18.14 Praça D. Filipa de Lencastre e imediações
No início da década de 40 do século XX, começam as
demolições do casario existente no local que viria a ser conhecido como
Praça de D. Filipa de Lencastre.
Casa do tribunal da Picaria
Na foto acima, na actual Praça Filipa de Lencastre, esquina
com a Rua da Picaria, está ainda a casa onde funcionou o tribunal em que Camilo
foi julgado e absolvido, pela sua ligação com Ana Plácido, numa tarde, de tal
tempestade que o povo dizia que “era Deus
que não queria a sua condenação”.
Esta casa foi de pessoas que tinham parentesco com os
viscondes de Balsemão, que viviam na Praça dos Ferradores, a actual Praça
Carlos Alberto.
Era identificada, por isso, como “Casa de Maria Manuel
Azevedo” ou “Casa dos Alvo Brandão”.
Hoje, o prédio está ligado à actividade da restauração.
No correr de casas baixas do século XVIII, contíguas ao
antigo tribunal esteve também, em tempos, o Cabaret Primavera e na esquina com a Rua da Picaria o cabaret
Trianon.
À rua que se desenvolve ainda hoje, à esquerda do edifício
da foto acima e que sobe até ao Largo da Picaria, era, como hoje, a Rua da
Picaria e o sítio onde se encontra aquele friso de moradias era a Travessa
da Picaria que ia até à Rua do Almada.
Desembocando na Rua do Almada, vinda do Laranjal, vê-se na
planta abaixo, a Rua dos Lavadouros que, antes, foi Rua de S. António dos Lavadouros.
Esta Rua de Santo António dos Lavadouros, depois, Rua dos
Lavadouros, pode dizer-se que era o prolongamento da Travessa da Picaria até ao
Laranjal.
Naquela Rua dos Lavadouros predominavam os vendedores de
mobílias de pinho que, após a extinção da artéria, se passaram para a Rua da
Picaria.
Muito perto da confluência da Rua dos Lavadouros com a Rua
do Almada, existiu uma fonte concluída no ano de 1795 e que ficaria conhecida
como 1ª Fonte da Rua do Almada.
Planta de George Balck de 1813, onde se vê a Rua dos
Lavadouros (trajecto AB) na confluência (A) da Rua das Hortas com a Rua do
Almada
Na planta acima, observa-se ainda que, a Rua da Picaria (M)
corre paralela à Rua do Almada e que, esta, no seu troço inicial, partia da Rua
das Hortas.
A Rua das Hortas corresponderia ao que hoje é o troço
inicial da Rua do Almada, entre a Rua dos Clérigos e a Praça D. Filipa de
Lencastre.
Ao fundo da Rua da
Picaria
Na foto acima obtida ao fundo da actual Rua da Picaria,
observa-se a confluência da antiga Travessa da Picaria (segue pela
esquerda) com a antiga Travessa da Fábrica (segue pela
direita e mais à frente é, hoje, a Rua de Aviz). Ambas as travessas desapareceram
e fazem actualmente parte da Praça de D. Filipa de Lencastre.
No entanto, as casas do lado esquerdo da Travessa da Picaria
(na imagem) nunca chegaram a ser demolidas e constituem hoje, a frente Norte da
praça, onde funcionou o tribunal que julgou Camilo.
Ao fundo da Travessa da Picaria, vê-se o prédio da garagem
de "O Comércio do Porto", na Rua do Almada, que à data da foto já
estava concluído.
Aliás, por consulta, mais abaixo, da planta de Telles
Ferreira, pode constatar-se que o edifício da garagem de "O Comércio do
Porto" e o próprio edifício do jornal “O Comércio do Porto”, na Avenida
dos Aliados, ocuparam o chão por onde antes corria a Rua dos Lavadouros.
O conjunto de edifícios frontais foi totalmente demolido e
agora, está aí, o miolo da praça.
Ao fundo da Rua da Picaria. Em frente a Travessa da Fábrica
Na foto acima, com exclusão do edifício dos telefones (do
qual se vê um pouco, do lado direito da imagem), tudo o que é apresentado nesta
foto, pelo lado esquerdo, foi demolido, assim como no lado direito, por onde
foi traçada a actual Rua de Ceuta. Os espaços ocupados pelas antigas Travessa
da Fábrica (em frente) e Travessa da Picaria (invisível
pela esquerda) fazem hoje parte da Praça Dona Filipa de Lencastre.
Planta da área ocupada hoje pela Praça D. Filipa de
Lencastre, na planta de Telles Ferreira de 1892. Grosso modo, o edificado na
área delimitada pelo polígono em destaque foi demolido para abertura da praça
Publicidade em 1934
Acima um folheto publicitário da Anglo Portuguese Telephone
Cª Ltd antecessora dos TLP (Telefones de Lisboas e Porto) sita na Rua da
Picaria.
Era num dos edifícios da Travessa da Picaria, que estavam
instaladas a redacção, administração e oficinas do célebre jornal "Diário
da Tarde" que era dirigido pelo insigne jornalista Eduardo de Sousa.
Por aqui e pela Rua dos Lavadouros, que ligava a Travessa da
Picaria ao Laranjal, vendiam-se as caixas feitas de madeira de pinho muito
utilizadas pelos emigrantes que iam para o Brasil para o transporte dos seus
haveres. Não apenas as caixas, mas também a mobília de madeira de pinho era
feita e vendida em oficinas e estabelecimentos dos Lavadouros e da Picaria.
Desapareceu há poucos anos o último estabelecimento deste
género que funcionava num prédio da antiga Travessa da Picaria, já muito perto
da Rua do Almada.
Outra pequena indústria fixada nos Lavadouros era a das
lousas, que compreendia: lava-louças para cozinhas; lousas para escolas (o
quadro negro); reservatórios de água para uso doméstico; cabeceiras para
sepulturas; e placas usadas na construção civil.
O antigo tribunal está lá no cimo, à esquerda da foto
No século XXI. Vista descendente da Rua do Almada no ponto
onde acabava a Travessa da Picaria
Vista descendente da Rua do Almada, na década de 1930, no
mesmo local da foto anterior. À direita era a Travessa da Picaria
Foto tirada da Rua Elísio de Melo. Os prédios frontais
seriam demolidos para levantar a praça
Aspecto das demolições
A abertura da Praça D. Filipa de Lencastre
Nas fotos acima pode observar-se a abertura da praça. A
Avenida dos Aliados, lá ao fundo, já estava traçada e com os novos edifícios.
A actual Rua de Avis era, à altura, Travessa da Rua da Fábrica. Na
esquina dessa travessa com a Rua da Fábrica, ficava a Casa da Fábrica.
Casa da Fábrica, na esquina da Travessa da Fábrica com a Rua
da Fábrica
Foto do fim da década de 40 do século XX
Na foto acima ainda não tinha sido aberta a Rua de Ceuta.
Ao cimo da Rua de Ceuta, ligando a Rua da Conceição com a
Praça Guilherme Gomes Fernandes, está a Rua José Falcão que foi aberta há mais
de 100 anos e que, começou por se chamar Rua de D. Carlos I.
A partir da implantação da República passou a ser a Rua José
Falcão.
Esta personagem foi um republicano nascido em Miranda do
Corvo, doutorado em Matemática, e conhecido ainda por ter sido pai do 1º
governador civil do Porto, após a república.
Depois do malogrado golpe de 31 de Janeiro de 1891, para o
qual muito contribuiu a sua obra “Cartilha do Povo”, José Falcão foi incumbido
de reestruturar o Partido Republicano.
A rua foi aberta em terrenos da quinta da Conceição, à data
nas mãos de Henrique Kendall, que os cedeu à edilidade.
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