A Igreja dos Carmelitas ou Igreja dos Carmelitas Descalços
começou a ser construída em 1616 e ficou concluída em 1628. A decoração do
interior só viria a ficar pronta em 1650.
Igreja dos Carmelitas, em desenho de J. Villanova, em 1833
No desenho anterior,
sobre as portas, estão as imagens de S. José, Santa Teresa de Ávila e Nossa
Senhora do Carmo – no largo existia um dos muitos cruzeiros do Porto.
Os carmelitas descalços chegaram ao Porto em Janeiro de
1617, com a intenção de aqui fundarem um convento. Instalaram-se,
primitivamente, numas casas modestas da antiga Rua de S. Miguel, hoje chamada
de S. Bento da Vitória. Intercedeu por eles, junto de Filipe II, que então
reinava em Portugal, a poetisa Bernarda Correia de Lacerda. E a autorização
para a construção do mosteiro não tardou a ser concedida.
Para custear as obras da construção do novo convento, a
Câmara do Porto ofereceu aos frades 2000 cruzados, uma avultada soma, para a
época. Mas o maior contributo foi o das esmolas dadas pelo povo. Em 1622, os
frades transferiram-se da velha Rua de S. Miguel para a parte já levantada do
novo convento. A igreja começou a ser construída pouco depois, mas só ficou
concluída em 1628.
A fachada de cantaria granítica possui três entradas com
arcos de volta perfeita, encimadas por igual número de nichos, com as imagens
de São José, Santa Teresa de Jesus e de Nossa Senhora do Carmo ao centro. O
corpo superior contém três janelões, sendo o central de forma rectangular e os
dois laterais com a forma de trapézio rectangular. A rematar a fachada um
frontão triangular encimado por balaústres.
Possui uma torre sineira do lado poente, revestida a
azulejos monocromáticos da cor azul, rematada por uma cúpula em forma de bolbo.
A torre sineira começou por estar colocada a nascente, mas
foi mudada para ser construída a igreja dos Terceiros do Carmo.
Esta igreja é do estilo barroco primitivo, portanto de
traços muito sóbrios.
Durante a segunda invasão francesa (1809), a Igreja dos
Carmelitas foi ocupada por um regimento de Napoleão. Os soldados saquearam-na.
Uma outra igreja, fica na esquina das actuais ruas de Carlos
Alberto e Professor Abel Salazar. É a Igreja do Carmo ou Igreja da Venerável
Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, em área contígua à Praça dos Leões.
De estilo barroco/rococó, foi construída na segunda metade do século XVIII,
entre 1756 e 1768, pela Ordem Terceira do Carmo, sendo o projecto do arquitecto
José Figueiredo Seixas. A construção do hospital, na retaguarda e com frontaria
para a Praça Carlos Alberto, começou mais tarde ficando concluído em 1801.
Em 1736, a Ordem do Carmo estava instalada na desaparecida
capela da Batalha, junto da Porta da Batalha. O templo era pequeno e, em 1751,
a ordem deliberou mandar construir igreja própria. Para esse efeito, comprou um
pedaço de terreno que ficava no Campo dos Ferradores (hoje Praça de Carlos
Alberto) do lado nascente da Igreja dos Carmelitas. A construção do novo
templo só começou em 1756, mais de 130 anos depois do início das obras da
igreja dos Carmelitas.
Uma curiosidade: quando se deu início às obras da Igreja do
Carmo, estavam a ser construídas também as igrejas da Lapa e do Terço. Mas as
fachadas das três são diferentes umas das outras. O projeto da Igreja do Carmo
foi feito pelo arquitecto e pintor José Figueiredo Seixas, que contou com a
ajuda de Nicolau Nasoni para a construção do varandim que está na
fachada.
Há quem veja na fachada da Igreja do Carmo influência do
trabalho feito na Igreja dos Clérigos, que estava novinha em folha quando
aquela começou a ser construída.
Possui um extraordinário painel lateral em azulejos
representando cenas alusivas à fundação da Ordem Carmelita e ao Monte Carmelo
desenhado por Silvestre Silvestri, pintado por Carlos Branco e executado nas
Fábricas do Senhor d'Além e da Torrinha em Vila Nova de Gaia, datados de 1912 e
que constitui uma obra de referência da Azulejaria Portuguesa.
Esta igreja está geminada com a Igreja dos Carmelitas, do
lado oeste, constituindo um volume único, embora se diferenciem as duas
igrejas.
Foi classificada como Monumento Nacional a 3 de Maio de
2013, em conjunto com a Igreja dos Carmelitas adjacente.
Hospital do Carmo, em 1833, em desenho de J. Villanova
Igreja dos Carmelitas (à esquerda) e Igreja do Carmo (à direita)
Igrejas dos Carmelitas e do Carmo – Ed. CMP, Arquivo
Histórico Municipal
A foto acima é de 1890 e nela se vê, vindo da Praça Carlos
Alberto, um Americano.
Largo do Carmo, em 1905
Igrejas em 1910
Igreja dos Carmelitas (à esquerda) e do Carmo (à direita)
Entre as duas
igrejas existe a casa mais estreita do Porto, habitada pelo sacristão e sineiro
do Carmo
Na área fronteira à Igreja dos Terceiros do Carmo, que seria
expropriada em 1901, ficava os chamados Passeios da Graça com a Politécnica
dum lado e do outro uma série de casas, onde no começo do século XX,
pontificava um “quiosque estação”
que dava apoio aos “americanos” e “eléctricos”, que ali tinham um local de
partidas e chegadas e uma das mais afamadas confeitarias da altura, “O Bonifácio”, que pelas épocas de Natal
era muito solicitada.
Por Passeio da Graça era designada, ainda nos finais do
século XIX, "uma bela rua que ia da
porta do Olival para o Carmo. Em toda a extensão dessa artéria havia
"pilares e belos assentos, de um e do doutro lado, para recreação do
público.
Sabemos que os tais
assentos eram "dezasseis bancos de pedra lavrada, devidamente ensombrados
pelos frondosos arvoredos do Anjo, a nascente e da Cordoaria, a poente".
Planta do local
Na planta acima pode ver-se, ao centro, os Passeios da Graça
ligando a Cordoaria ao Largo do Carmo.
Consultando uma planta topográfica da cidade do Porto, feita
em 1788, verificámos que a artéria em referência já vem ali assinalada. Já
existia, portanto, no século XVIII e só desapareceu, nos começos do século XX,
quando ainda se andava a construir o edifício que é hoje a sede da Reitoria da
Universidade do Porto.
Como facilmente se pode constatar, pelo que atrás fica dito,
o Passeio da Graça, também conhecido por Passeio da Cordoaria, ocupava o espaço
onde hoje está a Praça de Parada Leitão. Resultou o passeio, de um arranjo
urbanístico do Carmo e suas vizinhanças "com os seus
passeios e assentos", feito antes de 1788.
Por uma questão de orientação cronológica diga-se, que em 1903,
os meninos órfãos colégio de Nossa Senhora da Graça já tinham sido transferidos
para as instalações junto ao cemitério do Prado do Repouso.
No edifício da Politécnica, numa parte do rés-do-chão e numa
parte do 1º andar, esteve aqui instalado, muito brevemente, o Café Chaves, c.
1900.
Por aqui, também paravam as célebres caleches que faziam
carreira para a Foz do Douro.
O logradouro que resultou do arranjo urbanístico dos
Passeios da Graça foi dado o nome de Largo do Carmo e mais tarde Praça de
Parada Leitão em homenagem ao antigo lente de física.
Passeios da Graça ou Passeio da Cordoaria, com as igrejas
dos carmelitas em fundo e Politécnica à direita em 1901
A Escola Médico-Cirúrgica do Porto foi um estabelecimento de
ensino superior, na área médica e farmacêutica, criado na cidade do Porto no
âmbito da reforma educativa de Passos Manuel e que funcionou entre os anos de
1836 e 1911. Sucedeu à Régia Escola de Cirurgia do Porto, uma instituição
criada em 1825 por D. João VI, que funcionava em ligação com o Hospital da
Misericórdia do Porto, na sua ala mais a Sul.
Em 1837, é estabelecido um novo plano geral de estudos, que,
além de alargar o número de cadeiras, as dividia em cadeiras médicas e cadeiras
cirúrgicas.
Gravura de Nogueira da Silva, in Archivo Pitoresco
A Régia Escola de Cirurgia e a Escola-Médico Cirúrgica do
Porto funcionaram na ala Sul do Hospital de Santo António (em 1º plano na
gravura acima).
À Escola-Médico Cirúrgica do Porto se referia Pinho Leal na
sua obra “Portugal Antigo e Moderno”( 1875), Volume 5, página nº 259.
A Escola Médico-Cirúrgica passou, em 1884 (já constava da
planta de Telles Ferreira de 1892), a funcionar em edifício construído numa
área da cerca do convento dos carmelitas, na esquina da Rua do Carmo com a Rua
do Carregal (Rua do Paço) e que hoje é a Rua Prof. Vicente José de Carvalho,
ligada ainda ao Hospital de Santo António.
Em 1877, essas instalações ainda estavam em construção.
Na reforma educativa que se seguiu à implantação da
República Portuguesa, a Escola Médico-Cirúrgica do Porto foi elevada a
Faculdade de Medicina do Porto pelo Decreto com força de lei de 22 de Fevereiro
de 1911, que promulgou a reforma do ensino médico e, acabaria, por no mesmo
local, ser construído um novo edifício que passou a ocupar.
Em 1912, pretende-se, sem sucesso, a ampliação do edifício
com a introdução de mais um andar, de acordo com a planta e alçados da autoria
do arquitecto José Teixeira Lopes, tendo sido apenas construída a sala do Museu
de Anatomia, com recursos da própria escola.
Em 1926, através do Decreto nº 12.889, o Governo é
autorizado pelo Ministério da Instrução Pública a contrair um empréstimo na
Caixa Geral de Depósitos para a ampliação do edifício, cujas obras são
iniciadas em 1931, ocorrendo a respectiva inauguração do edifício, após a
ampliação, a 15 de Abril de 1937, nas comemorações do 1º Centenário da Escola
Médico-Cirúrgica.
Na foto pode ver-se a antiga Escola Médica construída na cerca
do convento (em primeiro plano) e ao fundo a Igreja dos Carmelitas
O novo edifício da Faculdade de Medicina, no local da antiga
Escola Médico-Cirúrgica, foi um projecto dos arquitectos Baltazar de Castro
(1891-1967) e Rogério de Azevedo (1898-1983), com uma fachada onde é utlizada
uma linguagem neoclássica, tentando uma integração com o vizinho Hospital de
Santo António.
As novas instalações da Faculdade de Medicina, pelo aumento
da população de estudantes, professores e médicos, iria contribui para animar
todos os locais de convívio envolventes, mormente o Café Ancora d’Ouro, como se
pode ainda hoje constatar pelas placas evocativas dos diferentes cursos médicos
que decoram as suas paredes.
Projecto da fachada principal do
novo edifício da Faculdade de Medicina.
Note-se que, não chegaram a ser realizados, conforme o
previsto, quer a identificação da Faculdade, quer a colocação de símbolos
(estátua e baixo-relevo no tímpano)
O novo edifício da faculdade de Medicina do Porto c.1933
O novo edifício da Faculdade de Medicina do Porto c.1940
Fachada lateral da
antiga Faculdade de Medicina
Mesma perspectiva e actual das anteriores fotos onde funcionou
a Faculdade de Medicina do Porto – Fonte: Google maps
A 24 de Junho de 1959, dá-se a transferência da Faculdade de
Medicina para a área da Asprela, para o edifício hoje ocupado também pelo
Hospital de S. João, que seria inaugurado na mesma data.
Este hospital escolar teve projecto do arquitecto alemão Herman Distel (1875-1945), um arquitecto muito conceituado, como projectista desse tipo de edifícios. O Hospital de Santa Maria, em Lisboa tem também a sua marca.
O Hospital S. João seria edificado na Asprela num ambiente completamente rural. A perspectiva foi obtida do local em que viria a nascer o Instituto Industrial - Fonte: AHMP
Planta de 1827 para regular o alinhamento da Cerca dos
Religiosos Carmelitas, da Praça do Carmo, ao Hospital Real de Santo Antonio
– AHMP; Fonte: blogue ”doportoenaoso”
Na planta acima com o nº 6 a igreja dos Carmelitas e com o
nº 7 a igreja dos Terceiros. Por ela se vê a área que foi subtraída à cerca dos
Carmelitas.
Na área fronteira ao convento dos Carmelitas, mais para
poente, que o povo diz ser o Largo Júlio Dinis por aí estar uma
estátua do escritor, mas que de facto é o Largo Prof. Abel Salazar.
Júlio Dinis de nome de baptismo, Joaquim Gomes Coelho,
nasceu e morreu no Porto, tendo-se formado na Escola Médica Cirúrgica do Porto
com alta classificação, razão suficiente para se compreender a escolha do local
para levantamento de um monumento à sua memória.
O ensino da Medicina no Porto tem origens na Régia Escola de
Cirurgia, instituição criada em 1825, ao mesmo tempo que a congénere de Lisboa.
A criação destas escolas era assim justificada:
“Sendo indispensável e
da mais absoluta necessidade que os Cirurgiões adquiram os precisos
conhecimentos para bem e dignamente prehencherem, e com pública utilidade, os
empregos de Cirurgiões no Exército e na Armada; assim como para poderem
socorrer os Povos, tanto nos lugares onde não existirem Médicos, como naqueles
cujo número não for suficiente para ocorrer a todas as afecções do seu foro”.
Depois de ter aberto as portas pela primeira vez a 25 de
Novembro de 1825, a Escola funcionou com normalidade durante dez anos, no
Hospital da Misericórdia (depois Hospital de Santo António). Em 1836, uma
reorganização do ensino médico, que procurou melhorar “não só com proveito do ensino público, mas também com utilidade dos
hospitais de ambas as cidades”, resultou numa reforma das escolas de
cirurgia do Porto e na consequente criação da Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Após a criação da U. Porto, em 1911, esta viria a dar origem à actual Faculdade
de Medicina.
Desse local, desapareceram várias artérias de outros tempos
como a Viela do Loureiro e a Viela dos Poços da qual fazia parte
a actual Travessa do Carmo, mas, que, num documento de 1755 vem identificada
como Viela
dos Poços das Traseiras da Cordoaria, e que 4 anos depois era Rua
dos Poços das Traseiras da Cordoaria.
Nos começos do século XVI, a configuração do actual Largo
do Prof. Abel Salazar, era muito diferente daquela que hoje apresenta. Por esse
tempo, a partir, sensivelmente, do sítio onde se colocou o monumento a Júlio
Dinis, começava um renque de casas que se estendia para as bandas da
esquina com o Jardim da Cordoaria.
Entre estas casas e as que ainda hoje se veem no lado
nascente do Largo do Prof. Abel Salazar, que ficam mesmo defronte da fachada do
hospital, havia uma estreita artéria chamada Viela do Loureiro.
A demolição das casas da Viela do Loureiro fez-se nos
finais do século XIX. Só em 1901 o logradouro foi ajardinado.
Hospital de Santo António e Régia Escola de Cirurgia no local inicial de instalação
No desenho acima à direita estão as casas que seriam
demolidas e com elas desapareceria a Viela do Loureiro.
A antiga e desaparecida Travessa do Carmo, que nada tem a
ver com a de hoje e que segundo um
documento da época: ”… era uma viela que fica defronte da igreja do
Carmo é alumiada por dois lampiões de azeite a sua numeração é de 1 a 14, sendo
a casa nº 7 habitada pelo médico Assis.”
Numa planta deste ponto da cidade, feita em 1788 pelo
engenheiro urbanista D. José de Champalimaud de Nussane, vem descrito "o terreiro e viela do Carmo, com os
aquedutos que atravessam". Estes aquedutos eram simplesmente os
coletores das águas pluviais e das imundícies provenientes das casas que
ladeavam a artéria.
Quem entrar na actual Travessa do Carmo, pelo lado do Largo
do Prof. Abel Salazar, não terá dificuldade em constatar que ali em frente há
vestígios nítidos de que a estreita artéria teria continuação para os lados
do largo hoje denominado Praça de Parada Leitão. Assim era de facto.
Entrada da Travessa do Carmo, em 1964
Há coisa de cento e cinquenta anos, pouco mais ou menos, havia
uma espécie de beco, denominado Viela do Assis, por nela viver o
médico célebre daquele tempo, Francisco de Assiz Vaz e que corria paralela aos
Passeios da Graça e que já tinha sido antes, a Viela dos Condenados.
Pertenciam a essa viela as casas, algumas, hoje, bastante
alteradas, que ficam do lado onde está o edifício onde funciona o Café Âncora
d'Ouro, o popular "Piolho".
Tomou o nome de Assis por ter nascido e vivido, no prédio
arredondado, que faz esquina com o Jardim da Cordoaria, o médico Francisco de
Assis de Sousa Vaz, que faleceu em 1870.
Aquele notável cirurgião do Hospital Geral de Santo António,
nasceu em 1797 na Ferraria de Cima (Rua dos Caldeireiros). Este clínico
notabilizou-se por ter presidido aos últimos suspiros do rei Carlos Alberto e
ter sido pioneiro na luta contra os enterramentos nas igrejas. A casa que
habitou foi alvo de remodelações em 2013.
O clínico vivia na casa redonda da esquina da Praça de
Parada Leitão e da Cordoaria, onde chegou a estar o Hotel Portugal e depois foi
sede do Consulado da França. A viela corria desde a esquina onde está a casa
até em frente às igrejas do Carmo e dos Carmelitas. Há muito que a estreita e
imunda viela desapareceu.
As casas de todas estas vielas, becos e travessas ficavam
nas traseiras das casas que tinham as suas fachadas voltadas para a Cordoaria.
Daí o dizerem, como acima ficou referido, viela disto ou daquilo, das Traseiras
da Cordoaria.
Anteriormente, os Passeios da Graça e a Viela do Assis
denominavam-se, respectivamente, Rua e Travessa do Carmo, pela sua proximidade
com a Igreja dos Terceiros daquele Ordem.
Casa do Dr. Francisco Assiz Vaz, à esquerda
Casa do Assis actualmente - Ed. MAC
Jardim da Cordoaria em 1895
Na foto acima, inserida no “ Guia do Forasteiro do Porto e
Província do Minho-1895”, observa-se do lado direito do arbusto central a casa
do Dr. Francisco Assis Vaz, que à data estava ocupada pelo consulado de França.
Junto desta casa, vê-se a entrada da primitiva Travessa do Carmo, a separar a
dita casa e um quarteirão situado ao lado direito da foto que seria demolido para
abertura da Praça Parada Leitão.
A meio da travessa citada saía perpendicularmente a ligação da
Viela
do Assis à Viela dos Poços passando esta, actualmente, a ser a Travessa do
Carmo.
Acesso emparedado do acesso da Viela dos Poços à casa do Assis
Pela abertura entre os prédios da actual Travessa do Carmo,
da foto anterior, passava a estreitíssima viela de acesso à actual Praça de
Parada Leitão.
A Cordoaria e a caleche vinda dos Passeios da Graça - Ed
Emílio Biel
Planta da zona do Olival e Praça do Carmo
Na planta acima a Cordoaria está no canto inferior esquerdo.
Planta legendada
Legenda:
1- Passeios da Graça depois Rua do Carmo
2- Viela do Assis depois Travessa do Carmo
3 e 5- Viela dos Poços ou Viela dos Poços das Traseiras da Cordoaria
4- Viela do Loureiro
Actualmente o troço identificado com 3 é a Travessa do
Carmo.
Planta da Cordoaria em 1850
Legenda:
1- Hospital de Santo António
2-7- Edifícios demolidos
4- Edifícios demolidos que estavam adossados à muralha
3- Cadeia da Relação
5- Igreja de S. José das Taipas e edifícios anexos
6- Capela dos padres Trinitários e Roda
8- Igreja de Nossa Senhora da Graça e suas dependências anexas, em parte já "engolidas" pelo
edifício da Faculdade de Ciências, edifício esse que levaria quase 100
anos a completar-se, sendo a Igreja da Graça apenas demolida no início do
século XX.
Cordoaria com Igreja dos Clérigos ao fundo em 1885 - Ed.
Emílio Biel
Na foto acima é visível o telhado da igreja de Nossa Senhora
da Graça.
Um matemático de excepção
Francisco Gomes Teixeira
Francisco Gomes Teixeira nasceu em Armamar, na freguesia de
São Cosmado em 1851. Em 1874, licenciou-se em Matemáticas com 20 valores na
Universidade de Coimbra. No ano seguinte, doutorou-se com igual valor, facto
sem precedentes na universidade.
Aos 25 anos, foi convidado para professor universitário e,
aos 30, já era catedrático de Cálculo Infinitesimal e Integral.
Vai para o Porto, para a Academia Politécnica (antecessora
da Faculdade de Ciências). É nomeado
primeiro reitor da Universidade do Porto (1911-17). Em 1919, atingiu o
limite de idade que o afasta da docência, mas o seu prestígio leva-o à direcção
do Instituto de Investigação Científica da História das Matemáticas
Portuguesas.
Gomes Teixeira morre em 1933, com 82 anos. No seu elogio
fúnebre, Duarte Leite, outro grande matemático e historiador, considerou-o o
maior matemático da Península e um dos mais respeitados da Europa.
Parece que, na altura da sua morte, era mais conhecido e
respeitado no estrangeiro do que em Portugal. Por isso é que, contrariando a
regra de consagrar sítios na cidade com nomes que nada têm a ver com o local, o
nome de Gomes Teixeira merece plenamente estar imortalizado no local a que a
sua carreira docente esteve ligado.
Um centro comercial que não se concretizou
Pela importância e pela curiosidade que há em perceber esta
zona da cidade, dá-se conta do tema seguinte.
Praticamente toda a área do quarteirão formado pelas praças
de Gomes Teixeira, Guilherme Gomes Fernandes e Carlos Alberto e a Rua Actor
João Guedes, fronteiro ao edifício da Universidade, foi alvo de um projecto do
arquitecto Fernando Távora resultante de concurso para provimento (neste caso
para prof. de arquitectura) de lugar de professores nos diversos grupos da
Escola Superior de Belas Artes do Porto e publicado no “Boletim Especial da Escola
Superior de Belas Artes do Porto 1962-1963”.
«O tema é “Um Centro Comercial” localizado
no quarteirão a norte do edifício da Reitoria e Faculdade de Ciências, “de
configuração rectangular, com cerca de 5600 (cinco mil e seiscentos) metros
quadrados de superfície”. O projecto deve ser integrado no Plano de
Pormenor do Plano Director da Cidade do Porto de Robert Auzelle, que “além
de prever o prolongamento da Avenida de Ceuta” prevê um “novo
sistema de circulações da Praça de Carlos Alberto.”
Parte do edificado total que era previsto demolir
Alçado Nascente
Alçado Sul
Vista virtual do Centro Comercial do Carmo
Távora propõe um edifício com um “corpo
relativamente baixo (cave e 3 pisos) que ocupa praticamente toda a área do
quarteirão” … “com cércea condicionada pela Igreja do Carmo e restantes
edifícios, (e que) «adere» aos alinhamentos tradicionais, que
não sentimos necessidade de alterar na sua essência” a que se opõe “um
corpo alto (cave e 15 pisos), de pequena superfície de implantação,… “de escritórios, e que
“constitui como que uma manifestação de presença em face do anonimato do
corpo baixo que por aderência e simpatia com as formas preexistentes as vai
acompanhando, criando-se assim um jogo de formas que, sabendo respeitar, sabe
também impor-se, dualidade de
atitudes sempre difícil de conseguir não apenas no caso particular da
arquitectura, mas no caso mais amplo da própria vida, de que a arquitectura
constitui aliás, quando autêntica, uma perfeita tradução.”»
Fonte: O texto sobre o projecto de Fernando Távora é da
autoria do administrador do blogue “doportoenaoso.blogspot.pt”, tendo a foto e as gravuras respeitantes, sido aí, também obtidas.
Os Armazéns Cunhas
O local do
projectado centro comercial acabaria até aos nossos dias, por ficar ocupado, em
parte, com o prédio da gravura seguinte.
Manuel Marques e
Amoroso Lopes, Projecto de remodelação da fachada principal dos Armazéns Cunha
em Agosto de 1935 – Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt/”
“A remodelação da fachada dos Armazéns Cunha
segundo um projecto dos arquitectos Manuel Marques (1890-1956) e Amoroso Lopes
(1899-1953) marca o aparecimento de um gosto art-déco como introdução da
modernidade na arquitectura da cidade do Porto. Lembre-se ainda outros estabelecimentos
contemporâneos no centro da cidade de que se destaca a Farmácia Vitália”.
Com o devido crédito
ao professor Ricardo Figueiredo
A fachada depois de
remodelada – Fonte: “doportoenaoso.blogspot.pt/”
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