18.15 Bom Sucesso
Aldeia do Bom Sucesso
Quando se planeou a construção do Mercado do Bom Sucesso, a
fonte que se vê na foto anterior ao lado da capela, foi removida para o
interior da quinta em meados do século XX, para se proceder a arranjo
urbanístico da zona e, em 1982, o novo proprietário da quinta, Oswaldo Lopes
Cardoso Rocha Ferreira, transfere-a para uma propriedade em Barcelos,
encontrando-se actualmente numa quinta que pertenceu à família Rocha Ferreira,
na freguesia de Martim em Barcelos, local onde foi recolhida junto com mais
algum património escultórico, que a Quinta do Bom Sucesso possuía.
Quinta do Bom Sucesso casa, capela e fonte
Fonte de Nossa senhora do Bom Sucesso em 1950 - Ed. Teófilo
Rego; CMP, Arquivo Histórico Municipal
Vista actual do Bom Sucesso - Fonte: Google Maps
Traseiras da casa da Quinta do Bom Sucesso em meados do
século XX
A Rua de S. Paulo ao Bom Sucesso em 1941
Casa e Capela na actualidade
O conjunto da Casa da Quinta do Bom Sucesso e Capela é um
dos poucos exemplares de casas agrícolas do século XVIII, ainda existentes no
Porto, em vias de classificação como Imóvel de Interesse Público pelo IGESPAR.
localizando-se na proximidade da Rotunda da Boavista.
Esta quinta ia da Rua do Campo Alegre ao Cemitério de
Agramonte e do Largo do Bom Sucesso à Viela do Friagem a actual Rua
Arquitecto Marques da Silva e que foi também Viela do Friage.
A Quinta de Bom Sucesso era uma antiga propriedade rural dos
arredores do Porto. No século XVIII e XIX, a cidade era ainda relativamente
pequena (em comparação ao seu tamanho actual), e estava rodeada por
propriedades rurais, pertencentes às grandes famílias do Porto. A maioria dos
seus donos vivia em permanência em grandes mansões e palacetes na cidade. Eram
fidalgos, burgueses e mercadores abastados que compravam essas quintas para
veraneio e recreio. Por outro lado, era de muitas destas quintas que vinham os
mantimentos para a cidade, as frutas e hortaliças vendidas nos seus mercados.
Esta quinta foi construída na primeira metade do século XVIII,
por António de Almeida Saraiva.
A mais antiga referência à quinta é um registo, de meados do
século XVIII, relativo a uma fonte, mandada fazer pelo proprietário, António de
Almeida Saraiva, negociante, residente no Largo de São Domingos, que usava a
quinta como casa de veraneio. Mandou erguer uma fonte de acesso público, que
esteve junto da casa e que, hoje, já não se encontra nesse local. Sabe-se que tinha
uma inscrição que nos chegou até hoje registada em papel:
“Esta fonte mandou-a
fazer à sua custa no ano de 1748 António de Almeida Saraiva, senhor desta
quinta, e cuja água dará ele e seus sucessores quando e na quantidade que muito
lhes parecer. 1748, Nossa Senhora do Bom Sucesso.”
Uma imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso estava colocada
num nicho que existia na frontaria dessa fonte que ficava ao lado da
capela. Aquela personagem,
“ (…) era um dos
muitos comerciantes e burgueses abastados da cidade, que utilizava a
propriedade campestre para lazer.
Construiu uma boa
casa, de desenho e linhas simples e levemente rurais, e ao lado, formando um L
com a habitação, uma capela barroca, de desenho mais elaborado, que dedicou a
Nossa Senhora do Bom Sucesso. E baptizou a quinta como Quinta do Bom Sucesso”.
Fonte: pt.wikipedia.org
“A capela,
provavelmente, já existia no ano de 1704, porque num registo paroquial de
Cedofeita desse ano vem referido "o lugar da Areosa, junto à Senhora do
Bom Sucesso". Lugar da Areosa que no referido inquérito de 1758 é indicado
pelo padre Manuel Brandão como a "aldeia
da Arioza". A capela ganhou fiéis, e segundo as "Memórias
Paroquiais de 1758", já tinha alguns devotos que vinham desde a cidade do
Porto até à capela para orar e dirigir preces à imagem de Nossa Senhora do Bom
Sucesso.
A quinta do Bom
Sucesso passou, depois, da posse de António Saraiva, para a posse de D. Maria
Angélica, filha de António Saraiva; a seguir, para um neto do primeiro dono, o
desembargador António Pedro de Alcântara e Sá Lopes; e, posteriormente pertenceria
a um bisneto, António de Sá Lopes, também desembargador de profissão, que a
habitava em 1840.
Depois, foi vendida a
um súbdito inglês chamado Diogo Franklim que, provavelmente, por ser
anglicano, descurou o culto da capela e a "romaria" dos devotos foi
esmorecendo. Os últimos ocupantes da quinta foram o coronel Francisco Rocha
Ferreira Júnior e suas filhas. Por esta altura, já a propriedade fazia parte
da freguesia de Massarelos.
A Quinta do Bom
Sucesso era enorme. Estendia-se por toda aquela vasta área que hoje fica entre
as ruas do Campo Alegre, Bom Sucesso, Marques da Silva e Largo do Bom Sucesso.
Além de terrenos de cultivo, pomares e hortas, a propriedade possuía também um
belo jardim feito à moda francesa”.
Com a devida vénia a Germano Silva
Mas o avançar da cidade não poupou a propriedade. Os tempos
ditaram a sua venda e urbanização. Hoje, as terras ocupadas pela quinta,
outrora cultivadas, estão sob o alcatrão e o cimento das ruas e edifícios do
Porto urbano do nosso tempo, e da antiga propriedade restou a casa da quinta, e
a capela pegada. Estas foram por sua vez incorporadas no arranha-céus de vidro
do Shopping Cidade do Porto. Estão restauradas, mantiveram a sua traça original
no exterior. A casa é hoje um restaurante-bar.
A capela onde era muito venerada a imagem de Nossa Senhora
do Bom Sucesso era procurada para patrocinar todo o tipo de sucessos: sucesso
num negócio; numa viagem; no casamento; ao jogo; na passagem para a outra
vida. Era costume antigo os cortejos fúnebres, que se dirigiam para o cemitério
de Agramonte, ali perto, pararem junto da fonte a urna colocada diante da
imagem de Nossa Senhora.
A capela hoje foi reaberta ao culto, ao cuidado dos
Missionários da Fraternidade Missionária Verbum Dei.
Em terrenos desta quinta do Bom Sucesso haveria de nascer em
1951 o Mercado do Bom Sucesso, que até aos dias de hoje passou por algumas
modificações importantes.
Mercado do Bom Sucesso a dois passos da capela
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