“A Sociedade Clemente
Menéres Lda. é uma sociedade agrícola familiar fundada em 1902.
Estabelecida desde
1874, produz vinho, azeite e cortiça na Quinta do Romeu, no concelho de Bragança,
e detém no Porto, na marginal do rio Douro, zona Património Mundial, o extinto
Convento de Monchique e edifícios anexos onde tem sede e armazéns desde o
século XIX.
Pratica exclusivamente
Agricultura Biológica certificada (olival e vinha).
Todos os sócios são
descendentes directos do fundador e são gerentes João Pedro Menéres, Nuno
Espregueira e João Menéres.
(…) Clemente da
Fonseca Guimarães, nascido em 1843 na Vila da Feira, tinha uma energia enorme.
Foi para o Rio de Janeiro aos 15 anos onde então residiam parentes seus.
Regressou cinco anos depois, dedicou-se ao comércio e voltou lá mais tarde.
Percorreu a Europa Central e de Leste e o Médio Oriente à procura de mercados.
Tinha um caminho novo a percorrer. Talvez
por isso, acrescentou um nome, Menéres, ao Guimarães, que já tinha. Não
cabia no País nem na família.
Fundou imensas
sociedades para exportar produtos portugueses, nomeadamente vinhos, conservas e
cortiça. Criou a primeira fábrica de conservas e a primeira fábrica de rolhas
em Portugal.
Aos 31 anos, em 1874,
parte em carro de cavalos para Trás-os-Montes para comprar os sobreirais que
ouviu dizer que por lá havia.
Cria uma propriedade, a Quinta do Romeu, dispersa por oito concelhos do
distrito de Bragança. Refaz as vinhas que encontra dizimadas pela filoxera e
alarga os olivais que existiam. Como a qualidade dos vinhos e o
"terroir" o justificavam, na remodelação da Região do Douro de 1907 é
autorizado a produzir Vinho do Porto.
Participou em muitas
feiras na Europa e na América do Norte e do Sul. O diplomata Venceslau de
Morais no seu livro "Cartas do Japão" refere, com elogios, a sua
presença na Feira de Osaka de 1903.
Em 1902 funda, com os
filhos, a actual Soc. Clemente Menéres Lda.
Depois de falecer, em
1916, sucedem-lhe os filhos, netos e bisnetos.
Um dos filhos, Manoel Menéres, na década de 60, pessoalmente restaura e renova
três aldeias locais, cria infantários para as crianças e um restaurante para as
sustentar com a sua receita, o Maria Rita, e faz também o Museu de Curiosidades.
Fonte: “quintadoromeu.com”
Sede actual da Sociedade Clemente Meneres Lda na Calçada de
Monchique - Fonte: Google maps
Em 1876 Clemente Meneres faz a sua casa de habitação no
Romeu por fases: durante muito tempo pernoitou no tasco de telha vã e térrea de
um tal Carriço, que tinha a particularidade de ser seu conterrâneo da Vila da
Feira; depois (1877) ergueu uma casa térrea, com grossas paredes e forrada a
madeira, mas pequena, fiel ao ditado que tantas vezes citava - “casa que chegue
e terra quanta vejas”.
No fim de 1876, Clemente Meneres já possuía 279 propriedades
em Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães e
Vila Flor, dedicadas principalmente à exploração de sobreiro.
Em 1893, a propriedade fundiária de Clemente Meneres atingia
uma área considerável, distribuindo-se, embora de forma dispersa, por uma
extensão de 27 quilómetros.
Em 1902 funda a ‘Clemente Meneres Lda’, tendo como
outorgantes:
- Clemente Joaquim da Fonseca Meneres, por si e na qualidade
de procurador da esposa, Antónia Cândida de Araújo Meneres (nascida em 1865,
com quem tinha casado em Vila Nova de Gaia a 13/08/1896 e da qual teve o filho,
Clemente da Fonseca Araújo Meneres nascido a 18/05/1897 e falecido a
02/01/1917, e o Manuel da Fonseca Araújo Meneres nascido a 26/04/1898 e
falecido a 24/03/1974);
- Leonor Meneres Barbosa e marido;
- Alfredo da Fonseca Meneres, por si e como procurador da
irmã e cunhado, Maria da Glória da Fonseca Meneres Sampaio e marido;
- José da Fonseca Meneres;
- António Pinto de Oliveira (filho de Agostinho Meneres)
Alfredo da Fonseca
Meneres, que já tinha feito parte da 'Clemente Meneres & Filhos' com seu pai e seu irmão Agostinho da
Fonseca Meneres, nasceu no Porto, em 29/8/1866 e faleceu em Lisboa, em 12/7/1917.
Está sepultado em Carvalhais. Fez o curso de regente agrícola na Quinta
Regional de Sintra, em 1884. Depois do curso radicou-se em Trás-os-Montes, como
gestor das suas propriedades e aí passou a sua vida.
Em 1898, construiu em Carvalhais o edifício escolar e o
cemitério paroquial. Chegou a ser vereador da Câmara do Porto, fez parte da
Direcção da Associação Comercial do Porto, bem como da Associação Industrial
Portuense, etc. Foi agraciado com a grã cruz de Mérito Industrial e em 1907
recebeu carta de conselho.
Foi elevado a conde de Carvalhais, título que recusou.
As diversas sociedades de que fez parte Clemente Menéres
Estalagem Maria Rita no Romeu – Ed. Manuel Rodrigues, Arq.
Fotog. da Sociedade Clemente Menéres
A casa Meneres no Romeu destruída por um incêndio em 1941 –
Ed Domingos Alvão, Arq. Fotog. da Sociedade Clemente Menéres, Lda, Porto
Sobre o texto anterior sobre a Quinta do Romeu e com fonte
em “quintadoromeu.com” acrescente-se, que, José Meneres, filho mais novo do 1º
casamento de Clemente Meneres, lhe sucedeu à frente da quinta, zelando pelo
património dela e da região, criando, nesse âmbito, uma cooperativa e uma Casa
do Povo com consultório médico, farmácia e biblioteca.
José Meneres
tinha a sua vida organizada em torno dos negócios urbanos no Porto, tendo sido
gerente durante muitos anos da Companhia Vinícola, criada por si e pelos outros
irmãos a partir da Meneres & Cª, estabelecendo depois residência em Vila
Nova de Gaia, construindo uma habitação junto à do pai (Quinta da Avenida, em
Santa Marinha), onde chegou a ser presidente da Câmara Municipal.
À morte daquele, coube a seu irmão Manuel Meneres (filho do
2º casamento) a tarefa de dar novo impulso ao “Romeu” e às aldeias de Vale de
Couço e Vila Verdinho, particularmente no campo da agricultura e da assistência
social, com ajudas estatais (Junta de Colonização Interna e Ministério das
Obras Públicas).
A Manuel Meneres se deve a criação do Restaurante Maria Rita
e do Museu das Curiosidades, onde se guardam relíquias do passado, entre as
quais alguns velhos exemplares de automóveis (isto devido ao seu relacionamento
com Manuel Alves de Freitas, da Ford, do Porto, de quem se tornou genro).
(Continua)
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