Farolim da Cantareira
(Desactivado)
O Farolim da Cantareira é um pequeno farol que se localiza na
Cantareira, no Cais do Marégrafo, junto ao Jardim do Passeio Alegre, na Foz do Douro, junto ao local onde está o farol/capela de S. Miguel-o-Anjo. Trata-se
de uma coluna com varandim e lanterna branca e alcance luminoso de 9 milhas.
É o farolim anterior do enfiamento Cantareira-Sobreiras da
entrada da Barra do Rio Douro.
No Século XVIII ocorreu, provavelmente, a construção do primitivo
farolim, que há muito desapareceu.
Em 1915, um outro farolim seria colocado no cais do Marégrafo e, em 2009, devido à nova configuração da entrada da barra do
Douro, após a construção dos novos molhes Norte e Sul, por se tornar
desnecessário, foi apagado e desactivado, encontrando-se em exposição no local que
ocupou.
Farolim da Cantareira
Farolim das Sobreiras
(Desactivado)
O Farolim das Sobreiras, também conhecido por Farol Medieval
ou Farol dos Três Bicos ou ainda, Farol das Três Orelhas, era um farol que se
localizava na encosta das Sobreiras, na freguesia de Lordelo do Ouro.
“Num documento da
doação "do ermo a que chamam Santa Eulália, junto à vila de Louredo,
contra o rio Douro", que o nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques, fez ao
abade João, e ao mosteiro de Tarouca, o topónimo Sobreiras já lá vem
mencionado.
O ermo de Santa
Eulália ficava onde agora está a capelinha de Nossa Senhora da Ajuda, junto ao
Ouro. Em 1176, existia ali um pequeno eremitério, ou mosteiro, como se pode
constatar da leitura de certos documentos régios, em que se faz alusão à
dízima e aos censos "que os frades eram obrigados a pagar à igreja de S.
Martinho do Louredo", a mesma da actual freguesia de Lordelo do Ouro, de
que S. Martinho continua a ser o orago.
No século XIII, o
eremitério já havia sido extinto e no seu lugar existia uma granja, chamada
de Santa Eulália, coutada ao mosteiro de Tarouca, que ali também possuía
outros casais e vários cabaneiros (gente pobre, que vivia em cabanas,
normalmente feitas de vimes). No documento da doação, quando se referem os
limites do sítio doado, diz-se expressamente que eles iam até "usque ad
fenale Sovereiras", ou seja, "até ao facho de Sobreiras",
alusão, sem dúvida, à existência, naquele local, de uma espécie de farol ou
farolim que servia de orientação aos barcos que demandavam a barra do rio
Douro.
Aquele facho de Sobreiras
era a chamada Marca Nova, assim designada para a diferenciar da velha Torre da
Marca, bem mais antiga, que ficava em terrenos hoje ocupados pelos jardins do
Palácio de Cristal, mais ou menos ao fundo da actual Avenida Tílias.
A Marca Nova ainda
funcionava em 1849, porque, nesse ano, o intendente da Marinha, em colaboração
com o piloto-mor, oficiou aos encarregados das obras que se andavam a fazer no
cais no sentido de que não se tapasse a viela do Sardo, que existia no sítio
de Sobreiras, porque "era por esse caminho que se ia pôr luz na Marca Nova
quando alguma embarcação entrava ou saía a barra de noite".
Com o devido crédito a Germano Silva
Gravura de autor desconhecido contemporânea do Farol-Capela de S. Miguel-o-Anjo na qual é possível identificar o local do Facho de Sobreiras (Bar Mark)
O Farol de Sobreiras tratava-se de uma coluna com varandim e
lanterna branca em frente a marca rectangular às faixas brancas e vermelhas. No Século XVIII, deve ter ocorrido a construção do primitivo farolim.
Era o farolim posterior do enfiamento da entrada da Barra do
Rio Douro e encontrava-se a 562 metros do Farolim da Cantareira.
A designação de Farol das Três Orelhas ou Farol dos Três
Bicos deve-se à configuração da primitiva marca que lhe estava por detrás, um
muro de alvenaria de granito rematado por três ameias, à semelhança de uma
estrutura defensiva, estrutura esta que foi desmantelada e se perdeu em
1993-1994, aquando da deslocação do farolim.
Nessa data, foi deslocado 15 metros do seu local, para a
construção do edifício sede da ANJE, tendo sido substituída a marca de alvenaria,
por uma parede em betão apoiada numa estrutura em metal.
Farolim no seu lugar original - Ed. José Magalhães
Na torre dentro da oval amarela ficava o Farol das 3 Orelhas
- Ed. Monumentos-Desaparecidos
Ao fundo da foto, sobre a direita, observa-se o “Velho
Bairro Operário” de Lordelo e o local da antiga piscina do Fluvial.
As torres da foto anterior são de meados dos anos sessenta
do século XX.
Nesse terreno haveria de se instalar, mais tarde, num outro
edifício, o conhecido restaurante “Varanda da Barra”.
Em primeiro plano, num primeiro andar, está o restaurante “Varanda
da Barra”, em 1973, na Rua Paulo da Gama
No restaurante “Varanda da Barra”, ficou famoso o chefe Sr.
Teixeira, as inesquecíveis “varandadas de bacalhau” e os saborosos "pregos
de corrida", que eram feitos no café, ao balcão.
Após a demolição do farolim das Sobreiras, nasceria no local
a sede da ANJE (Associação dos Jovens empresários).
Local onde estava assente o farolim - Ed. José Magalhães
Em cima da placa de cimento da foto anterior ficava o
Farolim das Sobreiras.
Posteriormente, em 2006, por ter sido extinta a sua luz, por
desnecessária, a coluna e lanterna foram transferidas para o recinto exterior
do Farol de Leça, ou Farol da Boa Nova onde se encontram em exposição.
Em tempos a Boa-Nova chamou-se S. Clemente das Penhas.
Capela da Boa-nova - Ed. blogue “A Vida em Fotos”
Entre 1916 e 1926, junto à Capela da Boa-Nova, existiu uma
torre quadrangular branca, visível na foto acima, com cerca de 12 metros
encimada por uma lanterna verde, com luz branca fixa que serviu também de
farolim.
Farolim das Sobreiras em Leça da Palmeira dentro do espaço
do farol
Farolim das Sobreiras em 1º plano, no Farol da Boa Nova
Arranjo da margem direita do rio Douro - Ed. José Magalhães
Na foto acima pode observar-se o arranjo da margem direita
do rio Douro na confluência da Rua do Passeio Alegre e da Rua das Sobreiras, em
que uma larga faixa de terreno foi conquistada ao rio a partir de 1998.
O Farolim das Sobreiras ficava muito próximo deste local em
posição mais elevada.
O topónimo Sobreiras é muito antigo, pois há documentos do
século XII, onde se fala do facho de Sobreiras, que serviria para orientação
das embarcações e que antecedeu no local o farolim das Sobreiras.
Farolim de Felgueiras (Desactivado)
“Tornar a barra do rio
Douro acessível à navegação e possibilitar a entrada e saída de navios com a
máxima segurança foi uma constante preocupação das autoridades marítimas da
cidade. Curiosamente, o primeiro plano que se conhece para a desobstrução da
barra foi apresentado, em 1728, por um frade franciscano, frei Caetano de S.
Boaventura. Oferecia-se para quebrar as pedras e rochedos que havia na barra e
que, naquele sítio, constituíam um sério embaraço à navegação.
Parece que a proposta
do franciscano não teve grande acolhimento. Com efeito, logo no ano seguinte
(1729), o rei D. João V mandou ao Porto dois seus altos funcionários, os
engenheiros José Fernandes Pinto e Dionísio de Castro, a fim de elaborarem uma
planta da barra e indicarem a melhor maneira de resolver os problemas de
segurança que ali subsistiam.
Quarenta e seis anos
depois (1775), ainda nada se havia feito. Nesse ano, a administração da
Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro escreveu ao rei D.
José, a lembrar-lhe "quão urgentes e necessárias eram" as obras. E
para custear as primeiras despesas, a Companhia oferecia a quantia de quarenta
mil cruzados, que tinha guardado nos seus cofres, produto de juros de ações
"cujos donos não aparecem". E as obras lá começaram, não
imediatamente mas alguns anos depois.
Mais uma curiosidade:
os primeiros trabalhos para as obras da barra tiveram início não onde o rio
entra no mar, mas bastante mais para trás, na Arrábida. Com efeito, tudo
começou com o corte da enorme escarpa da Arrábida. A pedra que dali se extraía
era levada para S. João da Foz, onde era utilizada para o atulhamento da margem
direita da barra. Entretanto e à medida que o monte da Arrábida ia sendo devastado,
começou a aparecer uma nova via de comunicação entre Massarelos e a Cantareira.
Num relatório de 1791, consta mesmo que naquele ano "os povos se iam
servindo já de uma formosa estrada à beira-rio".
Mais tarde, por
iniciativa da Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro e à custa de impostos
sobre o vinho, acabou por se construir toda a marginal. Começou com a ligação
de Cima do Muro, na Ribeira, até Monchique; e daqui, por Massarelos, até à Foz
do Douro.
Mas foi uma tragédia
que obrigou à aceleração das obras na barra do Douro. Referimo-nos ao
naufrágio do navio Porto, ocorrido em 29 de março de 1852, mesmo à entrada da
barra. O vapor, quando pretendia entrar no rio, encalhou num dos tais rochedos
que, na altura, na maré- cheia, estava submerso e ali ficou a ser batido pelas
ondas. Morreram mais de sessenta pessoas, algumas das mais importantes
famílias do Porto, como o banqueiro Allen. Diz a nossa gente que," depois
de casa roubada, trancas à porta". E assim aconteceu. Depois da tragédia,
montou-se na Foz um modelar serviço de socorros a náufragos.
E as obras da barra,
essas continuaram e em grande ritmo, agora num projeto do Eng.° Nogueira
Soares. Estava adiantado o molhe chamado de Felgueiras ou da Filgueira, em
cuja ponta foi construído um farolim que tomou o nome do molhe. O cais velho, o
molhe e farolim de Felgueiras foram construídos com a pedra que era extraída
do morro da Arrábida. Inicialmente pensava-se na construção de uma torre para
sinais com um sino para aviso da navegação. Depois, fez-se o farol que ainda
funciona. Projeta, de forma intermitente, luz vermelha para poente, branca
para nascente. No começo, o sinal de nevoeiro era dado através do tal sino ao
ritmo de três badaladas, de sete em sete segundos. Na atualidade, o sinal de nevoeiro
é dado através de uma sirene.
Ainda nos nossos dias,
e antes da construção dos modernos cais, houve vários naufrágios à entrada da
barra. Um dos mais célebres foi o do vapor alemão "Dieister", em 3 de
fevereiro de 1929. Morreram os seus vinte e quatro tripulantes. O naufrágio
ocorreu diante de uma multidão que se aglomerava ao longo do cais do Passeio
Alegre e que nada pôde fazer para evitar a tragédia que deixou consternada a
cidade. E na lembrança de muitos portuenses devem estar ainda bem vivas as
imagens do naufrágio do "Silver Valley", em 15 de março de 1963.
Com a devida vénia a Germano Silva
Erigido no molhe de Felgueiras, começado a construir em 1790, mas que apenas ficou definitivamente terminado em 1903, e sobre o farolim de Felgueiras, em “portoarc.blogspot”, pode
ler-se:
“Só em 1866 apareceu o primeiro projecto de
autoria do eng. Manuel Afonso de Espregueira. Este foi modificado pelo eng.
Nogueira Soares, que passou a dirigir as obras. Segundo Horácio Marçal o
primeiro farolim foi instalado em 1882. O molhe ficou definitivamente terminado
em 1903. Em 1940 e 1945 o farol foi renovado e melhorado o seu alcance, para as
12 milhas”.
Molhe e Farol de Felgueiras
Farol de Felgueiras (parcialmente visível ao fundo), e uma
feira de melancias em primeiro plano
Barra do Douro actualmente
O farolim de Felgueiras entrou ao serviço no molhe de
Felgueiras, na foz do rio Douro, em 1886, começando por queimar petróleo. Em
1916, para fazer face aos constantes nevoeiros que aconteciam no local, foi dotado também com um
sinal sonoro, um sino, colocado na sua cúpula, que actuava naquelas situações de
falta de visibilidade do seu sinal luminoso. Em 1957, foi electrificado e ligado à rede pública de electricidade e, em 1979, integrou um conjunto de farolins e faróis com funcionamento à distância, centralizado no Farol de Leça da Palmeira.
Desde 2009, o farolim de Felgueiras encontra-se fora de serviço, pois após a construção dos novos molhes da barra do rio Douro, foram instalados novos sinais luminosos e novos farolins. Assim, por exemplo, para fazer a entrada naquela barra, actualmente, as embarcações atendem ao alinhamento de um farolim situado no Jardim do Passeio Alegre e uma luz colocada na torre da igreja de S. João Baptista da Foz do Douro.
O farolim de Felgueiras, após a sua desactivação, entrou num período de degradação e ruína, situação que foi travada a tempo. A partir de 2021, está recuperado e à disposição das objectivas fotográficas de todos que se deliciam com os clichés que obtêm.
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