O Clube Português de Cinematografia foi fundado em 1945 por
Hipólito Duarte Cardoso de Carvalho (1927-2002), no Liceu Alexandre Herculano,
quando ele tinha 17 anos e designado, a partir de 1948, como Cine Clube do
Porto.
O clube arranca com 165 sócios, mas em Janeiro de 1947 já
eram 216.
O embrião do que viria a ser o futuro Cineclube, que começa
com sessões de projecção numa sala do Liceu Alexandre Herculano, passaria,
depois, a contemplar um grupo de cinéfilos que em 1944 se passaram a intitular “A
República dos Pardais”, e se quotizavam para verem em conjunto filmes de agrado
de todos.
Aquele grupo acabaria em 13 de Abril de 1945, fruto de uma
reunião acontecida na Rua de Santa
Catarina, nº 1252, por dar existência ao Clube Português de
Cinematografia.
Era assim extinta “A República dos Pardais”.
"Fundou-se no Porto, O Clube Português
de Cinematografia, que tem delegações em Lisboa e Coimbra, e se destina a
desenvolver o gosto pelos mais sérios problemas da cinematografia. É seu
director, Hipólito Duarte".
In jornal “A Tarde”
(Porto), 5 de Maio de 1945
Entre muitos outros intervenientes, destacaram-se no
arranque do clube, para além de Hipólito Duarte, Fernando Lavrador, João David,
Jorge Tavares, Manuel Ferraz e António Lopes Fernandes.
Impulsionado por
Hipólito Duarte (pedagogo, fundador e Director da Escola Industrial de S. João
da Madeira, e de 1975 a 1993, professor e presidente do Conselho Diretivo da
Escola Secundária Oliveira Martins), em Janeiro de 1946, surge o primeiro
Boletim Informativo do Clube Português de Cinematografia, que se denominava PROJECTOR.
Tinha na capa o "Rato Augusto", uma das personagens de um filme de
animação de Jorge Tavares.
A 21 de Dezembro de
1946, pelas 21,30 h, iria para o ar o primeiro programa de rádio do Clube
Português de Cinematografia que se
chamou "VAMOS FALAR DE CINEMA".
Tal aconteceu na
Rádio Porto (na Rua dos Clérigos) e foi coordenado por Hipólito Duarte e,
posteriormente, também por Guilherme Ramos Pereira.
Os locutores eram,
Manuela Delgado, Alfredo Pimentel (na foto abaixo) que era locutor profissional
no Emissor Regional do Norte e Hipólito Duarte.
A emissão do
programa radiofónico tinha lugar, semanalmente, aos Sábados, pelas 21,30 h.
Posteriormente,
mudaria para os Domingos às 14,45 h e, muito mais tarde (1948), passaria a ter
uma periodicidade quinzenal às quartas-feiras, às 19,45 h.
Por ele passaram
grandes nomes do cinema português em entrevistas como, por exemplo, António
Lopes Ribeiro.
Alfredo Pimentel na
Rádio Porto
Direcção e
Planificação do filme “O Porto Trabalha” - 1947
Na foto acima vemos
Manuel Ferraz, Gonçalves Lavrador e Hipólito Duarte.
Nos anos 50 e 60, é Henrique Alves Costa (1910 - 1988) o
principal animador do Cine Clube então instalado no edifício Capitólio,
responsável pela divulgação dos filmes, que por razões políticas, eram
censurados pelo regime ou que as distribuidoras não consideravam rentáveis, em
termos comerciais.
Edifício Capitólio do arquitecto Carlos Neves, na Avenida
dos Aliados – Fonte: Google maps
«As finalidades do
clube eram defender o cinema em geral e o cinema português em particular;
publicar um boletim; realizar sessões exibindo filmes de interesse
cine-clubista e tendentes a dar uma boa formação cinematográfica aos
associados; e formar uma escola de cinema.
O clube não tinha fins
religiosos ou políticos e cobrava uma quota mensal de 2$50 (considerando o
efeito da inflação, equivaleria em 2007 a cerca de 0,94 €).»
Fonte: “pt.wikipedia.org”
Fonte: “pt.wikipedia.org”
“Após a fundação do
que será o primeiro cineclube do país e um dos primeiros da Europa, o seu
trajecto torna-se fulgurante com as suas sessões anti regime. Chega, a certa
altura, ter mais sócios que o Futebol Clube do Porto. Após uma temporada sem
actividade regular, retoma as suas sessões em 2010 com um filme-concerto no
cinema Passos Manuel e sessões quinzenais. No Verão, organiza sessões de Cinema
ao Ar livre com vários parceiros. Desde 2013, que mantem em parceria com a
DRCN, o projecto de "Cinema na Casa das Artes" com duas sessões
semanais”.
Fonte: “facebook.com”
José António Cunha, sócio há muitos anos, seria um dos
responsáveis pelo renascimento do cineclube em 2010, depois de um período de
inactividade devido a problemas financeiros.
Hoje, o cineclube está sedeado na Casa das Artes (Palacete
Vilar d’Allen), na Rua António Cardoso, tendo
transitado para aqui, da sua anterior sede na Rua do Rosário, onde
os sócios assistiam aos filmes e reuniam em assembleia.
Antiga sede do Cineclube do Porto na Rua do Rosário – Fonte:
Google maps
A utilização da nova casa, decorre de um acordo estabelecido
com a Direção Regional da Cultura do Norte em 2013.
As sessões do CPC-CCP,
após a sua fundação, que se realizaram na Rua Gonçalo Cristovão, no
“Grupo dos Modestos”, passariam ainda por outras diversas salas, como sejam as
dos cinemas, Passos Manuel e Batalha e ainda pelo Teatro do Campo Alegre, passam,
presentemente, na Casa das Artes, integrada na Casa Allen, na Rua António Cardoso.
Aguarda-se a publicação de um livro sobre os 75 anos do CPC-CCP, em 2020.
Em cada sessão exibida, os espectadores levam um folheto
personalizado sobre o filme que vão ver – Fonte: Ana Catarina Peixoto (“Observador”-Agosto 2018)
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