A Igreja da Misericórdia do Porto situa-se na Rua das Flores,
tendo sido construída em 1559 de estilo renascentista com reminiscências
góticas. Dela só se aproveitou a capela-mor, na restauração que nela fez
Nicolau Nazoni no século XVIII.
A Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP) foi instituída
em 1502, na sequência duma carta que o rei D. Manuel I terá escrito em 1499 às
pessoas mais influentes da cidade, na qual lhes recomendava a criação duma
confraria semelhante à de Lisboa, instituída no ano anterior. Inicialmente, a
Confraria de Nossa Senhora da Misericórdia instalou-se na capela de S. Tiago,
no claustro velho da Sé do Porto; em 1555, atendendo ao movimento da Rua das
Flores, aberta por D. Manuel alguns anos antes, mudaram para lá a Casa do
Despacho, iniciando nesse mesmo ano a construção da sua igreja, que seria
benzida em 13 de Dezembro de 1559, por D. Rodrigo Pinheiro, ainda incompleta: a
capela-mor foi construída apenas em 1584, recebendo o Santíssimo em 1590.
A igreja a partir de cerca de meados do século XVII
começaria a ficar desprezada, e durante imenso tempo ameaçou ruína.
Antes disso, teria sido revestida interiormente de azulejos
feitos em Lisboa, poucos dos quais chegaram até à actualidade.
“Só durante o século
XVIII é que as atenções se viraram para a reconstrução da igreja. No dia 7 de
Fevereiro de 1740, a Mesa da Santa Casa da Misericórdia consulta vários
peritos, entre os quais Nasoni, para darem o seu parecer sobre o estado de
segurança da igreja.
Mas a igreja só foi
reedificada por Nasoni em 1748 em estilo barroco com formas de rococó, na
sequência da queda da abóbada da igreja, contando com várias propostas do
artista, tendo sido escolhida a mais simples, mas mesmo assim umas das mais
luxuriantes a nível de escultura, sendo reforçadas as paredes, construídos
abóbadas novas e uma nova fachada. Da antiga igreja preservou-se apenas a
capela-mor.
Não existe na cidade
do Porto outra fachada com um efeito tão cenográfico quanto a da frontaria da
Igreja da Misericórdia, pois não se torna possível visualizar o templo na rua
para além da sua fachada. Com a decoração ostentosa e pesada, assenta sobre
três arcadas que abrem o andar inferior, apoiadas em altos pedestais. O arco
central, porta de entrada para o vestíbulo, é rematado por uma cartela com um
legenda bíblica e a data de 1750 no entablamento com um frontão circular
partido e profusamente decorado; os arcos laterais encontram-se rematados por
vieiras. O segundo piso, assente no entablamento divisório, termina também num
frontão circular, partido, luxuriantemente decorado; compõem o conjunto três
janelões de recorte ondulado (sendo o central de maiores dimensões), encimados
por frontões ricamente decorados. Rematando a fachada, encontra-se um grande
frontão, com o emblema da Misericórdia e a coroa real, e sobre a cornija
encurvada erguem-se quatro fogaréus e, no topo, uma magnífica cruz de pedra
trabalhada.
O interior da igreja é
de uma só nave com abóbada de tijolo recoberto de estuques e as paredes estão
revestidos de azulejos azuis e brancos, que substituíram, em 1866, os
primitivos. A capela-mor é coberta por uma abóbada barroco-jesuítica decorada,
em granito, e as paredes, também em granito bem trabalhado, dividem-se em dois
frisos: o superior decorado com colunas coríntias e janelas com grades de ferro
dourado (do século XIX); no inferior, com colunas jónicas, abrem-se vários
nichos com imagens dos evangelistas do século XVI, em madeira, mas pintadas em
1888, a imitar mármore. A decoração interior tem alguns aspectos valiosos,
nomeadamente a sanefa de talha neoclássica do arco cruzeiro, onde figuram as
armas reais e a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia. De algum valor
artístico são ainda as capelas e os altares laterais, com painéis e imagens
valiosos, o coro, assente num belo arco abatido e recortado e o guarda-vento
com vistosa talha rococó”.
Fonte: “pt.wikipedia.org”
“No claustro, em cuja
galeria figuram retratos de vários pintores portugueses, há uma lápide
comemorativa do antigo hospital de D. Lopo, reminiscência do primitivo hospital
fundado com o legado de D. Lopo de Almeida, uma obra de assistência que a
Misericórdia sempre assumiu como um dos seus mais firmes compromissos e a levou
a construir, em 1769, o Hospital de Santo António, para substituir os exíguos e
mesquinhos hospitais que então possuía e administrava. Relembre-se pois, que a
Misericórdia portuense é o maior senhorio privado do Porto e um dos maiores do
País. O Estado é um dos seus muitos locatários, tendo arrendados os hospitais
de Santo António e do Conde Ferreira, as escolas secundárias de lrene Lisboa e
Carlos Cal Brandão e as esquadras da PSP do Amial e do Pinheiro Manso.
O tesouro da Santa
Casa, conservado no seu Arquivo Histórico (com documentação e códices valiosos)
e no Museu (em constituição), é igualmente de grande riqueza, com destaque para
várias peças de ourivesaria e excelentes pinturas, em que sobressai o célebre quadro
«Fons Vitae», um óleo em madeira, obra-prima do gótico final, de autor
desconhecido, mas dos princípios do século XVI, oferecido à Misericórdia por D.
Manuel I e que serviu de retábulo na primitiva capela de S. Tiago e se conserva
agora na magnífica Sala das Sessões da Santa Casa. Esta igreja ainda é na
actualidade propriedade da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia do Porto,
fundada em 14 de Março de 1498, e o grande mecenas desta igreja, através do seu
legado, foi D. Lopo de Almeida, aqui sepultado”.
Fonte: “portoxxi.com”
“D. Lopo de Almeida
(1524-1584). Filho de D. António de Almeida, que foi contador-mor do reino, e
de D. Maria Pais Leme, descendia da Casa de Abrantes, pelo lado paterno, e de
Martim Leme, mercador de Bruges que amealhou uma grande fortuna, pelo lado
materno. Na sua linhagem cruzavam-se, pois, a aristocracia dos Abrantes e a
riqueza patrimonial dos Lemes.
Em Lisboa fez os
primeiros estudos, com vista ao sacerdócio, que prosseguiu desde 1539 em
Coimbra onde D. Jorge de Almeida, seu tio-avô, era bispo-conde. Junto dele
adquiriu uma formação de teor clássico.
D. Lopo sentiu a
atracção dos grandes estudos do estrangeiro. Por esse motivo, ou apenas por
viver num ambiente mais culto, no ano lectivo de 1543-1544 deve ter frequentado
as gerais de Salamanca. Veio depois o apelo da França, para o que recebeu uma
das 50 bolsas concedidas por D. João III. Em Outubro de 1545, aparece inscrito
no Colégio de Guiena, em Bordéus.
Em 1547, D. Lopo
seguiu para a capital francesa onde não parece ter seguido estudos regulares,
mas apenas ouvido cursos de grego e de matemática.
Poucos anos depois do
seu regresso a Portugal, D. Lopo viu-se envolvido numa teia de más-vontades que
acabaram por conduzi-lo ao tribunal da Inquisição.
Durante 3 meses teve
de responder a um conjunto de acusações, que iam da infracção às normas da
Igreja, durante o período quaresmal, até ao proclamar a liberdade de opinião em
matéria religiosa. Para tudo encontrou a devida explicação, não se negando a confessar
que proferira juízos contrários à ortodoxia católica, mas que nunca desertara
do rebanho de Cristo, como sacerdote que era e que se prezava de ser.
Foi condenado a um ano
de penitência no Convento de S. Domingos de Lisboa, de onde passou para o de Benfica.
Por ordem do Cardeal D. Henrique, no Verão de 1551 era perdoada a D. Lopo o
resto da pena, pelo que pôde voltar à liberdade.
Nos anos que sucederam
até 1580, vemos D. Lopo entregue ao seu múnus religioso e a administrar os bens
que herdara do tio e que faziam dele um clérigo abastado.
A crise de 1580,
motivada pela morte sem descendência de D. Sebastião, fez com que D. Lopo de
Almeida seguisse o partido filipino. Em 1581 foi nomeado membro do Conselho
Régio, encontrando-se na altura em Madrid na qualidade de capelão do monarca.
Ali viveu os três últimos anos de vida. De longe administrava a sua imensa
fortuna em Portugal.
D. Lopo de Almeida
faleceu em 29 de Janeiro de 1584. Entendeu colocar a sua riqueza ao serviço dos
pobres e enfermos, designando a Santa Casa da Misericórdia do Porto como sua
testamenteira e legando-lhe uma avultada fortuna. De entre as obras realizadas
com a doação de D. Lopo destaca-se o Hospital de D. Lopo e a capela-mor da
Igreja Privativa, onde estão depositados os seus restos mortais”.
In Site da SCMP
Parte superior da fachada da Igreja da Santa Casa da
Misericórdia
Fachada da Igreja da SCMP
Igreja da Santa Casa e envolvente
17.13
Convento de Santo Agostinho da Serra - Convento da Serra do Pilar
“No ano de 1140, o
bispo do Porto, D. Pedro Rabaldio, fundou um mosteiro de freiras, que seguiam a
regra de inclusas ou emparedadas, no sítio em que está erigido o actual
mosteiro da Serra do Pilar, de invocação a São Nicolau.
Este mosteiro vigorou
até princípios do século XIV, em virtude de não haver religiosas que desejassem
continuar a cumprir a cruciante penitência usada nesta casa religiosa.
Em virtude do convento
das Donas Emparedadas de São Nicolau estar desabitado, o prior do convento de
Grijó, D. Bento Abrantes, deliberou estabelecer uma filial do seu mosteiro no
sítio em que existiu o das monjas de S. Nicolau.
Em sequência, sob o
pretexto de que Grijó estava arruinado, e em lugar baixo e muito húmido, de
acordo com o Bispo do Porto, D. Frei Baltazar Limpo decidiu fundar, em
1537, um novo mosteiro na margem esquerda do Douro, depois de ter obtido a
licença pontifícia.
A primeira pedra para
a edificação do novo mosteiro, deu-se em cerimónia que foi realizada no dia em
28/8/1538.
Em 19 de Junho de 1540,
o fidalgo João Dinis Pinto vendeu, para cerca do novo mosteiro, pela quantia de
10$000 reis, uma parte da sua quinta de Quebrantões, da qual era Senhoria
directa a Câmara do Porto.
Dois anos depois, em
1542, o novo convento recebeu os primeiros monges, que vieram do convento de
Grijó.
No ano de 1566,
convieram os priores dos conventos de Grijó e da filial a dividirem os seus
rendimentos, com o objectivo do novo mosteiro ficar independente. Nesta
conformidade o novo mosteiro substituiu o orago do Salvador pelo de Santo
Agostinho, que foi mantido até à sua extinção em 1834. O prior D. Acúrcio de
Santo Agostinho resolveu mandar construir a actual igreja ao lado da primitiva,
que ainda hoje se pode ver, no ano de 1598. Em 1602 foi construído o claustro.
Foi o prior D. Jerónimo da Conceição que, no domingo de
Páscoa do ano de 1678, mandou colocar, no altar-mor da igreja do mosteiro, a imagem
de Nossa Senhora do Pilar, à veneração dos fiéis”.
Fonte: “g-sat.net”
Diga-se que, segundo a tradição, o primitivo Mosteiro de São
Salvador de Grijó foi fundado em 922, no lugar de Murraceses por dois clérigos,
Guterre e Ausindo Soares, adoptando a regra e hábito de Santo Agostinho em 938.
No ano de 1112, foi transferido para a localização onde se encontra
actualmente, mas a nova igreja só seria sagrada em 1235, pelo bispo do Porto,
D. Pedro Salvador. Em 1572, foi contratado o arquitecto Francisco Velasquez,
mestre-de-obras da Sé de Miranda do Douro, para desenhar o novo projecto. Dois
anos depois, a 28 de Junho de 1574, era lançada a primeira pedra do dormitório.
Até 1600, estavam concluídas duas alas do claustro, o refeitório e a sala do
capítulo. No entanto, a construção da igreja arrastou-se por mais cerca de
trinta anos e a capela-mor só seria fechada em 1629. Em 1770, o convento era
extinto, passando os seus bens para o Convento de Mafra.
Em meados do século XIX, a denominada Quinta do Mosteiro era pertença do abastado negociante Jerónimo José de Araújo Braga, com morada no Porto, na Rua da Conceição.
Presentemente, a quinta é propriedade da família Amorim.
Fachada da igreja do
Mosteiro de São Salvador de Grijó
A explicação de Andrea da Cunha Freitas, dada a seguir, para
a construção do convento da Serra do Pilar é também, muito interessante.
“Entretanto, no
convento dos Cónegos Regrantes de Coimbra o dia-a-dia era “de um certo
relaxamento de costumes, vícios e abusos dos crúzios, que ofendiam os povos, e
as queixas subiam até à própria corte”.
O mesmo acontecia no
de Grijó. D. João III decidiu pôr termo a esses desregramentos e em 1527
nomeou-lhes um reformador, Fr. Brás de Barros, o frade Jerónimo.
O Mosteiro de Grijó não o aceitou como tal
recusando-se a obedecer a um frade de outra regra. Filia-se nesta rebeldia
a fundação do Mosteiro do Salvador do Porto, depois denominado Serra do Pilar”.
O frade Jerónimo
acima referido, tinha passado pela Ordem dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz de Coimbra, onde tinha feito um trabalho de reforma notável.
Serra do Pilar, igreja e mosteiro, em gravura de J. Villanova, em 1833
Igreja do mosteiro da Serra do Pilar em ruínas em 1900
Torre da primitiva Igreja do Mosteiro da Serra do Pilar
A adoração a Nossa Senhora do Pilar tem origem nos anos em que estivemos
sob administração espanhola, embora, neste caso, só se tornasse uma realidade em 1678, após a nossa libertação em 1640.
A festa a Nossa Senhora do Pilar, no monte chamado da Meijoeira,
começou em 1678. Rapidamente se tornou muito popular, a tal ponto que passou a
chamar-se Serra do Pilar. Era uma das mais concorridas feiras e romarias da
cidade, dado que só depois do cerco do Porto esta passou a pertencer a V. N. de
Gaia, realizando-se no dia 15 de Agosto.
Até ao ano de 1826 era costume sair, deste convento, na noite de Sexta-feira
de Lázaro, em procissão, a imagem do Senhor dos Passos até à matriz de Santa
Marinha, recolhendo à igreja do mosteiro em solene procissão, no Domingo
seguinte.
Festa da Senhora do Pilar
Na foto acima vê-se o
aqueduto que abastecia o convento, cuja água foi contratada com Diogo Leite,
Senhor de Campo Belo, que a cedeu dos seus terrenos de Casais e Trancoso, da
freguesia de Mafamude, em 23/5/1538.
James Murphy, em 1789, diz-nos, acerca dos padres deste convento, que:
“ O meu guia abordou um desses reverendos padres, vestido de uma batina preta e coberto de um largo chapéu. Estava montado numa mula, consoante o estatuto da sua Ordem que proíbe a todo o membro da comunidade mostrar-se a pé fora dos muros do convento, de tal modo que estes formam uma espécie de corpo de cavalaria, em geral, mais respeitado ou, pelo menos – assim se crê ser, do que o clero a pé”.
«Os padres da
Serra tinham uma Brévia ou casa de campo em S. Paio, nas margens do Douro,
junto á Afurada, na freguesia de Stº. André de Canidelo.
”Tem mais a
pequena quinta São Paio, com a sua capela, que o mosteiro da Serra adquiriu,
parte por virtude da união da referida igreja, e por ser paçal da mesma capela
de tempo antiquíssimo, e parte por compra de uma limitada porção de terra de
mato que fez no ano de 1627, no mesmo sítio em que mandou fabricar umas casas
para os Religiosos terem as suas recreações que pelas leis da religião lhe são permitidas…”
”… Por certas
dúvidas que se levantaram sobre a legitimidade da posse destes bens, resolveram
os religiosos vender toda a quinta, o que fizeram em 14/11/1767. Mas,
pouco depois, houveram-na de novo, por contracto de 6/6/1769, celebrado com quem
a possuía”.»
In O Tripeiro, Série VI, Ano IV
O palacete revivalista/medievalista de S. Paio, construído na década de
1840 e representado em 1848, por Cesário Augusto Pinto, na sua conhecida
colecção de vistas das margens do Douro, foi propriedade do Dr. Antero Albano
da Silveira Pinto, casado com Francisca de Paula da Silva e Sousa, a 9 de Maio
de 1838, na igreja de S. Bento da Vitória. Teria sido construído,
sensivelmente, no local onde se encontrava a brévia dos cónegos regrantes de
Santo Agostinho da Serra do Pilar.
Como curiosidade, diga-se que Antero Albano da Silveira Pinto foi
padrinho de Ramalho Ortigão no duelo levado a cabo na Arca d’Água que o opôs a
Antero de Quental, a propósito da célebre "questão coimbrã”.
O médico, formado em 1837, em
Paris, Antero Albano da Silveira Pinto, foi Primeiro Bibliotecário da Real
Biblioteca Pública do Porto, Presidente da Comissão Administrativa Municipal de
Vila Nova de Gaia, Presidente da Câmara Municipal de Gaia, no biénio 1868/1869
e, ainda, entre muitos outros cargos, governador de Aveiro e de Viana do
Castelo, em diversas ocasiões.
Àquele palacete refere-se Camilo Castelo-Branco, na obra "Cavar
em Ruínas" (prefaciada pelo próprio, em 1866), a propósito de um arco
manuelino proveniente do convento franciscano de Nossa Senhora da Conceição, em
Leça (Matosinhos).
Diz um dos personagens camilianos, referindo -se ao arco e ao palacete:
"A porta que
esteve aqui, está hoje na quinta do sr. Conselheiro Antero Albano, em São Payo
Além Douro, (...) Vá vossa excelência lá vê-la (...) Vá que, se o não
enlevam contemplações artísticas no bello rendilhado de portadas manuelinas,
prometo-lhe duas horas de poético cismar, se subir aos adarves da casa meio
gótica meio árabe do senhor conselheiro Silveira Pinto".
Junto de um terreno e exploração agrícola a poente da Afurada, em S.
Paio, existiria uma ermida e um prédio que funcionava como brévia de frades
agostinhos, em 1809.
«Em 22 de Junho
de 1809, o Monte de Alumiara - sobranceiro a S. Paio, estendendo-se por 300
varas, com fonte, lavadouro, campos e moinhos, saibreira e pedreira de usufruto
comum, foi aforado a D. Maria Rosa da Conceição Silva, viúva de António
Gonçalves, negociante do Porto. Esta senhora era mãe da futura sogra do Dr.
Antero Albano da Silveira Pinto.
(…) Em 7 de
Agosto de 1840, foi dada posse da "Capella e Terreno da Brevia que foi
dos extinctos Cónegos Regrantes”, em S. Paio, a D. Maria Amália Ermelinda
da Silva e Sousa, do Porto, filha da mencionada D. Maria Rosa da Conceição
Silva. No auto de posse, a arrematante foi representada pelo seu genro, Dr.
Antero Albano da Silveira Pinto, sendo ambos moradores na Rua das Taipas, onde
também viviam em Fevereiro de 1841. O documento menciona a ermida e o terreno,
em termos que permitem perceber tratar-se de terreno em volta da capela, não se
referindo qualquer edifício à parte, nomeadamente o edifício da brévia.
Em suma, toda
aquela zona de antigo montado, junto à Ermida de S. Paio, foi sendo apropriada
pela mãe da futura sogra do Dr. Antero Albano da Silveira Pinto.
Uma vez que a
referida sogra comprou a capela e terreno do adro, supomos que o tenha feito
para complementar as propriedades que a família já ali tinha, nomeadamente a
própria brévia. Portanto, o sítio onde Antero Albano da Silveira Pinto terá
mandado construir o palacete, veio à sua posse por casamento».
Cortesia de Francisco Queiroz / João Miranda Lemos, In “A Família
Silveira Pinto e o Palacete de S. Paio”
Presentemente, a que foi a Casa do Senhor Antero, é a sede duma
irmandade religiosa - Oblatas do Coração de Jesus
Voltando ao convento da Serra do Pilar, durante a luta do
cerco do Porto entre 8 de Setembro de 1832, e 18 de Agosto de 1833 ficou muito
danificado, a ponto de não se poder praticar o culto.
“Todavia, um grupo de devotos Gaienses resolveu
representar à rainha D. Maria II, para constituírem uma confraria, que
celebrasse o culto à Virgem do Pilar. A esta confraria se deve a salvação da
actual igreja do convento da serra do Pilar, porquanto foi a expensas dos seus
filiados que foram adquiridos os artigos e objectos indispensáveis à prática do
culto, como também pagaram as reparações mais necessárias, que evitassem a
ruína de tão importante monumento, único na península pela sua forma redonda e
magnificência arquitectónica.
Para o culto exclusivo à imagem de Nossa Senhora do Pilar
constituiu-se, em 15 de Agosto de 1895, uma «Devoção de Nossa Senhora do
Pilar».
In portoarc.blogspot
Em 1925 começou o restauro deste mosteiro, muito danificado
pelo abandono de muitos anos.
Arruamento e casas demolidas em 1920, para a construção do
terreiro e acesso. É bem visível a
antiga igreja
Construção do muro de suporte da Serra do Pilar
O muro de suporte já terminado - vê-se à esquerda a torre do
primitivo convento do séc. XVI
Zimbório da igreja
“Já lemos que um arquitecto estrangeiro foi
escolhido para construir a cúpula da Igreja da Serra do Pilar. Para tal teria
recebido metade do ajustado. Quando acabada, o povo e outros arquitectos terão
receado que dado o seu tamanho e forma não se aguentasse quando retirados os
altos troncos que a escoravam. O próprio arquitecto talvez também não tivesse
total confiança na sua obra pois, foi adiando a sua retirada. Não recebendo o
restante do seu pagamento, decidiu certa noite fugir do Porto, o que reforçou
esse receio. Por esta razão a Igreja não foi utilizada durante muitos anos. Com
o tempo os troncos, apodrecidos, desabaram, mas a cúpula manteve-se firme e
resistiu mesmo aos bombardeamentos dos Miguelistas durante o cerco do Porto,
1832/33. Será isto verdade ou
lenda?”
In portoarc.blogspot.
A igreja do convento
da Serra do Pilar tem como curiosidade exibir uma rara imagem de S. Valentim
que, como se sabe, foi retirado pelo Vaticano da sua lista de santos, por não
puderem provar a sua existência.
Imagem de S.
Valentim num nicho da igreja do convento da Serra do Pilar
Interior da igreja do
convento da Serra do Pilar
Claustro do convento renovado
Vista da Serra do Pilar, antes e depois
Vista da Serra do Pilar (à esquerda)
(Continua)
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