sábado, 3 de junho de 2017

(Continuação 6) - Actualização em 03/01/, 22/01/2019 e 16/04/2020


No ano de 1704, o bispo D. Frei José de Santa Maria de Saldanha fundou, no campo da Via Sacra ou do Calvário Velho, o Convento de S. José e de Santa Teresa de Carmelitas Descalças, junto ao local em que, antes, estava situada uma pequena ermida, que assinalava o termo de uma via-sacra, que tinha início junto da capela do Espírito Santo, à entrada da antiga Viela da Cadeia (hoje Travessa da Rua Chã), atra­vessava o Campo das Hortas (hoje a Praça da Liberdade) e subia por um carreiro (hoje a Rua da Fábri­ca) até ao sítio do Calvário Velho, que era como então se designava, a actual Praça de Guilherme Gomes Fernandes.
Da sua igreja e casa conventual não resta hoje qualquer vestígio, a não ser na designação oficial das ruas das Carmelitas e de Santa Teresa. 
Em 26 de Abril de 1701, a Ordem obteve alvará camarário confirmando a doação do terreno localizado no sítio do Calvário Velho, e a 25 de Maio a Carta Régia que autorizava o seu estabelecimento na cidade.  Contudo, a Ordem apenas tomou posse do terreno, em 9 de Julho de 1702.
Com o intuito de procurarem e escolherem o terreno adequado, vieram de Lisboa e Aveiro várias religiosas, que participariam na aprovação da planta e obtenção da licença para a fundação. 



«Foi tudo ainda retificado depois pela escritura de 20 de dezembro de 1702 na presença da Câmara e do Padre António Pereira Guedes como procurador das religiosas edificadoras, e nela se declara fazer-se assim para vir aprovada pelo Reverendo Geral da Ordem a planta, que já estava feita, porém acrescenta-se, que para a levar a efeito necessitava-se mais de um bocado de terreno baldio próximo sem prejuízo do trânsito público, ao qual tinha o Senado procedido a vistoria no dia 18, e o concedera com a cláusula de ficar de distância, de muro a muro 30 palmos, cujo despacho fora até dado no Colégio dos Órfãos, e naquele mesmo dia, e de serem tiradas as novas freiras até se completarem no número de vinte, que devia conter o convento, da classe das fidalgas e nobres da cidade, e na falta delas das mecânicas.
Por esta mesma escritura (...) doou mais o Senado as árvores, que no dito bocado de terra estavam plantadas sem foro ou pensão alguma nele imposto, o qual confrontava em alguns pontos com as propriedades de João Domingues de Aguiar, e João Soares Correio-mor, e tinha de largura da capela-mor da igreja, já em começo para o lado do poente 7 1/2 varas [8,25m], entestava pelo norte com casas foreiras ao Colégio dos Órfãos, e de extensão 45 varas [49,5m]; para o nascente pela divisão do quintal do Ermitão tinha fora da cerca 4 varas [4,4m], e ia fazendo a calçada para o lado do poente até ao cunhal da cerca, e aonde ela fenece, ficando todo o resto da terra para o nascente e poente reservado para uso público».
Fonte: Sousa Reis


O autor do texto anterior, Henrique Duarte e Souza Reis, foi o secretário de Dom Manuel de Santa Inês (bispo do Porto, que nunca teve a aprovação papal), e ficou conhecido por ter escrito os “Apontamentos para a verdadeira história antiga e moderna da cidade do Porto”. 



Rua das Carmelitas. À direita, o muro que delimitava o Convento



Rua das Carmelitas. À direita, ficava o convento




Convento de S. José e Santa Teresa das Carmelitas Descalças



As obras de construção levaram cerca de duas décadas até ficarem concluídas.
O epílogo deste convento foi, a exemplos de outros, a derrota do exército de D. Miguel nas lutas liberais, e a decisão governamental de extinção das ordens religiosas tomada em 1834.



“As poucas religiosas que viviam no con­vento, quando o exército liberal entrou no Porto, aproveitaram a noite invernosa de 19 de janeiro de 1833 para fugir, seguin­do assim o exemplo que já havia sido dado, antes, pelos frades. As fugitivas, por altu­ras da Lapa, foram abordadas por uma pa­trulha do exército de D. Pedro I.
Iam disfarçadas. Tinham trocado o hábi­to por roupas vulgares. Mas não consegui­ram iludir os soldados que mandaram cha­mar o juiz do bairro de Santo Ovídio que, por sua vez, providenciou para que as re­ligiosas fossem entregues no mosteiro de São Bento da Ave Maria. Assim acabou, ao fim de quase 130 anos de existência, o mosteiro de São José e Santa Teresa das Carmelitas Descalças.
Durante muito tempo, a igreja e o mos­teiro estiveram completamente abando­nados. Só depois que terminou o cerco do Porto é que se começou a pensar no apro­veitamento que podia e devia ser dado às antigas instalações monásticas.
O recheio da igreja foi dividido por vá­rios templos da cidade. Por exemplo: a sa­nefa que estava no arco cruzeiro foi para a igreja dos Congregados. Arte da talha dou­rada dos altares foi para a capela de Fradelos, na esquina da Rua de Guedes de Aze­vedo com a Rua de Sá da Bandeira. O cha­fariz que enobrecia o centro do claustro foi colocado no mercado do Anjo quando este se construiu ali perto.
O pequeno sino da torre da igreja foi para o cemitério do Prado do Repouso”.
Com a devida vénia a Germano Silva


Tinha, então, este convento uma pequena igreja muito elegante, com boa talha, claustro, dormitórios e uma cerca com tanques e chafariz.
A igreja tinha planta de cruz latina e orientação canónica nascente-poente ficando a capela-mor junto à Praça de Santa Teresa bem próximo da fonte de Santa Teresa.
A porta principal do santuário era voltada ao sul, e era lateral como as de todos os mosteiros de religiosas para poderem ter o coro das freiras em frente do altar-mor, mas como este não tinha coro inferior, era ele substituído por uma porta fronha, que comunicava com a portaria ou entrada da servidão geral do convento, que também tinha portal voltado à parte do sul, para onde havia um pátio, que era fechado por um grande portão com gradaria de ferro, o qual ficava à face da mencionada, Rua das Carmelitas.



Reprodução de uma planta da área de implantação do convento, de Joaquim da Costa Lima Júnior, em 1834

Legenda:

1. Praça Santa Teresa
2. Convento e claustro
3. Largo do Correio
4. igreja do convento
5. Cerca do Convento
6. Praça dos Voluntários da Rainha


Em 1873, o município comprou ao Estado o convento e sua cerca por 48.000$000 rs.
Para a cerca do convento das carmelitas esteve previsto levantar um mercado cujas plantas e outros estudos podem ser consultados no Arquivo Histórico e Municipal do Porto.
Podem ser observados os pareceres do júri nomeado pela Câmara, acerca de dois ante-projectos de 1888-07-21.
Por outro lado, podem se estudadas a memória descritiva, cortes, alçados e plantas de projecto para o mercado, da autoria de Joaquim Augusto da Costa Oliveira.
A capela do mosteiro seria demolida em 1900 e ocupada pelos "Armazéns da Capela".
No cemitério tinha sido encontrado, alguns anos antes da demolição da igreja, o corpo incorrupto de uma freira que tinha falecido, e esse achado tinha sido descoberto, quando ainda lá estava instalado o Colégio da Guia.
Sobre este facto, segue-se o texto exarado no Tripeiro série V- ano X.






Parecendo ter existido por aqui duas escolas denominadas, Colégio da Guia e Colégio Portuense, parece-nos que o autor do texto anterior estará equivocado, pois, Patrício Teodoro Álvares Ribeiro foi, de facto, director do Colégio Portuense inaugurado em 1876, como se narrará mais adiante.
Por outro lado sabe-se que um colégio com a denominação de Colégio da Guia existiu e é referido, também, num exemplar da revista O Tripeiro de 15/10/1910, por volta da década de sessenta do século XIX, mas com paradeiro na Rua de Santa Catarina, no edifício onde funcionou a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e onde, também, funcionou o Liceu Portuense, que lá se instalou a partir de 1866, pelo que o Colégio da Guia esteve aqui (no palacete dos Castro Pereira), em anos anteriores.
A área do convento voltada para a Praça de Santa Teresa (antes Calvário Velho e hoje a Praça Guilherme Gomes Fernandes), a nascente, teve aí localizado um tanque, a Fonte de Santa Teresa, que sucederia, c. de 1823, a um chafariz situado próximo.

“À referida fonte, instalada no local mais tarde ocupado pelos Armazéns do Chiado, seguia-se uma escola (será o Colégio da Guia?) para a qual se subia por 2 lanços de escada e que tinha como director o padre Parreira.
A escola foi depois botica, armazém de cereais e salão recreativo de danças e onde se representavam comédias”.

Aquela fonte que chegou a receber as carrancas que saíram da Fonte da Natividade foi, em 1905, substituída por um fontanário, situado no meio da praça.
Em frente, a poente da praça, em casas térreas ficavam tabernas e estábulos onde os negociantes da Feira do Pão guardavam os seus muares, sendo uma dessas tabernas, o célebre “João do Buraco”.



Os Armazéns do Chiado em 1910 – Ed. “Le Temps Perdu”



Na transição do século XIX para XX os lisboetas, Grandes Armazéns do Chiado, abriram uma sucursal na Praça dos Voluntários da Rainha (na foto acima) com fachada também para a Rua da Galeria de Paris.
Em 1907, no rés-do-chão deste edifício abriu um grande animatógrafo, com capacidade para aproximadamente mil pessoas.

“Do lado da Rua das Carmelitas instalaram-se após a extinção do convento, em 1833, a estação central da Mala-Posta, que fazia a ligação entre o Porto e o Carregado, depois até Lisboa, entre 1855 e 1864, a Escola Normal, uma estação de polícia, o Colégio de Patrício Teodoro Alves Ferreira, a Direcção das Obras Públicas, uma associação académica, os Correios e Telégrafos que entre 1836 e 1857 ocuparam uma parte do antigo Convento das Carmelitas, denominando-se Correio Central e o Salão Americano, uma espécie de Bar servido por espanholas de flor no cabelo,  entre outros serviços, e nos terrenos da sua cerca tiveram lugar uma série de diversões (exibições de animais ferozes, espectáculos de variedades e circo), para além de peças de teatro popular e por fim em 1875 o Teatro de Variedades”.

O colégio acima referido, cujo proprietário e director era o Prof. Patrício Theodoro Álvares Ferreira, denominava-se Colégio Portuense, e foi inaugurado em 1876, passando a ser conhecido como um estabelecimento de ensino modelo, na cidade.
Nicolau Medina Ribas fez parte do corpo docente na cadeira de Música, nos anos lectivos de 1879/80 e 1880/81.
Foram lá também professores, Augusto Luso, Basílio Teles, Joaquim de Vasconcelos, JJ Rodrigues de Freitas, Júlio de Matos, Ricardo Jorge, entre outros.
Foram lá alunos, entre outros, Leite de Vasconcelos e Santos Pousada.
Em virtude de um ano de quebra da actividade económica, em 1891, ano que tinha começado com a tentativa abortada da revolta de 31 de Janeiro para derrube da monarquia e com o País a atingir a bancarrota, instalou-se a fome na cidade.
A “Companhia de Utilidade Doméstica”, uma sociedade anónima de responsabilidade limitada, com administração de Manuel Vieira de Andrade e Adolfo Marcolino Álvares Pimenta, face à situação de carência alimentar que muitos dos portuenses viviam, propôs à Câmara do Porto uma actuação em parceria para mitigar o problema.
O contrato seria assinado, em 29 de Outubro de 1891, por parte da edilidade pelo seu presidente da Câmara e da Comissão Municipal, António de Oliveira Monteiro.
Por aquele acordo,


“ (…) seria a câmara a fornecer à companhia, num barracão construído no terreno da melhor cerca do extinto convento das Carmelitas, a cozinha, pronta a funcionar, com louças, utensílios, canalizações de esgoto, gás, água, não podendo exceder, na construção e instalação, valor superior a 5:000$000 reis. Sendo que, logo que o terreno lhe fosse necessário, poderia ordenar a demolição do barracão, que ficaria sempre propriedade do município, bem como o terreno.
Assim que pronta, a cozinha seria entregue à companhia, que tomaria desde então para si os encargos com a mesma (pessoal, administração e reparações). Ainda que desse prejuízo, seria a companhia obrigada a sustenta-la enquanto durassem as circunstâncias que haviam determinado a sua instalação (até a um limite de 6 meses). Tendo boa aceitação e não prejuízo, seria o valor excedente usado no melhoramento do serviço e na montagem de outras cozinhas que servissem os centros das populações operárias, tornando esses estabelecimentos permanentes.
As refeições seriam servidas no local ou levadas para o domicílio. No local teriam de ser fornecidos louça, talher, e água (não era permitida a venda de vinho). O pessoal deveria apresentar-se lavado e limpo, sendo «os mais severos preceitos higiénicos» observados na confeção da comida, limpeza da cozinha, lavagem dos produtos alimentares, louças, tinas e dalas de serviço. Na cozinha poderiam entrar livremente «os vereadores da câmara e seu secretário, as autoridades e seus delegados, os facultativos, os oficiais do exército, os membros a imprensa e os acionistas da companhia», os quais poderiam «provar a comida, inspecionar a cozinha, os cozinhados e os géneros neles empregues.”
Cortesia de Nuno Cruz (“aportanobre.blogs.sapo.pt/”)



Assinalado na elipse a preto o local de implantação da “Cozinha Económica”, na planta de Telles Ferreira de 1892



O barracão da cerca das carmelitas, onde se instalou a “Cozinha Económica”, tinha sido a casa até 9 anos antes, do Teatro Variedades inaugurado em 1869 e alvo de dois incêndios ao longo da sua existência.


O menú diário da “Cozinha Económica” para as três refeições era o seguinte:

Almoço (das 7h às 9h horas da manhã), composto por:
- uma tigela de 7dl de caldo (20 reis)
- 200g de pão (10 reis)
Jantar (das 11h às 16h), composto por:
- um abundante prato de ensopado, denominado «prato do dia» (30 reis)
- uma tigela de 7dl de caldo (20 reis)
- 200g de pão (10 reis)
Ceia (no Inverno, desde o anoitecer até às 20horas e no Verão até às 21h)
- uma tigela de 7dl de caldo (20 reis)
- 200g de pão (10 reis)


Os preços apenas poderiam ser alterados com a anuência da Câmara ou da Comissão Municipal, podendo o consumidor adquirir senhas apenas para pão, caldo ou o prato do dia, se preferisse.



“Entre 1892 e 1904, a Companhia de Utilidade Doméstica, subsidiada pela Câmara, iniciou no edifício do antigo convento a Cozinha Económica. Servia cerca de 1000 refeições por dia aos operários a preços reduzidos. Eram fornecidas fichas com os preços dos pratos. Anos depois, por 60 reis, servia merendas aos empregados comerciais.
Fonte: “portoarc.blogspot.pt”




Ficha para o pão – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”



Ficha para a sopa – Fonte: “portoarc.blogspot.pt”



Demolição dos barracões (à direita) onde se alojava a Cozinha Económica




Na zona que é hoje a Rua Cândido dos Reis, a cerca do antigo convento deu origem, também, a um mercado denominado “Os Ferros Velhos”.
A cerca do convento daria também lugar à Rua da Galeria de Paris, projectada para ter uma cobertura envidraçada à moda das galerias parisienses, o que não se concretizou.



“A Rua Galeria de Paris foi aberta em 1903, no quarteirão anteriormente ocupado pelo convento das Carmelitas e os prédios que ladeiam a Rua da Galeria de Paris são elegantes e de boa traça, com destaque para o número 28, casa em estilo Arte Nova.
Ao longo da segunda metade do século XX, os armazéns de tecidos foram ocupando grande parte dos edifícios da rua. Na esquina da rua da Galeria de Paris com a rua das Carmelitas ficam os populares Armazéns Marques Soares e, do outro lado, está a Fernandes, Mattos & C.ª, casa de tecidos fundada em 1886.
De local triste e pouco habitado da Baixa do Porto, a Rua da Galeria de Paris tornou-se, em pouco tempo, naquilo que é muitas vezes referido como um dos centros da movida portuense, fenómeno semelhante ao Bairro Alto. Tudo começou em 2007, com a abertura de um bar numa antiga livraria. O calendário variado de eventos que desenvolveu, com destaque para os concertos de jazz, desencadeou o surgimento de outros espaços, tornando este num local da moda da noite do Porto, especialmente aos fins- de-semana”.
In Wikipédia



Mala-Posta



Planta do local


Na planta acima, após 1839, pois o recolhimento do Anjo já foi demolido e lançada a Rua das Carmelitas, pode observar-se a área de implantação do convento, adivinhando-se também a localização do seu claustro e chafariz.



O carro da Camisaria Confiança na Rua das Carmelitas no Carnaval de 1905 


Armazéns da Capela


Armazéns da Capella, na Rua das Carmelitas, em 1907


Os Armazéns da Capela começariam a funcionar, a partir de 1900, na Praça dos Voluntários da Rainha, nº 35, junto à Praça de Santa Teresa.
 
 
Jornal “A Voz Pública”, em 6 de Novembro de 1900, p.2

 
 

À direita, c. 1900, a fachada lateral das antigas instalações da capela das carmelitas, com publicidade, visível, aos Armazéns da Capela
 
 
“Os Armazéns da Capela foram buscar o seu nome ao antigo templo do mosteiro das carmelitas descalças, da invocação de São José e Santa Teresa, erguido, em 1704, no campo do Calvário Velho. Mosteiro e capela foram demolidos por volta de 1904, quando se urbanizou o quarteirão no interior das atuais rua de Santa Teresa, Galeria de Paris e praça de Guilherme Gomes Fernandes. Os armazéns começaram por ocupar esse local, sendo depois transferidos para a esquina das ruas das Carmelitas e de Cândido dos Reis, mas mantendo a sua designação inicial”.
Cortesia de “PortoDesaparecido”

 
 

Armazéns da Capela, c. 1916
 
 
 
Em 1925, “A Pompadour”, com sede em Lisboa, abre uma sucursal no Porto, nos Armazéns da Capela”.

 
 

Plublicidade à “A Pompadour”, em 1925
 
 
 

Armazéns da Capela, em 2010

 
Entrada a 2ª década do século XXI, os Armazéns da Capela não sobreviveram e encerraram.





Bairro das Carmelitas em construção – Fonte: JN



Convento de Francos (Carmelitas Descalças)


Já nos nossos dias, as Carmelitas Descalças estiveram por Ramalde, na Rua da Travagem, no chamado Convento de Francos.
Inaugurado em 1951 e abandonado em 2001, o Convento de Francos, que durante anos foi vítima de alguma degradação, está em vias de recuperação.


“Com cerca de 6.000 metros quadrados escondidos por uma igreja com menos de um século e por uma rua de casas térreas, o Convento de Francos foi fundado em 1951, por iniciativa de Marianna Ignez de Jesus de Mello da Silva da Fonseca de Sampaio, que, depois de visitar Fátima, questionou "por que não um Carmelo no Porto?", conta Teresa Alte da Veiga, familiar da fundadora e do engenheiro que projetou o edifício, Francisco Alpendurada.
No começo do século XXI, o espaço -- o último convento de clausura da cidade -- encerrou, o imóvel foi vendido e as irmãs lá residentes distribuíram-se por vários outros conventos do país, do Algarve ao Norte.”
(…) A igreja, com a estação de metro de Francos à porta, é o rosto do convento, embora os vidros partidos deixem antever os anos de abandono sofrido pelo que está para lá da fachada.
Lá dentro, sobre o altar, encontram-se pinturas de José Luís Brandão de Carvalho, avô materno do atual presidente da câmara, enquanto na nave há três filas de bancos de madeira iguais aos que se podem encontrar em qualquer outra igreja, lado a lado com dezenas de cadeiras de plástico doadas por um banco.
Com 55 quartos ao longo de um edifício que nunca contou mais de 25 ou 26 irmãs, segundo a responsável da Associação de Fiéis do Coração Imaculado de Maria, não é sequer o claustro - "nem grande nem pequeno" -- que impressiona, numa zona tão central da cidade do Porto: o que surpreende é a extensão de terreno nas traseiras do edifício.
Fonte: DN, 29/07/2018


Capela do Convento de Francos – Ed. mapio.net


Actualmente, pretende-se com a recuperação das instalações homenagear, também,  o bispo D. António Francisco, já falecido.

“(…) a criação de um Centro de Acolhimento, Espiritualidade e Cultura, aberto a todos e faz falta à cidade. Num tempo em que tanto se sente a fome de acolhimento e recolhimento, de espiritualidade, de paz e de expressões de cultura saudáveis e acessíveis, o Centro será também uma presença efetiva junto da comunidade local, mantendo os traços profundos da espiritualidade e da pobreza evangélica, tão próprias da Igreja e tão queridas do nosso saudoso Bispo, podendo aliar uma oferta de alojamento simples e acolhedor, desenvolvendo os valores da vida saudável, de partilha e entre-ajuda, mantendo os sinais de simplicidade e fraternidade.”
Fonte: “vozportucalense.pt”




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