terça-feira, 8 de outubro de 2019

25.66 Litografia do Bolhão ou Empreza do Bolhão, Lda.; Litografia Nacional e Tipografia Lusitana; Tipografia "Imprensa Portuguesa"; Tipografia Ocidental e Gráfica "Costa Carregal, Lda.";

“Litografia do Bolhão” ou “Empreza do Bolhão, Lda.”
 
 
A “Empreza do Bolhão, Lda.” foi fundada em 16 de Maio de 1923 e ficou sediada, na Rua Formosa, no Palácio do Bolhão.
Sucederia, nesse mesmo local, à empresa de Raúl Caldevilla denominada “ETP-Empreza Técnica Publicitária”, fundada em 1912, como “Organizações de Propagandas de Raul Caldevilla & Cia, Lda.” e que, para aqui tinha vindo, em 1917, das suas primitivas instalações na Rua de Santo António.
Em 1921, Raul Caldevilla, Eduardo Kendall, João Manuel Lopes de Oliveira e António de Oliveira, criam a firma “Empreza Técnica Publicitária Film Gráfica Caldevilla” ou “Caldevilla Film”.
Em 26 de Junho de 1923, estreia no “Salão Jardim Passos Manuel”, o filme “As Pupilas do Senhor Reitor”, realizado por Maurice Mariaud (1875-1958), por sinal o último.
Litígios vários entre os sócios levam à demissão de Raul Caldevilla e por consequência ao fim da “Caldevilla Film”.
 
 
 
Cartaz do filme “As Pupilas do Senhor Reitor” – 1923
 
 
 
A partir de 16 de Maio de 1923, os restantes sócios arrancavam com a “Empreza do Bolhão, Lda.”, dando sequência ao trabalho da “ETP-Empreza Técnica Publicitária” de Raul Caldevilla, nomeadamente com a publicida no exterior.


 
Cartaz de 1925


 
Cartaz de 1930


 
A partir de 1934, a “Empreza do Bolhão, Lda.” passa a contar com a colaboração de António Cruz Caldas (1898-1975), ilustrador, caricaturista, cenógrafo e publicitário, afilhado da pintora Aurélia de Sousa.
Teve actividade, ainda, nos jornais “Sporting” e “Cócórócó”, “Comércio do Porto” e “Tripeiro”.
Colaborou com várias instituições da cidade do Porto, na elaboração de cartazes para a “Empreza do Bolhão, Lda.”, casos do Orfeão do Porto e do Teatro Sá da Bandeira.
 
 
 

Cenário para a revista “Ó Meu Rico S. João” do Teatro Sá da Bandeira


 
Calendário de parede, em 1950




Raul Manuel Alves Machado de Oliveira, o filho de Raúl Lopes de Oliveira, na década de 1960, assume a administração da “Empreza do Bolhão, Lda.”.
Após a revolução de 25 de Abril de 1974, a situação difícil que a empresa atravessou só foi possível ultrapassar por Raul Oliveira, socorrendo-se da ajuda do Banco Borges & Irmão.
Após duas reestruturações de capital, em 1982 e 1988, Raul Machado Oliveira sofre um acidente neste ano e, em 1990, falece.
Em 1991, a “Higifarma, SGPS, S.A.” torna-se a única acionista da “Empresa do Bolhão, Lda.” e serão administradores, Caetano Beirão da Veiga, Alexandre Martins e Hélder Bexiga Tomás de Almeida que virá a ser o presidente da “Higifarma, SGPS, S.A.”.
A partir de 1994, a “Empresa do Bolhão, Lda.” passa sucessivamente a “Sociedade do Bolhão, Lda.” e “Sociedade do Bolhão, S.A.” que absorve a “Poligráfica”.
Surge, então, a “Packigráfica, S.A.” fruto da junção da “Sociedade do Bolhão, S.A.” e da “Higifarma, SGPS, S.A..
Na gerência de Caetano Beirão da Veiga, em 1995, é decidida a transferência da “Empresa do Bolhão, S.A.” para a Maia, para a Rua Dr. Joaquim Nogueira dos Santos, n.º 135, Nogueira-Maia.

 
 
 
Packigráfica na Maia
 
 
 
 
Entretanto, em 1998, a Litografia Nacional, fundada por João Ignácio da Cunha e Sousa (1821-1905) entra para a “Packigráfica, S.A.”.
A queda do “Banco Espírito Santo”, em 2014, traça o fim da Packigráfica, S.A.”
A “Empresa do Bolhão, S.A.” chegava ao fim.
Durante um ano, o Museu de História e Etnologia da Terra da Maia, promoveu uma exposição sobre a “Empreza do Bolhão”, com o espólio que adquiriu, num leilão efectuado em 25 de Fevereiro de 1921, na sequência da declaração de insolvência da Packigráfica.
 
 
 
Cartaz da Exposição promovida pelo Museu Municipal da Maia
 
 
Nota: No que toca ao texto referente à vulgarmente conhecida por Litografia do Bolhão, foi baseado no blogue “Restos de Colecção”, administrado por José Leite, a quem agradecemos desde já.






Litografia Nacional e Litografia Lusitana



João Inácio da Cunha e Sousa (Ponte de Lima, 1821 - Porto, 1905), capitalista, irmão do caricaturista Sebastião Sanhudo, e sócio deste na Litografia Portuguesa, resolve, em 1895, fundar a Litografia Nacional, em sociedade com o seu filho, Inácio Alberto de Sousa.
Após o falecimento de João Inácio da Cunha e Sousa, o seu filho primogénito, daria continu­idade ao negócio litográfico.
Em 1910, a Litografia Nacional estava pela Rua de Malmerendas (Rua Dr. Alves da Veiga), nº 22 e Inácio Alberto de Sousa residia, bem perto, no Largo do Padrão, nº 20, sendo, naquela data, o seu pai já falecido há 5 anos.



Publicidade à Litografia Nacional na Rua de Malmerendas



Fachada da Litografia Nacional na Rua do Dr. Alves da Veiga, nº 22 – Ed. Graça Correia




Pormenor da fachada da Litografia Nacional na Rua do Dr. Alves da Veiga – Ed. Graça Correia




Naquela data, mais propriamente em 9 de Julho de 1910, Inácio de Sousa solicita à Câmara do Porto, autorização para ampliar as suas instalações da Rua Dr. Alves da Veiga.
Estas, acabariam por estender-se, mais tarde, até à Rua D. João IV, cuja área lhe era contígua, pelas traseiras e, por aqui, continuariam por muitos anos.




Litografia Nacional na Rua D. João IV – Ed. Graça Correia



Revista Miau, em 1916 (editada pela Tipografia Nacional)



Inácio Alberto de Sousa, que viria a ser comendador, casou com Ângela Maria Bandeira Russel, e expandiria o seu negócio litográfico para a zona da Boavista, para a Rua Particular de Agramonte.



Trecho de requerimento (19 Abr. 1921) solicitando licença de construção de litografia em terrenos da Boavista, na Rua Particular – Fonte: ”Gisaweb”




Placa Toponímica da Rua Particular Meneses Russel – Ed. Graça Correia



Alçado proposto em projecto pela Litografia Nacional à Câmara do Porto, de vedação e acesso às instalações na Rua Particular de Agramonte



Aspecto actual da vedação e acesso às instalações na Rua Particular de Agramonte, depois de demolição da primitiva, que se observa na gravura anterior – Ed. Graça Correia




Litografia Lusitana, na Rua Particular Meneses Russel – Ed. Graça Correia


Stand da Litografia Nacional durante a Exposição de Artes Decorativas realizada no Palácio Foz, em 1949




A Litografia Nacional, nestas instalações junto da rotunda da Boavista viria, anos mais tarde, a ser a Litografia Lusitana, sita à Praça Mouzinho de Albuquerque, nº 197 (na Rua Particular Meneses Russell, 197) e, que, até ao final da década de 80 do século XX, ainda era propriedade dos descendentes – os Russel de Sousa.
Entretanto, uma “Real Tipografia e Litografia Lusitana”, que tinha sido fundada, em 1865, por Apolino da Costa Reis, em 1885, já era a firma Reis & Monteiro e ficava na antiga Rua D. Fernando, depois, Rua da Bolsa, em 1941, seria adquirida por Inácio Alberto de Sousa, que a junta à sua Litografia Nacional, e o património daí resultante, em 1947, está na rotunda da Boavista como Litografia Lusitana, em local que já vinha sendo ocupado desde os anos 20.
Inácio Alberto de Sousa (1874-6/1/1948), que veio a ser comendador, casou com Ângela Maria Bandeira Russell e desta teve dois filhos, dos quais o primogénito, António Russel de Sousa (1897-24/7/1969), foi Presidente da Comissão Concelhia do Porto da União Nacional, Procurador à Câmara Corporativa (II Legislatura), Presidente do Grémio Nacional dos Industriais de Litografia e Fotogravura, Presidente da Comissão Municipal de Assistência do Porto, comendador, financeiro e industrial gráfico.
Em 1976, esta empresa es­tava ainda nas mãos do comendador António Russel de Sousa (neto de João Inácio de Sousa) que, depois da sua morte, a deixará à sua filha Maria Gabriela Dias de Almeida Russel de Sousa.
A gestão da empresa passaria então a ser executada pelo marido de Maria Gabriela Russel de Sousa, o Dr. Fernando Adolfo Rocha Martins Barbosa que, em finais da década de oitenta, a acabará por vender a um grupo estrangeiro.
O negócio litográfico e tipográfico teve durante a ditadura salazarista um notável desenvolvimento, para o qual contribuiria a política de propaganda de António Ferro, o ideólogo do regime, que se apoiava muito pela mensagem através do cartaz. Eram épocas também, em que o regime, na mesma senda, incentivava as grandes empresas a apoiar socialmente os seus operários.
Em 1935, tinha sido já apresentado um requerimento dirigido à Câmara do Porto, por Inácio A. de Sousa e Filho, proprietários da Litografia Nacional, solicitando que lhes fosse feita a vedação, arruamento e iluminação do terreno do antigo Bairro Xavier da Mota, um bairro operário que lhes tinha sido cedido, destinado a habitação para os seus operários, como prémio anual do trabalho, situado no Monte Pedral.



Bairro "O Comércio do Porto" no Monte Pedral, que haveria de ser chamado também de Monte Novo, no início do século XX



Em Abril de 1945, circulava na C.M. Porto uma informação do arquitecto A. Losa, do Gabinete de Estudo do Plano Geral de Urbanização, acompanhada de planta topográfica, sobre a zona onde se pretendia construir o Bairro da Litografia Nacional, no Monte Aventino.
Assim, no âmbito desta política, no ano de 1956, seria editada uma brochura para comemorar a finalização da segunda fase de construção de um bairro habitacional destinado aos funcionários da Litografia Nacional.


“Bairro da Litografia Nacional”, ao Monte Aventino, na Rua Inácio Alberto de Sousa – Fonte: Google maps



Cartaz da Litografia Nacional sobre C.F. da Beira-Alta, em 1920



Publicidade à Litografia Nacional, em 1935




Cartaz da Litografia Nacional, em 1944




Chalet Suisso no jardim do Passeio Alegre – Ed. Litografia Lusitana (Postal nº 6)


 

Em 1998, a “Litografia Nacional” é absorvida pela “Higifarma, SGPS, S.A.”
A “Litografia Nacional” foi dissolvida e liquidada em 2017.



(Continua)




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