18.16 Praça da República, Monte e Lugar de Germalde
Campo de Santo Ovídio
A Praça da República, que já foi Campo
de Santo Ovídio, por no local existir uma capela desta invocação,
nem sempre teve a configuração actual.
O jardim, por exemplo, é recente e, após a implantação da
República, foi denominado de Teófilo Braga.
A Praça da República resulta da execução do plano de
urbanização da cidade, concebido por João de Almada e Melo, que determinava que
no cabo da Rua do Almada, se abrisse uma grande praça para logradouro público.
A partir de 1797, essa praça seria limitada, a norte, pelo
edifício do quartel de infantaria 18, construído por ordem do corregedor Francisco
de Almada, filho do urbanizador.
Segundo o historiador Eugénio Andrea da Cunha Freitas, um edital
camarário, de 28 de Outubro de 1835, determinou que o Campo de Santo Ovídeo
passasse a ser Campo da Regeneração, invocando-se, deste modo, o
pronunciamento liberal que naquele local teve início, em 24 de Agosto de 1820.
Campo da Regeneração e festas do Centenário do Infante D. Henrique – In: Occidente 1 Abril de 1894
Na Praça dos Ferradores (Praça Carlos
Alberto) existiam umas estalagens, e o caminho que daí seguia por Arriba
dos Ferradores (depois Campo de Santo Ovídio) e pelo Monte
de Germalde (actual Lapa), levava os peregrinos no Caminho de Santiago
de Compostela, passando ao lado de uma enorme propriedade conhecida, nessa
época, pela designação de "Casal do Padrão".
“Essa quinta, que era
foreira à colegiada de Cedofeita foi emprazada, ou seja, alugada, em 1605, a
uma tal Margarida de Carvalho.
Sessenta anos depois
(1665), já se chamava Quinta da Boa Vista e pertencia ao Dr. João Carneiro de
Morais, desembargador da Relação do Porto, que nela vivia e onde
"instituíra e dotara de paramentos e alfaias" uma ermida da invocação
de Santo Ovídio, perto do local onde desemboca hoje a Rua de Álvares Cabral,
que antes se chamou Rua dos Pamplonas.
Ao lado esquerdo da
capela, dizem-nos os documentos existentes no Arquivo Distrital, o dito
desembargador "mandou fazer umas casas com seu quintal" para residência
de um capelão.
Ora, foi nestas casas
e capela de Santo Ovídio que, em data que se desconhece, se instalaram os
religiosos descalços de Santo Agostinho”.
Fonte: Germano Silva
Na propriedade “Casal do Padrão” havia, então, uma capela
dedicada a S. Bento e Santo Ovídio. Devido à sua situação privilegiada, num
ponto alto, que proporcionava a apreciação de um extenso panorama, que se
estendia até ao mar, a propriedade passou a chamar-se Quinta da Boavista. Mas,
também, era designada como a Quinta de Santo Ovídio, por causa de um dos
padroeiros da capela. E, foi com este nome, que passou à posteridade.
A capela referida tinha anexo um pequeno hospício dos frades
Eremitas Descalços de Santo Agostinho (grilos) que, em 1780, se mudariam para a
Igreja de S. Lourenço, que fora da Companhia de Jesus, a qual foi por eles
comprada, em prestações, à Universidade de Coimbra por 30 mil cruzados, e nela
viveram até à extinção das ordens religiosas em 1834. A compra foi feita à
Universidade porque foi a esta entidade que o Marquês de Pombal, após a
expulsão dos jesuítas, em 1759, doou o antigo colégio dos padres da companhia.
A capela de Santo Ovídio ficaria, segundo a maioria dos
entendidos nestas matérias, no lado poente da actual Praça da República, alguns
metros antes do término, nesta praça, da actual Rua de Álvares Cabral que, por
esses tempos, ainda não tinha sido aberta. À data, esses terrenos constituíam
uma área do que viria a ser a futura quinta dos Pamplonas.
Imagem de Santo
Ovídio
“Segundo as hagiografias do século XVI,
Ovídio era cidadão romano de origem siciliana. A tradição afirma que foi
enviado para Braga, Portugal, pelo papa Clemente I, onde foi o terceiro bispo
no ano 95. Foi mártir pela sua fé cristã no ano 135. Está sepultado na Sé de
Braga. É considerado o advogado das dores de ouvidos e dos maridos infiéis”.
A capela existente em
Germalde e conhecida por capela de S. Bento e de Santo Ovídio, por ter estes
dois santos como padroeiros, fazia parte da enorme quinta da Boavista que em
1665 pertencia a João Carneiro de Morais e sua mulher, Helena de Araújo.
Ficava segundo alguns,
na parte poente da actual Praça da República, mais ou menos onde agora começa a
Rua de Álvares Cabral.
Viria a pertencer aos Padres Agostinhos Descalços
até 1787, onde terão construído um hospício.
Em 1787 a família Figueiroa comprou a
referida capela, que seria demolida nos anos 90 do séc. XVIII.
A lógica obriga a
pensar, que os Figueiroa ao destruir a capela, muito degradada, não o
tivessem feito senão para a reconstruir.
Porém, em O Tripeiro
Série V, Ano V, Vasco Valente mostra-se surpreendido com o facto, da capela ter
sido destruída para a construção do quartel. (O texto está mais abaixo).
Como se pode concluir
haverá duas versões da localização da capela. De acordo com o assento de
casamento de Eça de Queiroz é referido: “Aos dez dias do mês de Fevereiro do anno de 1886….no oratório
particular da Exmº. nubente…”.
Sobre aquele
casamento, Artur de Magalhães Basto (O Tripeiro, Série V, Ano X escreve: “O casamento foi celebrado na capela
particular da velha casa ou solar da grande e frondosa Quinta de Santo Ovídio”.
Poder-se-á perguntar:
Será este “oratório” ou “capela” dentro da casa da quinta? Ou será a tal capela
de Santo Ovídio?
Fica a dúvida…”
Com a devida vénia a Rui Cunha - portoarc.blogspot
Vasco Valente em Tripeiro, série V, ano V
No texto anterior, publicado pela Revista “O Tripeiro”,
dá-se conta de uma outra teoria de localização para a capela de Santo Ovídio.
A demanda, explicitada no texto anterior de “O Tripeiro”, tendo
terminado só em 1804, e tendo o quartel sido começado a construir em 1790,
leva-nos a que nos inclinemos mais para a 1ª hipótese de localização da capela
junto da entrada da Quinta dos Pamplonas e, se assim for, o Dr. Carlos de
Passos não terá razão.
Sem certezas, é possível afirmar-se que após a compra da capela de Santo Ovídio efectivada por Manuel Figueiroa e executada a sua demolição, cerca de 1790, ela jamais terá sido reerguida e, por isso, o casamento do escritor Eça de Qeiroz não ocorreu nela.
Com um X está então assinalado o local onde teria estado a
capela de Santo Ovídio, segundo a maioria das opiniões
Na planta acima: 1- é o Campo de Santo Ovídio; 2- a Rua da
Boavista; Y- é a quinta dos Pamplonas.
Em 1605, o chão da actual Rua de Álvares Cabral era uma
propriedade rural foreira ao Priorado de Cedofeita, de livre nomeação, em três
vidas, pertencente a Salvador João, de Valadares, e sua esposa Margarida do
Carvalhal.
Em 1665, a propriedade denominada como Quinta da Boavista,
pertencia por testamento a João Carneiro Morais e a sua esposa Helena Araújo,
que edificaram a capela de S. Bento e Santo Ovídio.
Em 1726, a Quinta da Boavista foi emprazada a João Figueiroa
Pinto, Contador da fazenda do Porto, Doutor de Leis da Universidade de Coimbra
e, mais tarde, como sua esposa (viúva) renuncia à renovação do prazo, ele passa
a favor do filho Manuel Figueiroa Pinto, nascido em 1721, na Rua das Flores, fidalgo
da Casa Real, alcaide-mor de Portel, Senhor de Porto Carreiro, contador da
Fazenda Real na cidade do Porto, presidente do lançamento das sisas e Cavaleiro
da Ordem de Cristo.
Era filho de João Figueiroa Pinto e de Antónia Joana de Azeredo
Albuquerque (cit. Vasco Valente, revista “O Tripeiro”, V série, Ano V, nº 6, pág.
128-131).
João Figueiroa Pinto e Manuel de Figueiroa Pinto, pai e
filho, valorizam a propriedade com a construção de uma casa apalaçada, rodeada
de magníficos jardins, passando a propriedade a ser conhecida como Quinta
de Santo Ovídio.
Esta família Figueiroa, até aí com residência na Rua das
Flores, passará a residir em Santo Ovídio num palacete que mandam edificar.
A quinta da Boa Vista passou, a partir daí, a denominar-se
quinta do Figueiroa, ou da Figueiroa, e, mais tarde, quando, por herança,
passou à posse dos Pamplonas, tomou o nome destes proprietários – Quinta
dos Pamplonas.
Em 1761, Manuel de Figueiroa Pinto arrendou o seu edifício,
na Rua das Flores, à Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro,
conhecida por Companhia Velha.
Em 1766, sabe-se que, no dia 20 de Março desse ano, o dom
abade da Colegiada de Cedofeita fez a renovação do prazo a Manuel de Figueiroa,
da "Quinta da Boa Vista, sita na Rua
de Santo Ovídio, extra-muros da cidade do
Porto, pegada ao hospício dos religiosos descalços de Santo
Agostinho".
Manuel de Figueiroa Pinto, falecido em 1775, não deve ter tido descendência,
pois a Quinta de Santo Ovídeo vai parar às mãos de um seu afilhado Manuel
Pamplona Carneiro Rangel Barreto de Miranda e Figueiroa (1774 - 1849), que virá a ser o 1º visconde de Beire.
Do matrimónio do visconde com Maria Helena de Sousa Holstein, para além de uma filha que faleceu em criança, tiveram os viscondes de Beire outras três que, pela sua formosura, ficaram conhecidas como as "Três Graças".
Em 1782, o Senado da Câmara do Porto inicia as expropriações
para alargamento da Praça de Santo Ovídio sendo, então, a Rua da Boavista também
aberta nos terrenos norte da Quinta.
A ampliação do largo que tinha sido Arriba dos Ferradores já
tinha sido, porém, começada a fazer em 1761.
No Campo de Santo Ovídio, bem no meio, podia ver-se, em
tempos, um poço que matava a sede a peregrinos e viajantes, pois, era esse
caminho importante para rumar ao norte e, nomeadamente, a Braga.
Para cuidar do poço e para “o fabricar de todo o necessário” a Câmara pagava a um ferreiro 4$000 réis por ano, pelo S. Miguel, de Setembro. Porque a Câmara não pagou em 1783 ao então zelador de nome António Pinho, este protestou, e tendo visto o pagamento feito, viu também que a câmara, a partir daí, decidiu que aquela despesa não se justificava de futuro, pois logo mais acima, junto à Igreja de Nossa Senhora da Lapa, existiam copiosas fontes para que os transeuntes se abastecessem.
Um dos primeiros grandes espectáculos, que tiveram por palco a nova Praça de Santo Ovídio, aconteceu em 2 de Junho de 1793, para celebrar o nascimento de uma nova princesa, Maria Teresa.
A iniciativa foi do próprio João de Almada e Melo, que mandou montar uma praça de touros, no novo logradouro, "a mais bela e magnífica até então vista no reino", escreveu-se na época e, aí, realizou uma deslumbrante tourada de gala. Com a construção da praça e os honorários aos toureiros gastaram-se 240$000 réis.
Para cuidar do poço e para “o fabricar de todo o necessário” a Câmara pagava a um ferreiro 4$000 réis por ano, pelo S. Miguel, de Setembro. Porque a Câmara não pagou em 1783 ao então zelador de nome António Pinho, este protestou, e tendo visto o pagamento feito, viu também que a câmara, a partir daí, decidiu que aquela despesa não se justificava de futuro, pois logo mais acima, junto à Igreja de Nossa Senhora da Lapa, existiam copiosas fontes para que os transeuntes se abastecessem.
Um dos primeiros grandes espectáculos, que tiveram por palco a nova Praça de Santo Ovídio, aconteceu em 2 de Junho de 1793, para celebrar o nascimento de uma nova princesa, Maria Teresa.
A iniciativa foi do próprio João de Almada e Melo, que mandou montar uma praça de touros, no novo logradouro, "a mais bela e magnífica até então vista no reino", escreveu-se na época e, aí, realizou uma deslumbrante tourada de gala. Com a construção da praça e os honorários aos toureiros gastaram-se 240$000 réis.
Monte de Germalde
Vizinho do Campo de Santo Ovídio existia uma elevação de
terreno que, hoje, é o Monte da Lapa.
Desde tempos muito antigos, à vizinhança do Campo de Santo
Ovídio, andava associado o topónimo Germalde, actualmente, completamente
ignorado.
O nome de Germalde, teve origem na designação que, desde
remotas eras, era dada a uma herdade ou casal que por ali existia. Para se
avaliar da antiguidade dessa herdade ou quinta, basta dizer que o seu nome já
em 1120 vem referido no documento de doação do couto do Porto, pela rainha D.
Teresa, ao bispo D. Hugo.
O Monte de Germalde era um lugar ermo e de muitos assaltos
aos caminhantes e uma capela existia por essas bandas, no alto duma elevação,
era conhecida por capela do Senhor do Olho Vivo, esta
denominação, devida aos assaltos aí produzidos. A tal capela era vizinha de um
padrão (cruzeiro) muito mais antigo, que apresentava uma imagem de Cristo
Cruxificado e que tinha também esculpida uma imagem do Apóstolo S. Tiago.
Segundo a tradição, a curiosa denominação do Senhor do Olho
Vivo derivava de se recomendar aos caminhantes que tivessem “olho vivo”, para
se defenderem dos ladrões que se acoitavam nas traseiras da capela, nesse lugar
então solitário,“… lá em cima olho
vivo…”.
O Dr. Eugénio Andrea da Cunha Freitas em seu livro
“Toponímia Portuense” escreve que:
“A capela do Senhor do Olho Vivo já existia junto do padrão velho de
Santo Ovídio em 1755, quando se começou a edificar a igreja da Lapa. Sob o
altar desta capela está ou esteve um cruzeiro datado de 1622 com as imagens de
Cristo e de Santiago que dizem ter sido levantado por peregrinos indo
a Compostela. Seria talvez o
referido padrão velho de Santo Ovídio”.
O Engº. Monteiro de Andrade atribuía ao topónimo, outra origem:
“existia aqui uma
casa onde esteve instalado um telégrafo óptico e, por tal motivo, chamavam-lhe
sugestivamente o lugar do ”olho vivo”.
Hoje, numa elevação de terreno mesmo atrás da capela num
cabeço, estão os restos de um moinho de vento que serviu de telégrafo, que foi
posto importante de combate durante as lutas liberais devido ao seu
posicionamento estratégico.
Em meados do século XIX, o moinho, situava-se numa quinta
denominada de Salgueiros, por onde corria uma rua com o mesmo nome da referida
quinta, no chamado lugar da Cova do Lobo, junto ao campo da Mó, "por
detrás do Senhor do Olho Vivo".
Em toda aquela zona, o subsolo era sulcado por um abundante
manancial cuja água, segundo um relatório da Câmara do Porto, de 1860, tinha
origem "numa nascente localizada na Rua da Rainha" (a actual Rua de
Antero de Quental) e que dali seguia, devidamente encanada, até ao sítio de
Salgueiros, "por debaixo da alameda da Lapa", onde se juntava ao
manancial vindo de Paranhos.
A água de Salgueiros alimentava, entre outras, as fontes de
Salgueiros, da Boavista, de Cedofeita, do Campo Pequeno, da Torre da Marca, das
Oliveiras, de Santa Teresa e da Rua da Fábrica.
Gravura do moinho que serviu de telégrafo - Desenho de Gouveia Portuense
Em 3 de Dezembro de 1859, deixou de funcionar o telégrafo óptico
instalado na pequena casa junto ao moinho de vento, junto à capela do Olho
Vivo, ao Monte da Lapa.
Antes da invenção do telégrafo eléctrico, a transmissão das informações era feita
por bandeiras de 3 panos, cuja posição relativa indicava uma letra, e que
estavam colocadas na Sé, na Porta do Olival (ou no Palácio de Cristal), no
monte de Santa Catarina e no farol da Senhora da Luz, conforme se vê na foto
abaixo. Estes telégrafos ópticos de 3 bandeiras eram também chamados de 3 persianas ou de palhetas.
Habitualmente, alguns destes serviam para informar do nome do navio
avistado, para que os respectivos agentes e comerciantes preparassem as
mercadorias a exportar e estivessem aptos a receber as importações.
À esquerda, as três bandeiras (palhetas) junto do Farol da Senhora da Luz em 1858 - Ed. Frederick William Flower (prova actual em papel salgado a partir de calótipo)
Embora, entre nós, já houvesse conhecimento da telegrafia visual, foi com
Wellington (1810/1811) que se estabeleceram as transmissões telegráficas
visuais, entre as fortificações das Linhas de Torres e os seus flancos
laterais, durante as Invasões Francesas. Teve esta tecnologia o seu apogeu na
primeira metade do século XIX, com a invenção dos telégrafos ópticos ou
semafóricos de Chappe (França), Murray (Inglaterra), Ciera (Portugal), entre
outros, baseados em códigos próprios.
Esta tecnologia seria, maioritariamente, substituída pela telegrafia eléctrica, mas com o aparecimento do código Morse foi, de alguma forma, reanimada com novos equipamentos: heliógrafos e lanternas de sinais, que transmitiam o código Morse. Na 1ª Guerra Mundial, funcionou como um importante meio de comunicações de reserva, sobretudo quando as linhas telefónicas e telegráficas eram cortadas pelos bombardeamentos.
Telégrafo Óptico de Chappe - Fonte: "doportoenaoso"
"Este sistema consiste
na criação de uma rede de torres espalhadas pelos campos, sendo as mensagens
transmitidas por um sistema de braços articulados pelo responsável pelo posto
de manobra, graças a um conjunto de cabos e roldanas".
Fonte: doportoenaoso
Esta tecnologia seria, maioritariamente, substituída pela telegrafia eléctrica, mas com o aparecimento do código Morse foi, de alguma forma, reanimada com novos equipamentos: heliógrafos e lanternas de sinais, que transmitiam o código Morse. Na 1ª Guerra Mundial, funcionou como um importante meio de comunicações de reserva, sobretudo quando as linhas telefónicas e telegráficas eram cortadas pelos bombardeamentos.
Para além do “Telégrafo de Bolas”, assim se denominava o sistema
Inglês, os militares lusos sentindo a necessidade das tropas nacionais
terem o seu próprio sistema, inventaram o “Telégrafo Óptico Português”:
Francisco António Ciera e Pedro Folque, dois dos engenheiros militares
portugueses, desta época, desenvolveram os seus próprios sistemas nacionais. De
menor alcance, mais baratos, mas mais eficientes, mais fáceis de usar e que
imprimiam maior rapidez às comunicações . O sistema de Ciera utilizava um
dicionário de 60.000 palavras ou frases.
A capela do Senhor do Olho Vivo ainda lá está, na actual Rua de Antero
Quental. Nela, ainda se pode, ver dentro de portas, o cruzeiro que encimava
essa elevação de terreno e assinalava, justamente, o Caminho de Santiago e se
chamava Padrão Velho de Santo Ovídio.
No princípio do século XX, passou a denominar-se “Capela do Senhor do
Socorro”.
Capela do Senhor do Olho Vivo
Padrão do Senhor do Olho Vivo
O padrão, da foto acima, exibe na traseira a data de 1622, mas deve ser
mais antigo. Erguia-se no Alto da Lapa, junto da primitiva capela para servir
os peregrinos de Santiago.
Aquando da abertura, em 1842/43, da Calçada da Lapa e com o abaixamento
do terreno para tornar a sua inclinação menos acentuada, a dita capela, que
ocupava o cimo do monte, veio ocupar uma cota mais baixa.
Por aqui, fazendo jus ao topónimo de Germalde, existiu a
Quinta de Germalde.
Até 1583, era sua directa senhoria a Mitra e, o domínio
útil, Dona Brites Pereira.
Por morte desta, em Setembro de 1583, sucedeu-lhe no prazo o
seu irmão, o padre João Pinto.
Em 1679, ainda por enfiteuse, já o domínio útil tinha
passado para Mariana Ferreira, casada com Jerónimo Ferreira moradores na Rua de
S. Miguel.
Em Abril de 1704, já o enfiteuta era, após renovação do
prazo, o capitão Manuel Ramos Silva.
Em 20 de Setembro de 1776, por renovação do emprazamento
anterior, estava na posse de António Alves Rodrigues, que em 1785, alcançou
licença do bispo D. Frei João Rafael de Mendonça para poder subemprazar a
Quinta de Germalde, ficando ele senhor da primeira vida no prazo e, seu filho
Manuel Alves Rodrigues, por dotação, senhor da segunda vida.
Como este Manuel não tivesse filhos, nomeou herdeira
universal uma sua irmã (Custódia Gonçalves de Jesus), reservando o usofruto do
prazo para sua mulher Maria Miranda de Jesus.
Por falecimento desta, em 1811, entrou em posse do prazo a
referida Custódia Gonçalves de Jesus, sua cunhada.
Mais tarde, a Quinta de Germalde, que seria sucessivamente
reduzida na sua área, uma fracção acabaria, na transição para o século XX, de
acabar na posse de Maria Viana Megre Restier, viúva do notário Tomás Megre
Restier.
Quanto à sua implantação no terreno, a Quinta de Germalde
corresponderia, sensivelmente, à área compreendida entre as actuais ruas do
Paraíso, Regeneração, Musas (Viela de Germalde), Bonjardim/Bairro do Leal e
Travessa da Regeneração (Travessa de Germalde).
A actual Rua de Camões foi rasgada atravessando terrenos
também da Quinta de Germalde.
No seu conjunto todos os terrenos especificados nessa quinta
constituíam o Lugar de Germalde.
Um dos primeiros edifícios construídos no Campo de Santo
Ovídio foi o Quartel, que foi Regimento de Infantaria 18, começado a levantar
em 1790.
O Quartel de Santo
Ovídio foi construído por Aviso Régio de 20 de Fevereiro de 1790 da Rainha D.
Maria I para albergar o 2º Regimento de Infantaria do Porto, que fora criado em
1762 e instalado nos celeiros da Cordoaria.
O referido quartel
foi executado segundo um projecto
do tenente-coronel
engenheiro, Reinaldo Oudinot (1744-1807) e, a sua execução
atribuída a Theodoro de Souza
Maldonado (1759-1799) um
arquitecto das Obras Públicas.
Sabe-se que pela morte de Souza Maldonado foi José Francisco
de Paiva (1744-1824) nomeado “Architecto
do Real Quartel de Santo Ovídio”, e que passou a acompanhar a
construção do quartel até à sua conclusão por volta de 1805 ou 1806.
Quartel de Infantaria 18, na Praça da República
Nas traseiras do quartel, no Largo da Lapa encontramos a
Igreja da Lapa.
Antes do majestoso templo ser construído, existiu no sopé do
Monte de Germalde no sítio do Padrão Velho de Santo Ovídio a Capela de Nossa
Senhora da Lapa das Confissões.
A devoção à Senhora da Lapa, que significa Senhora da Gruta,
começou nesse local pela adoração de uma imagem da virgem colocada numa gruta
onde existia uma nascente de água.
Um poço dessa nascente de água está hoje ao fundo da
sacristia da actual igreja assinalado por um painel de azulejos que evoca a
cena evangélica da Samaritana.
Essa nascente abastecia uma fonte situada junto ao quartel e
que acabou por ser transferida para junto de um muro exterior do hospital da
Lapa.
“O culto a Nossa Senhora
da Lapa, aqui, no Porto foi introduzido entre nós, no século XVIII, por Ângelo
de Sequeira, cónego da catedral de S. Paulo, no Brasil.
Nos começos de 1754,
Ângelo de Sequeira encontrava-se em Lisboa onde ganhara fama de grande
pregador. Trouxe-o para o Porto o governador das armas da cidade, D. Diogo de
Sousa. Chegou nos primeiros meses de 1754 e uma das primeiras iniciativas que
tomou foi a de mandar fazer uma imagem de Nossa Senhora da Lapa, de quem era
fervoroso devoto.
Depois de benzer a
imagem, Ângelo de Sequeira pediu ao fidalgo D. Lourenço de Amorim, morador na
Rua Chã, que a guardasse no oratório da sua casa, mas, logo a seguir, levou-a
para a igreja do Convento de Santa Clara, onde ficou exposta à veneração
popular, enquanto Sequeira diligenciava no sentido de conseguir construir
templo próprio para a imagem de Nossa Senhora da Lapa.
O sonho do missionário
de S. Paulo começou a concretizar-se logo em janeiro do ano seguinte (1755),
com o início das obras para a construção de uma capela exclusivamente dedicada
a Nossa Senhora da Lapa. Os trabalhos decorreram muito rapidamente, porque
foi grande o entusiasmo que se gerou em torno do projeto.
Gente de todas as
classes sociais - fidalgos, comerciantes, sacerdotes, titulares, juízes,
militares de alta patente e simples homens e mulheres do povo - juntaram-se e,
com o seu contributo pessoal, trabalhando nas obras ou dando esmolas,
conseguiram, em menos de um mês, construir o essencial da nova capela. Em
fevereiro de 1755, Ângelo de Sequeira já pôde celebrar missa no altar-mor do
templo e, em março seguinte, organizou-se uma imponente procissão para a
mudança da imagem da padroeira da Igreja de Santa Clara para o seu novo templo,
que ficou conhecido por capela de Nossa Senhora da Lapa das Confissões. E aqui
começou, verdadeiramente, o culto a Nossa Senhora da Lapa.
Um ano depois, o
templo tornara-se pequeno de mais para o número cada vez maior de fiéis que
todos os dias aderiam ao novo culto. Pensou-se, de imediato, na construção de
uma igreja e, em julho de 1756, iniciaram-se as obras.
O novo templo começou
a ser construído nas abas do monte de Germalde, também conhecido por monte de
Santo Ovídio, junto de uma fonte, num lugar ermo, considerado, então,
arrabalde da cidade. O primeiro projeto foi riscado pelo arquiteto João Strobeíe
e a primeira pedra foi colocada no dia 17 de julho de 1756. Mas as obras não
avançaram. Esteve tudo parado durante três anos. Com efeito, foi só em 2 de
julho de 1759 que as obras arrancaram, agora comum novo projeto do arquiteto
José de Figueiredo Seixas.
Vejam agora o que
aconteceu em 1765, quando ainda se andava a construir a nova igreja, mas numa
altura em que o número de devotos em torno do culto de Nossa Senhora da Lapa
não parava de aumentar.
Foi o caso que o
pároco de Santo Ildefonso desse tempo, sob a alegação de que o novo templo
estava a ser construído na área da jurisdição eclesiástica da sua paróquia,
reclamava o direito à administração do culto à Nossa Senhora da Lapa. O caso
transformou-se numa demanda que durou anos. Acabou, no entanto, por ser favorável
à Irmandade da Lapa.
Curiosamente, este
pároco de Santo Ildefonso deve ter sido o mesmo que, por aquela mesma época,
tentou embargar as obras de construção da Igreja dos Clérigos com o argumento
de que, havendo já a de Santo Ildefonso, não fazia sentido construir nova
igreja na colina oposta àquela em que estava o templo paroquial. Questão de
concorrência? Vá lá a gente saber...
No século XVIII, todo
o espaço envolvente da Igreja da Lapa foi urbanizado, mas a festa a Nossa
Senhora da Lapa manteve-se inalterável pelo tempo fora, sempre no primeiro
domingo do mês de maio”.
Com a devida vénia a Germano Silva
Em 1754, o Padre Ângelo Sequeira, que pregava pela cidade do Porto com
a intenção de construir uma capela em honra de Nossa Senhora da Lapa, veio
concretizar esse desejo, de construir a Capela de Nossa Senhora da Lapa das
Confissões.
Primeiro, seria tentado erguer o templo no Monte de Santa Catarina,
vizinho do chafariz da Vila Parda. Ainda foi cortada pedra, mas os trabalhos
seriam interrompidos, tendo-se perdido as razões para tal decisão.
Depois, alguém alvitrou a localização para as bandas da Torre da Marca,
mas a ideia não vingaria.
Assim, em sequência, o Padre Ângelo Sequeira terá contactado a D.
Antónia Micaela de Souza, moradora na Quinta de Cedofeita, que lhe prometeu
fazer as diligências necessárias para ser arranjado um terreno para o efeito.
Alguns dias mais tarde, um emissário do padre dirigiu-se à Quinta de
Santo Ovídio para acertar, em complemento, pormenores.
Foi recebido por D. Antónia Joana de Azevedo Albuquerque. Simples
confusão de Antónias.
Porém, desvendado o engano, D. Antónia Albuquerque indicou ao mensageiro
a existência, bem perto dali, de um terreno propriedade da Câmara. Era um monte
maninho chamado Padrão Velho e era dividido a meio por um atalho que ia ter a
um antigo padrão. Confinava a nascente e a norte com a nova estrada de Braga, a
sul com a estrada que ia ter ao chafariz da Vila Parda e ao Lugar de Germalde e
a poente com os casais de Salgueiros, Fial e Pinheiro.
O Padre Ângelo Sequeira conseguiria, então, do Senado a cedência de uma
pequena parcela de terreno que, mais tarde, conseguiria ampliar.
Como recomendações recebeu da Câmara observar nos trabalhos todos os
cuidados de modo a não serem danificados os canos que vindos de Arca d’Água
conduziam a água à cidade.
Para que a capela a edificar não pesasse à cidade com despesas, foi
arranjado um fiador que garantiu os custos do culto, na pessoa de D. Lourenço
de Amorim de Gama Lobo.
Fruto das generosas esmolas dos fiéis, começou a construir-se a capela,
em 5 de Janeiro de 1755, e ficou apta a receber a imagem de Nossa Senhora da
Lapa, em 10 de Março de 1755, vinda da igreja de Santa Clara onde estava
guardada.
As esmolas continuaram a surgir em catadupa. O Padre Ângelo Sequeira
tenta, junto do Papa Bento XIV, obter autorização para nomear um clérigo para
administrar aos bens arrecadados. Isto não cai bem no pároco de Santo Ildefonso
que se achava com a capacidade para executar aquela tarefa.
O Padre Ângelo Sequeira não parava, ansiando pelo levantamento de um
templo mais grandioso. Assim, no dia 17 de Julho de 1756, foi lançada a
primeira pedra da nova igreja pelo Padre Ângelo Sequeira, de cujo acto não resultaria
qualquer continuidade.
Devido a uma série de acontecimentos, a Irmandade de Nossa Senhora da
Lapa das Confissões seria instituída em 1757, a 23 de Junho, e os seus
estatutos aprovados em 5 de Julho.
Entretanto, dois anos mais tarde, face à exiguidade das instalações da
capela, a Mesa Administrativa da irmandade, em funções, decidiu-se pela
construção de uma nova igreja, segundo traça do arquitecto José de Figueiredo
Seixas.
A sua construção arrastar-se-ia por mais de 100 anos, devido à escassez
de recursos e às invasões napoleónicas e outros acontecimentos do funcionamento
interno da irmandade.
A fachada da antiga capela ainda existe, actualmente,
"escondida" e "esquecida" nas traseiras do actual templo
que a faz parecer minúscula.
Fachada da capela primitiva transladada para as traseiras da
actual igreja
Capela primitiva no seu local inicial de instalação
Na foto acima pode
ver-se a primeira Capela de Nossa Senhora da Lapa e das Confissões, no
local do funcionamento do colégio da Lapa.
Ao lado da Igreja da Lapa, e no local onde esteve instalada
a primitiva Capela de Nossa Senhora da Lapa, funcionou por autorização de 12 de
Junho de 1792, uma escola precursora da instrução pública, que se transformou
no Liceu de Nossa Senhora da Lapa ou Colégio da Lapa, e onde o escritor Ramalho
Ortigão leccionou a disciplina de Francês.
Aliás, o escritor nasceu neste local na chamada Casa de Germalde.
Aliás, o escritor nasceu neste local na chamada Casa de Germalde.
“Na parte a nascente
da igreja da Lapa, mandou a Irmandade construir um edifício para servir de
seminário, onde se passaria a ministrar instrução gratuita aos filhos dos irmãos
pobres. Durante guerra civil (1832/1834), mais propriamente durante o Cerco do
Porto, os liberais de D. Pedro IV utilizaram as instalações do seminário para
albergar soldados.
Os prejuízos causados por essa ocupação foram enormes. E como a Irmandade não tinha capacidade económica para fazer as obras de reabilitação, resolveu alugar as instalações para um colégio particular destinado a rapazes, ao pai de Ramalho Ortigão”.
Os prejuízos causados por essa ocupação foram enormes. E como a Irmandade não tinha capacidade económica para fazer as obras de reabilitação, resolveu alugar as instalações para um colégio particular destinado a rapazes, ao pai de Ramalho Ortigão”.
Com o devido crédito a Germano Silva
Nesta escola estudou Eça de Queiroz desde os seus 10 anos e,
aí conheceu os seus futuros cunhados, que habitavam na Quinta de Santo Ovídio,
bem perto do local.
Em 1909, dada a exiguidade das instalações para funcionamento do colégio, foi decidido construir outras que ficariam adossadas à igreja, a sul.
O que restava da capela primitiva e demais cómodos afectos ao antigo estabelecimento de ensino foram demolidos.
Aguarela da primitiva capela da Lapa e frontaria adjacente
do colégio da Lapa
Voltando à igreja da Lapa de arquitectura ao estilo rococó e
neoclássico, no seu coro-alto foi colocado, em 1995, um órgão de tubos da
autoria do mestre-organeiro alemão Georg Jann. Trata-se do maior órgão da
Península Ibérica. A 12 de abril de 2013, foi publicada em Diário da República
a classificação da igreja da Lapa e do cemitério anexo como Monumentos de
Interesse Público. Com a publicação do despacho do secretário de Estado da
Cultura, Jorge Barreto Xavier, ficou definida também a área de salvaguarda
deste monumento que abrange as ruas adjacentes e condiciona intervenções no
respetivo casario à aprovação do Igespar.
No cemitério contíguo à igreja encontram-se sepultados os
escritores Camilo Castelo Branco e Soares de Passos.
Voltando de novo à igreja da Lapa, na capela-mor, por trás
duma pesada porta de bronze, está o coração de D. Pedro IV oferecido à cidade
pela viúva a Imperatriz D. Amélia de Beauharnais, cumprindo o desejo do marido.
Sabe-se que o rei D. Pedro IV, horas antes de morrer, a 24
de Setembro de 1834, no palácio de Queluz, onde nascera, trinta e seis anos
antes, chamou para junto de si a imperatriz, D. Amélia, a quem manifestou o
desejo de que o seu coração, embalsamado, fosse entregue à cidade do Porto, em
testemunho de reconhecimento pelos devotados sacrifícios com que os portuenses
lhe haviam afirmado a sua dedicação durante o Cerco do Porto (1832 – 1833).
Como D. Pedro IV ia assistir à missa dominical e a outros actos
religiosos na igreja da Irmandade da Lapa, foi aí que ficou depositado o
coração, num sarcófago cuja chave está na gaveta da secretária do presidente da
Câmara.
De 4 em 4 anos a porta é aberta, por funcionários da Câmara
Municipal do Porto, de modo a poder substituir o líquido na jarra em que o coração
está imerso.
D. Amélia de Beauharnais foi a quarta filha do general
Eugênio de Beauharnais, e de sua esposa, a princesa Augusta da Baviera. Seu
pai, Eugênio, era filho de Josefina de Beauharnais e do primeiro marido desta,
o visconde Alexandre de Beauharnais. Quando Josefina se casou novamente com
Napoleão Bonaparte, Eugênio foi adoptado como filho e feito Vice-Rei da Itália.
A princesa Augusta da Baviera, a mãe de Amélia, era filha do
rei Maximiliano I, José da Baviera e de sua primeira consorte, a princesa
Augusta Guilhermina de Hesse-Darmstadt.
Igreja da Lapa com uma só torre sineira
Com o quartel da Lapa em primeiro plano temos na gravura
anterior, à esquerda, o Monte de Germalde. A gravura será anterior a 1867,pois,
pelo menos a partir desta data, já possui duas torres sineiras, como se pode
observar na gravura abaixo.
In Archivo Pittoresco, nº 4, 1867
Igreja da Lapa
Igreja da Lapa – Ed. Photo Guedes
A antiga Calçada da Lapa, que se pode observar
à esquerda da foto anterior, teve que ser, em tempos, rebaixada. Por essa razão,
as casas que agora têm entrada pela Travessa de S. Brás tinham as portas de entrada
para aquela calçada. Hoje em dia, essas portas devido ao rebaixamento da via,
são janelas.
Fruto do rebaixamento do terreno em que assentava a Calçada da Lapa, muitas das portas dos prédios adjacentes tornaram-se janelas e as entradas passaram a fazer-se por uma ruela, nas antigas traseiras - Fonte: Google maps
Por outro lado, à direita da igreja, ainda se podem ver os
edifícios que faziam parte do colégio da Lapa, onde estudou Eça de Queiroz.
Numa casa contígua ao Colégio da Lapa e conhecida por Casa
de Germalde, nasceu Ramalho Ortigão em 24 de Outubro de 1836.
Alameda da Lapa em 1881
A Alameda da Lapa visível na foto
acima, seria franqueada ao público no alvorejar do século XIX.
Nela, durante longos anos, em despique com os festejos do
Bonfim e de Cedofeita, se efectuaram animadas festas ao S. João, com grande
arraial e fulgurantes iluminações.
No leito da Alameda da Lapa, assenta hoje o edifício do
Hospital da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, a quem pertence, desde 1925, o
antigo terreno da alameda, parte dele ainda ajardinado como nos tempos
primitivos.
A construção de um hospital foi uma das primeiras ambições
da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa, a qual, contudo, só foi possível
materializar em 1902.
Foi no ano de 1900 que D. Luzia Joaquina Bruce fez saber à
Mesa Administrativa a sua vontade de legar um prédio destinado a ser vendido,
de forma a permitir a construção do edifício. A primeira pedra do hospital,
edifício de inspiração neoclássica desenhado por Joaquim Pinto Basto, foi
lançada em 18 de Agosto de 1902, aniversário do falecimento de João António
Lima, em memória de quem, D. Luzia Joaquina Bruce quis que ele fosse erigido, e
que foi inaugurado, com grande pompa, em 28 de Setembro de 1904.
Sem comentários:
Enviar um comentário