quarta-feira, 28 de junho de 2017

(Continuação 20)

18.15 Bom Sucesso

Aldeia do Bom Sucesso


Quando se planeou a construção do Mercado do Bom Sucesso, a fonte que se vê na foto anterior ao lado da capela, foi removida para o interior da quinta em meados do século XX, para se proceder a arranjo urbanístico da zona e, em 1982, o novo proprietário da quinta, Oswaldo Lopes Cardoso Rocha Ferreira, transfere-a para uma propriedade em Barcelos, encontrando-se actualmente numa quinta que pertenceu à família Rocha Ferreira, na freguesia de Martim em Barcelos, local onde foi recolhida junto com mais algum património escultórico, que a Quinta do Bom Sucesso possuía.  


Quinta do Bom Sucesso casa, capela e fonte


Fonte de Nossa senhora do Bom Sucesso em 1950 - Ed. Teófilo Rego; CMP, Arquivo Histórico Municipal


Vista actual do Bom Sucesso - Fonte: Google Maps


Traseiras da casa da Quinta do Bom Sucesso em meados do século XX


A Rua de S. Paulo ao Bom Sucesso em 1941


Casa e Capela na actualidade

O conjunto da Casa da Quinta do Bom Sucesso e Capela é um dos poucos exemplares de casas agrícolas do século XVIII, ainda existentes no Porto, em vias de classificação como Imóvel de Interesse Público pelo IGESPAR. localizando-se na proximidade da Rotunda da Boavista.
Esta quinta ia da Rua do Campo Alegre ao Cemitério de Agramonte e do Largo do Bom Sucesso à Viela do Friagem a actual Rua Arquitecto Marques da Silva e que foi também Viela do Friage.
A Quinta de Bom Sucesso era uma antiga propriedade rural dos arredores do Porto. No século XVIII e XIX, a cidade era ainda relativamente pequena (em comparação ao seu tamanho actual), e estava rodeada por propriedades rurais, pertencentes às grandes famílias do Porto. A maioria dos seus donos vivia em permanência em grandes mansões e palacetes na cidade. Eram fidalgos, burgueses e mercadores abastados que compravam essas quintas para veraneio e recreio. Por outro lado, era de muitas destas quintas que vinham os mantimentos para a cidade, as frutas e hortaliças vendidas nos seus mercados.
Esta quinta foi construída na primeira metade do século XVIII, por António de Almeida Saraiva.
A mais antiga referência à quinta é um registo, de meados do século XVIII, relativo a uma fonte, mandada fazer pelo proprietário, António de Almeida Saraiva, negociante, residente no Largo de São Domingos, que usava a quinta como casa de veraneio. Mandou erguer uma fonte de acesso público, que esteve junto da casa e que, hoje, já não se encontra nesse local. Sabe-se que tinha uma inscrição que nos chegou até hoje registada em papel:
“Esta fonte mandou-a fazer à sua custa no ano de 1748 António de Almeida Saraiva, senhor desta quinta, e cuja água dará ele e seus sucessores quando e na quantidade que muito lhes parecer. 1748, Nossa Senhora do Bom Sucesso.”
Uma imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso estava colocada num nicho que existia na frontaria dessa fonte que fi­cava ao lado da capela. Aquela personagem,

“ (…) era um dos muitos comerciantes e burgueses abastados da cidade, que utilizava a propriedade campestre para lazer.
Construiu uma boa casa, de desenho e linhas simples e levemente rurais, e ao lado, formando um L com a habitação, uma capela barroca, de desenho mais elaborado, que dedicou a Nossa Senhora do Bom Sucesso. E baptizou a quinta como Quinta do Bom Sucesso”.
Fonte: pt.wikipedia.org

“A capela, provavelmente, já existia no ano de 1704, porque num registo paro­quial de Cedofeita desse ano vem referi­do "o lugar da Areosa, junto à Senhora do Bom Sucesso". Lugar da Areosa que no re­ferido inquérito de 1758 é indicado pelo padre Manuel Brandão como a "aldeia da Arioza". A capela ganhou fiéis, e segundo as "Memórias Paroquiais de 1758", já tinha alguns devotos que vinham desde a cidade do Porto até à capela para orar e dirigir preces à imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso.
A quinta do Bom Sucesso passou, depois, da posse de António Saraiva, para a posse de D. Maria Angélica, filha de António Saraiva; a seguir, para um neto do primeiro dono, o desembargador António Pedro de Alcântara e Sá Lopes; e, posterior­mente pertenceria a um bisneto, António de Sá Lopes, também desembargador de profissão, que a habitava em 1840. 
Depois, foi vendida a um súbdito inglês chamado Diogo Franklim que, provavel­mente, por ser anglicano, descurou o cul­to da capela e a "romaria" dos devotos foi esmorecendo. Os últimos ocupantes da quinta foram o coronel Francisco Rocha Ferreira Júnior e suas filhas. Por esta altu­ra, já a propriedade fazia parte da fregue­sia de Massarelos. 
A Quinta do Bom Sucesso era enorme. Estendia-se por toda aquela vasta área que hoje fica entre as ruas do Campo Alegre, Bom Sucesso, Marques da Silva e Largo do Bom Sucesso. Além de terrenos de cultivo, pomares e hortas, a propriedade possuía também um belo jardim feito à moda francesa”. 
Com a devida vénia a Germano Silva


Mas o avançar da cidade não poupou a propriedade. Os tempos ditaram a sua venda e urbanização. Hoje, as terras ocupadas pela quinta, outrora cultivadas, estão sob o alcatrão e o cimento das ruas e edifícios do Porto urbano do nosso tempo, e da antiga propriedade restou a casa da quinta, e a capela pegada. Estas foram por sua vez incorporadas no arranha-céus de vidro do Shopping Cidade do Porto. Estão restauradas, mantiveram a sua traça original no exterior. A casa é hoje um restaurante-bar.
A capela onde era muito venerada a imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso era procurada para patrocinar todo o tipo de sucessos: suces­so num negócio; numa viagem; no casa­mento; ao jogo; na passa­gem para a outra vida. Era costume antigo os cortejos fúnebres, que se dirigiam para o cemitério de Agramonte, ali perto, para­rem junto da fonte a urna colocada diante da imagem de Nossa Senhora. 
A capela hoje foi reaberta ao culto, ao cuidado dos Missionários da Fraternidade Missionária Verbum Dei.
Em terrenos desta quinta do Bom Sucesso haveria de nascer em 1951 o Mercado do Bom Sucesso, que até aos dias de hoje passou por algumas modificações importantes.

Mercado do Bom Sucesso a dois passos da capela

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