terça-feira, 16 de abril de 2019

25.42 A violoncelista portuense que levou longe o nome da cidade natal



Guilhermina Augusta Xavier de Medin Suggia (Porto, São Nicolau, 27 de Junho de 1885 — Porto, 30 de Julho de 1950) foi uma violoncelista de renome mundial.

Extraordinária violoncelista, reconhecida em todo o universo musical, vindo a tornar-se numa figura mundial.
Filha dum mestre de violoncelo e artista grandioso, Augusto Suggia, que do Conservatório de Lisboa foi convidado pela Santa Casa da Misericórdia de Matosinhos para dar aulas nas escolas daquela localidade, fixou depois residência no Porto.
Na capital do Norte nasceu Guilhermina Augusta Xavier de Medim Suggia, a 27 de Junho de 1885 e ali aprendeu com seu pai e com o famoso violoncelista espanhol Pablo Casals a técnica do instrumento através do qual viria mais tarde a adquirir grande notoriedade. Começou a refulgir no mundo musical quando, aos sete anos se revelou, assombrosa já, pela primeira vez que tocou em público, na então aristocrática e muito distinta, Assembleia de Matosinhos”.
Cortesia “matosinhos-online.com”


Casa onde viveu em Manhufe, Matosinhos, Guilhermina Suggia


Os pais de Guilhermina na mudança para o Norte começariam por viver no Porto onde nasceram as duas filhas do casal: Virgínia Suggia e, 3 anos mais tarde, Guilhermina.
Já quando Guilhermina tinha 6 anos, a família teve que deixar a casa da Rua Ferreira Borges, no Porto, que foi demolida e foram morar para a uma casa em Manhufe (ainda de pé), em Matosinhos, próxima, hoje, da Praça dos Pescadores e num arruamento transversal, ao começa da Rua da Misericórdia.


Casa onde Guilhermina Suggia viveu em Manhufe, Matosinhos – Fonte: Google maps


Pela foto acima se vê o estado de ruína a que chegou o prédio que a autarquia prometeu recuperar.


Casa onde Guilhermina Suggia viveu em Manhufe, Matosinhos, actualmente em processo de conclusão de recuperação – Ed. Graça Correia



O edifício sede da Santa Casa da Misericórdia de Matosinhos – Ed. “portojofotos.blogspot.com”


Guilhermina Suggia com o seu violoncelo e a sua irmã, Virgínia


“Guilhermina ao violoncelo e a sua irmã Virgínia (3 anos mais velha) ao piano, eram convidadas para actuar no seio cultural portuense. Com apenas 13 anos, Guilhermina era violoncelista principal da Orquestra do Orpheon do Porto, tocando também com o quarteto de cordas Bernardo Moreira de Sá. No verão de 1898 o já famoso violoncelista Catalão Pablo Casals, abrilhantava as noites no Casino de Espinho.. Moreira de Sá recomenda a Augusto Suggia que vá com a filha escutar Casals. Assim foi e, no final da actuação vão conversar com o violoncelista. Augusto fala-lhe da filha e Casals sugere que ela toque para a ouvir. Passa-lhe o seu violoncelo. Ficou de tal modo agradavelmente surpreendido que se propõe dar-lhe aulas durante esse verão, ali em Espinho. E uma vez por semana, Augusto e Guilhermina vão de comboio até Espinho...
Em 27 de Março de 1901 as duas irmãs actuaram no Palácio das Necessidades em Lisboa, para a Família Real. Com 15 anos apenas, Guilhermina respondeu a uma interpelação da rainha Dona Amélia sobre qual seria o sonho da sua vida, dizendo que gostaria de aperfeiçoar os seus conhecimentos musicais no estrangeiro.
Uns meses depois a coroa portuguesa concedeu-lhe uma bolsa para estudar no local da sua eleição, o que possibilitou a ida, acompanhada pelo pai, para o conservatório de Leipzig, Alemanha, onde iria aprender com Julius Klengel, violoncelista da famosa Gewandhaus Orquestra dirigida por Arthur Nikisch, em Novembro de 1901. A vida de pai e filha em Leipzig era extremamente difícil pois a bolsa cobria os custos com as aulas e a estadia de Guilhermina mas não de seu pai nem das despesas acessórias que iam sendo necessárias.
Família de poucos recursos, rapidamente a situação financeira se foi degradando, com a irmã mais velha, pianista até então já conhecida, a sacrificar a sua carreira futura para sustentar irmã e pais, dando aulas particulares de piano a um grupo de alunos. Com 20 anos, Virgínia providenciava o sustento da família sendo a única que trazia proventos e que financiava todo aquele investimento na irmã. Apesar da agudização da situação financeira, o regresso de Guilhermina foi adiado sucessivamente até à sua apresentação histórica no concerto comemorativo do aniversário da orquestra Gewandhaus em 26 de Fevereiro de 1903. Tinha apenas 17 anos. Nunca um intérprete tão jovem havia actuado com a orquestra, muito menos como solista e menos ainda do sexo feminino. O êxito foi total e, face aos pedidos do público, o maestro pediu-lhe que repetisse o concerto na íntegra. Começava aqui o seu sucesso internacional.”
Fonte: “pt.wikipedia.org”


Guilhermina Suggia (1885-1950) foi uma grande violoncelista portuguesa


“Guilhermina Suggia foi aluna do violoncelista catalão Pablo Casals e de Julius Klengel, no Conservatório de Leipzig, na Alemanha. A apresentação de Guilhermina com a Orquestra da Gewandhaus, em 1901 em Leipzig, marcou o início de uma brilhante carreira internacional. Reencontrou Casals, mais tarde, em Paris, onde viveram juntos e actuaram por toda a Europa, muitas vezes, com Casals a maestro e Guilhermina como solista. Separam-se em 1913. 
A partir da Primeira Guerra Mundial, Londres tornou-se o principal centro de actividade de Guilhermina Suggia. Num regresso a Portugal em 1923, conheceu José Carteado de Mena, médico e director do Instituto Pasteur do Porto, com quem casou 4 anos depois, tendo o escultor Teixeira Lopes por padrinho. O casal fixou-se no Porto. 
Nos últimos anos da sua vida, Guilhermina Suggia dedicou-se ao ensino. O último grande acontecimento da sua carreira internacional verificou-se em 1949, altura em que actuou em Edimburgo, com a Orquestra Escocesa da BBC. A preferência de Guilhermina Suggia pela obra para violoncelo de Bach levou a que se dissesse na época que ela própria havia reinventado as suites para violoncelo, com o seu estilo virtuoso e inconfundível, tornando-a uma das grandes referências de sempre da música erudita. 
A figura da famosa violoncelista inspirou o livro "Guilhermina" do romancista Mário Cláudio, publicado em 1986.”
Fonte: “portoarc.blogspot.com”


Um dos palcos da cidade que assistiu aos espectáculos de Guilhermina Suggia foi o Palácio de Cristal que a C.M.P. adquiriu em 1934, quer na sua nave quer no seu teatro Gil Vicente.
Foi aqui que se realizaram importantes concertos do compositor e pianista Viana da Mota e da extraordinária violoncelista Guilhermina Suggia. Também se apresentaram os melhores actores do tempo. Esta sala foi muitas vezes cedida para realização de festas de beneficência, comemorações, etc.
A C.M.P. punha à disposição da cidade aquelas salas de espectáculo, pois, não havia muitos outros locais do género até à inauguração do Coliseu do Porto, em 1941.



Palácio de Cristal e Jardim do Palácio de Cristal em 1876


Aspecto do «hall» do Coliseu do Porto durante o intervalo da apresentação de uma ópera lírica em 1945 – Fonte: Arquivo Histórico Municipal do Porto



Na ilustração acima, do caricaturista Cruz Caldas, divisam-se figuras do meio social portuense, no vestíbulo do Coliseu do Porto, onde se destacam o "Empresário" do Coliseu, Rocha Brito e a violoncelísta Guilhermina Suggia, com as filhas do industrial Delfim Ferreira, a também violoncelista Maria Alice Ferreira e a pianista Lourdes Ferreira.


Casa onde morou e morreu Guilhermina Suggia, na Rua da Alegria, nº 665 - Fonte: Google maps



Uma discípula de Guilhermina Suggia e herdeira do seu legado musical, foi Madalena Sá e Costa que daria continuidade lições dela e do seu pai Augusto Suggia.


"Fui sua discípula durante 10 anos. Esse período da nossa convivência e amizade foi fabuloso. Ouvi-a tocar muitas vezes em ensaios e concertos com minha Mãe e com meu Pai. Aprendi muito nas suas lições e ouvindo-a em concertos, com a sua maneira de tocar muito comunicativa e emotiva."
Madalena Sá e Costa


Final do ensaio do primeiro concerto de Madalena Sá e Costa


Na foto acima está Guilhermina Suggia e Augusto Suggia, em 1931 (no Teatro Gil Vicente, Palácio de Cristal, Porto) e, entre os dois, Madalena Sá e Costa.
Madalena Moreira de Sá e Costa nasceu também no Porto, a 20 de Novembro de 1915 e faleceu em 18 de Abril de 2022, com 106 anos.
Era neta de Bernardo Valentim Moreira de Sá, fundador do Conservatório de Música do Porto e do Orpheon Portuense, filha da pianista Leonilda Moreira de Sá e Costa e do pianista e compositor Luís Ferreira da Costa.
Conclui o curso no Conservatório Nacional em 1940, sob a tutela de Isaura Pavia de Magalhães, após o que completa a sua formação com Paul Grümmer, Sandor Végh e Pablo Casals, entre muitos outros.
Possuidora de um curriculum riquíssimo, Madalena Sá e Costa desenvolveu também notável acção pedagógica no Conservatório de Música do Porto e no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian em Braga.
Madalena Sá e Costa tinha de comum com Guilhermina Suggia, não só, tocar o violoncelo, mas por ser muitas vezes acompanhada por uma pianista, portuense, também sua irmã, de nome Helena Sá e Costa (1903-2006) que ganhou fama internacional e ficou para sempre lembrada como a professora durante 10 anos do grande pianista, também portuense, Pedro Burmester.


Helena e Madalena Sá e Costa - fotografia do arquivo da família Sá e Costa

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