18.11
Praça da Trindade, Largo
do Laranjal e Igreja da Trindade
Praça da Trindade
Já na planta de Costa Lima de 1839, a praça se denominava da Trindade,
mas, ainda em 1877, diz Pinho Leal, era conhecida, incluindo as suas
imediações, por Laranjal.
Na planta de Balck de 1813, era Largo do Laranjal.
Foi ainda Praça da Erva.
Na planta de Balck de 1813, era Largo do Laranjal.
Foi ainda Praça da Erva.
Igreja da Ordem da Trindade
Em 1803, começava a ser edificada, sob o risco de Carlos Amarante, a
popular igreja da Trindade da Ordem Trinitária, denominada de acordo com fonte
oficial, como “Celestial Ordem Terceira da Santíssima Trindade da Redenção de
Captivos”.
Esta denominação tinha a ver com o resgate de navegantes raptados por piratas, iniciativas a que ficou ligada a figura do religioso João de Mata, que está representado numa estátua em granito na platibanda da fachada principal da igreja, bem como um outro, aí também figurado, Felix de Valois.
Aquelas duas personagens foram os precursores, entre o século XII e XIII, da formação de uma ordem religiosa militar para a execução daqueles ditos resgates.
A Santa Casa da Misericórdia do Porto, para além da Ordem da Trindade, teve também papel de relevo na cidade naquela missão de resgate de captivos capturados, principalmente por piratas do Norte de África.
A Ordem Trinitária ou da Santíssima Trindade substituiria, por mando do Papa Bento XIV, a Ordem Terceira de S. Domingos, extinta em 1755, depois de grandes conflitos com os Dominicanos, mas só nos alvores do século XIX, se veio aqui estabelecer no Laranjal.
A Ordem Terceira de S. Domingos tinha sido instituída antes, em 1676, no convento de S. Domingos.
Passam então e, fugazmente, pela capela da irmandade de S. Crispim e S. Crispiniano, na então denominada Rua da Biquinha.
Os antigos Terceiros Dominicanos, agora membros da Ordem da Santíssima Trindade acolheram-se, então, à capela de Nossa Senhora da Batalha.
Esta capela era aquela que ainda estava junto à Porta de Cima de Vila, a qual foi mandada demolir, por Francisco Almada, a quem é dirigido um aviso da mudança de local da capela em 21 de Junho de 1792, e que determinou a construção de uma outra, a poucos metros da primitiva, no sítio de “umas casas velhas e caídas que foram de João Pereira Falcão e terreno a elas contíguo”, mudança verificada em 1799.
Por esta razão, os membros da ordem da Santíssima Trindade, em face das alterações que se perspectivavam para a capela da Praça da Batalha vão, por cautela, em 1786, encontrar novo poiso na capela do Calvário Novo (aglutinando no seu seio os membros da confraria do Calvário), junto do Hospício dos padres Antoninos do Vale da Piedade, na Cordoaria, com quem acabam, também, por entrar em conflito, numa luta acesa pela posse da dita capela e pretensão de, nesse local, construir um outro templo muito mais imponente.
Por fim, em 1802, instalaram-se no Laranjal.
Em 1804, no Largo do Laranjal, já existe uma capela provisória, mas terão que passar mais de cem anos para ser concluída a obra.
Entretanto, a nova capela na Batalha viria a ser demolida de vez, em 1924.
As Invasões Francesas e dificuldades surgidas em 1821, durante a abertura dos alicerces para levantamento do arco cruzeiro, quando foi encontrado um manancial de água, contra-tempo que, dada a sua dimensão, esteve quase por determinar o abandono de todo o projecto, aliado ainda às lutas do Cerco do Porto, atrasaram sucessivamente a obra.
Em 1822, é inaugurado um pequeno hospital associado ao templo existente, que se juntava também à existente e conceituada farmácia, para servir fundamentalmente os irmãos da ordem e, em 1842, é terminada a fachada e a torre sineira.
Tendo sido os sinos benzidos em 1848, em 1852, dá-se início à construção da capela-mor que se arrasta por 40 anos mais. Em 1857, é inaugurado o Liceu da Trindade.
Esta denominação tinha a ver com o resgate de navegantes raptados por piratas, iniciativas a que ficou ligada a figura do religioso João de Mata, que está representado numa estátua em granito na platibanda da fachada principal da igreja, bem como um outro, aí também figurado, Felix de Valois.
Aquelas duas personagens foram os precursores, entre o século XII e XIII, da formação de uma ordem religiosa militar para a execução daqueles ditos resgates.
A Santa Casa da Misericórdia do Porto, para além da Ordem da Trindade, teve também papel de relevo na cidade naquela missão de resgate de captivos capturados, principalmente por piratas do Norte de África.
A Ordem Trinitária ou da Santíssima Trindade substituiria, por mando do Papa Bento XIV, a Ordem Terceira de S. Domingos, extinta em 1755, depois de grandes conflitos com os Dominicanos, mas só nos alvores do século XIX, se veio aqui estabelecer no Laranjal.
A Ordem Terceira de S. Domingos tinha sido instituída antes, em 1676, no convento de S. Domingos.
Passam então e, fugazmente, pela capela da irmandade de S. Crispim e S. Crispiniano, na então denominada Rua da Biquinha.
Os antigos Terceiros Dominicanos, agora membros da Ordem da Santíssima Trindade acolheram-se, então, à capela de Nossa Senhora da Batalha.
Esta capela era aquela que ainda estava junto à Porta de Cima de Vila, a qual foi mandada demolir, por Francisco Almada, a quem é dirigido um aviso da mudança de local da capela em 21 de Junho de 1792, e que determinou a construção de uma outra, a poucos metros da primitiva, no sítio de “umas casas velhas e caídas que foram de João Pereira Falcão e terreno a elas contíguo”, mudança verificada em 1799.
Por esta razão, os membros da ordem da Santíssima Trindade, em face das alterações que se perspectivavam para a capela da Praça da Batalha vão, por cautela, em 1786, encontrar novo poiso na capela do Calvário Novo (aglutinando no seu seio os membros da confraria do Calvário), junto do Hospício dos padres Antoninos do Vale da Piedade, na Cordoaria, com quem acabam, também, por entrar em conflito, numa luta acesa pela posse da dita capela e pretensão de, nesse local, construir um outro templo muito mais imponente.
Por fim, em 1802, instalaram-se no Laranjal.
Em 1804, no Largo do Laranjal, já existe uma capela provisória, mas terão que passar mais de cem anos para ser concluída a obra.
Entretanto, a nova capela na Batalha viria a ser demolida de vez, em 1924.
As Invasões Francesas e dificuldades surgidas em 1821, durante a abertura dos alicerces para levantamento do arco cruzeiro, quando foi encontrado um manancial de água, contra-tempo que, dada a sua dimensão, esteve quase por determinar o abandono de todo o projecto, aliado ainda às lutas do Cerco do Porto, atrasaram sucessivamente a obra.
Em 1822, é inaugurado um pequeno hospital associado ao templo existente, que se juntava também à existente e conceituada farmácia, para servir fundamentalmente os irmãos da ordem e, em 1842, é terminada a fachada e a torre sineira.
Tendo sido os sinos benzidos em 1848, em 1852, dá-se início à construção da capela-mor que se arrasta por 40 anos mais. Em 1857, é inaugurado o Liceu da Trindade.
In "Jornal do Porto" de 6 de Junho de 1871, pág. 2
É já, no século XX, em 1901, que Marques da Silva, o famoso arquitecto,
vai intervir e deixar o seu cunho no altar-mor.
Da obra de 1972 de Bernardo Xavier Coutinho (História documental da Ordem da Trindade), consta um documento curioso para a história da confraria antes de rumar ao Laranjal e das lutas com os frades antoninos de Vale da Piedade.
Da obra de 1972 de Bernardo Xavier Coutinho (História documental da Ordem da Trindade), consta um documento curioso para a história da confraria antes de rumar ao Laranjal e das lutas com os frades antoninos de Vale da Piedade.
“Com efeito, a Ordem
da Trindade foi erecta na capela da Batalha (também já desaparecida) em 29 de
junho de 1781, transferindo-se para a do Calvário em 26 de Novembro de 1786. No
processo aglutinaram a confraria do Calvário: «... por isso fizerão aquelle comtracto,
com os da Comfraria do Calvario, de tomar conta, e posse da Capella e todos os
mais Bens, ficando a Comfraria extinta, emtrando para Irmãos terceiros todos
que erão, e possuiô a dita Comfraria ... declarando somente que no dia da Festa
da Santíssima Trindade no qual costumavam Festejar o Senhor do Calvario farião
comemoração do mesmo Senhor....»
Mas os vizinhos
Capuchos não deixaram de azucrinar a
cabeça, agora à Ordem da Trindade. E assim pediram ao Chanceler Governador
Roberto Vidal da Gama que lhes dispensasse a capela para nela poderem
confessar. Este acedeu ao pedido e «...forão os Padres com offeciais de Justiça
com hum comfencionario para emtravar a Capella ao que acodio o Reverendo
Capellão que nella se achava actualmente e a pontapés sacodio tudo pella porta
fora...»
A igreja da Trindade,
na verdade, poderia nunca ter sido erguida no local onde hoje se encontra, caso
os Capuchos não tivessem feito de tudo para ficar com aquela capela... Pois que
a Ordem, querendo construir uma igreja maior, obteve uma provisão para emprazar
terreno até à face da rua e com esse espaço mais o seu terreno próprio, teria
área suficiente para uma igreja de tamanho mais decente, em acordo com o número
de Irmãos. No entanto logo os Capuchos armaram desordem: «... e trabalhar já a
respeito de votar pedra - na testada já com o embargo sobre o tilheiro da Cal
de firmar sobre a parede da parte do Caminho, e no mesmo fazendo-se o aliserse
sahirão com paus nas mãos para darem em alguns trabalhadores e Bemfeitores que
depois do dia andavão no alicerse a tirar emtulhos para adiantamento da
obra...». Os Capuchos vieram argumentar junto da rainha que aquela igreja era
desnecessária por haver muitas à volta, que seria sumptuosa e assim esvaziaria
os cofres da Ordem... E a ordem saiu para «que se conservasse tudo no Estado
antiguo».
E assim, querendo os da Trindade se defender, «tractouse de mostrar a verdade
porem como esta he mansa e anda de Vagar» os Irmãos já não conseguiram reverter
a situação”.
Os capuchos que se
referem o texto eram os Franciscanos do Vale da Piedade, em Gaia, que
resolvendo construir um estabelecimento para a cura dos seus doentes,
requereram à camara faze-lo dentro da cidade. Em 1722 foi-lhes concedido um
local na praça da Cordoaria, onde segundo Sousa Reis construiram «huma
enfermaria ... e de tal forma a levantaraõ que veio a ser hum bom Hospicio bem
assente com otimas vistas, annexando lhe dous soberbos armazens de que colhiaõ
pingue alugueres». Este edifício, com a extinção das Ordens religiosas em 1834
foi escolhido para fundação da Biblioteca Pública Municipal do Porto, contudo
por ser desadequado, no mesmo foi depois estabelecida a Roda dos Expostos”.
Com a devida vénia a Nuno Cruz, In: aportanobre.blogspot.pt
Edifício da Ordem da Trindade - In A.H. da Câmara Municipal
do Porto
Na foto acima, pode ver-se a Tinturaria da Trindade e a Tipografia
Sousa & Cª, com alguns populares à sua porta, na Rua da Trindade.
Chafariz da Trindade que já foi Chafariz do Laranjal e chafariz de S. Domingos
Na Praça da Trindade, existe um chafariz que sucedeu a um
outro, do qual se aproveitaram alguns elementos e que inicialmente tinha estado
no Largo de S. Domingos e, depois, no Largo do Laranjal, na confluência das antigas ruas da Cancela Velha e do Laranjal. Entre este local e aquele que presentemente ocupa, esteve recolhido nos jardins dos SMAS na Rua de Nova Sintra.
Largo da Trindade
Na foto acima, temos uma vista de outros tempos
do Largo da Trindade,
obtida num ângulo em que podemos ver um conjunto de antigos edifícios, há muito
desaparecidos no local aproximado onde se encontra o colossal prédio que
durante anos foi conhecido por "Palácio dos Correios", e que nesses
tempos era o palacete da Ferreirinha.
Palacete da Ferreirinha e Largo da Trindade em 1900
O chamado palacete do Ferreirinha, na foto acima, era
constituído por um corpo central, com dois outros nas suas alas.
Foi começado a construir antes de 1825, pois, nesta data, já
estaria construída a sua ala, a sul (à direita da foto) que, em 1834, seria arrendada
à Assembleia Portuense.
Entretanto, António Bernardo Ferreira II (1812- Paris, 5 de
Novembro de 1844), marido de D. Antónia Adelaide Ferreira, compra o inacabado palacete
a Cristovão Guerner, um cidadão inglês.
Em 1840, é concluído o corpo central do edifício, que passa
a funcionar com salão nobre e salão de baile, embora diversas sessões dançantes
já viessem a ter lugar na agremiação.
Em 1842, António Bernardo Ferreira, solicita à Câmara do
Porto a licença respectiva para a construção da ala, a norte (à esquerda da
foto), mas, falecido em 1844, não teria usufruído dos cómodos do palacete.
Seria o seu filho, António Bernardo Ferreira III, que viria
a habitar a ala, a sul, pelo que a Assembleia Portuense teria que passar a
ocupar a ala, a norte.
Palacete Ferreirinha
Repare-se que, na imagem acima, ainda não existia qualquer chafariz
central, pois, nesta data, ele estava situado mais abaixo, no enfiamento da
Cancela Velha, desde 1854 até 1916 (pode dizer-se, que ficaria hoje, uma dúzia
de metros à frente da estátua de Almeida Garrett), no chamado Largo do
Laranjal.
Também não existia o edifício dos Paços do Concelho, que
tendo sido inaugurado em 1957, andou em construção desde 1919.
No lado nascente do Largo da Trindade, esteve instalada no edifício das
fotos acima exibidas, até 1857, naquele que ficou conhecido por Palacete
Ferreirinha, a Assembleia Portuense à qual sucederia, durante 67 anos, o Clube
Portuense.
Ainda não se tinha começado a construir o Palácio dos
Correios
Na foto anterior o demolido palacete da Ferreirinha ficaria
à direita.
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