Guilhermina Augusta
Xavier de Medin Suggia (Porto, São Nicolau, 27 de Junho de 1885 — Porto, 30 de
Julho de 1950) foi uma violoncelista de renome mundial.
“Extraordinária violoncelista,
reconhecida em todo o universo musical, vindo a tornar-se numa figura mundial.
Filha dum mestre
de violoncelo e artista grandioso, Augusto Suggia, que do Conservatório de
Lisboa foi convidado pela Santa Casa da Misericórdia
de Matosinhos para dar aulas nas escolas daquela localidade, fixou
depois residência no Porto.
Na capital do
Norte nasceu Guilhermina Augusta Xavier de Medim Suggia, a 27 de Junho de 1885
e ali aprendeu com seu pai e com o famoso violoncelista espanhol Pablo Casals a
técnica do instrumento através do qual viria mais tarde a adquirir grande
notoriedade. Começou a refulgir no mundo musical quando, aos sete anos se
revelou, assombrosa já, pela primeira vez que tocou em público, na então
aristocrática e muito distinta, Assembleia de Matosinhos”.
Cortesia “matosinhos-online.com”
Casa onde viveu em
Manhufe, Matosinhos, Guilhermina Suggia
Os pais de
Guilhermina na mudança para o Norte começariam por viver no Porto onde nasceram
as duas filhas do casal: Virgínia Suggia e, 3 anos mais tarde, Guilhermina.
Já quando
Guilhermina tinha 6 anos, a família teve que deixar a casa da Rua Ferreira
Borges, no Porto, que foi demolida e foram morar para a uma casa em Manhufe
(ainda de pé), em Matosinhos, próxima, hoje, da Praça dos Pescadores e num
arruamento transversal, ao começa da Rua da Misericórdia.
Casa onde Guilhermina Suggia viveu em Manhufe, Matosinhos – Fonte: Google
maps
Pela foto acima se
vê o estado de ruína a que chegou o prédio que a autarquia prometeu recuperar.
Casa onde
Guilhermina Suggia viveu em Manhufe, Matosinhos, actualmente em processo de
conclusão de recuperação – Ed. Graça Correia
O edifício sede da
Santa Casa da Misericórdia de Matosinhos – Ed. “portojofotos.blogspot.com”
Guilhermina Suggia com o seu violoncelo e a sua irmã, Virgínia
“Guilhermina ao violoncelo e a sua irmã
Virgínia (3 anos mais velha) ao piano, eram convidadas para actuar no seio
cultural portuense. Com apenas 13 anos, Guilhermina era violoncelista principal
da Orquestra do Orpheon do Porto, tocando também com o quarteto de cordas
Bernardo Moreira de Sá. No verão de 1898 o já famoso violoncelista Catalão
Pablo Casals, abrilhantava as noites no Casino de Espinho.. Moreira de Sá
recomenda a Augusto Suggia que vá com a filha escutar Casals. Assim foi e, no
final da actuação vão conversar com o violoncelista. Augusto fala-lhe da filha
e Casals sugere que ela toque para a ouvir. Passa-lhe o seu violoncelo. Ficou
de tal modo agradavelmente surpreendido que se propõe dar-lhe aulas durante
esse verão, ali em Espinho. E uma vez por semana, Augusto e Guilhermina vão de
comboio até Espinho...
Em 27 de Março de 1901 as duas irmãs actuaram
no Palácio das Necessidades em Lisboa, para a Família Real. Com 15 anos apenas,
Guilhermina respondeu a uma interpelação da rainha Dona Amélia sobre qual seria
o sonho da sua vida, dizendo que gostaria de aperfeiçoar os seus conhecimentos
musicais no estrangeiro.
Uns meses depois a coroa portuguesa
concedeu-lhe uma bolsa para estudar no local da sua eleição, o que possibilitou
a ida, acompanhada pelo pai, para o conservatório de Leipzig, Alemanha, onde
iria aprender com Julius Klengel, violoncelista da famosa Gewandhaus Orquestra
dirigida por Arthur Nikisch, em Novembro de 1901. A vida de pai e filha em Leipzig
era extremamente difícil pois a bolsa cobria os custos com as aulas e a estadia
de Guilhermina mas não de seu pai nem das despesas acessórias que iam sendo
necessárias.
Família de poucos recursos, rapidamente a
situação financeira se foi degradando, com a irmã mais velha, pianista até
então já conhecida, a sacrificar a sua carreira futura para sustentar irmã e
pais, dando aulas particulares de piano a um grupo de alunos. Com 20 anos,
Virgínia providenciava o sustento da família sendo a única que trazia proventos
e que financiava todo aquele investimento na irmã. Apesar da agudização da
situação financeira, o regresso de Guilhermina foi adiado sucessivamente até à
sua apresentação histórica no concerto comemorativo do aniversário da orquestra
Gewandhaus em 26 de Fevereiro de 1903. Tinha apenas 17 anos. Nunca um
intérprete tão jovem havia actuado com a orquestra, muito menos como solista e
menos ainda do sexo feminino. O êxito foi total e, face aos pedidos do público,
o maestro pediu-lhe que repetisse o concerto na íntegra. Começava aqui o seu
sucesso internacional.”
Fonte:
“pt.wikipedia.org”
Guilhermina Suggia
(1885-1950) foi uma grande violoncelista portuguesa
“Guilhermina Suggia foi aluna do
violoncelista catalão Pablo Casals e de Julius Klengel, no Conservatório de
Leipzig, na Alemanha. A apresentação de Guilhermina com a Orquestra da
Gewandhaus, em 1901 em Leipzig, marcou o início de uma brilhante carreira
internacional. Reencontrou Casals, mais tarde, em Paris, onde viveram juntos e
actuaram por toda a Europa, muitas vezes, com Casals a maestro e Guilhermina
como solista. Separam-se em 1913.
A partir da Primeira Guerra Mundial, Londres
tornou-se o principal centro de actividade de Guilhermina Suggia. Num regresso
a Portugal em 1923, conheceu José Carteado de Mena, médico e director do
Instituto Pasteur do Porto, com quem casou 4 anos depois, tendo o escultor
Teixeira Lopes por padrinho. O casal fixou-se no Porto.
Nos últimos anos da sua vida, Guilhermina
Suggia dedicou-se ao ensino. O último grande acontecimento da sua carreira
internacional verificou-se em 1949, altura em que actuou em Edimburgo, com a
Orquestra Escocesa da BBC. A preferência de Guilhermina Suggia pela obra para
violoncelo de Bach levou a que se dissesse na época que ela própria havia
reinventado as suites para violoncelo, com o seu estilo virtuoso e
inconfundível, tornando-a uma das grandes referências de sempre da música
erudita.
A figura da famosa violoncelista inspirou o
livro "Guilhermina" do romancista Mário Cláudio, publicado em 1986.”
Fonte:
“portoarc.blogspot.com”
Um dos palcos da
cidade que assistiu aos espectáculos de Guilhermina Suggia foi o Palácio de
Cristal que a C.M.P. adquiriu em 1934, quer na sua nave quer no seu teatro Gil
Vicente.
Foi aqui que se
realizaram importantes concertos do compositor e pianista Viana da Mota e
da extraordinária violoncelista Guilhermina Suggia. Também se apresentaram os
melhores actores do tempo. Esta sala foi muitas vezes cedida para realização de
festas de beneficência, comemorações, etc.
A C.M.P. punha à
disposição da cidade aquelas salas de espectáculo, pois, não havia muitos
outros locais do género até à inauguração do Coliseu do Porto, em 1941.
Palácio de Cristal e Jardim do Palácio de Cristal em 1876
Aspecto do «hall» do
Coliseu do Porto durante o intervalo da apresentação de uma ópera lírica em
1945 – Fonte: Arquivo Histórico Municipal do Porto
Na ilustração acima, do caricaturista Cruz Caldas, divisam-se
figuras do meio social portuense, no vestíbulo do Coliseu do Porto, onde se
destacam o "Empresário" do Coliseu, Rocha Brito e a violoncelísta
Guilhermina Suggia, com as filhas do industrial Delfim Ferreira, a também violoncelista Maria Alice Ferreira e a pianista Lourdes Ferreira.
Casa onde morou e morreu Guilhermina Suggia, na Rua da Alegria, nº 665 - Fonte: Google maps
Uma discípula de Guilhermina Suggia e herdeira do seu legado
musical, foi Madalena Sá e Costa que daria continuidade lições dela e do seu
pai Augusto Suggia.
"Fui sua
discípula durante 10 anos. Esse período da nossa convivência e amizade foi
fabuloso. Ouvi-a tocar muitas vezes em ensaios e concertos com minha Mãe e com
meu Pai. Aprendi muito nas suas lições e ouvindo-a em concertos, com a sua
maneira de tocar muito comunicativa e emotiva."
Madalena Sá e Costa
Final do ensaio do primeiro concerto de Madalena Sá e Costa
Na foto acima está Guilhermina Suggia e Augusto Suggia, em
1931 (no Teatro Gil Vicente, Palácio de Cristal, Porto) e, entre os dois,
Madalena Sá e Costa.
Madalena Moreira de Sá e Costa nasceu também no Porto, a 20
de Novembro de 1915 e faleceu em 18 de Abril de 2022, com 106 anos.
Era neta de Bernardo Valentim Moreira de Sá, fundador do
Conservatório de Música do Porto e do Orpheon Portuense, filha da pianista
Leonilda Moreira de Sá e Costa e do pianista e compositor Luís Ferreira da
Costa.
Conclui o curso no Conservatório Nacional em 1940, sob a
tutela de Isaura Pavia de Magalhães, após o que completa a sua formação com
Paul Grümmer, Sandor Végh e Pablo Casals, entre muitos outros.
Possuidora de um curriculum riquíssimo, Madalena Sá e
Costa desenvolveu também notável acção pedagógica no Conservatório de
Música do Porto e no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian em Braga.
Madalena Sá e Costa tinha de comum com Guilhermina Suggia,
não só, tocar o violoncelo, mas por ser muitas vezes acompanhada por uma
pianista, portuense, também sua irmã, de nome Helena Sá e Costa (1903-2006) que
ganhou fama internacional e ficou para sempre lembrada como a professora
durante 10 anos do grande pianista, também portuense, Pedro Burmester.
Helena e Madalena Sá e Costa - fotografia do arquivo da família Sá e Costa
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