1. Matosinhos
Padrão do Senhor da Areia
A Vila de Matosinhos, situada junto da foz do rio Leça, na sua margem
esquerda, foi criada em 1853. Antes, foi uma povoação sucessivamente chamada
de Matesinus e Matusiny.
“No ano de 900 já existia uma
pequena povoação com o nome de Matesinus que em 1258 se chamaria Matusiny, um
lugar da freguesia de Sendim. D. Manuel I concedeu-lhe foral em 30 de setembro
de 1514 e passou a pertencer ao concelho de Bouças em 1833, tendo como sede a
vila de Bouças, até 1836 designada Senhora da Hora. Até ao liberalismo
constituía o Julgado de Bouças.
Em 1853 foi criada a vila de
Matosinhos, constituída pela freguesia do mesmo nome e pela freguesia de Leça
da Palmeira, que passou a sede do concelho em substituição de Bouças. Em 1867 é
finalmente criado o concelho de Matosinhos, mas que acaba por desaparecer vinte
dias depois voltando a ter sede em Bouças. Dado que Matosinhos já se figurava
como um lugar mais importante em 6 de Maio de 1909 é criado o concelho de
Matosinhos que existe nos nossos dias. Foi elevada a cidade a 28 de Junho de
1984 com Narciso Miranda como Presidente da Câmara e Fernando Miranda como seu
vice”.
Fonte: pt.wikipedia.org/
Até ser construído o porto de abrigo de Leixões, entre 1884 e 1895, e
alguns anos após, a vila de Matosinhos ocupando a margem esquerda do rio Leça,
junto da sua foz, ia desde o rio até à Rua do Godinho.
Daqui, até à fronteira com o concelho do Porto existia uma vasta área
de terreno, plano, constituindo o chamado Prado
de Matosinhos ou Campo da Junqueira.
Aqui, vinham dar duas ribeiras com nascentes distintas, no Sítio das
Sete Bicas, na Senhora da Hora, a do Riguinha e a de Carcavelos que, após se
juntarem, seguiam numa única linha de água em direcção ao mar.
No século XIX, a extensa planície junto do mar foi local de instalação
de um hipódromo do Jockey Club Portuense, e o seu solo, para além das provas de
hipismo, foi aproveitado pela elite portuense para os primeiros pontapés na
bola, num jogo chamado futebol.
O Futebol Clube do Porto tem, aqui, as suas origens mais remotas.
Prado de Matosinhos - Ed.
Câmara Municipal de Matosinhos
Na foto acima, c. 1910, pode
ver-se o Prado de Matosinhos e o ribeiro que o atravessava e onde as mulheres
iam lavar a roupa, observando-se, à esquerda, o monumento ao Senhor do Padrão.
De notar que as ruas de Serpa Pinto e Heróis de França ainda não existiam.
Os terrenos desse prado
pertenciam ao Conde de Leça, José Leite Nogueira Pinto, e ao seu irmão Ernesto,
tendo começado naquela data, a ser vendido em talhões.
Nestes tempos a vila de
Matosinhos terminava na actual Rua do Godinho.
“(…) prado de Matosinhos, que ladeava a estrada que vinha da Foz por
Carreiros (por esta altura a Foz ainda pertencia ao concelho de Bouças), vemos
nesta imagem várias mulheres, acompanhadas de duas crianças, presumivelmente
suas filhas, a lavar roupa no ribeiro do prado. Tem esta imagem de curioso o
verem-se as ovelhas a pastar e uma mulher com a gamela de madeira á cabeça, tal
como se usava na época”.
Cortesia de Américo de Castro
Freitas
Na borda do mar, na Praia do
Espinheiro, no local onde a tradição diz que deu à costa a imagem de Cristo (segundo
a lenda local, no dia 3 de Maio do ano 124) foi levantado um imponente
zimbório, denominado Senhor do Padrão, ou Senhor do Espinheiro, ou Senhor da
Areia.
Segundo a maioria das opiniões
a sua construção terá ocorrido em 1758.
Em 1733, tendo brotado no
local, por artes miraculosas, uma nascente de água potável, já teria sido
edificada, na ocasião, uma pequena construção que permaneceu junto do zimbório.
O Senhor do Padrão foi,
também, uma estação da via ferroviária chamada Ramal de Leixões.
“A Ermida do Senhor do Padrão que nos recorda o lugar onde
apareceu a imagem do Nosso Senhor
Bom Jesus de Bouças.
Deverá ser anterior a 1733, mas não há nada que indique a sua
construção.
Mas junto ao monumento, encontra-se uma construção em pedra que encerra uma
fonte, resposta divina à súplica de uma crente ao Senhor do Padrão para o seu
mal de pele. Banhando-se na água obteve a cura. Esta fonte terá surgido em
1726, levando a crer que o Monumento é anterior”.
In portojofotos.blogspot
Junto do Senhor do Padrão,
esteve localizada a primeira praça de touros de Matosinhos.
“Já em 1888 se realizavam espectáculos taurinos neste laborioso centro de
pesca; em 28 de Julho de 1901, por iniciativa do conde de Bettencourt, de Raúl
Pinto de Sousa e de Afonso Faria era inaugurado novo redondel, este construído
não longe da Praia de Banhos “D. Carlos I”, por detrás da Memória do Senhor do
Padrão, porém a sua exploração não chegou a atingir uma década. Mais tarde,
nova praça foi erguida no antigo Campo de Sant’Ana, tendo uma duração ainda
mais efémera”.
Fonte - Guilherme Felgueiras,
In: Monografia de Matosinhos, 1958
Mercado de Matosinhos
O concurso
público para execução do projecto para a construção do Mercado de Matosinhos é
datado de 1936, tendo o gabinete de arquitectura, ARS-Arquitectos
apresentado o respectivo ante-projecto, que se destacou dos restantes e, por essa razão, seria incumbido da execução do projecto final, sujeito aos reparos técnicos e
estilísticos apontados pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais razão, pela qual, tiveram que adaptar as primeiras soluções apresentadas.
Decorrido
o concurso público para a construção do mercado de acordo com o projecto
vencedor, em 1939, no momento da assinatura do respectivo contrato de
construção, o vencedor desistiu sendo, por isso, a obra atribuída ao segundo
classificado – Luís José Oliveira.
Em virtude
da quantidade de expropriações e demolições (casas das ruas de Santo Amaro, dos
Camachos, do Burgal, de São Roque, do Cardeal D. Américo e de parte da R. de
Brito Capelo e, ainda, 2 largos existentes, o de 13 de Fevereiro e o do Areal)
que tiveram de ser feitas para a implantação do edifício, a sua construção só
teria início em 8 de Fevereiro de 1944.
A abertura
do mercado ao público aconteceu a 01/08/1952, embora tenha sido inaugurado
oficialmente em 27 de Maio de 1952, com a presença do Presidente da República,
o general Craveiro Lopes, durante uma visita às regiões do Porto e de Braga,
que decorreu entre 27 e 29 de Maio daquele ano.
Chegado a
27 de Maio, à cidade do Porto, utilizando o transporte ferroviário, o Chefe do
Estado inauguraria, naquele dia e no seguinte, antes de rumar a Braga, o Bairro
de Pescadores da Afurada, a ponte sobre a foz do rio Sousa, o mercado de
Matosinhos, o mercado do Bom Sucesso, o Estádio das Antas e, oficialmente, o Túnel
da Ribeira, que tinha entrado ao serviço algumas semanas antes.
O novo
mercado abre sobre uma grande praça axial à principal artéria de Matosinhos. O
eixo do edifício foi colocado de modo perpendicular ao bordo da doca de
Leixões, frente à qual se levanta a fachada principal do mercado. O edifício
foi disposto em dois pisos, aproveitando o declive do terreno: o pavimento
inferior destinado ao mercado de peixe e o piso superior destinado aos
restantes produtos.
No sub-solo
ficaram reservadas as arrecadações.
A fachada
norte está decorada com painéis cerâmicos da autoria de Américo Soares Braga.
O novo
mercado viria para substituir, um outro, bem próximo dele, construído pelo
município de Bouças em 1884, e alvo de obras em 1928.
Este velho
mercado situava-se numa área de planta triangular, com um dos lados num troço já
desaparecido da Rua de S. Roque, um outro lado sensivelmente no prolongamento
da Rua França Júnior e, um último, na continuação da Rua do Conde de S.
Salvador.
Capela de Santo Amaro
A capela da foto, abaixo,
construída no final do século XVII e, entretanto, demolida aquando da
construção do mercado de Matosinhos (inaugurado em 1952) e,
posteriormente, da doca nº 2 do porto de Leixões (com início em
1956), estava situada ao fundo da Rua Brito Capelo, num troço dessa rua já
desaparecido, confrontando lateralmente com a Rua de Santo Amaro (visível à
direita), também ela desaparecida.
Esta capela localizava-se
primitivamente, sensivelmente, onde hoje se situa a estação do metro, em frente
à fachada principal do Mercado Municipal.
“A Capela de Santo Amaro era de construção moderna e é provável que,
primitivamente fosse mais pequena, talvez de dimensões semelhantes às outras
capelas de Matosinhos, umas ainda existentes, outras já demolidas.
Depois, foi consideravelmente aumentada, enriquecendo-se com vários
altares e imagens, pertencentes às capelas desaparecidas. Assim, quando
desapareceu a Capela de Santa Luzia, que existia no fim da actual Rua
Cardeal D. Américo, veio para Santo Amaro um altar e uma imagem de Santa Luzia,
quando se destruiu a Capela de Santa Ana, para aformoseamento do lugar
onde hoje passa a Avenida Afonso Henriques, antiga Avenida Vitória, veio outro
altar e a imagem de Santa Ana, quando se abateu a Capela de Nossa
Senhora de Porto Salvo, que ficava defronte da Fonte dos Dois Amigos, veio
a imagem de Santa Rita, e, enfim, quando foi sacrificada a Capela do
Livramento, em Leça da Palmeira, para embelezamento da entrada da Ponte de
Pedra, veio a imagem de Nossa Senhora do Livramento, com a qual continuava a
haver grande devoção.”
Texto extraído do blogue
Monumentos Desaparecidos
Localização da capela,
assinalada por um círculo e pela seta amarela
Legenda
1. Rua de Santo Amaro
2. Rua de Álvares Castelões
3. Rua de França Jrº
4. Rua Conde de S. Salvador
5. Rua Brito Capelo
6. Rua do Paço
7. Rua de S. Roque
M. Antigo mercado de
Matosinhos
C. Capela de Santo Amaro
(Continua)
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