O Jardim de Arca
d’Água, na Praça 9 de Abril, foi projectado por Jerónimo Monteiro da Costa e
inaugurado em 1928. Apresentava então um lago e uma imponente gruta, bem ao
gosto romântico da época. Na altura da sua inauguração, plantaram-se uma
centena de plátanos a delimitar as largas alamedas laterais. Aquele projectista
também desenhou outros jardins do Porto, tais como o da Boavista, do Infante,
da Praça da República, do Carregal e de Carlos Alberto.
O jardim deve o seu nome às 3 nascentes de Paranhos (Arca d’Água ou Mãe d’Água) que foram o
sustento de muitas fontes e chafarizes do Porto, até finais do século XIX.
Praça 9 de Abril em
1939 numa vista aérea
“Em 1919 o jornal O Primeiro de Janeiro lança
uma campanha para que se faça uma piscina naqueles terrenos. Argumentava que a
passagem de um manancial de água e, também se sugeria, que tal permitia fazer
desaparecer um campo de futebol, mais ou menos improvisado, que ali existia.
Mas em 1921 nada se fizera, e o jornal
“Sporting” retoma o problema, e faz uma resenha daquela iniciativa. Cita uma
acta da reunião da Câmara, onde se diz que aquela construção teria valores
elevados que a autarquia não dispunha, e que por isso iria ser apresentado um
projecto de ajardinamento do local, tirando-o do aspecto de baldio que
apresentava, incluindo nele um lago, que posteriormente poderia ser adaptado a
piscina”.
Fonte: futebolsaudade-victor.blogspot.pt
Antiga gruta do lago
da Arca d’Água
Gruta actual
Lago do jardim
Neste local, ainda
um descampado, desenrolou-se a 7 de Fevereiro de 1866, no sítio da Mãe d’Água,
um célebre duelo que ficou nos anais da história da cidade.
Luís Miguel Queiroz
descreve-o da forma seguinte:
“Em 1865, a
imprensa da Universidade de Coimbra dava a lume um opúsculo intitulado
"Bom-senso e Bom-gosto: Carta ao Excelentíssimo Senhor António Feliciano
de Castilho". Antero de Quental, o autor da missiva respondia a dobrar às
ironias que o patriarca das hostes ultra-românticas, o velho Castilho, ousara
endereçar-lhe num posfácio que redigira para o "Poema da Mocidade",
do então jovem escritor Pinheiro Chagas. Esta inofensiva troca de sarcasmos
serviu de faúlha para acender uma violenta polémica, que envolveu boa parte das
principais figuras literárias da segunda metade do século XIX. Camilo foi um
dos saiu a terreiro a defender o poeta cego. E Ramalho Ortigão, que mais tarde
se integraria plenamente na chamada Geração de 70, talvez influenciado pelo
facto de ter tido Castilho como professor de Grego e Humanidades, não lhe
regateou também a sua pena - e o seu braço, como veremos...-, repreendendo
duramente Antero no seu "Literatura de Hoje". A ramalhal figura foi
mesmo ao ponto de publicamente crismar de covarde o poeta das "Odes
Modernas". Antero não gostou. E a coisa esteve para se resolver numa
trivial pancadaria de rua. Mas chegado ao Porto para se esclarecer com Ramalho,
Antero deu de caras com Camilo, que o persuadiu a desistir da cena de
rua em favor de um duelo "comme il faut". Ramalho foi pois convidado
a escolher as armas e optou pela espada, que manejava com reconhecida destreza.
Antero, por seu turno, dirigiu-se a uma sala de esgrima para se inteirar das
regras básicas da modalidade. Na manhã de 6 de Fevereiro 1866, paravam dois
coches no largo da Arca d'Água. Apearam-se contendores e testemunhas e
logo se deu início ao duelo. Foi uma coisa rápida, e pouco depois as viaturas
voltavam a partir, levando, uma delas, um Ramalho combalido e de braço ao
peito, a outra o impetuoso Antero, que não sofrera a mínima beliscadura”.
Entre 1903 e 1916
realizava-se neste largo a grande feira de S. Miguel, vinda do Largo da
Boavista.
Em 6/4/1922 o jardim
passou a chamar-se “9 de Abril”, lembrando a terrível batalha de La Lys travada
nos campos da Flandres, na Bélgica, em 1918 onde morreram muitos portugueses.
Mas de tão antigo e entranhado é o nome de Arca d’Água que os portuenses é
assim que lhe chamam.
Lembremos os nomes
da Praça da República (Jardim Teófilo Braga), Cordoaria (Jardim João Chagas),
S. Lázaro (Jardim Marques Oliveira) e outros de que ninguém se lembra do
verdadeiro e actual, nome do jardim.
Segundo J. B. Correia Pinto (Toponímia Republicana), em 24 de Julho de 1924 por proposta dos moradores, a Rua da Bica Velha, em Paranhos, passa a designar-se por Rua Nove de Abril.
Segundo J. B. Correia Pinto (Toponímia Republicana), em 24 de Julho de 1924 por proposta dos moradores, a Rua da Bica Velha, em Paranhos, passa a designar-se por Rua Nove de Abril.
Neste jardim
encontra-se a escultura de Charters d’Almeida intitulada “A Família”,
inaugurada em 1972.
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