terça-feira, 2 de outubro de 2018

(Continuação) - Actualização em 13/06/2019


Outras Livrarias com história


Livraria Lello & Irmão



A Livraria Lello & Irmão, sita na Rua das Carmelitas, nº 144, que já foi alvo de várias referências é, hoje, na cidade, um dos locais mais visitados pelos turistas que pagam, inclusive, o seu bilhete, para a puderem visitar.



Livro escolar editado em 1930 pela Livraria Chardron de Lello & Irmão


Sobre o livro supra diz-nos a narrativa seguinte:

“Autor: João Grave
Editora: livraria chardron, de Lélo & Irmão, Lda
Data: 1930
Este livro retrata histórias infantis e adivinhas.
As suas imagens são muito semelhantes ao real para que as crianças possam perceber melhor.”
Fonte: “oslivrosdeoutrostempos.blogspot.com”


Capa de “O Porto d’outros Tempos” do escritor Firmino Pereira editado pela Livraria Chardron de Lello & Irmão em 1914



Livraria Lello & Irmão, c. 1910


Exterior da Livraria Lello & Irmão


Interior da Livraria Lello & Irmão


Porto Editora


“A Porto Editora é uma das maiores editoras portuguesas.
A empresa foi fundada no Porto em 1944 por Vasco Teixeira, notável pedagogo e professor universitário, com o intuito de se tornar uma editora de livros escolares e de dicionários de grande qualidade.
Em 2002, adquiriu a Areal Editores e a Lisboa Editora, duas das suas principais concorrentes. Até à altura, não houve fusão entre as três empresas, sendo que ainda se editam livros com as marcas Lisboa Editora e Areal Editores. Mais recentemente, a Porto Editora estendeu o seu catálogo à área da Literatura. Para o efeito, constituiu uma divisão editorial literária no Porto e outra em Lisboa, sendo ambas responsáveis pela edição sob as chancelas Ideias de Ler e Albatroz. No início de 2010 adquiriu a Sextante Editora para ajudar a expansão da área literária.
Em 2010, adquiriu o grupo Bertrand, não só para novamente aumentar o leque de obras e a quota no mercado literário, mas também para rapidamente expandir a sua diminuta rede de lojas e, juntamente com a Wook, controlar a grande maioria das vendas online de livros em Portugal. Este grupo engloba as edições Bertrand, Quetzal, Pergaminho, Temas e Debates, Arte Plural, Contraponto, GestãoPlus e 11/17. Fazem também parte a Círculo de Leitores e as redes distribuição e de livrarias do mesmo grupo.
Em janeiro de 2015, o Grupo Porto Editora divulgou a aquisição da marca e do catálogo da chancela Livros do Brasil, depois de um ano de colaboração para as áreas de edição e de distribuição entre as duas editoras”.
Fonte: “pt.wikipedia.org”



Em 3 de Setembro de 1944 abre a livraria da Porto Editora na Rua da Fábrica



Na foto acima observa-se a entrada da primeira loja da Porto Editora situada na Rua da Fábrica.


“O prédio onde se situava a loja, era de rés-do-chão e 1º andar (com varanda).
Ao seu lado (a cota mais alta), estava a firma “Polónio Bastos” de máquinas tipográficas, na Rua de Santa Teresa nº 2.
Do outro lado (lado de baixo) tínhamos a Mercearia do Sereno, a que se seguia um corredor com um sapateiro e um tremoceiro e, por fim, na esquina, com a Rua de Aviz, a Sapataria Aviz.”
Com o devido crédito a Manuel Machado, funcionário da Porto Editora entre 1956 e 2003.


Em 1944, a Porto Editora adquire a “Bloco Gráfico” e instala-a na Rua Alberto Aires de Gouveia, onde passa a existir o seu parque tipográfico, após ter havido uma tentativa frustada para o instalar num prédio da Rua do Rosário que chegou a ser adquirido, mas se verificou, posteriormente, não ter condições para o uso pretendido.
A "Bloco Gráfico" era uma empresa que estava falida e que tinha instalações na Rua da Fábrica, em frente ao café Estrela inaugurado, precisamente, naquele ano de 1944 e que tinha sido alvo de um despejo por parte do senhorio.



Instalações da “Bloco Gráfico” na Rua Dr. Alberto Aires de Gouveia



O parque gráfico da Porto Editora haveria de ser transferido para a Rua da Restauração em 1956.
O prédio que se vê à esquerda, da foto abaixo, foi o primeiro local das primeiras instalações da “Bloco Gráfico”, na Rua da Restauração onde, de início, foram também aproveitadas as cocheiras que normalmente dotavam as casas daquela rua, ocupada por uma burguesia endinheirada.
Pelo prédio à direita se estenderam, mais tarde, aquelas instalações tipográficas.


Instalações da “Bloco Gráfico” na Rua da Restauração



Em 1948, novas instalações funcionando como livraria de venda a público foram inauguradas, no edifício do Hotel Infante de Sagres, na Praça D. Filipa de Lencastre.
A fachada desta loja sofreria algumas (poucas) mudanças, ao longo dos anos.


Instalações da Porto Editora inauguradas em 1948 na Praça D. Filipa de Lencastre, próximas do Hotel Infante de Sagres – Ed. “portoeditora.pt”


Instalações da Porto Editora na Praça D. Filipa de Lencastre  – Ed. “pt.wikipedia.org”



Livro oficial de leitura para a 1ª classe, 1958 - Porto Editora (8ª edição)


Em 1964, a loja da Rua da Fábrica, da Porto Editora, reabre com um aspecto mais moderno, no local da anterior, mas em prédio novo, depois de ter sido adquirido o prédio antigo (em duras negociações) onde desde da fundação da Porto Editora tinha estado a loja, que esteve arrendada ao conhecido capitalista da cidade - Primo Madeira - que era também o dono do Café Avis, que ficava próximo.
A construção do novo edifício seria adjudicada à construtora Soares da Costa.




Novas instalações da Porto Editora na Rua da Fábrica em 1964 – Ed. “portoeditora.pt”



Publicidade à Porto Editora – Fonte: Revista do Orfeão U. P. em Março de 1966


Instalações da Porto Editora na Rua da Fábrica actualmente ocupadas pela Bertrand – Ed. “pt.wikipedia.org”


As instalações da Rua da Fábrica, que se veem na foto anterior, estão hoje ocupadas pela “Bertrand”, pertencente, no entanto, ao universo empresarial da Porto Editora.
Devido à expansão da actividade da Porto Editora, nas últimas décadas, a empresa acabou por ocupar e construir de raiz vários edifícios, junto do prédio que foi da “Bloco Gráfico”, na Rua da Restauração.


A sede da Porto Editora na Rua da Restauração, nº 365, onde funciona, também, o chamado “Espaço do Professor” – Fonte: Google maps



Por outro lado, o “Bloco Gráfico”, por necessidades várias, acabaria por ser transferido para instalações mais modernas, na Maia, abandonando as da Rua da Restauração, no ano 2000.
Para se ter uma ideia da produção diária do parque de máquinas instalado, diga-se que, por dia, podem sair 100.000 livros.
Em Março de 2018, as instalações na Maia foram alvo de um mini-tornado que levou pelos ares o telhado e provocou sérios danos no edifício, que ainda hoje estão para repor na totalidade.



Instalações da “Bloco Gráfico” na Maia – Ed. “portoeditora.pt”





Livraria Moreira da Costa



A Livraria Moreira da Costa, pertence, desde há 5 gerações, a uma família de alfarrabistas que passou a ser uma referência no sector livreiro.

“ Ora, recuando até ao ano de 1902, data em que o malogrado Manuel Laranjeira editava o seu prólogo dramático, “Amanhã”, Sampaio Bruno tornava pública uma sua “Ideia de Deus”, Guerra Junqueiro poetizava “A Oração ao Pão” e se publicavam as “Despedidas”, de António Nobre, vamos encontrar um antigo caixeiro de Ernesto Chardron, de nome José Moreira da Costa, a tomar de trespasse uma afamada «Casa do Lopes” (alfarrabista), estabelecida nos números 46-48 da Rua da Fábrica, só não sabemos desde quando. Mudada a denominação social, o estabelecimento rumará com este homem à proa, firme na sua experiência, e cujo resultado se saldou, ao longo dos decénios, pelo quotidiano franquear das portas a quem quiser inquirir da obra rara ou do volume esgotado e imprescindível que desde há tempos se procura.
Data, portanto, desse ano, a fundação da Moreira da Costa, que é, com certeza, a mais antiga casa no comércio alfarrabista portuense, e, com fortes probabilidades, em todo o país, sobretudo se atendermos ao facto de os seus proprietários, no correr do século, nunca terem sido outros fora da linha directa, familiar.
Curiosamente, passa também aí a funcionar um Centro Literário, de Marinho e Costa (1904?-1907), que lançava em Julho de 1907 o primeiro «Catálogo de livros novos e usados”, publicação semestral, de distribuição gratuita, cuja capa de brochura noticiava igualmente a aceitação de consignações na Livraria, com 20% de desconto. O interesse do potencial leitor-comprador é estimulado pela explicitação do diverso tipo de obras disponíveis, estampada na frente do Catálogo. «Esta Casa prima em ter sempre o sortido mais completo de obras sobre Literatura, Direito, Teologia e Medicina. Livros escolares, romances, poesias, viagens, etc., etc., tanto na nossa língua como na Francesa, Inglesa, Italiana, Espanhola e Latina». Texto publicitário, apelativo, que pouco depois desapareceria dos subsequentes catálogos, quando a sociedade Marinho e Costa desaparece para dar lugar à sigla comercial «Moreira da Costa (Antigo Centro Literário)». Na realidade, pouco ou nada conseguimos apurar dessa ligação e cisão (acaso algum leitor de O Tripeiro conhece a história desse Centro Literário?), nem sequer apelando para os actuais proprietários, pois não existem, ao que parece, quaisquer papéis ou documentos alusivos a essa partilha de interesses e de firma social. Fosse como fosse, apenas podemos confirmar, por informações escritas, que o Centro Literário Marinho passou a ter por sede a Rua do Almada, 215-217, e que a Livraria Moreira da Costa (Antigo Centro Literário) passa a divulgar, por volta de 1909, a existência de oficinas de impressão e composição, recebendo encomendas para todo o género de trabalhos tipográficos, orgulhando-se de possuir «o mais moderno maquinismo e tipos de fantasia dos principais fabricantes alemães, franceses, italianos, etc.». 
O segundo Catálogo está datado de Maio de 1908, mantendo em tudo o aspecto gráfico do anterior, mudando somente o nome da Casa, que passa a ser daí em diante: Moreira da Costa. No mesmo ano, decorridos dois meses sobre a saída desse boletim, eis que o estabelecimento aparece como um dos primeiros anunciantes da revista O Tripeiro, logo no número 2 (Ano I, série I), de 10 de Julho de 1908, página 18. Consequência de residir próximo do local (Rua da Fábrica, 39) o director e proprietário da revista, A. Ferreira de Faria, endereço para onde era enviada toda a correspondência? Talvez. O anúncio, de intuitos comerciais, pretendia também, a jeito de complemento, esclarecer qual a variedade de trabalho de que se ocupava a Moreira da Costa, nótula que será depois transcrita no próprio Catálogo, na contracapa brochada, a partir do número 3, relativo a Dezembro de 1909, o qual traz alterado o endereço para Travessa da Fábrica, 50-52. Aqui está a sua reprodução, em ortografia actualizada: «Compra e vende livros em todas as línguas e ciências; pequenas e grandes quantidades, tanto no Porto como na província. Variado sortido em livros clássicos, literatura portuguesa, romances, poesia, Camoneana, religião, direito e teologia, em espanhol, francês, inglês, latim, etc.
(…) Por volta de 1923, pagando de renda 7$00, a Livraria tinha adquirido certa notoriedade, sendo frequentada por um escol de bibliófilos, conhecidas figuras da Cidade e da capital, que aí acorrem na busca de raridades e primeiras edições. E o caso dos Condes de Aurora e de Alvelos, do professor e geógrafo João Soares, de Alfonso Cassuto, Leonardo Coimbra e Teixeira Rêgo e grande parte dos professores das Escolas de Belas-Artes, Politécnica e Faculdade de Letras.
Em 1927, ocorre o falecimento de José Moreira da Costa, altura em que sua filha, Elisa Duarte da Costa Ferreira Dias, assume a condução da Livraria e do negócio alfarrabista. Habituada a esse trabalho pelo convívio com os clientes e, principalmente, pela experiência adquirida junto do pai, Elisa Costa Dias depressa se torna a grande empreendedora dessa Casa, projectando-a com êxito, revelando-se no decorrer dos anos uma verdadeira especialista do livro usado e antigo, iniciando, inclusive, muitos livreiros, que se vieram a estabelecer e a distinguir nesta actividade comercial que o Porto sempre acarinhou. O estabelecimento passa então a denominar-se Livraria Moreira da Costa (Filha), tal qual se pode ainda hoje ler, nos painéis colocados à entrada”.
Fonte: “livrariamoreiradacosta.com”. Textos extraídos da Revista “O Tripeiro”



Publicidade em 1908 à Livraria Moreira da Costa ainda na Rua da Fábrica


Publicidade à Livraria Moreira da Costa na Travessa da Fábrica, mais tarde, Rua de Avis



 “Aquando do seu falecimento (n.d.r. José Moreira da Costa), o estabelecimento passou a pertencer a sua filha Elisa Duarte da Costa Ferreira Dias, passando desde então a ostentar a designação de MOREIRA DA COSTA (FILHA). Foi esta senhora uma grande conhecedora de livros e a sua livraria foi centro de tertúlias de distintos homens de letras e amantes de livros. Ilustres camilianistas frequentavam o estabelecimento, tendo em determinada altura, no ano de 1952, a livreira promovido a feitura de uma edição fac-similada da raríssima obra de Camilo Castelo Branco - A Infanta Capelista, de reduzidíssima tiragem e destinada fundamentalmente àquele círculo de coleccionadores.
Os descendentes do autor intentaram uma acção judiciária contra a proprietária da livraria, tornando a edição ilegal. Hoje, esta edição é uma raríssima e muito querida peça bibliográfica dos camilianistas.
Falecida Elisa Duarte no ano de 1965, a livraria foi herdada pela sua única filha Maria Elisa Ferreira Dias Gonçalves, que se manteve à frente do estabelecimento até pouco antes do seu falecimento. Em 1987, ainda em vida da proprietária, foi fundada uma sociedade, da qual faziam parte além da D. Maria Elisa, a filha desta, Isabel de Fátima Ferreira Dias Gonçalves Carneiro, o genro Ângelo César Carneiro e o outro filho Rui Manuel Gonçalves. 
No ano de 1999, Ângelo Miguel Gonçalves Carneiro, filho dos actuais proprietários, compra a quota de Rui Gonçalves, tornando-se assim comproprietário na quinta geração da família do fundador, (trineto de Moreira da Costa).
A nossa livraria dispõe de um sistema informático, que permite rapidamente obter informação de um título ou de autor. Periodicamente editamos catálogos de livros que destacamos pela sua raridade ou simples curiosidade.
Fonte: “livrariamoreiradacosta.com”


A luta de Miguel Carneiro para que a Moreira da Costa não encerre é uma peça digna de resistência e de ser conhecida.


“A Moreira da Costa, o mais antigo alfarrabista da cidade do Porto, já é loja histórica, mas ainda corre o risco de fechar. O selo do programa municipal "Porto Tradição" não demoveu os novos proprietários do Hotel Infante de Sagres, senhorios da livraria, de incluir aquele espaço nas obras de remodelação do edifício. O objetivo será colocar ali uma loja com artigos ligados à marca e à cidade.
O alfarrabista, fundado em 1902 na Rua de Aviz, pretende manter ali os seus 50 mil títulos.
A Sagrotel quer ocupar o espaço e alega que denunciou o contrato de arrendamento antes da Moreira da Costa ser considerada loja histórica.
"A denúncia do contrato é anterior ao requerimento e consequente processo de reconhecimento. Prevalece, por isso, o mecanismo legal acionado pelo senhorio, a menos que se verifique consenso entre as partes", confirmou a Câmara do Porto.
"Tenho muito orgulho em estar a defender a sexta geração da Moreira da Costa. Continuaremos a lutar para manter o património da cidade", contrapõe Susana Fernandes, companheira do atual dono da livraria. A Moreira da Costa passou de geração em geração, até chegar às mãos de Miguel Carneiro. Ontem, foi Susana Fernandes quem falou ao JN. "Houve realmente uma denúncia de contrato por parte da Sagrotel, no dia 23 de junho do ano passado. Mas deixou de ter efeito a partir do momento em que fomos oficialmente considerados loja histórica, no dia 21 de dezembro de 2017, pela lei 42/2017, que nos protege". Um entendimento contrariado pela resposta da Câmara ao JN.
Susana garante que o contrato "anterior a 1948" está em vigor e que continuam "a pagar a renda, todos os meses, por carta registada e com aviso de receção".
Apesar de não ter havido mais nenhum contacto oficial com o senhorio, "a partir do momento em que a livraria entrou no programa de proteção das lojas históricas ", o JN sabe que os proprietários continuaram a ser pressionados para sair. Susana não comenta”.
Fonte: Filomena Abreu, JN, Março de 2018




Interior da Livraria Moreira da Costa – Fonte: “moreira da costa/facebook”




Livraria Moreira da Costa em 2014 – Fonte: Google maps




Na Rua de Avis a Livraria Moreira da Costa e os seus actuais proprietários




Livraria Moreira
 
 
Esta livraria, que foi inaugurada no século XIX, atravessaria de portas abertas todo o século XX e, ainda, a primeira metade da década de 2010. Não resistiu, no entanto, à mudança de hábitos de leitura e à pressão urbanística.
Na Livraria Moreira venderam-se livros, muitas vezes, aí, também foram editados e, nas suas instalações, se praticou um hábito há muito perdido: a tertúlia.
Sempre na mesma morada, durante boa parte da sua existência, esteve situada no rés-do-chão de um prédio, entre a conhecida loja da Casa Navarro e o início da Rua do Almada. 


 
 

Livraria Moreira, em 2014, um pouco antes do seu encerramento – Fonte: Google maps
 
 
 
A Livraria Moreira abriu ao público a 20 de Julho de 1898. Foi seu fundador Manuel Cardia Moreira (1859-1924). Começou por ser marinheiro, mas, a pedido da sua mulher, abandonaria aquela actividade. Acabaria por se empregar na livraria portuense Magalhães & Moniz (extinta), sita no Largo dos Lóios.
Aí, conheceu outro livreiro, Tavares Martins, que ficaria conhecido dos portuenses, como fundador de uma outra livraria com o seu nome.
Manuel Cardia Moreira, em 1898, abriria o seu próprio negócio, na Praça D. Pedro (Praça da Liberdade), nºs 42 e 44, ocupando o espaço da famosa ourivesaria Leitão, fornecedora da casa real, depois da sua transferência para Lisboa.

 
 

A icónica fachada da Livraria Moreira - Cortesia de Ursula Zangger, In revista “O Tripeiro”, 7ª Série, Ano XVII, nºs 7 e 8
 
 
 
 
Após a morte do fundador, a gerência do estabelecimento passaria para o seu filho, Joaquim Moreira que, dotado de bons argumentos para o negócio, conseguiria que lhe fosse renovada uma licença de venda de tabacos, coisa que não era nada fácil de conseguir. Para isso teve que obter um empréstimo de 20 contos.
Pinto Leite, proprietário da Casa Bancária Pinto Leite, conhecendo pessoalmente as qualidades de trabalho e honestidade de Joaquim Moreira, libertou-lhe aquela quantia, sem prazo de liquidação.
Joaquim Moreira teria por seu sucessor o seu segundo filho, Horácio Moreira, já que o primogénito, João, falecera precocemente.
Pela livraria passaram ao longo dos tempos inúmeras personagens da vida cultural e política e a Livraria Moreira haveria, também, de desenvolver uma profícua actividade editorial.
Horácio Moreira esteve associado a José Manuel Cunha Felício, na companhia de quem festejou os 100 anos da livraria.


 
 

Horácio Moreira, em 1998, nas instalações da Livraria Moreira, durante o centenário da firma – Cortesia de Ursula Zangger, In revita “O Tripeiro”, 7ª Série, Ano XVII, nºs 7 e 8





Livraria Latina



Prédio em que se instalaria a Livraria Latina, inaugurada em 1942




Livraria Latina na Rua de Santa Catarina nº 2 – Ed. JPortojo




Livraria Latina (1ª loja à direita)




Fundada na década de 40 do século passado, a Livraria Latina esteve quase a fechar as portas no início da presente década. Comprada em 2013 pelo grupo Leya, renasceu.
O busto de Luís de Camões na fachada, que chama a atenção dos turistas, foi encomendado por 700 escudos ao então jovem artista António Cruz.
Henrique Perdigão foi o seu fundador.



“Henrique Perdigão considerava a Latina como «a mais moderna organização livreira e editorial do país.» Ali podiam encontrar-se «livros de tudo e para todos, sobre Letras, Filosofia, Artes e Ciências e ainda tratados de Medicina, Cirurgia, Engenharia, Direito, indústrias têxteis metalúrgicas e eléctricas, contabilidade comercial, etc, etc.» Vendia ainda, por baixo de mão e com risco não despiciendo, livros políticos e outros proibidos pelo regime de Salazar, que incluíam autores como Jorge Amado, Raul Rego, Henrique Galvão, Cunha Leal e pasme-se... duas obras de Aquilino Ribeiro, Quando os Lobos Uivam e Príncipes de Portugal.
A ele se deve a iniciativa da primeira página literária nos jornais do Porto, publicada em O Primeiro de Janeiro sob a direcção do jornalista Jaime Brasil. Mais tarde, O Comércio do Porto e o Jornal de Notícias seguir-lhe-iam as pisadas.
Morreria prematuramente, em 1944, numa das suas deslocações ao Brasil, país com que mantinha uma estreita relação afectiva, para comprar livros que divulgaria em Portugal. Sucedeu-lhe o filho, Mário Perdigão, que manteve a Latina no roteiro bibliográfico portuense durante 53 anos.
Fonte: “cidadesurpreendente.blogspot.com”





Interior da Livraria Latina



Em 2024, a Livraria Latina anunciou que, brevemente, encerrará as suas portas.





Livraria Bertrand e Livraria Internacional


“A Livraria Bertrand é a maior e mais antiga rede de livrarias de Portugal. Fundada em 1732 por Pedro Faure, a  primeira Bertrand abriu portas na Rua Direita do Loreto. Em 1755, era o seu genro quem dirigia a livraria e foi, por causa do Grande Terramoto, obrigado a instalar-se junto da Capela de Nossa Senhora das Necessidades, regressando, dezoito anos depois, em 1773, à reconstruída baixa pombalina”.
Fonte: “pt.wikipedia.org”



Em 2010, o grupo editorial Porto Editora adquiriu a Livraria Bertrand, bem como, as restantes unidades de negócio que o Direct Group detinha em Portugal, nomeadamente, a Bertrand Editora e a Distribuidora de Livros Bertrand.
Assim, já em 2006, a Bertrand tinha sido comprada pelo Direct Group Bertelsmann que era, à data, também, proprietário do Círculo de Leitores.




Por aqui esteve a Livraria Internacional na Rua 31 de Janeiro, nºs 43-46, que passaria para a órbita de negócio da Bertrand




Em 1938 foi assinado um contrato de sociedade entre a Livraria Bertrand e a Livraria Internacional do Porto (sede na Rua 31 de Janeiro, 43-46), o que marca o início da rede Bertrand, na cidade do Porto.
Presentemente, a Bertrand faz parte do universo empresarial da Porto Editora, e tem loja nas antigas instalações desta editora, na Rua da Fábrica.


Bertrand na Rua da Fábrica – Ed. MAC



Livraria Académica


A Livraria Académica já conta mais de 100 anos, tendo sido inaugurada em Novembro de 1912.
É no número 10, da Rua Mártires da Liberdade, que fica a Livraria Académica.
Os colecionadores já sabem a morada de cor, não fosse a Livraria que já deteve manuscritos de livros como “A Mensagem” de Fernando Pessoa ou “O Crime do Padre Amaro”, de Eça de Queiroz.



Livraria Académica


Na Livraria Académica há livros desde os mais seculares até aos mais contemporâneos, entre todos os géneros literários.
É costume decorrerem nas suas instalações mostras de livros sobre diversas temáticas.
Um dos seus habituais frequentadores é o jornalista e historiador Germano Silva.
Nas suas estantes as obras lá arrumadas, são vocacionadas especialmente para os amantes da Literatura de autores portugueses, mas os temas não se ficam por aqui. Da História à Ciência, são centenas os livros que as ocupam (e muitas não estão à vista dos visitantes).
Fundada em 1912, por Guedes da Silva, é agora propriedade de Nuno Canavez, que cuida dos negócios dos livros há mais de 60 anos.
Nuno Canavez, trasmontano, mirandelense, livreiro antiquário, casado e pai de três filhos, fez da livraria o melhor sítio para se procurar de tudo um pouco. Tanto, que nem ele sabe os livros que lá guarda. O certo é que entre lombadas, há muitas raridades e os preços vão dos cinco aos cinco mil euros: o sítio perfeito para se encontrarem pechinchas de grandes autores e enciclopédias únicas com cheiro a raridades de oitocentos.

“Com muitas histórias para contar – inclusive a de “um determinado senhor que durante dez anos observou as montras, tomou apontamentos e nunca entrou” – Nuno Canavez é aqui que se sente bem, mesmo que o negócio tenha vindo a piorar. Ainda assim, não atribui a culpa à crise. O que a Académica precisa é de renovar a clientela. “Há 30 anos, (os jovens) vinham aqui porque os professores recomendavam. Hoje, raramente vejo chegar aqui alguém a pedir um clássico”, explica Nuno.
Hoje, são mais as pessoas que procuram a Académica para vender do que para comprar. Às vezes, são coleções inteiras de que se querem desfazer. Mas mesmo que o futuro seja incerto, entrar na Livraria Académica é quase uma viagem no tempo onde se aprende e se cresce”.
Com o devido crédito a Liliana Pinho, 16 de Novembro, 2012; In “jpn.up.pt”


Nuno Canavez recebendo a visita do Dr. Mário Soares


Na Rua dos Mártires da Liberdade, nº 10, a Livraria Académica


No fim do século XIX, propriedade de João Lourenço Pereira, existiu uma outra Livraria Académica que, em 1891, se publicitava no jornal “A República” de 4 de Abril, página 4, e que, pela morada declarada, se localizava em parte da chamada Casa dos Maia ou do Ferraz.
 
 





UNICEP


A 19 de Novembro de 1963 é fundada a UNICEP - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, que se instalará na Praça Gomes Teixeira (Praça dos Leões).
Estas cooperativas tinham por objectivo, à data, facilitar a aquisição de livros por parte dos estudantes, embora acabassem por difundir obras proibidas de cariz marxista ou que criticavam o regime Salazarista.

“Foi há precisamente 45 anos que um grupo de estudantes fundou aquela que é hoje a única cooperativa do género no Porto. A Unicepe, Cooperativa livreira de estudantes do Porto, surgiu num ambiente muito característico da década de 60, na sequência da revolta académica dos estudantes da Universidade de Coimbra de 1962 e num contexto citadino e nacional pouco propício à livre circulação de ideias e de livros. Foi a então Comissão de Consciencialização quem assumiu o desafio e o risco da sua criação. E como 45 anos não é uma data despicienda, a Unicepe vai comemorar a efeméride com música tradicional portuguesa (o grupo de fados é da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto) e com música, digamos, menos tradicional: Lurdes Novo "Variações" vai interpretar canções, no estilo a cappella, do seu irmão António Variações. A festa decorre nas velhas instalações da cooperativa, na Praça de Carlos Alberto.
Rui Vaz Pinto, presidente da direcção da cooperativa há oito anos e membro de sucessivas direcções há 30, atribui a longevidade da Unicepe ao facto de esta ser, sobretudo, uma "comunidade de afectos". Neste momento, a cooperativa está a tentar juntar novos cooperantes aos cerca de 6900 que já possui. A entrada para a cooperativa pode ser efectuada mediante uma inscrição pelo preço de 15 euros, com a vantagem de permitir usufruir de algumas regalias por pertencer a esta comunidade de leitores. A tentativa de relançamento surge após um período de perda de associados, devido às obras no âmbito da Porto 2001 e ao abandono de que foi vítima, nos últimos anos, a Baixa do Porto.
Os livros de poesia e o romance português são as principais especialidades desta livraria, na qual podem ser encontradas obras já indisponíveis na esmagadora maioria das livrarias da cidade. Além disso, a Unicepe mantém a venda de discos e continua a organizar tertúlias mensais (já vai na 94.ª). O seu site (www.unicepe.com) aloja crítica de filmes e de livros e é semanalmente actualizado.”
Cortesia de Amílcar Correia, In jornal “Público”, de 19 de Novembro de 2008



UNICEP instalada na Praça dos Leões, no palacete dos Couto Moreira


Na foto acima, dos anos 60, do século XX, pode observar-se que já estava em funcionamento, no 1º andar do prédio de esquina, a UNICEP.
No rés-do-chão estavam os famosos “Armazéns dos Leões” e, no último andar, a “Pensão França”.




Livraria Civilização – Editora



Os Lusíadas da Livraria Civilização - Editora


“As origens da Civilização Editora remontam a 1881, data em que João Alves Fraga Lamares fundou a "Tipografia Fraga Lamares", mais tarde "Américo Fraga Lamares & C.ª Lda" e que continua a ser a designação social da nossa empresa. A Civilização Editora tem, pois, uma longa história de 125 anos sempre gerida pelos familiares em linha directa do fundador.
Desde o início da sua actividade que a Civilização Editora mostrou arrojo e ambição na concepção de iniciativas e de produtos bem conhecidos. O lançamento da primeira colecção de livros de bolso em Portugal (1927); a organização das Feiras do Livro de Lisboa e Porto (anos 30); a criação do primeiro sistema de venda directa a crédito de livros (1942) e a promoção da edição dos primeiros álbuns de luxo em Portugal (anos 60) foram algumas das contribuições que lhe valeram o prestígio de que desfruta e que contribuíram para a atribuição, em 1994, da "Medalha de Mérito da Cidade do Porto - Grau Ouro" da Câmara Municipal do Porto”.
Fonte: “facebook.com/pg/Civilização-Editora”


Em 1938 esta livraria estava na Rua do Almada, nº 107. Antes tinha estado sedeada na Rua Duque de Loulé, 151 – 1º.
Na Rua do Almada a Civilização partilhava as instalações com a Redacção e os Serviços Administrativos do semanário humorístico Maria Rita, embora a impressão deste fosse feita na Rua Formosa, nº16, na Imprensa Portuguesa.
O grupo Civilização – Editora, adquiriu em Setembro de 2005, a Bulhosa Livreiros, na altura em que a editora contava com sete lojas, concentradas na zona da Grande Lisboa.
A aquisição da Bulhosa Livreiros foi efectuada através da holding LMB do Grupo Civilização, na qual se concentram as participações da família Lamares de Moura Bessa no negócio dos livros.
Em janeiro de 2018 a Bulhosa Livreiros foi declarada insolvente.
Recentemente, a Civilização – Editora esteve na Rua Alberto Aires de Gouveia nº 27. Fechou.


Livraria Civilização actualmente



Livraria Vieira


Situada na Rua das Oliveiras, 14 – 16, sobre ela dizem os seus proprietários:


“A Livraria Vieira deu os primeiros passos ao serviço da cultura na Invicta Cidade do Porto no alvorecer do dia 24 de Outubro de 1984, fruto da ideia e iniciativa de Fernanda Vieira, que é a Alma Mater da casa. Esta livraria alfarrabista dispõe de variadíssimas obras de ilustres autores, das quais se destacam a Poesia e a Literatura Portuguesa, assim como a Arte e a História”.
Fonte: “livrariavieira.com”


Livraria Vieira - Ed. MAC


Interior da Livraria Vieira – Fonte:  “viveroporto.com”


Livraria Poetria

 

 


Livraria Poetria, nas Galerias Lumière, na Rua das Oliveiras
 
 
Desde 14 de Janeiro de 2022, a Livraria Poetria, exclusivamente dedicada à poesia e ao teatro, passou a ocupar um espaço situado na Rua Sá de Noronha, nº 115, cedido pela Câmara Municipal do Porto, por um período de dois anos, com uma renda mensal de 50 euros.
Esta foi a solução encontrada para que a livraria continuasse a servir os portuenses, já que tinha uma ordem de despejo do anterior proprietário da loja que ocupava desde 2003.
Nas Galerias Lumière irá nascer uma nova unidade hoteleira.





José Lopes Gomes Soares - Alfarrabista


Sobre este alfarrabista da Rua do Bonjardim, nº 398, que tem duas irmãs, filhas do fundador à frente do negócio, dizem os actuais proprietários:


“José Lopes Gomes Soares é Alfarrabista no centro da Cidade do Porto desde 1968 e conta, agora, com a colaboração dos filhos que partilham o mesmo interesse pelos livros. São assim 40 anos de trabalho com livros usados, antigos e raros.
O espaço não é grande mas suficiente para aqueles que, por paixão, se perdem no tempo e acabam por passar umas horas nesta casa”.


José Lopes Gomes Soares – Alfarrabista (1º prédio à esquerda) – Fonte: Google maps



“José Lopes Gomes Soares, pai das irmãs Teresa e Isabel, deu o nome à casa, na Rua do Bonjardim. O aprendiz de farrapeiro transformou no final dos anos 60 um armazém em livraria, após um episódio curioso. Na altura, a mulher queria fazer uma festa para a família e o armazém era o único espaço suficientemente grande para o efeito. Para evitar que da rua se vissem os festejos, a mulher de José colocou umas cortinas na montra e juntou-lhe uns livros. No dia a seguir apareceram pessoas a perguntar se podiam comprar ou trocar livros por aqueles que estavam na montra. José ganhou apreço à ideia e começou o negócio. Mais tarde, já com 70 anos e "cansado", passou a livraria às filhas. "Aceitamos. Para dar mais uns anos de vida ao nosso pai. Se fechássemos a livraria, ele morria", dizem as irmãs.”
Fonte: Filomena Abreu, In JN, 25 Dez 2016



Livraria Esquina


Fundada em 1972, a LIVRARIA ESQUINA localiza-se na Rua Afonso Lopes Vieira nº 126, ao Foco. Sobre ela dizem os seus proprietários:

“Inicialmente, e com a dimensão de livraria de bairro, esteve muito ligada ao livro novo, e numa pequena escala.
Com o andar do tempo, e por inclinação vincada da sua gerência, o livro antigo, raro, curioso e de valor foi-se naturalmente impondo e é hoje o principal cuidado e interesse desta casa.
Não sendo possível no nosso país uma especialização no sector de alfarrabismo, temos, no entanto, desenvolvido com alguma profundidade assuntos especializados, por exemplo, Arte, Genealogia, Regionalismo e, muito particularmente, o livro antigo, isto é, o livro quinhentista, seiscentista e setecentista.”
Fonte: “livrariaesquina.com”


Livraria Esquina



Alfarrabista Chaminé da Mota



Interior do Chaminé da Mota e Caixa de Disco do Século XIX, à direita – Ed. JPortojo


“A Livraria Chaminé da Mota foi fundada em Janeiro de 1981 por Sr. Pedro F. Chaminé da Mota e D. Laura Isabel Rodrigues Teixeira a quem se deve todo o brilhante trabalho e persistência para conseguir os três espaços na Rua das Flores onde estiveram inicialmente no nº 37, depois no nº 18 permanecendo no nº 28 até à data presente.
Fundada em 1981, a casa é um autêntico museu-vivo, com um acervo de peças que nos deixam deslumbrados.”
Fonte: “livrariachaminedamota.blogspot.com”



Na casa dos Maias, na Rua das Flores, nº 37, uma placa publicitária à Livraria Chaminé da Mota




(CONTINUA)

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