implantada na Praça da Trindade, do lado poente do edifício do hospital e que, em 1853, foi demolida devido a obras que se fi­zeram na via pública, sendo, mais tarde reconstruída, precisamente, na Rua Firmeza.
No chão da fábrica esteve, recentemente, a Escola Soares dos Reis e, agora, está a Escola de Hotelaria.
Quando a Escola Soares dos Reis foi construída na década de 50 do século XX, foi a fonte transplantada para a Praça das Flores.
A escola começou por se chamar Escola de Desenho Industrial de Faria de Guimarães do Bonfim e, durante 40 anos, deambulou por várias instalações improvisadas até aí se fixar.
Viria a mudar nos dias de hoje, para a Rua Major David Magno, mais exactamente, para as instalações que foram da Escola Oliveira Martins, que, por sua vez, tinha vindo para aqui da Rua do Sol.
 
 
Instalações na Rua Firmeza da Fábrica de Chapelaria Costa Braga & Filhos
 
 
As antigas instalações ficaram como armazém de vendas e fábrica de chapéus de seda.
Em 1881, a fábrica já tinha ultrapassado a sua concorrente, “A Social”, produzindo 300 chapéus diários.
O fundador da empresa, comendador Francisco António da Costa Braga, foi concessionário da 1ª linha de carros americanos entre o Porto e a Foz, tendo sido, também, vereador municipal.
Quatro vezes ao ano, a Chapelaria Costa Braga & Filhos publicava um catálogo, em forma de revista, chamada “A Moda”, definida em 1884 pelo Diário Popular de Lisboa, a propósito do nº 5 de “A Moda” como sendo:
 
uma publicação trimensal, elegante, distincta, que sob bella forma nos dá, com algum artigo interessante acerca das relações do estado com a indústria nacional, uma estampa de figurinos em phototipa”.
 
 
 
 

Gravura da Real e Imperial Chapelaria a Vapor, na Rua Firmeza, em 1885
 
 
 
O edifício da gravura acima, com todo o seu equipamento fabril, foi vendido, em 1921, a “António Rodrigues Teixeira & C" e, mais tarde, comprado pelo Estado, em 1928, para instalação da Escola Industrial Faria Guimarães, depois Escola Secundária de Soares dos Reis, construída em 1955, naquele local e hoje, é ocupada pela Escola de Hotelaria.

 
Instalações da “Costa Braga & Filhos”, na Rua 31 de Janeiro, seu local desde sempre 



Chapelaria Baptista
 

Esta chapelaria foi inaugurada em 18 de Novembro de 1883, na Rua Formosa, nº 285, por um operário chapeleiro, originário de Viseu, António Augusto Baptista e por sua esposa, Amélia Baptista.




Publicidade da Chapelaria Baptista, em 1902 – Fonte: Almanaque Bertrand
 
 
 
Os primeiros anos da existência da chapelaria, daquilo que se conhece, dão conta que começou por se especializar na fabricação de chapéus de palha, tendo depois evoluído para confecção de outros modelos, não reportando qualquer outro facto relevante, mas, em 1911, sabe-se que o filho do fundador, António Augusto Baptista Júnior já era sócio, que a empresa tinha 2 operários e 42 mulheres ao seu serviço e que estava dotada de uma caldeira, um forno e cinco máquinas de coser.






Interior da Chapelaria Baptista com os fundadores e operários – Col. do Dr. João Duque, In revista “O Tripeiro”, 7ª Série, Ano XVII, Nºs 7-8, 1998


 

Chapelaria Baptista e a sua primitiva montra – Col. do Dr. João Duque, In revista “O Tripeiro”, 7ª Série, Ano XVII, Nºs 7-8, 1998
 
 
 
 
Entre 1910 e 1920, a Chapelaria Baptista chegou a fornecer a Presidência da República, e tinha a sua actividade no sector completamente consolidada.
Será, António Augusto Baptista Júnior que vai desenvolver a empresa e irá fazer, em 1928, grandes obras nas instalações, dotando a fachada da loja com duas montras e o prédio com um ascensor, uma novidade para a época, servindo até ao 2º andar.
Fez também furor o sistema montado de comunicação telefónica interno alimentado por pilhas de Le Clanché.
No 1º andar, foi montado um salão, apenas para servir o público feminino, que foi um sucesso. Para isso, contribuíram as visitas anuais que Baptista Júnior fazia a Paris, para se munir das últimas novidades e modelos.
Assim, no rés-do-chão estava a loja, no 1º andar o salão feminino e no 2º andar a oficina, sendo todos os pisos servidos pelo tal ascensor, encomendado em Paris à “Otis-Pifr”, com funcionamento eléctrico e, em alternativa, manualmente por intermédio de uma manivela.
Constituído por uma caixa de madeira e ferro possuía um espelho.
 
 
 

Chapelaria Baptista, à esquerda, em primeiro plano, dotada com as suas duas montras envidraçadas – Col. do Dr. João Duque, In revista “O Tripeiro”, 7ª Série, Ano XVII, Nºs 7-8, 1998

 
 
 
Em 1934, a Chapelaria Baptista vai ganhar uma medalha de ouro, durante a Exposição Colonial, realizada no Palácio de Cristal, e António Augusto Baptista Júnior dá sociedade a um seu sobrinho, João José Duque Júnior (1909-1969), que se tornaria seu genro.

 
 

Publicidade da Chapelaria Baptista, durante a exposição Colonial, em 1934
 
 
 
 
Em 1956, após o falecimento do seu sogro, João José Duque Júnior passa a gerir a firma com seu irmão, João Augusto Duque, até que este também acaba por falecer, em 1965.
Assim, de 1965 até 1969, a firma é gerida, unicamente, por João José Duque Júnior, até ao seu falecimento.
Aqui chegados, começava a notar-se uma mudança acentuada nos padrões da moda e a chapelaria começava a definhar paulatinamente.
A Chapelaria Baptista passará, então, para a alçada da viúva de João José Duque Júnior, Maria Alice Baptista Duque, que vai assegurar a passagem do centenário da loja, em 1983, quando em 1973, a fábrica já tinha encerrado.
Entretanto, a gestão era assegurada com o auxílio de um seu filho, João António Duque.
Em 1987, foi impossível continuar de portas abertas e a chapelaria encerrou.

 
 
 
 
Chapelaria Baptista, as suas montras e a “devanture” associada


 
A partir de 1917, a Chapelaria Baptista teve como vizinho, “A Pérola do Bolhão”.

 
 

Actualmente, o local em que esteve a Chapelaria Baptista foi ocupado por uma loja da conhecida fábrica de gelados Neveiros, mas a centenária “A Pérola do Bolhão” continua de portas abertas 





Maia & Silva


A firma Maia e Silva, depois Maia e Silva & Filho, passando a partir de 1920 a pertencer à firma Maia e Silva & Filho, Sucessor, depois Sucessores, Limitada, encerrou as suas portas nos inícios da década de 1930, quando ocupava instalações no nº 71, da Rua de Santo António. 
As respectivas instalações passaram a ser ocupadas, a partir daí, pela barbearia Daniel e pela casa Electrónia, Lda., estando actualmente, o número 69, ocupado com a barbearia Santo António e com o número 71 (parte comercial), embora alugado há anos à Drogaria Castilho, desocupado. 




O prédio onde se alojava a Chapelaria Maia & Silva é parcialmente visível, à esquerda da gravura, que no seu centro nos mostra o Teatro Baquet (antes de 1888)



Publicidade (1876) no “Guia do Viajante na cidade do Porto e seus arrabaldes” de Alberto Pimentel




No 1º prédio, à direita da foto, funcionou a chapelaria Maia & Silva







Fábrica Social (Alto da Fontinha)


A Fontinha está englobada numa área de expansão da cidade, resultante de uma acção incrementada, na segunda metade do século XVIII, pelos Almadas.
O sítio, enquadrado entre a Rua do Bonjardim (antiga estrada para Guimarães) e a nova Rua de Santa Catarina (antiga Rua Bela da Princesa), conheceria uma transformação radical com a chegada da Fábrica Social, em 1880, desconhecendo-se o local da sua anterior instalação, que se presume seria em local bem próximo.
O fabrico de chapéus contribui, como consequência da mão-de-obra necessária e associada à actividade, para que o movimento operário portuense conheça ali os seus primeiros passos.
Junto desta fábrica, haveria de surgir um bairro operário (com casas em banda) que ainda hoje se mantem, quase integralmente, de pé.



Bairro Operário da Fontinha – Fonte: Google maps



Bairro Operário da Fontinha – Cortesia Samuel Dias Carvalho, In “Fábrica Social” (parceria com Ana Ruivo, Pedro Carvalho e Samuel Rodrigues - 2008)



Por iniciativa de Jacinto José Gonçalves, em 1852, foi fundada a “Fábrica Social com firma de “Fábrica de Chapéus – Sociedade Gonçalves, Filhos & Cia.”, referenciada em almanaque de 1854-55, como “Fábrica Social de Chapéus de Seda e Castor”, instalada, primitivamente, presume-se, na zona da Fontinha.
O certo é que a sua loja estava localizada desde 1854, na Rua de Santo António, no primeiro prédio dessa rua, à direita de quem a subia.
Esta unidade fabril seria a primeira em Portugal a utilizar no fabrico o vapor e a confeccionar os famosos cocos.
Em 1880, a fábrica muda de instalações para o Alto da Fontinha.
Em 1881, já tinha sido abandonado o fabrico de chapéus de seda, que deixaram de ter procura, e a produção dirigiu-se para o fabrico de sacos, camisas e chapéus de feltro.




Anúncio de exposição promovida pela Real Fábrica Social, no museu Industrial e Comercial, ao Palácio de Cristal – In jornal “A Voz Pública” de  19 de Abril de 1890




Fábrica Social (1) – Fonte: Planta de Telles Ferreira de 1892



À data da planta anterior, as instalações fabris teriam já sido alvo de uma ampliação que têm uma nova intervenção de vulto e sofrem uma ampliação quando, em 1940, após uma mudança de propriedade, a fábrica passa a fabricar acessórios para a indústria têxtil e, no início da década de 1990, foi adquirida para instalação da empresa “Representações Jafe”, ligada ao comércio de artigos em plástico.
Em 1998, o escultor José Rodrigues instala o seu atelier de trabalho no que tinham sido as antigas instalações fabris e, em 2008, seriam ocupadas pela “Fundação José Rodrigues”, passando a albergar a sede desta e os ateliers do escultor.
Posteriormente, aí dividiram instalações a escultora Ana Carvalho, o Professional Ballet School of Porto e um projecto artístico, de origem teatral, criado em 1994 - Visões Úteis.



Entrada actual da Fábrica Social, no términos da Rua da Fábrica Social – Fonte: Google maps


(Continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário