No ano de 1704, o bispo D. Frei José de Santa Maria de
Saldanha fundou, no campo da Via Sacra ou do Calvário Velho, o Convento de S.
José e de Santa Teresa de Carmelitas Descalças, junto ao local em que, antes, estava situada uma pequena ermida, que assinalava o termo de uma via-sacra, que tinha início junto da capela do Espírito Santo, à entrada da antiga Viela
da Cadeia (hoje Travessa da Rua Chã), atravessava o Campo das Hortas (hoje a
Praça da Liberdade) e subia por um carreiro (hoje a Rua da Fábrica) até ao
sítio do Calvário Velho, que era como então se designava, a actual Praça de
Guilherme Gomes Fernandes.
Da sua igreja e casa conventual não resta hoje qualquer
vestígio, a não ser na designação oficial das ruas das Carmelitas e de Santa
Teresa.
Em 26 de Abril de 1701, a Ordem obteve alvará camarário
confirmando a doação do terreno localizado no sítio do Calvário Velho, e a 25
de Maio a Carta Régia que autorizava o seu estabelecimento na
cidade. Contudo, a Ordem apenas tomou posse do terreno, em 9 de Julho
de 1702.
Com o intuito de procurarem e escolherem o terreno adequado,
vieram de Lisboa e Aveiro várias religiosas, que participariam na aprovação da
planta e obtenção da licença para a fundação.
«Foi tudo ainda
retificado depois pela escritura de 20 de dezembro de 1702 na presença da
Câmara e do Padre António Pereira Guedes como procurador das religiosas
edificadoras, e nela se declara fazer-se assim para vir aprovada pelo Reverendo
Geral da Ordem a planta, que já estava feita, porém acrescenta-se, que para a
levar a efeito necessitava-se mais de um bocado de terreno baldio próximo sem
prejuízo do trânsito público, ao qual tinha o Senado procedido a vistoria no
dia 18, e o concedera com a cláusula de ficar de distância, de muro a muro 30
palmos, cujo despacho fora até dado no Colégio dos Órfãos, e naquele mesmo dia,
e de serem tiradas as novas freiras até se completarem no número de vinte, que
devia conter o convento, da classe das fidalgas e nobres da cidade, e na falta
delas das mecânicas.
Por esta mesma
escritura (...) doou mais o Senado as árvores, que no dito bocado de terra
estavam plantadas sem foro ou pensão alguma nele imposto, o qual confrontava em
alguns pontos com as propriedades de João Domingues de Aguiar, e João Soares
Correio-mor, e tinha de largura da capela-mor da igreja, já em começo para o
lado do poente 7 1/2 varas [8,25m], entestava pelo norte com casas foreiras ao
Colégio dos Órfãos, e de extensão 45 varas [49,5m]; para o nascente pela
divisão do quintal do Ermitão tinha fora da cerca 4 varas [4,4m], e ia fazendo
a calçada para o lado do poente até ao cunhal da cerca, e aonde ela fenece,
ficando todo o resto da terra para o nascente e poente reservado para uso público».
Fonte: Sousa Reis
O autor do texto anterior, Henrique Duarte e Souza Reis, foi o secretário de Dom Manuel de
Santa Inês (bispo do Porto, que nunca teve a aprovação papal), e ficou
conhecido por ter escrito os “Apontamentos para a verdadeira
história antiga e moderna da cidade do Porto”.
Rua das Carmelitas.
À direita, o muro que delimitava o Convento
Rua das Carmelitas.
À direita, ficava o convento
Convento de S. José
e Santa Teresa das Carmelitas Descalças
As obras de
construção levaram cerca de duas décadas até ficarem concluídas.
O epílogo deste
convento foi, a exemplos de outros, a derrota do exército de D. Miguel nas
lutas liberais, e a decisão governamental de extinção das ordens religiosas tomada
em 1834.
“As poucas religiosas que viviam no convento,
quando o exército liberal entrou no Porto, aproveitaram a noite invernosa de 19
de janeiro de 1833 para fugir, seguindo assim o exemplo que já havia sido
dado, antes, pelos frades. As fugitivas, por alturas da Lapa, foram abordadas
por uma patrulha do exército de D. Pedro I.
Iam disfarçadas. Tinham trocado o hábito por
roupas vulgares. Mas não conseguiram iludir os soldados que mandaram chamar o
juiz do bairro de Santo Ovídio que, por sua vez, providenciou para que as religiosas
fossem entregues no mosteiro de São Bento da Ave Maria. Assim acabou, ao fim de
quase 130 anos de existência, o mosteiro de São José e Santa Teresa das
Carmelitas Descalças.
Durante muito tempo, a igreja e o mosteiro
estiveram completamente abandonados. Só depois que terminou o cerco do Porto é
que se começou a pensar no aproveitamento que podia e devia ser dado às
antigas instalações monásticas.
O recheio da igreja foi dividido por vários
templos da cidade. Por exemplo: a sanefa que estava no arco cruzeiro foi para
a igreja dos Congregados. Arte da talha dourada dos altares foi para a capela
de Fradelos, na esquina da Rua de Guedes de Azevedo com a Rua de Sá da
Bandeira. O chafariz que enobrecia o centro do claustro foi colocado no
mercado do Anjo quando este se construiu ali perto.
O pequeno sino da torre da igreja foi para o
cemitério do Prado do Repouso”.
Com a devida vénia a
Germano Silva
Tinha, então, este
convento uma pequena igreja muito elegante, com boa talha,
claustro, dormitórios e uma cerca com tanques e chafariz.
A igreja tinha planta de cruz latina e orientação canónica
nascente-poente ficando a capela-mor junto à Praça de Santa Teresa bem próximo
da fonte de Santa Teresa.
A porta principal do santuário era voltada ao sul, e era
lateral como as de todos os mosteiros de religiosas para poderem ter o coro das
freiras em frente do altar-mor, mas como este não tinha coro inferior, era ele
substituído por uma porta fronha, que comunicava com a portaria ou entrada da
servidão geral do convento, que também tinha portal voltado à parte do sul,
para onde havia um pátio, que era fechado por um grande portão com gradaria de
ferro, o qual ficava à face da mencionada, Rua das Carmelitas.
Reprodução de uma planta da área de implantação do convento,
de Joaquim da Costa Lima Júnior, em 1834
Legenda:
1. Praça Santa Teresa
2. Convento e claustro
3. Largo do Correio
4. igreja do convento
5. Cerca do Convento
6. Praça dos Voluntários da Rainha
Em 1873, o município comprou ao Estado o convento e sua cerca
por 48.000$000 rs.
Para a cerca do convento das carmelitas esteve previsto
levantar um mercado cujas plantas e outros estudos podem ser consultados no
Arquivo Histórico e Municipal do Porto.
Podem ser observados os pareceres do júri nomeado pela
Câmara, acerca de dois ante-projectos de 1888-07-21.
Por outro lado, podem se estudadas a memória descritiva,
cortes, alçados e plantas de projecto para o mercado, da autoria de Joaquim
Augusto da Costa Oliveira.
A capela do mosteiro
seria demolida em 1900 e ocupada pelos "Armazéns da Capela".
No cemitério tinha sido
encontrado, alguns anos antes da demolição da igreja, o corpo incorrupto de uma
freira que tinha falecido, e esse achado tinha sido descoberto, quando ainda lá
estava instalado o Colégio da Guia.
Sobre este facto,
segue-se o texto exarado no Tripeiro série V- ano X.
Parecendo ter
existido por aqui duas escolas denominadas, Colégio da Guia e Colégio
Portuense, parece-nos que o autor do texto anterior estará equivocado,
pois, Patrício Teodoro Álvares Ribeiro foi, de facto, director do Colégio
Portuense inaugurado em 1876, como se narrará mais adiante.
Por outro lado
sabe-se que um colégio com a denominação de Colégio da Guia existiu e é
referido, também, num exemplar da revista O Tripeiro de 15/10/1910, por volta da
década de sessenta do século XIX, mas com paradeiro na Rua de Santa Catarina,
no edifício onde funcionou a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais e onde, também, funcionou o Liceu Portuense, que lá se instalou a
partir de 1866, pelo que o Colégio da Guia esteve aqui (no palacete dos Castro
Pereira), em anos anteriores.
A área do convento
voltada para a Praça de Santa Teresa (antes Calvário Velho e hoje a Praça
Guilherme Gomes Fernandes), a nascente, teve aí localizado um tanque, a Fonte
de Santa Teresa, que sucederia, c. de 1823, a um chafariz situado próximo.
“À referida fonte, instalada no local mais
tarde ocupado pelos Armazéns do Chiado, seguia-se uma escola (será o Colégio da Guia?) para a qual se subia por 2 lanços de escada
e que tinha como director o padre Parreira.
A escola foi depois botica, armazém de
cereais e salão recreativo de danças e onde se representavam comédias”.
Aquela fonte que
chegou a receber as carrancas que saíram da Fonte da Natividade foi, em 1905, substituída
por um fontanário, situado no meio da praça.
Em frente, a poente
da praça, em casas térreas ficavam tabernas e estábulos onde os negociantes da
Feira do Pão guardavam os seus muares, sendo uma dessas tabernas, o célebre “João
do Buraco”.
Os Armazéns do
Chiado em 1910 – Ed. “Le Temps Perdu”
Na transição do
século XIX para XX os lisboetas, Grandes Armazéns do Chiado, abriram uma
sucursal na Praça dos Voluntários da Rainha (na foto acima) com fachada também
para a Rua da Galeria de Paris.
Em 1907, no rés-do-chão
deste edifício abriu um grande animatógrafo, com capacidade para
aproximadamente mil pessoas.
“Do lado da Rua das Carmelitas instalaram-se
após a extinção do convento, em 1833, a estação central da Mala-Posta, que
fazia a ligação entre o Porto e o Carregado, depois até Lisboa, entre 1855 e
1864, a Escola Normal, uma estação de polícia, o Colégio de Patrício Teodoro
Alves Ferreira, a Direcção das Obras Públicas, uma associação académica, os
Correios e Telégrafos que entre 1836 e 1857 ocuparam uma parte do antigo
Convento das Carmelitas, denominando-se Correio Central e o Salão
Americano, uma espécie de Bar servido por espanholas de flor no cabelo,
entre outros serviços, e nos terrenos da sua cerca tiveram lugar uma série de
diversões (exibições de animais ferozes, espectáculos de variedades e circo),
para além de peças de teatro popular e por fim em 1875 o Teatro de Variedades”.
O colégio acima
referido, cujo proprietário e director era o Prof. Patrício Theodoro Álvares
Ferreira, denominava-se Colégio Portuense, e foi inaugurado em 1876, passando
a ser conhecido como um estabelecimento de ensino modelo, na cidade.
Nicolau Medina Ribas
fez parte do corpo docente na cadeira de Música, nos anos lectivos de 1879/80 e
1880/81.
Foram lá também
professores, Augusto Luso, Basílio Teles, Joaquim de Vasconcelos, JJ Rodrigues
de Freitas, Júlio de Matos, Ricardo Jorge, entre outros.
Foram lá alunos, entre
outros, Leite de Vasconcelos e Santos Pousada.
Em virtude de um ano de quebra da actividade económica, em 1891, ano que tinha começado com a tentativa abortada da revolta de 31 de Janeiro para derrube da monarquia e com o País a atingir a bancarrota, instalou-se a fome na cidade.
Em virtude de um ano de quebra da actividade económica, em 1891, ano que tinha começado com a tentativa abortada da revolta de 31 de Janeiro para derrube da monarquia e com o País a atingir a bancarrota, instalou-se a fome na cidade.
A “Companhia de Utilidade Doméstica”, uma sociedade anónima
de responsabilidade limitada, com administração de Manuel Vieira de Andrade e
Adolfo Marcolino Álvares Pimenta, face à situação de carência alimentar que
muitos dos portuenses viviam, propôs à Câmara do Porto uma actuação em parceria
para mitigar o problema.
O contrato seria assinado, em 29 de Outubro de 1891, por
parte da edilidade pelo seu presidente da Câmara e da Comissão Municipal,
António de Oliveira Monteiro.
Por aquele acordo,
“ (…) seria a câmara a
fornecer à companhia, num barracão construído no terreno da melhor cerca do
extinto convento das Carmelitas, a cozinha, pronta a funcionar, com
louças, utensílios, canalizações de esgoto, gás, água, não podendo exceder, na
construção e instalação, valor superior a 5:000$000 reis. Sendo que, logo que o
terreno lhe fosse necessário, poderia ordenar a demolição do barracão, que
ficaria sempre propriedade do município, bem como o terreno.
Assim que pronta, a
cozinha seria entregue à companhia, que tomaria desde então para si os encargos
com a mesma (pessoal, administração e reparações). Ainda que desse prejuízo,
seria a companhia obrigada a sustenta-la enquanto durassem as circunstâncias
que haviam determinado a sua instalação (até a um limite de 6 meses). Tendo boa
aceitação e não prejuízo, seria o valor excedente usado no melhoramento do
serviço e na montagem de outras cozinhas que servissem os centros das
populações operárias, tornando esses estabelecimentos permanentes.
As refeições seriam
servidas no local ou levadas para o domicílio. No local teriam de ser
fornecidos louça, talher, e água (não era permitida a venda de vinho). O
pessoal deveria apresentar-se lavado e limpo, sendo «os mais severos preceitos
higiénicos» observados na confeção da comida, limpeza da cozinha, lavagem dos produtos
alimentares, louças, tinas e dalas de serviço. Na cozinha poderiam entrar
livremente «os vereadores da câmara e seu secretário, as autoridades e seus
delegados, os facultativos, os oficiais do exército, os membros a imprensa e os
acionistas da companhia», os quais poderiam «provar a comida, inspecionar a
cozinha, os cozinhados e os géneros neles empregues.”
Cortesia de Nuno Cruz (“aportanobre.blogs.sapo.pt/”)
Assinalado na elipse a preto o local de implantação da “Cozinha
Económica”, na planta de Telles Ferreira de 1892
O barracão da cerca das carmelitas, onde se instalou a
“Cozinha Económica”, tinha sido a casa até 9 anos antes, do Teatro Variedades
inaugurado em 1869 e alvo de dois incêndios ao longo da sua existência.
O menú diário da “Cozinha
Económica” para as três refeições era o seguinte:
Almoço (das 7h às
9h horas da manhã), composto por:
- uma tigela de 7dl de caldo (20 reis)
- 200g de pão (10 reis)
Jantar (das 11h
às 16h), composto por:
- um abundante prato de ensopado, denominado «prato do dia»
(30 reis)
- uma tigela de 7dl de caldo (20 reis)
- 200g de pão (10 reis)
Ceia (no Inverno,
desde o anoitecer até às 20horas e no Verão até às 21h)
- uma tigela de 7dl de caldo (20 reis)
- 200g de pão (10 reis)
Os preços apenas poderiam ser alterados com a anuência da
Câmara ou da Comissão Municipal, podendo o consumidor adquirir senhas apenas
para pão, caldo ou o prato do dia, se preferisse.
“Entre 1892 e 1904, a
Companhia de Utilidade Doméstica, subsidiada pela Câmara, iniciou no edifício
do antigo convento a Cozinha Económica. Servia cerca de 1000 refeições por dia
aos operários a preços reduzidos. Eram fornecidas fichas com os preços dos
pratos. Anos depois, por 60 reis, servia merendas aos empregados comerciais.
Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
Ficha para o pão – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
Ficha para a sopa – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”
Demolição dos barracões (à direita) onde se alojava a
Cozinha Económica
Na zona que é hoje a
Rua Cândido dos Reis, a cerca do antigo convento deu origem, também, a um
mercado denominado “Os Ferros Velhos”.
A cerca do convento
daria também lugar à Rua da Galeria de Paris, projectada para ter uma cobertura
envidraçada à moda das galerias parisienses, o que não se concretizou.
“A Rua Galeria de Paris foi aberta em 1903,
no quarteirão anteriormente ocupado pelo convento das Carmelitas e os prédios
que ladeiam a Rua da Galeria de Paris são elegantes e de boa traça, com
destaque para o número 28, casa em estilo Arte Nova.
Ao longo da segunda metade do século XX, os
armazéns de tecidos foram ocupando grande parte dos edifícios da rua. Na
esquina da rua da Galeria de Paris com a rua das Carmelitas ficam os populares
Armazéns Marques Soares e, do outro lado, está a Fernandes, Mattos & C.ª,
casa de tecidos fundada em 1886.
De local triste e pouco habitado da Baixa do
Porto, a Rua da Galeria de Paris tornou-se, em pouco tempo, naquilo que é muitas
vezes referido como um dos centros da movida portuense, fenómeno semelhante ao
Bairro Alto. Tudo começou em 2007, com a abertura de um bar numa antiga
livraria. O calendário variado de eventos que desenvolveu, com destaque para os
concertos de jazz, desencadeou o surgimento de outros espaços, tornando este
num local da moda da noite do Porto, especialmente aos fins- de-semana”.
In Wikipédia
Mala-Posta
Planta do local
Na planta acima,
após 1839, pois o recolhimento do Anjo já foi demolido e lançada a Rua das
Carmelitas, pode observar-se a área de implantação do convento, adivinhando-se
também a localização do seu claustro e chafariz.
O carro da Camisaria Confiança na Rua das Carmelitas no Carnaval de 1905
Armazéns da Capela
Armazéns da Capella, na Rua das Carmelitas, em 1907
Os Armazéns da Capela começariam a funcionar, a partir de
1900, na Praça dos Voluntários da Rainha, nº 35, junto à Praça de Santa Teresa.
Jornal “A Voz Pública”, em 6 de Novembro de 1900, p.2
À direita, c. 1900, a fachada lateral das antigas instalações da
capela das carmelitas, com publicidade, visível, aos Armazéns da Capela
“Os Armazéns da Capela
foram buscar o seu nome ao antigo templo do mosteiro das carmelitas descalças,
da invocação de São José e Santa Teresa, erguido, em 1704, no campo do Calvário
Velho. Mosteiro e capela foram demolidos por volta de 1904, quando se urbanizou
o quarteirão no interior das atuais rua de Santa Teresa, Galeria de Paris e
praça de Guilherme Gomes Fernandes. Os armazéns começaram por ocupar esse
local, sendo depois transferidos para a esquina das ruas das Carmelitas e de
Cândido dos Reis, mas mantendo a sua designação inicial”.
Cortesia de “PortoDesaparecido”
Em 1925, “A Pompadour”, com sede em Lisboa, abre uma
sucursal no Porto, nos Armazéns da Capela”.
Entrada a 2ª década do século XXI, os Armazéns da Capela não
sobreviveram e encerraram.
Bairro das Carmelitas em construção – Fonte: JN
Convento de Francos
(Carmelitas Descalças)
Já nos nossos dias, as Carmelitas Descalças estiveram por
Ramalde, na Rua da Travagem, no chamado Convento de Francos.
Inaugurado em 1951 e abandonado em 2001, o Convento de
Francos, que durante anos foi vítima de alguma degradação, está em vias de
recuperação.
“Com cerca de 6.000
metros quadrados escondidos por uma igreja com menos de um século e por uma rua
de casas térreas, o Convento de Francos foi fundado em 1951, por iniciativa de
Marianna Ignez de Jesus de Mello da Silva da Fonseca de Sampaio, que, depois de
visitar Fátima, questionou "por que não um Carmelo no Porto?", conta
Teresa Alte da Veiga, familiar da fundadora e do engenheiro que projetou o
edifício, Francisco Alpendurada.
No começo do século
XXI, o espaço -- o último convento de clausura da cidade -- encerrou, o imóvel
foi vendido e as irmãs lá residentes distribuíram-se por vários outros
conventos do país, do Algarve ao Norte.”
(…) A igreja, com a
estação de metro de Francos à porta, é o rosto do convento, embora os vidros
partidos deixem antever os anos de abandono sofrido pelo que está para lá da
fachada.
Lá dentro, sobre o
altar, encontram-se pinturas de José Luís Brandão de Carvalho, avô materno do
atual presidente da câmara, enquanto na nave há três filas de bancos de madeira
iguais aos que se podem encontrar em qualquer outra igreja, lado a lado com
dezenas de cadeiras de plástico doadas por um banco.
Com 55 quartos ao
longo de um edifício que nunca contou mais de 25 ou 26 irmãs, segundo a
responsável da Associação de Fiéis do Coração Imaculado de Maria, não é sequer
o claustro - "nem grande nem pequeno" -- que impressiona, numa zona
tão central da cidade do Porto: o que surpreende é a extensão de terreno nas
traseiras do edifício.
Fonte: DN, 29/07/2018
Capela do Convento de Francos – Ed. mapio.net
Actualmente, pretende-se com a recuperação das instalações
homenagear, também, o bispo D. António Francisco, já falecido.
“(…) a criação de um
Centro de Acolhimento, Espiritualidade e Cultura, aberto a todos e faz falta à
cidade. Num tempo em que tanto se sente a fome de acolhimento e recolhimento,
de espiritualidade, de paz e de expressões de cultura saudáveis e acessíveis, o
Centro será também uma presença efetiva junto da comunidade local, mantendo os
traços profundos da espiritualidade e da pobreza evangélica, tão próprias da
Igreja e tão queridas do nosso saudoso Bispo, podendo aliar uma oferta de
alojamento simples e acolhedor, desenvolvendo os valores da vida saudável, de
partilha e entre-ajuda, mantendo os sinais de simplicidade e fraternidade.”
Fonte: “vozportucalense.pt”
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