Em 11 de Novembro de
1931 houve um violento temporal que derrubou um histórico pinheiro existente na
aldeia de Maceda, no lugar do ilhéu em S. Roque da Lameira. Tinha 4,8
metros de diâmetro e 30 metros de altura, e era-lhe atribuída uma
idade de sete séculos.
Já anos antes, em 1897, no último dia do ano, rajadas ciclónicas, especialmente durante a tarde, tinham fustigado a cidade e infligindo inúmeros prejuízos aos seus habitantes.
Assim, chaminés, claraboias e beirais de telhados voaram pelos ares.
Árvores seculares foram arrancadas; à Rua da Carcereira, uma casa da firma Campos & Morais, desabou.
Os prejuízos nos jardins do Palácio de Cristal e nos restantes, sejam públicos ou privados, são imensos.
A cobertura da torre norte da igreja do Bonfim vai pelos ares, bem como a esfera e a cruz de ferro da torre da igreja do convento de S. Bento da Avé Maria.
Interrompidos ficaram os serviços de telefone, telegráficos e eléctricos.
No rio Douro, sobem as águas e o temporal no mar origina vários acidentes.
Ciclone de 1937
O violento ciclone que passou pela costa portuguesa, a 27 de
Janeiro de 1937, teve um impacto destrutivo sobre toda a cidade do Porto e
arredores, sendo as estruturas do porto de Leixões e a cidade de Matosinhos,
particularmente fustigadas.
Dentro do porto de abrigo, várias embarcações afundaram-se
e, outras, ficaram totalmente destruídas.
Estragos que o ciclone de 27-01-1937 provocou, junto à Torre
Semafórica do Porto de Leixões, em Leça da Palmeira
Em consequência do violento ciclone, afundaram-se dentro do
porto de abrigo 2 iates, 1 lugre, 4 fragatas, 2 vapores de pesca, 10 traineiras
e numerosas barcaças, além de pequenas embarcações. Um navio de carga de grande
porte encalhado e 4 vapores em perigo iminente de soçobrarem. Os prejuízos
foram avultados.
Na ajuda prestada às tripulações que se viram envolvidas na
tempestade, em Leixões, teve actuação de mérito o salva-vidas CARVALHO ARAÚJO.
Estragos que o ciclone de 27-01-1937 provocou, na margem
esquerda do rio Leça, já dentro do porto de abrigo
Sobre os efeitos do temporal no estuário do rio Douro narra
o texto seguinte.
“O temporal fez
grandes estragos por toda a costa, e o rio Douro levava uma grande cheia. A
escala da Régua marcava 14 metros acima do nível das águas.
No porto comercial do
Douro, os pilotos e seu pessoal andavam em grande azáfama, reforçando as
amarras dos navios ali surtos, que eram os seguintes:
Vapores Portugueses
SECIL e OUREM, vapores de pesca FAFE e ESTRELA DO MAR, canhoneira NRP ZAIRE;
vapores Alemães SIRIUS e AQUILES e o Checoslovaco PETER, e ainda alguns lugres
bacalhoeiros.
Sob as ordens do
piloto Manuel de Oliveira Alegre, que fazia as vezes de cabo-piloto, os seus
colegas Eurico Pereira Franco, José Jeremias dos Santos, José Fernandes Amaro
Júnior, Francisco Piedade, Aires Pereira Franco, Francisco Soares de Melo, Joel
da Cunha Monteiro e o praticante António Natalino Cordeiro.
O piloto Joel da Cunha
Monteiro foi para bordo da canhoneira NRP ZAIRE amarrada no Quadro do Navios de
Guerra, em Massarelos, onde permaneceu 3 dias”.
Ciclone de 1941
Mas seria o ciclone
de 1941, que durante muitos anos, ficaria gravado na memória de quem o viveu.
“Lembrámo-nos muito bem do chamado “ciclone”,
de 15 de Fevereiro de 1941, que fez grandes estragos em Portugal. Cerca da
20,30 h o Porto estava debaixo de chuva e vento indescritíveis, que atingiu os
145 km/h. Os prejuízos foram enormes por toda a cidade, especialmente pela
queda de centenas de árvores. O Porto ficou às escuras porque muitos cabos de
alta tensão e dos eléctricos caíram e corria-se o risco de electrocussão.
O ciclone provocou, na zona do Porto e arredores, uma meia dúzia de mortos, e
foram centenas as pessoas levadas ao Hospital de Santo António. Mas a nossa
cidade não foi dos locais mais atingidos, já que na zona de Lisboa, Sintra
e Setúbal contaram-se por centenas as vítimas mortais.
Na nossa memória ficou a queda do Pinheiro
Manso, na Boavista, centenária árvore que deu o nome à rua. Ficava na casa da
família Gilbert, à esquerda de quem entrava na rua, e ao cair destruiu uma
cabine telefónica e apanhou a traseira de um automóvel dos Bombeiros do Porto,
em que seguia o conhecido Major Serafim Morais, que nada sofreu. No dia
seguinte vimos o pinheiro no chão, atravessado na rua e meu avô Augusto
fotografou-o”.
Testemunho: Rui
Cunha (portoarc.blogspot.pt)
"Pinheiro Manso" por
terra na Avenida da Boavista em Fevereiro de 1941
Jardim da Cordoaria
após ciclone de 1941 – Ed. “O Tripeiro”; Foto: Manuel Alves de Azevedo
Em Massarelos os
lugres Ana Maria, Paços de Brandão e Oliveirense, embateram uns contra os outros e sofreram danos
consideráveis.
Outras embarcações
no rio Douro foram também afectadas.
Diga-se que a cidade
do Porto não foi a que sofreu mais estragos.
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