segunda-feira, 11 de novembro de 2019

25.71 Cerâmicas dos nossos dias que só já são memórias - Actualização em 03/04/2020 e 13/03/2021


Fábrica de Cerâmica das Devesas e os Barristas Portuenses



Muitos portuenses conhecem, desde há décadas, um edifício de traços mouriscos, sito na Rua José Falcão, no Porto. É assim, com base nele, que aproveitaremos a ocasião para ficarmos a conhecer as suas origens.
Trata-se do prédio que foi o “Depósito-Mostruário da Fábrica de Cerâmica das Devesas”, construído em 1899 e que, mais tarde, albergou a “Sociedade de Anilinas”.
Desde 2012, o imóvel foi classificado pelo IGESPAR, como património a preservar.



Depósito-Mostruário da Fábrica de Cerâmica das Devesas




António Almeida e Costa (1832-1915) era natural de São Domingos de Rana, hoje uma freguesia do concelho de Cascais, e veio muito novo para o Porto. Duma família de canteiros, chegado ao Porto, frequentou a escola de Emídio Carlos Amatucci, cerca de 1850 e, em 1854, no primeiro ano lectivo da Escola Industrial do Porto, António Almeida da Costa, contando 21 anos, matriculou-se em Geometria e Ornato.
Permanecendo sete anos na companhia de Carlos Amatucci, casou em 1855.
Emídio Carlos Amatucci (1811- 1872) tinha instalado, com sucesso, a sua oficina de cantaria de mármore no Porto, na Rua de Santa Catarina, onde trabalhou António Almeida Costa, futuro sócio de Teixeira Lopes (pai) que, dada a sua amizade com ele, certamente conheceu Emídio Amatucci e, assim, terá re­cebido alguma influência e informação sobre as obras de seu pai Carlo, sendo, provável, que possuísse alguns exemplares e permitisse que Teixeira Lopes (pai) os observasse.
Emídio Carlos Amatucci era, então, filho de Carlo Amatucci (17??-1819), escultor/canteiro italiano e ornatista, que se evidenciaria, sobretudo, nas imagens populares e para presépios (pertencendo à conhecida escola neoclássica de artistas napolitanos, que cultivaram esta temática em finais do século XVIII).
A ele se devem figuras muito interessantes pelo seu acabamento, de alta qualidade de execução, representando o clero, com 27 a 30 cm de altura, essencialmente frades e freiras.
Teixeira Lopes (pai) será, porventura, o continuador de Carlo Amatucci, ao orientar a sua produção barrista, para os costumes populares.


 
 
Imagens de Carlo Amatucci

 
 
A actividade de barrista de Teixeira Lopes (pai) estava na senda de alguns outros autores (de primeira gran­deza ou modestos barristas de cariz popular, sem subtilezas ou preocupações artísticas) que, durante os séculos XVII e XVIII, em Portugal, primacialmente no que se refere a figuras de presépio, se destacaram.
Entre muitos, contemporâneo de Teixeira Lopes (pai), se referencia Joaquim da Rocha Gonçalves que tinha oficina de barrista na Rua das Congos­tas, 23, no Porto, cerca de 1862, onde usava fornos de pão para cozer as suas imagens, tendo sucedido nessas instalações a Francisco de Pinho, também criador de figuras de barro cozido, religiosas e profanas.
Seria desalojado daquelas instalações, no início de 1873, juntamente com outros bar­ristas da mesma rua, por virtude de expropriação e demolição que abrangeu diversos edifícios, com a finalidade de abrir a Rua Mouzinho da Silveira.
Naquele local, foram mais tarde encontrados muitos moldes cerâmicos e vestígios de uma fábrica cerâmica.

 


Monge da Ordem de S. Bruno, da autoria de Joaquim da Rocha Gonçalves
 
 
 
 
Ainda da mesma época, era o barrista M. J. Santos (Manuel José dos Santos), de alcunha Chanato, santeiro e escultor popular em barro vermelho instalado em 1869, na Rua das Taipas, 48 e que foi discípulo de Emídio Amatucci.
 
“…um tal Santos que vivia na Cordoaria, à Porta do Olival, que, por sua vez, começou a esculpir figuras representativas de certos extractos sociais como, por exemplo, lavradores, moços de lavoura, e representantes de certas profissões e mesteres. Para pintar as suas figurinhas, este Santos utilizava ingredientes que extraía de sementes e com os quais polvilhava os bonecos tentando imitar alguns tecidos como a castorina, o burel, o pano felpudo, o veludo e a lã fina”.
Cortesia de Germano Silva


 
 
Presépio (1860) de Teixeira Lopes (pai), da igreja Matriz de Ovar


 
 
Em 1858, António Almeida da Costa anunciava num jornal que acabava de se estabelecer na Rua do Laranjal, nº 68 (em frente à Rua dos Lavadouros), com uma oficina de mármores.




O pedestal da estátua de D. Pedro V implantada na Praça da Batalha é da autoria de António Almeida da Costa e da sua oficina da Rua do Laranjal e a escultura é de Teixeira Lopes (pai)





A partir de 1867, acontece a associação sob a forma de firma entre António Almeida da Costa e José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918).
O Doutor Francisco Queiroz tem um trabalho deveras interessante sobre o papel de António Almeida e Costa na Fábrica Cerâmica das Devesas, à qual se encontra ligado, também, José Joaquim Teixeira Lopes (pai), razão suficiente para, aqui, transcrever alguns dos conhecimentos que vem tornando públicos, sobre este tema.



“Não encontrámos qualquer documentação que confirmasse a data oficial de 1865, como a da fundação. Encontrámos, sim, referência a algumas das sociedades onde António Almeida da Costa esteve envolvido. Entre Junho de 1864 e Maio de 1866, António Almeida da Costa esteve associado a João Bernardo de Almeida, com o fim de produzirem e venderem cal. Estavam já instalados em parte do que viria a ser o quarteirão norte da Fábrica de Cerâmica das Devesas. No mesmo dia da dissolução dessa sociedade, António Almeida da Costa adquire a parte de João Bernardo de Almeida e este último adquire de prazo um terreno ao lado, no mesmo quarteirão norte. Ora, passados dois meses, em finais de Julho de 1866, António Almeida da Costa obtêm de prazo mais terrenos no quarteirão norte, sendo que este passa a estar todo nas suas mãos, com excepção de uma parcela no centro desse mesmo quarteirão, então de João Bernardo de Almeida.
A próxima sociedade a ser constituída – sob a firma Costa & Breda – tinha por fim a produção e comercialização de materiais de construção, nomeadamente telha. Existiu entre Julho de 1867 e Março de 1870. Durando um pouco menos tempo – de Dezembro de 1867 a Março de 1870 – a sociedade Costa, Breda & Teixeira Lopes dedicava-se em simultâneo (e no mesmo local) à produção artística, contando com o talento de José Joaquim Teixeira Lopes.
Quatro meses após a dissolução da sociedade entre António Almeida da Costa, Bernardo José da Costa Soares Breda e José Joaquim Teixeira Lopes, em Julho de 1870, António Almeida da Costa legaliza o seu estabelecimento fabril de obras artísticas em cerâmica, situado no quarteirão a norte da Rua Conselheiro Veloso da Cruz.
Uma nova sociedade surge em Julho de 1874, entre António Almeida da Costa, José Joaquim Teixeira Lopes e Feliciano Rodrigues da Rocha (conterrâneo de António Almeida da Costa, canteiro e seu antigo colaborador), sociedade esta que se prolonga até Fevereiro de 1880 e à qual competia dirigir, quer o estabelecimento nas Devesas quer a oficina de mármores no Porto. No mesmo ano de 1880, António Almeida da Costa constituiu-se em sociedade com Feliciano Rodrigues da Rocha, com o fim de dirigir apenas a oficina de mármores. Esta sociedade prolonga-se até 1903”.
Cortesia de Francisco Queiroz (“queirozportela.com”) – Doutorado em História de Arte




Publicidade, em 1888, da nova firma, a “Almeida Costa & Rocha”, que António Almeida da Costa constituiu com Feliciano Rodrigues da Rocha, sita na Rua do Laranjal – Fonte: AHMP






Fábrica Cerâmica das Devesas, c. 1890 – Colecção de Graciano Barbosa





Primitivo núcleo fabril da Fábrica de Cerâmica das Devesas, no início do século XX – Fonte: Francisco Queiroz (“queirozportela.com”)





“A enorme importância de António Almeida da Costa – fundador deste complexo – e do seu amigo, colaborador e sócio, José Joaquim Teixeira Lopes, na projecção das Artes Industriais em Portugal, no século XIX, até porque a dinâmica que o primeiro imprimiu a esta actividade ultrapassou a mera contribuição capitalista (aspecto mais conhecido e revelado da sua biografia), devido à formação artística que precedeu a sua actividade industrial…Ora, ao verificarmos a elevadíssima importância histórica e artística da antiga Fábrica de Cerâmica das Devesas - mesmo em termos internacionais - e a negligência e burocracia com que tem sido conduzido o seu processo de classificação patrimonial, cumpre-nos o duplo papel de divulgar um pouco da história e valor deste complexo industrial, assim como dar a conhecer a forma como tem sido conduzido o processo da sua salvaguarda…Não encontrámos qualquer documentação que confirmasse a data oficial de 1865, como a da fundação…A partir da criação da secção de fundição no seu complexo fabril, entre 1881 e 1884, António Almeida da Costa passou a ser o único industrial do Porto com capacidade para construir uma capela sepulcral com acessórios inteiramente produzidos nas suas oficinas. Esta passava a ser uma grande vantagem de António Almeida da Costa relativamente aos seus concorrentes, pois todas as oficinas do seu complexo fabril promoviam-se mutuamente, funcionando como uma concentração horizontal – a primeira e a maior que alguma vez existiu em Portugal em termos de artes industriais…A qualidade do equipamento industrial da Fábrica das Devesas era igualmente digna de nota, havendo mesmo algumas máquinas inventadas pelos mestres fabris. Os próprios edifícios fabris não eram excessivamente acanhados, ao contrário do que sucedia com quase todas as indústrias da época… Os catálogos da Fábrica das Devesas serviam, pois, como forma de publicitar a sua produção. Porém, a publicidade também se baseou na presença em exposições nacionais e internacionais, onde a fábrica obteve várias medalhas e elogios, nomeadamente uma medalha de prata na célebre Exposição Universal de Paris, em 1900…A sua habilidade e perspicácia empresarial também o levaram mais longe, ao permitirem que produzisse aquilo que o mercado queria, antes que outros o fizessem. Exemplo disso mesmo foi a sua aposta na telha de Marselha, sendo que até a terá chegado a produzir com melhores resultados do que a original.”
Cortesia de Francisco Queiroz (“queirozportela.com”) – Doutorado em História de Arte



“O núcleo primitivo da fábrica nasce no que actualmente é conhecido como quarteirão norte, junto à estação das Devesas. Não passará muito tempo, contudo, para a unidade industrial de Almeida da Costa se alargar para o outro lado da rua, no quarteirão sul, facto que ocorre logo entre os anos de 1867 e 1868, assim respondendo ao aumento de encomendas.
A fábrica possuía um caminho de ferro interno, com seus próprios vagões, ligando as suas diversas oficinas e com acesso à estação das Devesas, o que sem dúvida permitia poupar nos custos de aquisição da matéria-prima (uma boa parte dela proveniente de terrenos que o próprio Almeida da Costa havia comprado no lugar de Pampilhosa do Botão, concelho de Mealhada, junto à linha de caminho de ferro), facilitando igualmente o transporte do produto final”. 
Fonte: “gaiarevelada.blogspot.com”


Sobre o texto anterior, diga-se que a Linha do Norte ficou concluída em 7 de Julho de 1864, com a chegada de um comboio a Vila Nova de Gaia. Só 13 anos depois atravessou o Rio Douro, até Campanhã. Inicialmente, só havia dois comboios diários para Lisboa, às 8 e 18.45 h.
Custava 6.000 reis em 1ª Classe, 4.670 reis em 2ª e 3.330 reis em 3ª.





Sucursal da Fábrica de Cerâmica das Devesas, em Pampilhosa do Botão, na Mealhada 




A partir de 1881, a fábrica passa a contar com uma oficina de fundição, no seu quarteirão sul, permitindo a reprodução de modelos em metal, como o ferro ou o bronze. A oferta da Cerâmica das Devesas torna-se, assim, cada vez mais abrangente, distinguindo-se de outras unidades industriais pela capacidade de produção em diversos materiais, que podiam depois ser combinados, conforme o projecto em questão.
A partir de então, com a criação da secção de fundição no seu complexo fabril, António Almeida da Costa passou a ser o único industrial do Porto com capacidade para construir, na íntegra, por exemplo, uma capela sepulcral.
Uma Escola de Desenho e Modelação criada na Cerâmica das Devesas vai receber e dar formação a muitos estudantes de Belas Artes e será também o local onde o escultor António Teixeira Lopes (filho de José Joaquim Teixeira Lopes) vai receber os seus conhecimentos.
Aquela escola será o embrião da Escola de Desenho Industrial de Gaia, criada em 1884.


“No catálogo de 1910, aparecem para cima de mil peças: bustos, estátuas, grupos, louça sanitária, estuques, materiais de construção, artigos em grés, canalizações, mosaico hidráulico, azulejo, serralharia, fundição e cantarias. Para além de tudo isto, a Fábrica de Cerâmica das Devesas fabricava qualquer tipo de peça nas áreas supramencionadas. De facto, ao longo de toda a sua actividade, António Almeida da Costa procurou adaptar-se sempre ao gosto dos encomendadores, tornando-se evidente a sua versatilidade.
Os catálogos da Fábrica das Devesas serviam, pois, como forma de publicitar a sua produção. Porém, a publicidade também se baseou na presença em exposições nacionais e internacionais, onde a fábrica obteve várias medalhas e elogios, nomeadamente uma medalha de prata na célebre Exposição Universal de Paris, em 1900.
Em 1899, deu-se início à construção de um magnífico edifício neomourisco que servia de depósito e exposição de produtos no Porto (na actual Rua José Falcão, com frente para a Rua da Conceição). Os edifícios das Devesas foram também reformados e ornados no início do século XX, levando numerosas peças cerâmicas saídas da fábrica, que funcionavam como um verdadeiro mostruário ao ar livre. O bairro operário tinha também as casas completamente revestidas de azulejos, todos de padrões diferentes, como ainda hoje se pode ver”.
Cortesia de Francisco Queiroz (“queirozportela.com”) – Doutorado em História de Arte



Catálogo da Fábrica de Cerâmica das Devesas – Fonte: Francisco Queiroz (“queirozportela.com”)




Para lá das instalações, em V. N. de Gaia, a Fábrica de Cerâmica das Devesas teria, ao longo dos anos, como sucursal a fábrica da Pampilhosa do Botão, a oficina de obras de mármore (Rua do Laranjal, no Porto) e viria a ter um Depósito de Materiais no Porto, na Rua da Conceição, a partir de 1899.
Como sócios contavam-se, Almeida da Costa, Teixeira Lopes e Feliciano Rocha, este último abandonando a sociedade nos finais do século XIX, tendo ficado, o primeiro, com a sua quota.



“ Em 1906, o capital é alargado a Aníbal Mariani Pinto, Eduardo Rodrigues Nunes e Emília de Jesus Costa, mulher de António Almeida da Costa. Teixeira Lopes abandonará a fábrica em 1909 e o capital torna a ser redistribuído.
António Almeida da Costa empreendeu, nos inícios do século XX, uma política de benemerência local, criando um asilo e uma creche. Além disso, para os seus operários construiu bairros sociais que envolviam as unidades fabris e que ainda hoje constituem um conjunto arquitetónico observável, apresentando técnicas e modelos de construção baseados em material cerâmico. Numa cota superior à fábrica surge o palacete do proprietário, exemplar de arquitetura neoárabe, e que permitia a observação sobre todo o complexo industrial. Com a morte do fundador, em 1920, a empresa afirma-se como Companhia de Cerâmica das Devesas, abandonando a produção de azulejo e de louça decorativa e dedicando-se aos materiais destinados a construção civil”.
Fonte: “reflexosdoporto.wixsite.com”



 

José Joaquim Teixeira Lopes, que abandona a Cerâmica das Devesas, em 1909, é pai do escultor António Teixeira Lopes (V. N. Gaia 1866 – Alijó 1942), conhecido por Teixeira Lopes (filho) e do arquitecto José Teixeira Lopes.
Teixeira Lopes  (filho) tem hoje o seu nome ligado à “Casa Museu Teixeira Lopes” doada por si à autarquia de V. N. de Gaia, que funcionou em vida do escultor como residência e oficina.
Entre inúmeras obras do escultor, os enólogos apreciam a escultura dedicada a Baco existente no jardim da Praça da República e os apreciadores de Eça de Queiroz, a estátua, que homenageia o escritor, exposta nos jardins do Museu da Cidade, Lisboa.
 
 
 
 

“Baco” (1916), do escultor Teixeira Lopes (filho), na Praça da República


 
 

Eça de Queiroz (1903), do escultor Teixeira Lopes (filho),  nos jardins do Museu da Cidade, Lisboa

 
 
Teixeira Lopes (filho), apesar de ter produzido uma obra extensa, nunca deixou de exibir uma certa mágoa, por ter sido preterido nos concursos para o monumento ao Infante D. Henrique, na Praça do Infante, o monumento para a Rotunda da Boavista de memorial à Guerra Peninsular e, ainda, a estátua que simboliza a Nossa Senhora de Fátima.




Publicidade à Cerâmica das Devezas, em 1934, no catálogo da Exposição Colonial do Porto





Colunas da Fábrica de Cerâmica das Devesas




Azulejos da Fábrica de Cerâmica das Devesas





O abandono da vida da fábrica por parte de José Joaquim Teixeira Lopes, em 1909, é acompanhado pelo do velho Almeida da Costa, passando a gestão a ser assegurada por Aníbal Mariani Pinto e Eduardo Rodrigues Nunes.
Em 1913, ocorre um incêndio parcial das instalações fabris e Almeida da Costa fica viúvo. Em 1915, morre Almeida da Costa.
A fábrica vai fechar temporariamente e vive atribuladamente até à entrada da década de 1920 quando é formada a sociedade anónima, denominada "Companhia Cerâmica das Devesas". É neste período que surge a figura de Raúl Mendes de Carvalho (natural das Caldas da Rainha), o qual tomou o leme da Companhia durante as décadas seguintes. Na sucursal da Pampilhosa viria a ser colocado como administrador o seu filho Alberto Mendes de Carvalho.
Em 17 de Agosto de 1949, um pavoroso incêndio provocou que ardessem os fornos da Companhia Cerâmica de Devesas.
Em 1955, a fábrica das Devesas produzia essencialmente tijolo refratário e artigos sanitários em grés, tendo reduzido substancialmente a produção de azulejo e louça sanitária em faiança, observando-se um abandono de algumas áreas do complexo industrial, que já se encontravam em processo de degradação ou tinham mesmo sido demolidas, por motivos de segurança, face ao seu avançado estado de ruína.
Aqueles contra-tempos foram alguns dos muitos que a fábrica experimentou, até ter parado a laboração, completamente, durante a década de 80, do século passado.
As suas instalações, em parte, foram então ocupadas com outras actividades (jardim de Infância, oficina de automóveis, etc.).
 Actualmente, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia quer que parte da antiga Fábrica de Cerâmica e Fundição das Devesas seja destinada a instalar um museu sobre a história da cidade, com uma sala de conferências, e um parque de estacionamento subterrâneo com 600 lugares. O “Museu da História de Gaia e da Cerâmica”, assim se chamará aquele equipamento cultural.
Numa outra área, com cerca de 3 mil metros quadrados, que albergava os fornos da antiga cerâmica (um terreno que fica entre a Rua Conselheiro Veloso da Cruz e a linha de caminho de ferro das Devesas), a Câmara está a negociar com o proprietário para que possa ser classificado como de interesse público e lá seja construído, um outro núcleo cultural.




Fachada (norte) principal da Fábrica de Cerâmica das Devesas – Ed. Jorge Rêgo (2012)





O muro mostruário da fachada sul, da Fábrica de Cerâmica das Devesas – Ed. Jorge Rêgo (2012)




Painel do muro mostruário (Almeida da Costa visita a fábrica) - Ed. Jorge Rêgo




“António Almeida da Costa foi também um filantropo, impulsionando a construção de uma série de edifícios com valências destinadas aos seus funcionários, tais como a creche, o asilo, o bairro dos operários e o bairro dos contra-mestres. A creche foi criada no ano de 1894 e funcionou num edifício em que actualmente apenas resta a fachada, no gaveto da Rua Visconde das Devesas com a Rua Heliodoro Salgado.”
Fonte: “gaiarevelada.blogspot.com”





Edifício que serviu de creche e asilo, na Rua Almeida da Costa




Bairro Operário e, lá no alto, o palacete de Almeida e Costa – Fonte:  “gaiarevelada.blogspot.com”




Bairro Operário, na Rua Mouzinho de Albuquerque – Ed. Jorge Rêgo (2012)





Bairro dos Contra-Mestre, na Rua Visconde das Devezas, nº 241 – Ed. Jorge Rêgo (2017)


(Continua)

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