segunda-feira, 28 de outubro de 2019

25.69 Porto da saudade - Actualização em 19/10/2020

No jornal “Periódico dos Pobres”, do Rio de Janeiro, que se publicava às 2ªs, 4ªs e Sábados, nºs 7 e 8, de 29 de Abril e 1 de Maio de 1850, era transcrito um artigo, publicado no portuense jornal “O Nacional”, intitulado “O que é o Porto?"
De autor não identificado, há quem afirme que o escriva foi Camilo Castelo Branco.
Na peça jornalística era traçada uma imagem da cidade do Porto e do portuense de meados do século XIX.









Na sequência da última parte do texto anterior, onde o autor caracteriza a mulher do Porto, o excerto de um outro texto, da autoria de Alberto Pimentel vai, nesta capítulo, explicitar as características das portuenses dos arrabaldes da cidade.
 
 

Alberto Pimentel, In “Guia do Viajante na Cidade do Porto e seus Arrabaldes” (1877)



Mulher dos Arrabaldes da cidade, c. 1900



Por sua vez, Firmino Pereira, sobre um Porto que já era apenas uma memória, escrevia:




Firmino Pereira, In “O Porto d’Outros Tempos”




Firmino Pereira (Porto ???? – Porto 1918) deixou-nos uma obra de leitura obrigatória para quem se interessa pela história da cidade do Porto, da qual é apresentado um pequeno trecho, acima, tendo sido ainda, para além de escritor, jornalista e teatrólogo. Usou o pseudónimo F. P..
Firmino Pereira, em “O Porto d’outros tempos”, olha para trás, para o que tinha sido a sua cidade e vê-a transformar-se a uma velocidade incrível.
Lugares, costumes, formas de viver e estados de alma, tudo se ia alterando e, por vezes, até desaparecendo. Aliás, sempre assim foi através dos tempos.



Interveniente na “Procissão dos Fogaréos”, realizada pela Misericórdia do Porto, até 1835, em 5ª Feira da Semana Santa



Palácio de Cristal (demolido)



Interior da nave principal do Palácio de Cristal



Um olhar sobre a Pedra Salgada (à direita) a partir da Quinta da China – Pintura de Aurélia de Sousa



Solar da Quinta da Torre Bela, na margem esquerda do Douro, no lugar da Pedra Salgada – Desenho de Cesário Augusto Pinto (1825 – 1895), In “As margens do Douro – colecção de doze vistas”, 1848, editada pela litografia de Joaquim Vitória Vilanova

 

 


Quinta da Pedra Salgada, actualmente

 

 


Cais da Quinta da Pedra Salgada, actualmente




Passeio em barco valboeiro de Avintes – Pintura de Silva Porto



O Entrudo (período de três dia que precedem a Quaresma) era uma festa popular em que as pessoas se divertiam lançando farinha e baldes de água, uns aos outros



Fachada do Convento de S. Bento da Ave-Maria (local da actual Estação Ferroviária de S. Bento) virada para a Rua do Loureiro. Do cimo desta rua para as instalações do convento e vice-versa, lançavam os namorados os seus sinais, num namoro à distância



Estação Ferroviária de S. Bento em 1916


Afurada em 1885



Decoração da Rua Mouzinho da Silveira para as Festas de S. João em 1886



Banda da Guarda Municipal em dia de festa, à porta da Câmara Municipal do Porto, na Praça D. Pedro (demolida em 1916) – Ed. Foto Guedes



O texto anterior da autoria de Firmino Pereira tenta retratar a 2ª metade do século XIX, na cidade do Porto e, o que se segue, em registo idêntico, pretende dar uma imagem da cidade do Porto no período de transição do século XIX para o século XX e, ainda, da primeira metade deste.


“Num curto espaço de tempo, após meados do séc. XX, tudo virou de pernas para o ar.
Então, acudiram as lágrimas. A memória do séc. XIX. A saudade…
O Porto das procissões de clamores; o Porto do Palácio de Cristal; o Porto dos carros americanos, da máquina, dos carros eléctricos; o Porto das Romarias, Senhora da Hora, Senhor de Matosinhos, Senhor da Pedra, Senhor do Olho Vivo; o Porto do pão-de-ló e do Doce de Paranhos; o Porto do peixe frito, dos melões e das melancias; o Porto das bruxas e dos videntes; o Porto dos chafarizes, dos jardins e das alamedas; o Porto do S. João, alhos-porros, plumas, ramos de cravos, molhos de cidreira, na Lapa, Cedofeita, Bonfim, Largo dos Lóios, ruas das Hortas, do Almada, da Sovela, Foz, Rua do Paraíso e Bairro Alto; o Porto dos passeios no rio Douro, orquestra Sabá a refinar; o Porto das assadeiras de castanhas; o Porto dos aguadeiros, das galinheiras, das peixeiras, dos amoladores, dos compõe- louças e guarda-chuvas, das lavadeiras, das doceiras, das leiteiras, dos vendedores de azeite, das tremoceiras; o Porto do entrudo, mascarados, serpentinas, confeitos, farinha; o Porto dos cortejos dos Fenianos; o Porto dos pregões; o Porto dos cafés, dos restaurantes, dos salões de bilhar; o Porto do sável e da lampreia; o Porto dos lampiões a gás; o Porto das feiras do pão e dos criados; o Porto das bandas de música, dos ranchos e das rusgas; o Porto e a procissão do encontro no Campo Lindo; o Porto dos escarnicadores na Fonte dos Ablativos; o Porto dos Passeios à Foz (linha 17), a Gondomar (linha 10//), a S. Pedro da Cova (linha 10/), à Ponte da Pedra (linha 7); o Porto dos teatros e das exposições; o Porto dos banhos, das praias, das barracas, das camarinhas, da língua da sogra; o Porto sem poluição, ares e águas; o Porto da saudade…”
Cortesia Guido de Monterey, (In Porto 1)



Carro “Americano” na Praça da Batalha. Este serviço de transporte foi inaugurado em 1872 e extinto quando apareceram os carros eléctricos




Torre dos Clérigos e Jardim da Cordoaria ainda com o chalet (à esquerda)




Chafariz das Virtudes – Cortesia Manuel de Sousa



Aguadeiro da cidade do Porto


Galegos a exercer como aguadeiros junto a uma fonte



Cesteiro, Aguadeiro, Sardinheira (assando peixe) e Lavadeira


Na Praça Almeida Garrett um candeeiro, de um conjunto de três, que foram iluminados a gás e depois electrificados – Ed. Armando Tavares


O carro eléctrico na Praça D. Pedro c.1901, é um carro de 4 janelas, com o nº 26. Antes tinha o nº 14 e tinha sido importado da Alemanha



Desfile de Carnaval da banda de música da “Casa Guimarães”, no Palácio de Cristal, em 1905



Venda de doçaria, à porta da Estação de Campanhã, em 1898



Feira de pão na Praça Santa Teresa, em 1900


Venda de regueifas na Praça de Santa Teresa - Ed. Illustração Portugueza (4 Maio 1908)



Aspecto da Praça de Santa Teresa durante venda de regueifas - Ed. Illustração Portugueza (4 Maio 1908)



Rua das Carmelitas e Mercado do Anjo (à direita). À esquerda, os Armazéns do Anjo, seguindo-se a Livraria Lello & Irmão, em 1911. O carro eléctrico parece ter o nº 100 (CCFP), o que a ser verdade, é do tipo de 6 janelas, construído na “Constructora”



No Porto, o pão-de-ló era, de facto, o rei


Venda de pão-de-ló, nos Anjos - Ed. Illustração Portugueza (4 Maio 1908)



Praça D. Pedro c. 1912, observando-se, ainda, um carro eléctrico do tipo Inglês


(Continua)

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