Fábrica de Cerâmica
das Devesas e os Barristas Portuenses
Muitos portuenses conhecem, desde há décadas, um edifício de
traços mouriscos, sito na Rua José Falcão, no Porto. É assim, com base nele,
que aproveitaremos a ocasião para ficarmos a conhecer as suas origens.
Trata-se do prédio que foi o “Depósito-Mostruário da Fábrica de Cerâmica das Devesas”,
construído em 1899 e que, mais tarde, albergou a “Sociedade de Anilinas”.
Desde 2012, o imóvel foi classificado pelo IGESPAR, como
património a preservar.
Depósito-Mostruário da Fábrica de Cerâmica das Devesas
António Almeida e Costa (1832-1915) era natural de São
Domingos de Rana, hoje uma freguesia do concelho de Cascais, e veio muito novo para
o Porto. Duma família de canteiros, chegado ao Porto, frequentou a escola de
Emídio Carlos Amatucci, cerca de 1850 e, em 1854, no primeiro ano lectivo da
Escola Industrial do Porto, António Almeida da Costa, contando 21 anos,
matriculou-se em Geometria e Ornato.
Permanecendo sete anos na companhia de Carlos Amatucci,
casou em 1855.
Emídio Carlos Amatucci (1811- 1872) tinha instalado, com
sucesso, a sua oficina de cantaria de mármore no Porto, na Rua de Santa
Catarina, onde trabalhou António Almeida Costa, futuro sócio de Teixeira Lopes
(pai) que, dada a sua amizade com ele, certamente conheceu Emídio Amatucci e,
assim, terá recebido alguma influência e informação sobre as obras de seu pai
Carlo, sendo, provável, que possuísse alguns exemplares e permitisse que
Teixeira Lopes (pai) os observasse.
Emídio Carlos Amatucci era, então, filho de Carlo Amatucci
(17??-1819), escultor/canteiro italiano e ornatista, que se evidenciaria, sobretudo,
nas imagens populares e para presépios (pertencendo à conhecida escola
neoclássica de artistas napolitanos, que cultivaram esta temática em finais do
século XVIII).
A ele se devem figuras muito interessantes pelo seu
acabamento, de alta qualidade de execução, representando o clero, com 27 a 30
cm de altura, essencialmente frades e freiras.
Teixeira Lopes (pai) será, porventura, o continuador de
Carlo Amatucci, ao orientar a sua produção barrista, para os costumes populares.
A actividade de barrista de Teixeira Lopes (pai) estava na
senda de alguns outros autores (de primeira grandeza ou modestos barristas de
cariz popular, sem subtilezas ou preocupações artísticas) que, durante os
séculos XVII e XVIII, em Portugal, primacialmente no que se refere a figuras de
presépio, se destacaram.
Entre muitos, contemporâneo de Teixeira Lopes (pai), se
referencia Joaquim da Rocha Gonçalves que tinha oficina de barrista na Rua das
Congostas, 23, no Porto, cerca de 1862, onde usava fornos de pão para cozer as
suas imagens, tendo sucedido nessas instalações a Francisco de Pinho, também
criador de figuras de barro cozido, religiosas e profanas.
Seria desalojado daquelas instalações, no início de 1873,
juntamente com outros barristas da mesma rua, por virtude de expropriação e
demolição que abrangeu diversos edifícios, com a finalidade de abrir a Rua
Mouzinho da Silveira.
Naquele local, foram mais tarde encontrados muitos moldes
cerâmicos e vestígios de uma fábrica cerâmica.
Ainda da mesma época, era o barrista M. J. Santos (Manuel
José dos Santos), de alcunha Chanato, santeiro e escultor popular em barro
vermelho instalado em 1869, na Rua das Taipas, 48 e que foi discípulo de Emídio
Amatucci.
“…um tal Santos que vivia na Cordoaria, à Porta do
Olival, que, por sua vez, começou a esculpir figuras representativas de certos
extractos sociais como, por exemplo, lavradores, moços de lavoura, e
representantes de certas profissões e mesteres. Para pintar as suas figurinhas,
este Santos utilizava ingredientes que extraía de sementes e com os quais
polvilhava os bonecos tentando imitar alguns tecidos como a castorina, o burel,
o pano felpudo, o veludo e a lã fina”.
Cortesia de Germano
Silva
Em 1858, António Almeida da Costa anunciava num jornal
que acabava de se estabelecer na Rua do Laranjal, nº 68 (em frente à Rua dos
Lavadouros), com uma oficina de mármores.
O pedestal da estátua de D. Pedro V implantada na Praça da Batalha é da autoria de António
Almeida da Costa e da sua oficina da Rua do Laranjal e a escultura é de Teixeira Lopes (pai)
A partir de 1867, acontece a associação sob a forma de firma
entre António Almeida da Costa e José Joaquim Teixeira Lopes (1837-1918).
O Doutor Francisco Queiroz tem um trabalho deveras
interessante sobre o papel de António Almeida e Costa na Fábrica Cerâmica das
Devesas, à qual se encontra ligado, também, José Joaquim Teixeira Lopes (pai),
razão suficiente para, aqui, transcrever alguns dos conhecimentos que vem
tornando públicos, sobre este tema.
“Não encontrámos
qualquer documentação que confirmasse a data oficial de 1865, como a da
fundação. Encontrámos, sim, referência a algumas das sociedades onde António
Almeida da Costa esteve envolvido. Entre Junho de 1864 e Maio de 1866, António
Almeida da Costa esteve associado a João Bernardo de Almeida, com o fim de
produzirem e venderem cal. Estavam já instalados em parte do que viria a ser o
quarteirão norte da Fábrica de Cerâmica das Devesas. No mesmo dia da dissolução
dessa sociedade, António Almeida da Costa adquire a parte de João Bernardo de
Almeida e este último adquire de prazo um terreno ao lado, no mesmo quarteirão
norte. Ora, passados dois meses, em finais de Julho de 1866, António
Almeida da Costa obtêm de prazo mais terrenos no quarteirão norte, sendo que
este passa a estar todo nas suas mãos, com excepção de uma parcela no centro
desse mesmo quarteirão, então de João Bernardo de Almeida.
A próxima sociedade a
ser constituída – sob a firma Costa & Breda – tinha por fim a produção e
comercialização de materiais de construção, nomeadamente telha. Existiu entre
Julho de 1867 e Março de 1870. Durando um pouco menos tempo – de Dezembro de
1867 a Março de 1870 – a sociedade Costa, Breda & Teixeira Lopes
dedicava-se em simultâneo (e no mesmo local) à produção artística, contando com
o talento de José Joaquim Teixeira Lopes.
Quatro meses após a
dissolução da sociedade entre António Almeida da Costa, Bernardo José da Costa
Soares Breda e José Joaquim Teixeira Lopes, em Julho de 1870, António Almeida
da Costa legaliza o seu estabelecimento fabril de obras artísticas em cerâmica,
situado no quarteirão a norte da Rua Conselheiro Veloso da Cruz.
Uma nova sociedade
surge em Julho de 1874, entre António Almeida da Costa, José Joaquim Teixeira
Lopes e Feliciano Rodrigues da Rocha (conterrâneo de António Almeida da Costa,
canteiro e seu antigo colaborador), sociedade esta que se prolonga até
Fevereiro de 1880 e à qual competia dirigir, quer o estabelecimento nas Devesas
quer a oficina de mármores no Porto. No mesmo ano de 1880, António Almeida da
Costa constituiu-se em sociedade com Feliciano Rodrigues da Rocha, com o fim de
dirigir apenas a oficina de mármores. Esta sociedade prolonga-se até 1903”.
Cortesia de Francisco Queiroz (“queirozportela.com”) – Doutorado em
História de Arte
Publicidade, em 1888, da nova firma, a “Almeida Costa &
Rocha”, que António Almeida da Costa constituiu com Feliciano Rodrigues da
Rocha, sita na Rua do Laranjal – Fonte: AHMP
Fábrica Cerâmica das Devesas, c. 1890 – Colecção de Graciano
Barbosa
Primitivo núcleo fabril da Fábrica de Cerâmica das Devesas,
no início do século XX – Fonte: Francisco Queiroz (“queirozportela.com”)
“A enorme
importância de António Almeida da Costa – fundador deste complexo – e do seu
amigo, colaborador e sócio, José Joaquim Teixeira Lopes, na projecção das Artes
Industriais em Portugal, no século XIX, até porque a dinâmica que o primeiro
imprimiu a esta actividade ultrapassou a mera contribuição capitalista (aspecto
mais conhecido e revelado da sua biografia), devido à formação artística que
precedeu a sua actividade industrial…Ora, ao verificarmos a elevadíssima
importância histórica e artística da antiga Fábrica de Cerâmica das Devesas -
mesmo em termos internacionais - e a negligência e burocracia com que tem sido
conduzido o seu processo de classificação patrimonial, cumpre-nos o duplo papel
de divulgar um pouco da história e valor deste complexo industrial, assim como
dar a conhecer a forma como tem sido conduzido o processo da sua
salvaguarda…Não encontrámos qualquer documentação que confirmasse a data
oficial de 1865, como a da fundação…A partir da criação da secção de fundição
no seu complexo fabril, entre 1881 e 1884, António Almeida da Costa passou a
ser o único industrial do Porto com capacidade para construir uma capela
sepulcral com acessórios inteiramente produzidos nas suas oficinas. Esta
passava a ser uma grande vantagem de António Almeida da Costa relativamente aos
seus concorrentes, pois todas as oficinas do seu complexo fabril promoviam-se
mutuamente, funcionando como uma concentração horizontal – a primeira e a maior
que alguma vez existiu em Portugal em termos de artes industriais…A qualidade
do equipamento industrial da Fábrica das Devesas era igualmente digna de nota,
havendo mesmo algumas máquinas inventadas pelos mestres fabris. Os próprios
edifícios fabris não eram excessivamente acanhados, ao contrário do que sucedia
com quase todas as indústrias da época… Os catálogos da Fábrica das Devesas
serviam, pois, como forma de publicitar a sua produção. Porém, a publicidade
também se baseou na presença em exposições nacionais e internacionais, onde a
fábrica obteve várias medalhas e elogios, nomeadamente uma medalha de prata na
célebre Exposição Universal de Paris, em 1900…A sua habilidade e perspicácia
empresarial também o levaram mais longe, ao permitirem que produzisse aquilo
que o mercado queria, antes que outros o fizessem. Exemplo disso mesmo foi a
sua aposta na telha de Marselha, sendo que até a terá chegado a produzir com
melhores resultados do que a original.”
Cortesia de Francisco Queiroz (“queirozportela.com”) – Doutorado em
História de Arte
“O núcleo
primitivo da fábrica nasce no que actualmente é conhecido como quarteirão
norte, junto à estação das Devesas. Não passará muito tempo, contudo, para a
unidade industrial de Almeida da Costa se alargar para o outro lado da rua, no
quarteirão sul, facto que ocorre logo entre os anos de 1867 e 1868, assim
respondendo ao aumento de encomendas.
A fábrica possuía
um caminho de ferro interno, com seus próprios vagões, ligando as suas diversas
oficinas e com acesso à estação das Devesas, o que sem dúvida permitia poupar
nos custos de aquisição da matéria-prima (uma boa parte dela proveniente de
terrenos que o próprio Almeida da Costa havia comprado no lugar de Pampilhosa
do Botão, concelho de Mealhada, junto à linha de caminho de ferro), facilitando
igualmente o transporte do produto final”.
Fonte: “gaiarevelada.blogspot.com”
Sobre o texto anterior, diga-se que a Linha do Norte ficou concluída em
7 de Julho de 1864, com a chegada de um comboio a Vila Nova de Gaia. Só 13 anos
depois atravessou o Rio Douro, até Campanhã. Inicialmente, só havia dois
comboios diários para Lisboa, às 8 e 18.45 h.
Custava 6.000 reis em 1ª Classe, 4.670 reis em 2ª e 3.330 reis em 3ª.
Sucursal da Fábrica de Cerâmica das Devesas, em Pampilhosa do
Botão, na Mealhada
A partir de 1881, a fábrica passa a contar com uma oficina de fundição,
no seu quarteirão sul, permitindo a reprodução de modelos em metal, como o
ferro ou o bronze. A oferta da Cerâmica das Devesas torna-se, assim, cada vez
mais abrangente, distinguindo-se de outras unidades industriais pela capacidade
de produção em diversos materiais, que podiam depois ser combinados, conforme o
projecto em questão.
A partir de então, com a criação da secção de fundição no seu complexo
fabril, António Almeida da Costa passou a ser o único industrial do Porto com
capacidade para construir, na íntegra, por exemplo, uma capela sepulcral.
Uma Escola de Desenho e Modelação criada na Cerâmica das Devesas vai
receber e dar formação a muitos estudantes de Belas Artes e será também o local
onde o escultor António Teixeira Lopes (filho de José Joaquim Teixeira Lopes)
vai receber os seus conhecimentos.
Aquela escola será o embrião da Escola de Desenho Industrial de Gaia,
criada em 1884.
“No catálogo de 1910,
aparecem para cima de mil peças: bustos, estátuas, grupos, louça sanitária,
estuques, materiais de construção, artigos em grés, canalizações, mosaico
hidráulico, azulejo, serralharia, fundição e cantarias. Para além de tudo isto,
a Fábrica de Cerâmica das Devesas fabricava qualquer tipo de peça nas áreas
supramencionadas. De facto, ao longo de toda a sua actividade, António Almeida
da Costa procurou adaptar-se sempre ao gosto dos encomendadores, tornando-se
evidente a sua versatilidade.
Os catálogos da
Fábrica das Devesas serviam, pois, como forma de publicitar a sua produção.
Porém, a publicidade também se baseou na presença em exposições nacionais e
internacionais, onde a fábrica obteve várias medalhas e elogios, nomeadamente
uma medalha de prata na célebre Exposição Universal de Paris, em 1900.
Em 1899, deu-se início
à construção de um magnífico edifício neomourisco que servia de depósito e
exposição de produtos no Porto (na actual Rua José Falcão, com frente para a
Rua da Conceição). Os edifícios das Devesas foram também reformados e ornados
no início do século XX, levando numerosas peças cerâmicas saídas da fábrica,
que funcionavam como um verdadeiro mostruário ao ar livre. O bairro operário
tinha também as casas completamente revestidas de azulejos, todos de padrões
diferentes, como ainda hoje se pode ver”.
Cortesia de Francisco Queiroz (“queirozportela.com”) – Doutorado em
História de Arte
Catálogo da Fábrica de Cerâmica das Devesas – Fonte: Francisco Queiroz
(“queirozportela.com”)
Para lá das instalações, em V. N. de Gaia, a Fábrica de Cerâmica das
Devesas teria, ao longo dos anos, como sucursal a fábrica da Pampilhosa do
Botão, a oficina de obras de mármore (Rua do Laranjal, no Porto) e viria a ter
um Depósito de Materiais no Porto, na Rua da Conceição, a partir de 1899.
Como sócios contavam-se, Almeida da Costa, Teixeira Lopes e Feliciano
Rocha, este último abandonando a sociedade nos finais do século XIX, tendo
ficado, o primeiro, com a sua quota.
“ Em 1906, o
capital é alargado a Aníbal Mariani Pinto, Eduardo Rodrigues Nunes e Emília de
Jesus Costa, mulher de António Almeida da Costa. Teixeira Lopes abandonará a
fábrica em 1909 e o capital torna a ser redistribuído.
António Almeida
da Costa empreendeu, nos inícios do século XX, uma política de benemerência
local, criando um asilo e uma creche. Além disso, para os seus operários
construiu bairros sociais que envolviam as unidades fabris e que
ainda hoje constituem um conjunto arquitetónico observável, apresentando
técnicas e modelos de construção baseados em material cerâmico. Numa cota
superior à fábrica surge o palacete do proprietário, exemplar de arquitetura
neoárabe, e que permitia a observação sobre todo o complexo industrial. Com a
morte do fundador, em 1920, a empresa afirma-se como Companhia de Cerâmica das
Devesas, abandonando a produção de azulejo e de louça decorativa e
dedicando-se aos materiais destinados a construção civil”.
Fonte: “reflexosdoporto.wixsite.com”
José Joaquim Teixeira Lopes, que abandona a Cerâmica das Devesas, em
1909, é pai do escultor António Teixeira Lopes (V. N. Gaia 1866 – Alijó 1942),
conhecido por Teixeira Lopes (filho) e do arquitecto José Teixeira Lopes.
Teixeira Lopes (filho) tem hoje
o seu nome ligado à “Casa Museu Teixeira Lopes” doada por si à autarquia de V.
N. de Gaia, que funcionou em vida do escultor como residência e oficina.
Entre inúmeras obras do escultor, os enólogos apreciam a escultura dedicada
a Baco existente no jardim da Praça da República e os apreciadores de Eça de
Queiroz, a estátua, que homenageia o escritor, exposta nos jardins do Museu da
Cidade, Lisboa.
Teixeira Lopes (filho), apesar de ter produzido uma obra extensa, nunca
deixou de exibir uma certa mágoa, por ter sido preterido nos concursos para o
monumento ao Infante D. Henrique, na Praça do Infante, o monumento para a
Rotunda da Boavista de memorial à Guerra Peninsular e, ainda, a estátua que
simboliza a Nossa Senhora de Fátima.
Publicidade à Cerâmica das Devezas, em 1934, no catálogo da Exposição
Colonial do Porto
Colunas da Fábrica de Cerâmica das Devesas
Azulejos da Fábrica de Cerâmica das Devesas
O abandono da vida da fábrica por parte de José Joaquim Teixeira Lopes,
em 1909, é acompanhado pelo do velho Almeida da Costa, passando a gestão a ser
assegurada por Aníbal Mariani Pinto e Eduardo Rodrigues Nunes.
Em 1913, ocorre um incêndio parcial das instalações fabris e Almeida da
Costa fica viúvo. Em 1915, morre Almeida da Costa.
A fábrica vai fechar temporariamente e vive atribuladamente até à
entrada da década de 1920 quando é formada a sociedade anónima, denominada
"Companhia Cerâmica das Devesas". É neste período que surge a figura
de Raúl Mendes de Carvalho (natural das Caldas da Rainha), o qual tomou o leme
da Companhia durante as décadas seguintes. Na sucursal da Pampilhosa viria a
ser colocado como administrador o seu filho Alberto Mendes de Carvalho.
Em 17 de Agosto de 1949, um pavoroso incêndio provocou que ardessem os
fornos da Companhia Cerâmica de Devesas.
Em 1955, a fábrica das Devesas produzia essencialmente tijolo
refratário e artigos sanitários em grés, tendo reduzido substancialmente a
produção de azulejo e louça sanitária em faiança, observando-se um abandono de
algumas áreas do complexo industrial, que já se encontravam em processo de
degradação ou tinham mesmo sido demolidas, por motivos de segurança, face ao
seu avançado estado de ruína.
Aqueles contra-tempos foram alguns dos muitos que a fábrica
experimentou, até ter parado a laboração, completamente, durante a década de
80, do século passado.
As suas instalações, em parte, foram então ocupadas com outras
actividades (jardim de Infância, oficina de automóveis, etc.).
Actualmente, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia quer que
parte da antiga Fábrica de Cerâmica e Fundição das Devesas seja destinada a
instalar um museu sobre a história da cidade, com uma sala de conferências, e
um parque de estacionamento subterrâneo com 600 lugares. O “Museu da
História de Gaia e da Cerâmica”, assim se chamará aquele equipamento
cultural.
Numa outra área, com cerca de 3 mil metros quadrados, que albergava os
fornos da antiga cerâmica (um terreno que fica entre a Rua Conselheiro Veloso
da Cruz e a linha de caminho de ferro das Devesas), a Câmara está a negociar
com o proprietário para que possa ser classificado como de interesse público e
lá seja construído, um outro núcleo cultural.
Fachada (norte) principal da Fábrica de Cerâmica das Devesas
– Ed. Jorge Rêgo (2012)
O muro mostruário
da fachada sul, da Fábrica de Cerâmica das Devesas – Ed. Jorge Rêgo (2012)
Painel do muro
mostruário (Almeida da Costa visita a fábrica) - Ed. Jorge Rêgo
“António Almeida da Costa foi também um filantropo,
impulsionando a construção de uma série de edifícios com valências destinadas
aos seus funcionários, tais como a creche, o asilo, o bairro dos operários e o
bairro dos contra-mestres. A creche foi criada no ano de 1894 e funcionou num
edifício em que actualmente apenas resta a fachada, no gaveto da Rua Visconde
das Devesas com a Rua Heliodoro Salgado.”
Fonte:
“gaiarevelada.blogspot.com”
Edifício que serviu de creche e asilo, na Rua Almeida da
Costa
Bairro Operário e, lá no alto, o palacete de Almeida e Costa
– Fonte: “gaiarevelada.blogspot.com”
Bairro Operário, na Rua Mouzinho de Albuquerque – Ed. Jorge
Rêgo (2012)
Bairro dos Contra-Mestre, na Rua Visconde das Devezas, nº
241 – Ed. Jorge Rêgo (2017)
(Continua)
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