Ao longo dos tempos os escritores foram glosando os defeitos
ou as virtudes dos portuenses e da cidade.
Muitos dos dizeres ficaram na memória colectiva tendo
passado de geração em geração. É tempo de recordar, agora, algumas das frases
desses mestres da palavra escrita.
Almeida Garrett
“João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais tarde 1.º Visconde de Almeida Garrett (Porto, 4 de fevereiro de 1799 — Lisboa, 9 de dezembro de 1854), foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português.
Grande impulsionador
do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele
quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do
Conservatório de Arte Dramática.”
Fonte:
pt.wikipedia.org
Almeida Garrett nasceu no Porto, na antiga Rua do Calvário,
n.ºs 18, 19 e 20 (actual Rua Dr. Barbosa de Castro, n.ºs 37, 39 e 41), na
freguesia da Vitória.
Passou a sua infância na Quinta do Sardão, em Oliveira do
Douro (Vila Nova de Gaia), pertencente ao seu avô materno José Bento Leitão,
altura em que alterou o seu nome para João Baptista da Silva Leitão,
acrescentando o sobrenome Baptista do padrinho e trocando a ordem dos seus
apelidos.
Frequentava por vezes um palacete da Rua da Boavista, nº
158, de uns seus tios, onde mais tarde se instalaria o “Grande Colégio
Unversal”.
Almeida Garrett
Texto:
«Se na nossa cidade há muito quem troque o b por v,
há pouco quem troque a liberdade pela servidão.»
Almeida Garrett
Alexandre Herculano
“Alexandre Herculano
de Carvalho e Araújo (Lisboa, 28 de Março de 1810 — Quinta de Vale de Lobos,
Azoia de Baixo, Santarém, 18 de Setembro de 1877) foi um escritor, historiador,
jornalista e poeta português da era do romantismo.
Como liberal que era,
teve como preocupação maior, estabelecida nas suas ações políticas e seus
escritos, sobretudo em condenar o absolutismo e a intolerância da coroa no
século XVI para denunciar o perigo do retorno a um centralismo da monarquia em
Portugal.”
Fonte:
pt.wikipedia.org
Foi um dos bravos
do Mindelo, tendo estado nas lutas durante o Cerco do Porto. Viveu uns anos na
cidade e chegou a ser nomeado por D. Pedro IV como segundo bibliotecário da
Biblioteca do Porto e aí permaneceu até ter sido convidado para dirigir a
revista O Panorama (1837-1868), de Lisboa.
Alexandre Herculano em Vale de Lobos, sentado numa das
cestas da apanha de azeitona
Texto:
«O Porto ergue-se em anfiteatro sobre o esteiro do Douro e reclina-se
no seu leito de granito. Guardador de três províncias e tendo nas mãos as
chaves dos haveres delas, o seu aspecto é severo e altivo, como o de mordomo de
casa abastada.»
Alexandre
Herculano
A sua infância foi vivida junto a Miragaia, numa casa
situada na Rua do Reguinho, casa e rua desaparecidas aquando da abertura da Rua
Nova da Alfândega, em meados do século XIX.
Foi também naquela zona que Júlio Dinis frequentou a escola primária. Mais tarde, fez estudos secundários e cursou depois medicina, na Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Aliou a profissão de médico à de escritor e de professor, exercendo a docência na mesma instituição de ensino onde se formou.
Em algumas das suas obras descreveu a sociedade portuense da época.
Nomeadamente, no seu romance “Uma Família Inglesa: Scenas da vida do Porto”, dá-nos um retrato de uma parte da sociedade portuense do seu tempo, realçando também o modo de viver da importante comunidade britânica.
Júlio Dinis seria ainda um dos precursores da divulgação folhetinesca.
Assim, em 12 de Maio de 1866, o “Jornal do Porto” começava a publicar o 1º episódio da obra de Júlio Dinis, “As Pupilas do Senhor Reitor”. O livro sairia no ano seguinte.
Teria sido o pai do escritor quem descobriu a verdadeira identidade, por trás do pseudónimo, de Júlio Dinis, ao ver no quarto do filho umas tiras manuscritas.
A obra de Júlio Dinis “Uma Família Inglesa: Scenas da vida
do Porto” publicada em livro, em 1868, seria, antes, dada a conhecer, também,
naquele jornal diário, com o 1º episódio a ser impresso em 1 de Março de 1867.
Júlio Dinis
Joaquim Guilherme Gomes Coelho (Porto, 14 de Novembro de
1839 – Porto, 12 de Setembro de 1871) foi um médico e escritor português. É
mais conhecido pelo seu pseudónimo Júlio Dinis.
Nasceu então, na Rua do Reguinho, freguesia de São Nicolau, sendo batizado, a 18 do mesmo mês, na Igreja de São Nicolau.
Faleceu, à 1 hora da manhã, na Rua de Costa Cabral, nº 323, na freguesia de Paranhos, numa casa que já não existe e que hoje é chão do “Cinema Júlio Deniz”.
Nasceu então, na Rua do Reguinho, freguesia de São Nicolau, sendo batizado, a 18 do mesmo mês, na Igreja de São Nicolau.
Faleceu, à 1 hora da manhã, na Rua de Costa Cabral, nº 323, na freguesia de Paranhos, numa casa que já não existe e que hoje é chão do “Cinema Júlio Deniz”.
Casa onde faleceu o escritor Júlio Dinis
Foi também naquela zona que Júlio Dinis frequentou a escola primária. Mais tarde, fez estudos secundários e cursou depois medicina, na Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Aliou a profissão de médico à de escritor e de professor, exercendo a docência na mesma instituição de ensino onde se formou.
Em algumas das suas obras descreveu a sociedade portuense da época.
Nomeadamente, no seu romance “Uma Família Inglesa: Scenas da vida do Porto”, dá-nos um retrato de uma parte da sociedade portuense do seu tempo, realçando também o modo de viver da importante comunidade britânica.
Júlio Dinis seria ainda um dos precursores da divulgação folhetinesca.
Assim, em 12 de Maio de 1866, o “Jornal do Porto” começava a publicar o 1º episódio da obra de Júlio Dinis, “As Pupilas do Senhor Reitor”. O livro sairia no ano seguinte.
Teria sido o pai do escritor quem descobriu a verdadeira identidade, por trás do pseudónimo, de Júlio Dinis, ao ver no quarto do filho umas tiras manuscritas.
Primeiras linhas da obra - In “Jornal do Porto” de 12 de
Maio de 1866
Primeiras linhas da obra - In “Jornal do Porto” de 1 de
Março de 1867
Júlio Dinis
Texto:
“Sempre que Manoel Quentino emprehendia um passeio, com o fim de se
distrahir, não hesitava na escolha do itinerario. Desde tempos immemoriaes
adoptára um e nem lhe passava por o sentido modifical-o. Deixava-se conduzir
por o habito n'isto, como em tudo o mais. Atravessava a cidade até á Ribeira;
seguia depois, pela margem direita do rio, até Campanhã; chegando ao Esteiro,
tomava pela estrada de cima, que o levava ao jardim de S. Lazaro, e emfim
recolhia-se a casa. Foi o que fez n'aquella tarde. A cidade atravessou-a
lidando ainda com o pensamento de tristeza, com que saíra de casa. A primeira
diversão operou-a só a vista do mercado de peixe, na Ribeira. As lanchas
valboeiras tinham, n'aquelle instante, chegado ao caes. As regateiras, os
compradores particulares e os pescadores que vendiam, animavam o mercado com
movimento e vozeria. Este espectaculo, cheio de vida commercial, não achou
indifferente Manoel Quentino. Agradava-lhe aquelle trafego; examinava com olhos
conhecedores a excellencia do peixe, e informava-se curioso dos preços que
regulavam o mercado. Ao saír d'alli, ia pensando: —Não ha nada para arranjo
domestico, como a pescada. É o peixe mais innocente que ha. Com razão lhe
chamam a gallínha do mar. Ahi está a sardinha, que é gostosa; mas é mais
doentia tambem. Que a sardinha de Espinho ainda não tanto, mas esta da barra!…
D'onde virá a differença?… Pois não será toda ella o mesmo peixe?… Só se é da
praia aqui ser mais pedregosa e o peixe saír mais batido… Que esta costa da Foz
sempre é muito cheia de pedras!… Só o perigo que correm as embarcações aqui!…
Ainda no outro dia, aquella grande desgraça dos oito pescadores que
naufragaram!… Muita pena teve Cecilia, quando as folhas contaram de um que
deixou uma creancinha orphã! Pobre Cecilia!… tem um coração!… Coitada!… É um
anjo… Assim que me lembro d'aquella tristeza em que anda… E ahi estava a ideia
fixa com elle! Parece que ella propria fora a que dispozera esta fileira de
ideias associadas, para conduzir a si o pensamento.
A impressão produzida pelo mercado desvanecera-se de todo; Manoel Quentino
proseguiu no passeio, já outra vez melancolico. Mais adiante, tendo passado a
ultima casa, que lhe tolhia a vista do rio e a da margem opposta, volveu
naturalmente os olhos para o vulto escalvado e sombrio da Serra do Pilar,
coroada pelo seu convento em ruinas e a sua igreja circular. Os tristes
vestigios das guerras civis estão ainda n'aquelle logar muito evidentes, para
que a lembrança d'ellas não acuda subita ao espirito de quem quer que o
contemple por momentos. Manoel Quentino, como quasi todos os portuenses da sua
idade, havia sido mais do que simples espectador das scenas tragicas d'essas
memoraveis épocas. —Ha vinte e tantos annos—pensava elle—não havia, a estas
horas, tanto socego, por aquelles sitios, não. Nem tambem estes passeios pela
beira do rio eram tanto de appetecer como agora. Havia mais perigos, do que o
dos nevoeiros do Douro. A fallar a verdade sempre era um tempo aquelle!… O que
eu passei!… Parece-me que ainda foi o outro dia, e já lá vão vinte e tantos
annos!… Oh! mas que alegria tambem, quando se abriram as linhas!… N'esse tempo
era ainda a mãe de Cecilia uma creança. Só quatro annos depois é que eu
principiei a pensar n'ella … Pobre
rapariga! … Parece-me que ainda a estou
a ver! … delgadinha, desmaiada, boa para todos, mas trabalhadeira ao mesmo
tempo … É por isso que receio… Valha-me Deus! assim que me lembro da
tristeza da pequena!… E da Serra do Pilar e do tempo do Cerco conseguira
aquella ideia dominante achar caminho para se lhe insinuar de novo no
pensamento. E, o que mais é, parece que cada vez trazia comsigo maior cortejo
de sinistros pressagios.
Ao chegar á fonte do Carvalhinho, subiu uns degraus de pedra que alli
ha, e bebeu, mesmo do caneiro, alguns goles de agua; cousa que nunca se
esquecia de fazer, porque tinha fé particular nas virtudes medicinaes d'aquella
excellente agua.
— Ah! — dizia elle outra vez distrahido — Consola beber uma agua assim!
Para aguas o Porto! Dizem que em Lisboa são más as aguas! Pois é das cousas
mais precisas para a saude. É verdade que eu vejo por aqui tambem muitas
doenças, apesar das aguas boas. E sobretudo a gente nova está saíndo tão
franzina e tão fraca, que é uma cousa por maior! E o medo, que eu tenho, quando
reparo em Cecilia! É tão delicada, tão… E ahi estava outra vez assombrado para
grande espaço de tempo.
Chegou á quinta chamada da China,—um dos passeios favoritos das classes
populares portuenses. Desciam a rampa, que antecede o portão, alguns bandos de
gente do povo, rindo, cantando, em plena festa; iam em direcção ao rio. As barqueiras
de Avintes aproximavam os barcos da margem para os receber; outras, ainda a
grande distancia, chamavam, com toda a força d'aquelles pulmões robustos, as
pessoas que vinham por terra. Cruzavam-se os barcos, movidos pelos vigorosos
braços d'estas engraçadas e joviaes remeiras, e carregados com os
frequentadores das diversões campestres do Areinho e da pesca do savel. Tudo
era riso e cantigas no rio. Manoel Quentino via tudo isto, e escutava entretido
o canto de uma barqueira, que dizia:
As riquezas d'este mundo
Para mim não tem valor:
Eu sou rica nos tens braços,
Sou rica do teu amor.
E elle pôz-se a pensar: —Como esta pobre gente vive satisfeita n'esta
vida trabalhosa do rio!… Ao vento, á chuva, e sabe Deus o que tem em casa para
comer! E é um gosto como ellas cantam e riem!… Raparigas de quinze e dezeseis
annos consola vel-as já mover aquelles remos, que esfalfariam um homem, como
eu. Não ha como estes ares e esta vida do campo, para fazer as pessoas
robustas. Se eu adivinhasse que Cecilia aproveitaria com elles!… E retomava o
pensamento a posição de equilibrio estavel, de que por instantes se desviára.
Chegou ao ponto da margem, chamado Rego Lameiro. Ahi opéra o Douro uma
das suas subitas e surprendentes transformações. Expiram as collinas fronteiras
de uma e outra margem, interrompidas por um valle deliciosissimo, onde a
vegetação é mais abundante, mais povoadas as verduras, e onde se encorporam em
riachos as aguas escoadas dos proximos declives. Apreciam-se tão raros
intervallos, em que o Douro, o severo Douro, sorri, como se aprecia um raio de
alegria em rosto habitualmente carregado.
N'este sitio alarga-se o leito das aguas, diminue portanto a força da
corrente d'ellas, chegando, nas marés baixas, a permittir a formação de
pequenos ilhotes de areia, para onde vão brincar as creanças dos pescadores. A
tortuosidade das margens, furtando á vista o seguimento do rio, dá a este a
completa apparencia de um pequeno, mas pittoresco lago. Os olhos descobrem, de
um lado, o extenso areal de Quebrantões, ao qual succedem prados e leziras
sempre verdes, veigas fertilissimas, arvoredos espessos e, escondidas por o
meio, as risonhas casas de algumas pequenas povoações campestres; adiante as
quintas da Pedra Salgada, e através do véo azulado da distancia, a aprazivel
aldeia de Avintes; do outro lado o palácio do Freixo com seus torreões e
balaustradas e as quintas e ribeiras de Valbom e Campanhã. E se é ao fim do
dia, quando o sol doura todo o quadro, reflectindo-se afogueado nas vidraças
voltadas ao occidente, e a viração da tarde enfua as velas brancas das pequenas
embarcações do logar, e o céo é azul e as aguas limpidas, a paizagem compensa
bem os privados de gosar as bellezas mais celebradas por viajantes e poetas, as
analogas das quaes só a nossa cegueira nos não deixa ás vezes ver a dois passos
da porta.
Era aqui que Manoel Quentino se sentava sempre durante alguns minutos,
sobre uma pedra solta da margem.
—Como isto é bonito!—pensava elle—É que nem ha outro passeio assim, nos
arredores do Porto. E a tarde então está tão serena e socegada, que até se
percebe d'aqui tudo o que se diz no Areinho. Se eu tivesse dinheiro, era onde
comprava uma quinta. Chegando aos sabbados, saía do escriptorio e mettia-me n'um
barco… ou a pé mesmo… A final é um passeio… É verdade que se viesse Cecilia,
sempre era longe. Ainda que ella não se cansa… Não se cansa?… não se cansava…
agora…
E a ideia negra, aquella pertinaz ideia negra, a tomar outra vez posse
de Manoel Quentino! e, com o ir adiantando-se a tarde, parecia cada vez mais
negra, como se as sombras crescessem para ella tambem!
D'ahi em diante, não se modificou o processo das cogitações do velho.
Uma fabrica de cortumes, umas creanças, a quem deu esmola, uns
armazens, tudo quanto viu, após varias oscillações do pensamento, faziam caír
Manoel Quentino na preoccupacão anterior.
De maneira que o passeio, aquelle passeio que o devia distrahir, antes
lhe exacerbou o mal, que o atribulava. Subia elle já a íngreme costeira, que
leva do Esteiro de Campanhã até o sitio do Padrão. A tarde arrefecera
subitamente. (...)
Júlio Dinis, In “Uma
Família Ingleza, Scenas da Vida do Porto”; 3ª edição (páginas 201 a 205)
Pela margem mais próxima, junto da Quinta da China, se
passeou Manoel Quentino na narração acima, seguindo em direcção ao Esteiro de
Campanhã. A meio da foto, ao longe, o Monte Crasto
Lady Jackson
Lady Catherine Hannah Charlotte Elliott Jackson (1824–1891),
era filha de Thomas Elliot de Wakefield, e também foi a segunda esposa do
Cavaleiro Diplomata Sir George Jackson (1785–1861), com quem se casou em 1856, e
uma autor prolífico em seu próprio direito, especialmente na área da história
européia e da corte da França no século XVI.
Após a morte de seu marido em 1861, ela se voltou para a
literatura, começando editando os diários e cartas do início da vida de seu
marido.
Em Julho de 1873, proveniente de Londres, desembarcava em
Lisboa a inglesa Lady Jackson. Demorar-se-ia por Portugal até Outubro do mesmo
ano e, ao partir, não foi sem saudades profundas que disse adeus à Formosa
Lusitânia. De volta a Inglaterra, publica, logo no ano seguinte, Fair
Lusitania, que, apenas três anos volvidos, mereceu tradução de um dos maiores
vultos das letras portuguesas, Camilo Castelo Branco.
Lady Jackson ao meio da foto à porta do Lawrence’s Hotel em
Sintra
Texto:
“O porto foi sempre orgulhoso dos seus marítimos, que procederam talvez
de atrevidos filhos do rio, como estes. Não é onde o Douro corre mais
pacificamente que gostam de brincar estas crianças: mas patinham e atiram-se
sem medo quazi no meio da arrebentação das vagas, da espuma e das pedras perto
do mar e da vizinhança traiçoeira da barra.”
Madame Rattazzi
Esta escritora inglesa que visitou o nosso país algumas
vezes (1876, 1878 e 1879), também passou uma temporada no Porto na segunda
metade do ano de 1879, depois de ter chegado ao país em Julho deste ano.
Era também conhecida por Madame Solmes, apelido que lhe
advinha de uma anterior casamento.
Madame
Solms (Rattazzi) - Ed. Rute y Ginez
Texto:
In "Le Portugal A Vol D’Oiseau" e que entre nós se
chamou, "Portugal de Relance".
Pinheiro Chagas
“Manuel Joaquim
Pinheiro Chagas (Lisboa, 13 de Novembro de 1842 — Lisboa, 8 de Abril de 1895),
mais conhecido por Manuel Pinheiro Chagas, foi um prolífico escritor,
jornalista e político português. Destacou-se como romancista, historiador e
dramaturgo, tendo escrito inúmeros romances históricos e diversas peças de
teatro, algumas das quais se mantiveram em cena por mais de um século. Foi
diretor de vários periódicos de Lisboa. Exerceu as funções de deputado e par do
Reino e foi Ministro da Marinha e Ultramar na fase decisiva das movimentações
das potências europeias em torno da partilha de África. Foi um dos fundadores
da Sociedade de Geografia de Lisboa.
Manuel Joaquim
Pinheiro Chagas nasceu na freguesia de Santa Isabel, Lisboa, a 13 de Novembro
de 1842, filho de Joaquim Pinheiro das Chagas, major do Exército, veterano das
guerras liberais e secretário particular do rei D. Pedro V, e de sua mulher
Gertrudes Justiniana Gomes Ramos.”
Fonte: pt.wikipedia.org
Como se lê no texto anterior o pai de Pinheiro Chagas foi
secretário particular de D. Pedro V, um amigo e admirador da cidade e das
gentes do Porto.
Manuel Joaquim Pinheiro Chagas em 1875 (fotografia de Alfred
Fillon, in O Contemporâneo, Lisboa 1875)
Texto:
“Que admirável panorama! O que dá ao Porto um aspecto inexcedivelmente
pitoresco é a situação original das colinas, em que está construído, que se
levantam logo da beira do Douro, e ficam empinadas sem transição alguma,
inundadas de casario, que parece aferrar-se à rocha, para evitar o
despenhar-se. Lá em baixo o magnífico edifício da Bolsa; além a Sé erguida
desassombradamente num píncaro, e arrojando ao céu as suas duas torres, um
pouco mais abaixo, o Paço do bispo, e no fundo os intermináveis e deliciosos
meandros do rio, que a cada instante nos estão preparando surpresas que nos
arrancam gritos de admiração.”
Pinheiro Chagas
(1865)
(Continua)
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