No Comércio do
Porto (1854 - 2005), fundado por Manuel de Sousa Carqueja (1821
-1884) e pelo Dr. Henrique Carlos de Miranda (1832 – 1902), esteve a trabalhar a partir de 1880, na sua redacção,
o Jornalista e Professor Universitário
Bento Carqueja (1860 – 1935).
Os fundadores acima mencionados haviam-se reunido, no início
do ano de 1854, numa casa da Rua das Flores, pertencente a Manuel Vaz de
Miranda.
Eram tempos, em que saíam para as bancas os jornais: Braz Tisana,
Periódico dos Pobres, O Nacional, O Jornal do Povo, O Eco Popular, A Monarquia,
O Diário Mercantil, O Porto e a Carta e o Portugal, todos eles com afinidades
políticas.
Manuel Carqueja e Henrique de Miranda pretendiam editar um
jornal, apenas de cariz comercial.
Assim, em 2 de Junho de 1854, era publicado o primeiro
número, com a redacção do jornal e oficina, ambas muito modestas, alocadas na
Rua de S. Francisco, nº 10.
Essa zona da cidade, em grande parte, foi intervencionada e demolida para a abertura
da Rua Nova da Alfândega, tendo a Rua de S. Francisco sobrevivido.
A periodicidade era tri-semanal. Saía às 2ªs, 4ªs e 6ªs Feiras.
A periodicidade era tri-semanal. Saía às 2ªs, 4ªs e 6ªs Feiras.
“O Commercio” na Rua de S. Francisco, nº 10 – Gravura, In
publicação comemorativa do centenário, em 2 de Junho de 1954
Em Janeiro de 1855, já o jornal "O Commercio" era diário e, em 1856, adoptou a designação de "O Comércio do Porto".
Em Novembro de 1857, são inauguradas novas instalações na
Rua de Ferraria de Baixo, em prédio da família de Manuel Carqueja.
Os anos que se seguiram ficarão para sempre ligados à
história da cidade do Porto, e grande parte dela é passada a partir de 2 de
Junho de 1929, depois de ocupar as instalações na Avenida dos Aliados, após a
compra, dois anos antes, do terreno que ia até à Rua do Almada, sendo que, na
esquina desta rua com a Rua Elísio de Melo, seria construída e concluída em
1932, a célebre garagem de “O Comércio do Porto”, mesmo encostada ao edifício
do jornal.
O projecto dos dois edifícios que ficaram adossados, foram
ambos, da autoria do arquitecto Rogério de Azevedo.
Edifício de “O Comércio do Porto” na Avenida dos Aliados
Garagem de “O Comércio do Porto” em 1940 (Praça D. Filipa de
Lencastre) – Ed. AHMP
Voltando aos primeiros anos, em 1858, junta-se ao projecto
inicial, após abandonar os estudos destinados à vida eclesiástica, Francisco
Carqueja (1840-1908) irmão de Manuel.
No ano de 1861, de acordo com um comentário de António de
Azevedo Castelo Branco (1842-1916), sobrinho de Camilo Castelo Branco, chegado
de Coimbra em férias escolares, instalado na Hospedaria do Sol, num 3º andar, à
Praça da Batalha, dizia:
“O Comercio do Porto,
único periódico que havia na nossa pacata hospedaria, era distribuído de tarde
para poder publicar a correspondência de Lisboa, que todos os dias de manhã
chegava ao Porto na malaposta.”
Em 1861, Júlio César Machado visita o Porto e, nessa ocasião, foi convidado para estar presente num sarau musical, levado a cabo pelo “Commércio do Porto”, ao qual se refere no texto seguinte.
Júlio César Machado, na sua obra literária “Scenas da Minha
Terra”, escrita após uma visita efectuada ao Porto, em 1861
O jornalista Custódio José Viera, referido no texto
anterior, foi uma personagem nascida no Peso da Régua em 1822 e que faleceu no
Porto em 1879.
“Custódio José Vieira
distinguiu-se como advogado e como deputado. Formou-se em Coimbra, em 1843.
Frequentava o 3° ano de Direito quando rebentou a revolução de 1846, à qual
aderiu convictamente. O General Sá Nogueira, então visconde de Sá da Bandeira,
nomeou-o comissário civil de uma das três circunscrições em que, ao tempo, foi
dividido o Algarve. Mais tarde, voltou à Universidade, formando-se bacharel em
Direito.
Abriu banca de
Advogado no Porto, onde depressa se notabilizou. Em 1848, estreou-se no
jornalismo, no jornal republicano Eco Popular, propriedade do livreiro José
Lourenço de Sousa. Seguiu-se uma fase da sua vida jornalística, como redactor
do Nacional, onde se distinguiu como polemista e escritor político, nervoso e
apaixonado.
Filiou-se no Partido
Regenerador. Fundou e dirigiu o jornal O Portuense, do qual também foi
proprietário. Em 1867, foi eleito deputado e nessas funções teve grande fama.
Em 1871, foi proposto para reitor do liceu do Porto. Em 1876, viria a ser
deputado por Lisboa”.
Fonte: “teoriadojornalismo.ufp.edu.pt”
Bento Carqueja, que é a personalidade que se pretende
destacar, depois de ter ocupado diversas posições na empresa, acabou por subir,
em 1908, após a morte do tio, ao lugar de co-proprietário do jornal, passando
então a desenvolver uma nova e inovadora política redactorial e social.
Caricatura de Bento Carqueja no número do jornal “O Comércio
do Porto” comemorativo do centenário
«Bento Carqueja nasceu
no dia 6 de Novembro de 1860 na Rua Direita, Oliveira de Azeméis. Era o mais
velho dos quatro filhos de Bento de Sousa Carqueja, comerciante e actor amador,
e de Maria Amélia Soares de Pinho, descendente da aristocrata família Soares de
Pinho.
O sobrenome Carqueja procede da alcunha do seu bisavô Manuel de Sousa Bento, de
Valbom, que trabalhava como aprendiz numa loja de solas na Rua das Congostas,
no Porto (desaparecida com a construção da Rua de Mouzinho da Silveira), e era
assim chamado pelos colegas para o distinguirem de um caixeiro também chamado
Manuel.
(…) Os primeiros
estudos realizados em Oliveira de Azeméis foram prosseguidos no Porto, cidade
para onde se mudou aos dez anos com o apoio do tio e padrinho, Manuel de Sousa
Carqueja. Nessa época vivia na casa dos tios Francisco e Paulina, na Rua da
Ferraria (atual Rua do Comércio do Porto, resultante da junção das ruas da Rosa
e da Ferraria de Baixo ou Ferraria Nova), e frequentava o Colégio Nossa Senhora da Glória. Neste colégio fez amizade com Luís
de Magalhães e tornou públicos os seus dotes de escritor e orador. Por isso
ninguém estranhou que o seu primeiro discurso fosse publicado quando tinha
apenas quinze anos de idade. Nem que o seu primeiro artigo fosse publicado
quando tinha apenas dezasseis.
Em 1878, matriculou-se
no Curso Superior de Agricultura na Academia Politécnica do Porto, que terminou
passados quatro anos com excecional classificação de 5 accessits.
Em seguida, ensinou no
colégio onde estudara, do qual se transferiu, em 1884, para a Escola Normal do
Porto, onde lecionou as disciplinas de Agricultura e de Ciências
Físico-Naturais e instalou o "Jardim Botânico" e os laboratórios de
Fisiologia Vegetal e Química Agrícola.
(…) Em 1898 foi
nomeado professor da Academia Politécnica do Porto, onde permaneceu até 1915.
Neste ano, com a instituição da Faculdade Técnica, atual Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto, foi convidado a aí lecionar as cadeiras de
Economia Política, de Contabilidade e de Legislação das Obras Públicas. Mais
tarde, ascendeu ao cargo de Professor Catedrático da Faculdade de Ciências da
Universidade do Porto. A reforma chegou depois de 46 anos de ensino.
Por ser um benemérito,
doou o seu salário de professor ao Instituto de Investigação Científica de
Ciências Económico-Sociais.
Em paralelo com o
ensino também se dedicou ao jornalismo no periódico portuense “O Comércio do
Porto”.»
Fonte: “sigarra.up.pt”
O Colégio da Glória, frequentado por Bento Carqueja, era um
estabelecimento de ensino, consagrado, situado na Rua de Cedofeita, nº 235 e em
1896, tinha como director António
Domingues dos Santos que, nesse ano, haveria de se juntar com Manuel Francisco
da Silva, na Escola Académica.
Vai ser pela mão de Bento Carqueja, que o jornal “O Comércio
do Porto” vai ter um papel fundamental em diversas vertentes das áreas sociais.
Bento Carqueja com uma propensão inacta para se envolver nas
questões de âmbito social, incrementou, a partir de 1889, a construção de
bairros operários: o do Monte Pedral,
em 1889, o de Lordelo do Ouro e o do
Bonfim, em 1901.
De realçar, que os últimos anos do século XIX, foram de
enormes dificuldades para os portuenses, em virtude dos surtos de tuberculose e
da temível peste bubónica.
No campo da
habitação, que se prendia também e muito, com questões de salubridade, o
“Comércio do Porto” chamava a atenção, nas suas páginas, que
aquelas habitações, naqueles bairros, não se destinavam a abrigar operários
indigentes, mas, sim, para recolher os mais hábeis, mais assíduos e mais aplicados
operários, como prémio dos seus méritos e, não, como auxílio às suas condições
de existência, como os azulejos na fachada da «colónia» do Monte Pedral,
proclamam: “Labor, honor”.
“O jornal O Comércio do Porto promoveu uma
subscrição pública entre a comunidade portuguesa emigrante no Brasil com o objectivo de
construir um certo número de bairros operários,
chamados «colónias operárias». Ao todo, foram construídas 121 casas.
Em 1901, foi
construída a primeira «colónia operária»
na Foz do Douro. Pouco melhor
do que uma «ilha», era uma pequena fila de oito habitações de um único piso.”
Cortesia de Manuel C. Teixeira (Faculdade de Arquitectura da
U. T. Lisboa), In “As estratégias de habitação em Portugal, 1880-1940”
A “Colónia Operária da Foz do Douro”, na Rua António
Pinheiro Caldas, na Foz do Douro, próximo do Largo da Fonte de Cima – Ed.
Manuela Campos
À «colónia operária» na Foz do Douro, seguir-se iam
as Colónia Operárias do Monte Pedral (começada a construir em 1899), com 26
habitações (14 numa 1ª fase e 12 numa 2ª fase), a de Lordelo do Ouro (em 1903),
com 29 habitações em banda e do Bairro do Bonfim (1901), com 40 habitações, de
3 tipos arquitectónicos.
“A construção do
primeiro bairro operário - denominado do Monte Pedral -, localizado na
proximidade de grandes fábricas, como a Companhia Fabril de Salgueiros, decorreu
em duas fases. Na primeira, resultante da iniciativa d' "O Comércio do
Porto", foram construídas 14 casas, sendo o projecto da autoria do
arquitecto Marques da Silva, tendo começado a construir-se ainda em 1899. O
segundo grupo de casas, situado junto ao primeiro e num total de 12, foi já da
iniciativa da Câmara Municipal, que utilizou para o efeito o produto de uma
subscrição feita junto da comunidade portuguesa em terras brasileiras, no Pará.
Contrariamente ao que muitas vezes é
afirmado, o projecto deste segundo grupo não foi elaborado por Marques da
Silva, mas sim pelo arquitecto Tomás Pereira Lopes, tendo sido o único que
se apresentou no concurso público aberto para o efeito”.
Cortesia José Manuel
Lopes Cordeiro (16 de Julho de 2000), In jornal “Público”
O Bairro do Bonfim (Antas):
“Era composto por três
tipos diferentes de habitações: um, idêntico ao de Lordelo (ou seja, habitações
em banda); outro, igualmente semelhante ao de Lordelo, "mas modificado
segundo as indicações dos médicos Miguel Bombarda e Daniel de Matos", que
o visitaram ainda na fase de construção, aquando da realização no Porto de um
Congresso sobre a Tuberculose. Estes dois tipos foram projectados pelo já
referido Manuel Fortunato de Oliveira Mota, sendo o terceiro da autoria do
engenheiro Joaquim Gaudêncio Rodrigues Pacheco.
De todas as habitações
então construídas interessa-nos destacar as da primeira fase do Bairro do Monte
Pedral e as do terceiro tipo do Bairro das Antas. Efectivamente, ambas as
soluções adoptadas, quer por Marques da Silva, quer por Rodrigues Pacheco, eram
constituídas por habitações reunidas em grupos de quatro "formando um
único edifício no meio de uma parcela de terreno dividida em quatro partes
iguais. A cada habitação correspondia um ângulo do edifício, com duas fachadas
livres e um jardim independente. Cada uma destas habitações, de dois pisos, era
composta por uma sala de estar, uma sala de jantar, cozinha, dois quartos, e um
pequeno jardim". No bairro das Antas, "cada grupo de quatro casas,
com as respectivas latrinas, ocupa uma área de 150,56 m2 [cada casa e
respectiva latrina ocupa uma área de 37,64 m2] ou sejam os oito grupos 1204,48
m2, sendo o restante terreno de 984,56 m2 ocupado pelos pátios das casas,
tanque, poço, casa destinada ao forno e ruas". A razão fundamental do
destaque atrás evocado reside no facto de ambas as soluções arquitectónicas
terem adoptado um novo tipo de casa, inspirado nas habitações construídas por
Emile Müller para a Société Mulhousienne des Cités Ouvriéres.”
Cortesia José Manuel
Lopes Cordeiro (16 de Julho de 2000), In jornal “Público”
A Colónia Operária do Monte Pedral tinha por objectivo
premiar operários que se distinguissem no desempenho das suas tarefas laborais,
tendo o respectivo aglomerado habitacional, sido também conhecido, como Bairro
Xavier da Mota.
Por ter sido uma personalidade importante para a cidade do
Porto, não sendo, porém, muito conhecida, se dá conta, a seguir, de quem foi
Xavier da Mota.
“João Xavier da Mota
(Braga, 1850 -Brasil, 1895) era, simultaneamente, homem de negócios e escritor.
Numa relação estreita com o Ateneu Comercial do Porto, ofertou bastantes livros
e moedas de ouro, prata e níquel à biblioteca desta instituição. Em 2 de Março
de 1895, um mês após a sua morte, foi convocada uma assembleia geral
extraordinária onde se deliberou que a data do seu falecimento passaria a ser
um dia de luto para o Ateneu. Deliberou-se, também, que uma das salas da
instituição portuense passaria a ter o seu nome, sala, essa, onde ainda hoje se
encontra um retrato de Xavier da Mota. Foi igualmente instituído um prémio
anual homónimo no valor de 30 réis, entregue todos os anos ao jornal “0 Comércio do Porto”, sendo este
responsável pela sua distribuição. 0 objectivo era distinguir "o estudo, o
trabalho e a virtude", três predicados que caracterizavam a postura moral
de Xavier da Mota. Destinava-se aos
alunos mais distintos da escolas do Porto, dando-se notícia no jornal de vários
alunos de tipografia terem sido premiados.
O galardão era
entregue em sessões com a presença de figuras ilustres portuenses, as quais
patrocinavam prémios complementares tornando, assim, a data num dia de festa.
Segundo consta no livro comemorativo do centenário de "0 Comercio do
Porto, 1854-1954", nas páginas 38/39 relata-se, com destaque, um
crescendo, na importância e na participação, da festa anual de atribuição deste
"Prémio 'Xavier da Mota' e festa do trabalho", tendo começado a
celebrar-se na nave central do Palácio de Cristal, para chegar a ser comemorado
no já desaparecido, Estádio do Lima, com a presença do então Presidente da
República, general António Óscar de Fragoso Carmona.”
Cortesia de Eduardo Filipe Valente Cunha da Silva Aires
(Dissertação de Doutoramento em Design de Comunicação, apresentada, em 7 julho
de 2006, à Faculdade de Belas-Artes da U. P.)
Xavier da Mota
Artigo do jornal “O Comércio do Porto” sobre a atribuição
dos prémios “Xavier da Mota” em 1951
Através do jornal “O Comércio do Porto”, Bento Carqueja
ajudou também a instituir as creches, chamadas de “Creches do Comércio do
Porto”, para as quais angariou fundos, recorrendo a métodos inovadores.
Num deles, usando, por exemplo, um biplano (comprado
em França, por um industrial portuense, de seu nome, António da Silva Marinho) que evoluiria durante 1 semana nos céus do Porto, partindo de improvisado
aeródromo perto do Castelo do Queijo, entre 7 e 15 de Setembro de 1912.
Aquele industrial foi membro da Associação Industrial
Portuense e seu Presidente entre 1908 e 1910.
“Entre 1910 e 1933
foram criadas as chamadas creches de “O Comércio do Porto”.
É curioso saber que a
primeira creche funcionou numa sala da redacção do Jornal, para se aplicar o
dinheiro que tinha sobrado de uma subscrição pública, ocorrida aquando das
cheias de 1909.
Depois, seguiram-se
outras inaugurações: a 5 de Maio de 1910, teve lugar a abertura da creche que
se situava na Rua da Reboleira, nº
41; a creche no Lordelo abriu a 15
de Agosto de 1915 e, mais tarde, passou a ser denominada de António da Silva Marinho; a creche do Bonfim foi inaugurada a 1 de
Setembro de 1930 e designou-se, posteriormente, de Laura Dias de Sousa. Quanto
à creche da Foz do Douro, foi aberta
em 27 de Agosto de 1932, designada Elisa Carqueja, o nome da mulher de Bento
Carqueja.
Estas creches
destinavam-se a recolher e a alimentar, durante o dia, crianças carenciadas,
até aos 3 anos e eram administradas por uma comissão, eleita trienalmente,
pelos sócios beneficentes.
Relativamente à creche
do Bonfim, na Rua Dr. Carlos Passos, junto à Avenida Fernão de Magalhães, será
interessante sabermos mais alguma coisa sobre ela, uma vez que o edifício de
outrora, abandonado e muitas vezes vandalizado, tem, nos dias de hoje, outra utilização:
é a Casa d’ Artes do Bonfim.
O edifício é da
autoria do arquitecto Rogério de Azevedo (1898-1983) e o projecto desta creche
foi feito para um pequeno terreno, cedido pela Câmara Municipal do Porto,
pretendendo o arquitecto incluir um espaço maior de jardim, para recreio das
crianças, o que não veio a acontecer, por dificuldades surgidas posteriormente.
O edifício em causa, agora recuperado, mantém vários elementos decorativos
característicos da Art Deco, quer nos painéis exteriores que ostentam relevos
com temas de carácter lúdico/infantil, ou temas florais de grande sobriedade
ou, interiormente, os apontamentos, em ferro, nas janelas”.
Cortesia de Maximina
Girão Ribeiro, In “etcetaljornal.pt”
Creche do Bonfim
Creche “O Comércio do Porto”, actualmente a Casa d’Artes do Bonfim
Para além das citadas creches, localizadas no Porto, uma
outra seria fundada, em V. N. de Gaia, na Afurada.
Uma vertente de apoio social à qual Bento Carqueja deu,
também, o seu contributo, mais uma vez estribado no jornal “O Comércio do
Porto”, aconteceu a partir de 1914, com a organização e estabelecimento para os
mais desprotegidos, das sopas económicas, tendo-se chegado a distribuir mais de
70 000 refeições.
Aliás, foram várias as entidades que se dignaram abraçar
essa causa.
Por exemplo, a 12 de Agosto de 1914, a Junta de Paranhos
criaria uma Cozinha Económica, tomando a iniciativa de, desta forma, atenuar a
miséria operária, aumentada pela guerra.
Pobres à porta de uma casa, em 1916 – Ed. Photo Guedes
Na foto acima, constante do acervo do Arquivo Municipal do
Porto, observa-se um grupo de pessoas que esperam, possivelmente, pela entrega
de uma sopa – “A sopa dos Pobres”.
Desconhece-se qual a rua em que se passa esta cena. A foto
não a menciona e, até hoje, que se saiba, alguém o fez.
Poderá tratar-se de uma rua que desapareceu completamente,
como são os casos das ruas da Cancela Velha, do Laranjal, dos Lavadouros, Elias
Garcia, etc.
Entre outras intervenções na vida pública, Bento Carqueja usou,
pela primeira vez, correspondentes no estrangeiro; contratou colaboradores de
renome nacional; criou um museu para promoção das artes; estimulou a homenagem
aos grandes vultos da cultura nacional já desaparecidos; criou bibliotecas e
instituiu "O Lavrador" (1903), folha mensal gratuita dedicada aos
agricultores, patrocinada por José Cláudio Mesquita, que também se envolveu na
fundação de escolas agrícolas móveis.
Na sua terra de origem, fundou a Fábrica de Papel do Caima
(1905), ajudou a implementar o abastecimento de águas (1906), edificou um
asilo, instalou a iluminação pública, o caminho-de-ferro do Vale do Vouga, a
Associação de Bombeiros e a Santa Casa da Misericórdia, assim como criou a
Escola de Artes Gráficas e Ofícios (1927) e recuperou a Igreja matriz, o Parque
La Salette e os Annaes Municipaes.
O jornal “O Comércio do Porto” viu a sua última edição ser
impressa, em 30 de Julho de 2005.
Era o mais antigo jornal do continente português e a sua
morte foi acompanhada da mais impávida indiferença por parte dos meios
culturais, políticos e económicos.
“O Comércio do Porto”
foi fundado em 2 de junho de 1854, saindo para as bancas com a designação de “O
Commercio” e com periodicidade trissemanal: às segundas, quartas e
sextas-feiras. Custava 40 réis. Foram seus fundadores Henrique Carlos Miranda e
Manuel Souza Carqueja e sua linha editorial era clara: satisfazer a “necessidade sentida na praça do Porto dum
jornal de commercio, agricultura e industria, onde se tratem as matérias
económicas, históricas e instructivas”. Em 1855 passou a jornal diário e,
no ano seguinte, adotou a designação de “O Comércio do Porto”. Após o 25 de
abril de 1974 tornou-se um dos periódicos mais influentes em Portugal. As suas
tiragens chegaram a atingir os 120 mil exemplares diários”.
Cortesia de Alexandre Parafita
O grupo espanhol Prensa Ibérica (cujo principal título é o
jornal galego Faro de Vigo), passaria a ser o proprietário do “O Comércio do
Porto”, do seu título e do seu espólio.
Por acordo entre as partes, o acervo do jornal passou a ser possível de consulta online, desde há alguns anos, encontrando-se sedeado, em V. N. de Gaia, no Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner.
Viagem interessante pela memória de um grande jornal. Parabéns.
ResponderEliminarMuito obrigado. Vamos tomar as felicitações como um incentivo.
ResponderEliminarCumprimentos.