A empresa, nas décadas seguintes, continuaria a singrar.
Falecido, Aquiles de Brito, em 1949, deixa como herdeiros o
seu filho, Aquiles (José) de Brito e três filhas, que acabam por fundar uma
empresa de plantas aromáticas que passa a fornecer a Ach Brito, e acaba mesmo,
em 1956, por integrá-la.
Aquiles José cria uma litografia, em 1953, dentro do
complexo fabril, onde passam a ser feitos os rótulos, etiquetas, selos e
embalagens das marcas Ach. Brito e Claus Porto, e são também produzidos
componentes gráficos para a Tabaqueira, mas sobretudo para as companhias de
Vinho do Porto, entre elas a Sandman, a Real Vinícola, a Real Companhia Velha,
a Porto Calém, a Burmester e a Offley.
Diga-se que, desde o início do século, a empresa era cliente
da litografia de Emílio Biel.
Litografia da “Ach Brito”
Aquiles José viria a tomar as rédeas do negócio, pelo menos
de forma oficial, em 1963, altura em que Willy Thessen se afasta
definitivamente por razões de saúde e morre Afonso de Brito, o seu tio,
decidindo então, negociar também, a saída das suas irmãs.
Aquiles José de Brito haveria de casar com a violoncelista,
discípula de Guilhermina Suggia, Maria Alice Gomes Ferreira, filha de Delfim Ferreira, o capitalista mais rico de Portugal, desses tempos, casamento que
duraria, apenas, cinco anos.
In jornal “O Comércio do Porto” de 5 de Maio de 1937, após o
espectáculo no Rivoli, de Maria Alice Ferreira, com 15 anos
Na audição da sua apresentação pública, no dia 4 de Maio de
1937, no Rivoli, Maria Alice Ferreira tocaria depois da abertura feita pela
Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional, dirigida pelo Maestro Pedro de
Freitas Branco, preenchendo a 1ª parte.
Na segunda parte, seria acompanhada ao piano pela sua irmã,
Maria de Lourdes Ferreira e na terceira, encerraria o concerto, com o
acompanhamento da Orquestra Sinfónica da Emissora Nacional e interpretando “A
Abelha” de Schubert.
No seu testamento, Guilhermina Suggia determina que o seu
violoncelo da marca Montagnana seja
leiloado e o produto do leilão entregue ao Conservatório de Música do Porto,
com a ressalva de que, D. Maria Alice Ferreira, filha de Delfim Ferreira,
morador na Rua de João IV, nº 239, terá preferência sobre todos os demais.
Retomando o rumo e o objectivo principal desta dissertação,
diga-se que, quando assumiu, em pleno, a direcção da “Ach. Brito”, Aquiles José
deu 10% da empresa, a cada um dos seus dois filhos: Delfim Ferreira de Brito e
Aquiles Delfim Ferreira de Brito.
Mais tarde, voltaria a reforçar as quotas dos dois herdeiros,
com mais 10%, a cada um.
Em 1966, entram assim, na “Ach. Brito & Cª”, a terceira
geração da família Brito: Aquiles Delfim Ferreira de Brito, aos 24 anos, como
perfumista, e o seu irmão Delfim Ferreira de Brito, aos 23 anos, como chefe de
fabrico.
Em 1968, o almirante Américo Tomás, como Presidente da
República, visita a “Ach. Brito” na comemoração dos 50 anos da firma. Na
foto, Aquiles (José) de Brito, à direita (imagem do acervo fotográfico da Ach.
Brito)
Aquiles José ficaria ainda conhecido, por ser um apaixonado
e praticante do desporto automóvel, como piloto, paixão que transmitiria ao seu
filho Aquiles Delfim de Brito.
Este, acabaria por ser um dos nomes mais sonantes do
automobilismo português dos anos 60 e 70, em provas, que iam desde o circuito
de Lordelo do Ouro ao de Montes Claros, passando pela Rampa da Pena, pelo
Circuito de Vila do Conde, pela Volta ao Minho e, por fim, pelo Grande Prémio
de Portugal.
Aquiles Delfim de Brito morreria com 39 anos, em 1981,
deixando como herdeiros Aquiles de Brito, com apenas 10 anos e Sónia de Brito.
Aquiles José morreria em 1988.
Chegados os anos 90, a firma estava com Delfim Ferreira de
Brito ao comando, que viria a propor ao seu sobrinho, agora já, com 23 anos,
que tomasse as rédeas da empresa, o que acabou por acontecer, com a companhia
da sua irmã, Sónia.
É, por esta época, encerrada a litografia.
“Depois de
décadas a liderar o mercado e com o aparecimento de novos produtos - como o gel
de banho - e novas redes de distribuição, o trajeto da marca perde ânimo, até
que em 1994 a liderança da empresa passa para as mãos dos bisnetos de Achilles
de Brito: Aquiles e Sónia Brito. A empresa é restruturada e o portfolio de
produtos é reposicionado. Com o novo milénio surge também a vontade de alcançar
novos horizontes e a marca de luxo da Ach Brito, a Claus Porto, começa a ser
colocada nos mercados internacionais.
Em 2008 é
adquirida a Saboaria e Perfumaria Confiança SA, a segunda mais antiga fábrica
de sabonetes do país, sediada em Braga e a mais séria concorrente e, a Ach
Brito, passa a atuar transversalmente no mercado”.
In site Ach. Brito
A partir daqui é história recente.
Em 1999, o emblemático edifício do Porto é vendido e a
fábrica muda-se para Vila do Conde, onde continua, actualmente.
Em 2007, chegou o grande passaporte para o outro lado do
Atlântico: os sabonetes da “Claus Porto” eram os favoritos de Oprah Winfrey,
que fez o anúncio em directo na TV, provocando, no dia seguinte, o esgotar dos
produtos das prateleiras.
Depois de várias vicissitudes, em 2008, é adquirida a
fábrica concorrente de sempre, do mesmo ramo, com sede em Braga –“Saboaria e
Perfumaria Confiança S.A.” – fundada em 1894.
Instalações da “Saboaria e Perfumaria Confiança S.A.”, na
Rua Nova de Santa Cruz – Braga, em 1910
Instalações da “Saboaria e Perfumaria Confiança S.A.”, na
Rua Nova de Santa Cruz – Braga, em 1928, após remodelação das mesmas
Como curiosidade, diga-se que, as instalações da “Saboaria e
Perfumaria Confiança S.A.” foram adquiridas pela autarquia bracarense por 3,5
milhões de euros, em 2011, e que, agora, é proposto pelo novo líder da
autarquia, a sua venda (que ainda não se concretizou) por 3,8 milhões.
Voltando à nossa terra, em 2015, Aquiles de Brito vende uma parte
maioritária das acções à “Menlo Capital”, uma sociedade de capitais de
risco portuguesa e dedica-se a outras áreas de negócios, como seja a produção
vinícola e cuja pérola, é a Quinta dos Frades, situada na Folgosa, Armamar.
Na Rua das Flores, nº 22, onde esteve instalado, num prédio
de 3 pisos, o Museu e o Teatro das Marionetas, a “Claus Porto” abriu uma
loja-museu, em Junho de 2017.
É no segundo piso, que é contada parte da história da
empresa, através de fotografias antigas, expostas nas paredes, “posters” de
prémios ganhos em feiras, e exposições internacionais, e medalhas.
Alguns dos muitos produtos da “Claus & Schweder, Sucrs.”
Na loja/museu, numa vitrine (só com documentos fundamentais
da “Claus Porto”) da qual se destaca o Livro de Honra, pode nele, observar-se, que
a primeira assinatura é a do rei D. Manuel II, aquando da sua visita ao Porto,
em 1908.
No último piso do museu, pode ainda ser apreciada uma pequena
máquina para fazer sabonetes, trazida da fábrica de Vila do Conde, que é usada
nos “worshops”, que vão ali sendo realizados, de tempos-a-tempos.
Máquina para fabrico de sabonetes usada em “Workshops” – Ed.
Manuela Campos (2019)
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