O «Centro
Democrático Federal 15 de Novembro» foi um clube republicano, fundado no
Porto, a 11 de Janeiro de 1891 (primeiro aniversário do Ultimatum
britânico), e tendo entre os seus iniciais 150 membros, os destacados
dirigentes republicanos Alves da Veiga (advogado e publicista), Magalhães Lima
(fundador e ex-director do jornal «O Século») e Teófilo Braga (professor
universitário).
Tal centro localizava-se na Praça dos Poveiros, em cuja
fachada degradada ainda se pode ler uma placa evocativa:
«Casa onde foi fundado o Centro Democrático Federal 15 de
Novembro cuja bandeira foi hasteada no edifício da Câmara Municipal do Porto na
Revolução do 31 de Janeiro de 1891».
Entre as janelas do 1º andar do prédio, é possível divisar a
placa alusiva ao Centro Democrático
Federal 15 de Novembro – Ed. Graça Correia
Bandeira do Centro
Democrático Federal 15 de Novembro
“A inclusão da data «15 de Novembro» no nome daquele
núcleo republicano é homenagem ao golpe que levou à implantação da República no
Brasil, ano e meio antes, precisamente a 15 de Novembro de 1889. E o termo «federal» dizia respeito à assumpção
de uma corrente de pensamento político descentralista, municipalista e
regionalista, que sempre se manifestou com alguma força no Porto, mesmo no seio
e no âmbito das lutas intestinas do partido Republicano/Democrático durante
toda a I República.
Aquando da Revolta de
31 de Janeiro de 1891, o presidente do Centro Democrático Federal 15 de Novembro, Alves da Veiga proclamou a república da varanda da Câmara Municipal
do Porto, então situada na Praça D. Pedro (actual «da Liberdade»), sendo hasteada a bandeira acima reproduzida.
À época não existia
uma bandeira do Partido Republicano (cuja implantação incipiente se resumia
precisamente em diversos e atomizados «centros»),
nem sequer uma definição cromática com sentido revolucionário ou político. No
entanto, tal como ao longo dos tempos e em tantos lugares, a cor vermelha
simbolizava a «revolta», ou «revolução» pretendidas. Na bandeira
em análise, juntou-se um círculo verde central, precisamente em homenagem ao
recém republicanizado Brasil, pois que essa era (e é) a cor tradicional e
principal do estandarte daquele país sul-americano.
Assim, é apenas depois
da revolta portuense que os republicanos portugueses, por solidariedade e
homenagem, assumiram como suas aquelas cores - verdade e vermelho - já então
tingidas de «martírio» dos
mortos, presos e deportados que tinham levantado a primeira bandeira e
proclamado a efémera e frustrada república no Porto. Logo de seguida o PRP
adoptou essa simbologia e a mesma veio a tornar-se definitiva aquando da
implantação da República em 1910.”
Cortesia de “portoantigo.blogspot.com” (2010)
O embrião de todo o mal-estar, confrontação e revolta que se
vivia naquela época na sociedade portuguesa, tinha origem no Ultimato Inglês de 1890.
“O Ultimato Inglês de
1890 e a onda de patriotismo que gerou, radicalizaram e popularizaram o
movimento republicano, sobretudo no Porto. Lembremos a constituição da Liga Portuguesa do Norte, no Porto,
logo após o Ultimato, sob a presidência de Antero de Quental. O Porto era,
então, o maior centro industrial do país, com um proletariado vivendo em
péssimas condições económicas, mas com dirigentes capazes e com grande
consciência de classe.
Neste ambiente de
exaltação, não é de admirar a impaciência que precipitou a Revolução do Porto
(31 de Janeiro de 1891), e que, provavelmente, ditou o seu fracasso”.
Cortesia de “amaroporto2.blogs.sapo.pt/”
“Caçadores 9, sahindo
do quartel, subiu em boa ordem a rua de S. Bento e dirigiu-se á cadeia da
Relação, onde estacou. A guarda á cadeia, fornecida por aquelle corpo, era commandada
pelo alferes Malheiro. Desde que nenhum dos officiaes, conhecidos como
republicanos, que estavam dentro do quartel, tinha querido assumir o commando
do regimento, os sargentos lembraram-se durante o trajecto de o offerecer
áquelle subalterno, que sabiam tambem professar ideias democraticas. E um
d'elles, abeirando-se da porta da casa da guarda, gritou para dentro:
—Ó sr. Malheiro, venha
d'ahi...
O alferes não sahiu e
a mesma voz tornou a insistir:
—Ó sr. Malheiro, tome
o commando do regimento, porque o official de inspecção não quiz
acompanhal-o...
O alferes então
accedeu ao convite e voltando-se para o sargento da guarda recommendou-lhe que
vigiasse bem o edificio da cadeia, não fossem os presos aproveitar o ensejo
para se evadirem. Ninguem se lembrou, n'esse momento, que lá dentro estava João
Chagas e que era natural gosasse immediatamente da liberdade para collocar o
seu nome, o seu talento, o seu esforço individual e a sua energia ao serviço da
revolução. Pensou-se apenas—e n'isso o alferes Malheiro deu provas de
extraordinario sangue frio—em deixar guarnecida a prisão, com o receio de que o
menor descuido fizesse extravasar para as ruas do Porto a grande massa de
criminosos ali agglomerada.
Liquidado este
incidente, caçadores 9 proseguiu a sua marcha em direcção ao grupo de Santo
Ovidio. Dentro de pouco reunia-se-lhe o de infantaria 10.
As condições
topographicas do quartel que então alojava o segundo d'aquelles regimentos
permittiram que elle formasse na parada interior sem que o official de inspecção
desse por tal. Ás 2 e meia da madrugada, um dos revoltados foi avisar o capitão
Leitão, que morava proximo e que não tardou a comparecer no edificio.
Dirigiu-se logo á arrecadação, poz um capacete na cabeça e tendo inquirido dos
outros officiaes compromettidos na conjura foi esperal-os para um caramanchão.
Estava bem longe de suppôr que uma vez chegado ao Campo de Santo Ovidio, teria
que assumir o commando superior das forças revoltadas…
Os minutos, no
emtanto, iam decorrendo e como não apparecessem no quartel outros officiaes
republicanos, um sargento veiu convidar o capitão Leitão a seguir
immediatamente com as forças para o campo de Santo Ovidio. Assim se fez e o
regimento marchou em acelerado para o local da concentração. Á entrada na rua
da Rainha, encontrou o tenente Coelho, que fora chamado ao quartel por um grupo
de cabos. O tenente Coelho conferenciou rapidamente com o capitão Leitão,
trocou o kepi que levava pelo capacete do 1.º sargento Vergueiro e assumiu o
commando do 2.º pelotão de infantaria 10. No Campo de Santo Ovidio, os dois
regimentos formaram d'este modo: o de caçadores 9, em quadrado, proximo da
porta principal do quartel de infantaria 18; o de infantaria 10 em dois
circulos na outra extremidade do Campo.
(…) Momentos depois, o
destacamento de cavallaria 6, alojado n'uma das dependencias do quartel do 18,
sahindo pela porta posterior do edificio, veiu a galope formar em linha
parallela á fachada. As saudações e os vivas redobraram de intensidade. Ao
mesmo tempo convergiam para o campo as forças da guarda fiscal. O cabo João
Borges apresentou-se á frente de 87 praças de infantaria e o 2.º sargento Silva
commandando 24 praças de cavallaria da mesma guarda. Quer dizer: ás 4 da manhã
de 31 todas estas forças estavam revolucionadas e só aguardavam a sahida de
infantaria 18 para iniciarem marcha contra o inimigo monarchico, apenas representado,
dentro do Porto, pela guarda municipal e a policia civil.
Varios officiaes
superiores tentaram, emquanto o 18 não appareceu no local, fazer voltar aos
respectivos quarteis as outras forças sublevadas. O primeiro foi o major Graça,
da guarda pretoriana. Sahindo do quartel do Carmo, á frente de infantaria e
cavallaria, dirigiu-se ao Campo da Regeneração e chamando o commandante de
caçadores 9 já ali estacionado, intimou o alferes Malheiro a render-se.
(…)Tratava-se agora de
invadir o quartel de infantaria 18 e impellir de qualquer maneira esse
regimento para a revolta. Os populares que se tinham collocado na vanguarda das
forças do 9 e do 10 fôram a uma estação de incendios, que havia perto,
trouxeram de lá dois machados e abriram um rombo na porta do quartel do lado da
Lapa, que o coronel Lencastre de Menezes fizera pouco antes barricar.
Fonte: Jorge d’Abreu, In “A Revolução Portugueza – O 31 de
Janeiro”
A revolta de 31 de Janeiro de 1891, de acordo com o texto
anterior, começaria no início da madrugada daquele dia, quando o Batalhão de
Caçadores 9 (sedeado no convento de S. Bento da Vitória), comandado apenas por
subalternos, após uma breve passagem pela cadeia da Relação onde o
alferes Malheiro se lhe juntou.
À data, nas masmorras da prisão, estava preso João Chagas,
redactor do Jornal “República Portuguesa” que, caso alguém se tem lembrado,
poderia ter sido uma boa ajuda para o êxito do movimento.
O Batalhão de
caçadores 9, pouco depois, estava posicionado junto do Regimento de Infantaria
18, no Campo de Santo Ovídio (actual Praça da República), juntando-se ao
Regimento de Infantaria 10 (Em 14 de Outubro de 1872, tinha sido transferido
para o Porto e estava aquartelado no quartel da Torre da Marca) e a uma companhia
da Guarda Fiscal.
De notar que o coronel Meneses de Lencastre, comandante de
Infantaria 18, não permitiu que os efectivos saíssem, mantendo-se neutral.
Pelas portas derrubadas do quartel de infantaria nº 18
saíram os revoltosos
Eram 6 da manhã quando as forças sublevadas (os quartéis de
Caçadores 9, Infantaria 10 e Infantaria 18, este último invadido por populares
que puseram fim às hesitações quanto à sua adesão), comandadas pelo alferes
Malheiro, capitão Leitão e tenente Coelho, se encaminharam para a Praça D.
Pedro, posicionando-se frente aos Paços do Concelho.
À frente da coluna, uma banda militar tocava “A Portuguesa”,
de Alfredo Keil.
Santos Cardoso, um dos chefes civis da revolta, proprietário,
editor e redactor do jornal “A Justiça Portuguesa”, que atiçou durante longos
meses a violência contra a Monarquia, e constituiu o elemento preponderante da
aliciação dos militares que participaram na revolta, içou a bandeira vermelha do
“Centro Democrático Federal de 15 de Novembro” (a bandeira vermelha e verde só
será adoptada a partir de 1910) no mastro do frontão, apoiado pelos vivas e pelo
entusiasmo da multidão.
Alves da Veiga, às 7 horas da manhã, fez o seu discurso,
entrecortado pelos aplausos da multidão presente.
Os Armazéns Bacelar, no rés-do-chão do prédio, no qual
esteve, alguns anos antes, no 1º andar, uma agremiação maçónica
Diga-se que, em 1891, no rés-do-chão do prédio situado na
esquina das ruas de Santa Catarina e Formosa (foto anterior), estava o Café
Lusitano e no 1º andar uma agremiação de cariz republicano frequentada por
Alves da Veiga.
Durante a noite anterior à revolta, algumas reuniões
ter-se-iam realizado entre militares e civis e geridas por Alves da Veiga, que
teria relações à Maçonaria.
No local acima referido teria acontecido uma delas.
Algumas outras ocorreram no Café Central que, à data e desde
1885, ocupava o chão onde, mais tarde, esteve o banco “Credit Franco Portugais”, na Praça D. Pedro (Praça da Liberdade).
Anteriormente, aí estava a “Antiga Casa do Florindo” (café e
bilhares).
Na esquina em frente, na Rua de Sá da Bandeira, no Café
Suisso, foram escritos, em cima das suas mesas, os discursos que haveriam de
ser proferidos durante a sublevação.
Proclamação da República na varanda da C. M. Porto em 31 de
Janeiro de 1891
Entretanto, após o discurso proferido da varanda da Câmara, a
multidão entusiasmada, subiu depois a Rua de Santo António, tencionando tomar a
estação dos Correios e Telégrafos, situada na Praça da Batalha. Porém,
entrincheirada no escadório da Igreja de Santo Ildefonso, ao cimo da rua,
estava a Guarda Municipal (normalmente aquartelada no convento dos carmelitas)
que abriu fogo de metralhadora sobre a multidão, causando vítimas entre os
militares e os civis que, em jeito de festa, subiam descuidadamente a rua.
Recontros na Rua de Santo António em 31 de Janeiro de 1891
Escadaria da Igreja de Santo Ildefonso onde se entrincheirou
a Guarda Municipal
Os revoltosos retrocederam, tentando regressar à Praça D.
Pedro.
Os mais bravos tentaram ainda resistir.
Cerca de trezentos, barricaram-se na Câmara Municipal mas,
por fim, a Guarda ajudada por uma bateria de artilharia da serra do Pilar, pela
Cavalaria e pelo Regimento de Infantaria 18, sob as ordens do chefe do Estado
Maior do Porto, General Fernando de Magalhães e Menezes, levaram à rendição.
Terão sido mortos 12 revoltosos e feridos 40.
Às dez da manhã, o movimento estava derrotado e, em
sequência, teria lugar a prisão dos intervenientes e ao seu degredo em África.
Praça D. Pedro. A Guarda metralhando a Câmara Municipal
Após o fracasso da revolta, alguns dos principais implicados
conseguiram fugir para o estrangeiro: Alves da Veiga iludiu a vigilância e foi
viver para Paris; o jornalista Sampaio Bruno e o advogado António Claro
alcançaram a Espanha, assim como o antigo militar do Batalhão de Caçadores 9, o
Alferes Augusto Malheiro, que daí emigrou para o Brasil.
Começou por se Instalar em Minas Gerais, e após concluir o
curso de engenharia, envolveu-se na revolução brasileira opondo-se a Saldanha
da Gama. Foi ferido em combate e, foi feito capitão honorário do exército brasileiro.
A sua reintegração no Exército Português foi decretada após a Proclamação da
República.
Depois do seu regresso a Portugal, ocupou o posto de capitão
no Regimento de Infantaria 16, acompanhou o batalhão expedicionário a
Angola como voluntário, durante a Primeira Guerra Mundial e no pós-guerra,
comandou em 1919 a Coluna Negra, destinada
a combater a Monarquia do Norte, em Monsanto e no Norte
do País.
Faleceu em Dezembro de 1924.
O seu nome está ligado a topónimo de rua, no Porto e de
avenida, em Lisboa.
Muitos outros revoltosos seriam presentes a julgamento, entre os quais, João Chagas, Santos Cardoso, Verdial, capitão Leitão, os sargentos Abílio, Galho, Silva Nunes, Castro Silva, Rocha, Barros, Pinho Júnior, Fernandes Pinheiro, Gonçalves de Freitas, Villela, Pereira da Silva, Folgado, Figueiredo e Cardoso, os cabos João Borges, Galileu Moreira e Pires e o soldado da guarda fiscal Felício da Conceição, tendo sido condenados com penas de prisão e, em alternativa, com o degredo, pelos conselhos de guerra, que funcionaram em barcos, ao largo da costa, de forma pouco convencional, sofrendo os efeitos de forte agitação marítima, a bordo da corveta Bartolomeu Dias e dos navios India e Moçambique ancorados no Porto de Leixões.
Muitos outros revoltosos seriam presentes a julgamento, entre os quais, João Chagas, Santos Cardoso, Verdial, capitão Leitão, os sargentos Abílio, Galho, Silva Nunes, Castro Silva, Rocha, Barros, Pinho Júnior, Fernandes Pinheiro, Gonçalves de Freitas, Villela, Pereira da Silva, Folgado, Figueiredo e Cardoso, os cabos João Borges, Galileu Moreira e Pires e o soldado da guarda fiscal Felício da Conceição, tendo sido condenados com penas de prisão e, em alternativa, com o degredo, pelos conselhos de guerra, que funcionaram em barcos, ao largo da costa, de forma pouco convencional, sofrendo os efeitos de forte agitação marítima, a bordo da corveta Bartolomeu Dias e dos navios India e Moçambique ancorados no Porto de Leixões.
Ao todo, a condenação foi aplicada a 238 dos 505 militares
pronunciados: 3 oficiais, 23 sargentos, 49 cabos e 163 soldados. Foram, também,
acusados 22 civis. Os concelhos de guerra funcionaram de forma pouco
convencional, sofrendo os efeitos de forte agitação marítima, a bordo da
corveta Bartolomeu Dias e dos navios India e Moçambique ancorados no Porto de
Leixões.
Um caso exemplar foi o do tenente Manuel Maria Coelho, que
comandaria o 2º pelotão do Regimento de Infantaria 10, condenado a cinco anos
de degredo.
Os regimentos de caçadores 9 e infantaria 10 também sofreram
castigo exemplar: o governo dissolveu-os.
Principais revoltosos – Cortesia de Rui Cunha (“portoarc.blogspot.com/”)
Conselho de Guerra a bordo do vapor “Índia”
Presos a bordo do vapor “Índia”
Santos Cardoso a bordo do vapor “Moçambique” – Fonte: “A
Revolta do Porto” – João Chagas; Cortesia: Rui Cunha (“portoarc.blogspot.com/”)
Poema de Guerra Junqueiro enaltecendo o feito protagonizado
pelos revoltosos
Aquando da inauguração em 17 de Setembro, da Exposição Agrícola de 1903, ocorrida no Palácio de Cristal, o rei D. Carlos concederia o perdão aos
deportados de infantaria 18.
E, assim, foram perdoados os revoltosos de 31 de Janeiro de
1891, durante uma visita do rei D. Carlos à Exposição Agrícola do Porto de
1903, na qual também participava como expositor, na qualidade de Duque de
Bragança – In jornal “A Voz Pública de 19 de Setembro de 1903
Em 1921, foram atribuídas 177 condecorações a todos os
veteranos (quer militares quer civis) envolvidos na intentona republicana
ocorrida na cidade do Porto, em 31 de Janeiro de 1891.
Condecorações do 31 de Janeiro de 1891
Manuel Maria Coelho (1857-1943)
O tenente Manuel Maria Coelho, na foto acima, que comandou o
2º pelotão do regimento 10, viria a ocupar, mais tarde, vários cargos de relevo
no governo da República.
Mausoléu dos Vencidos do 31 de Janeiro de 1891, no Cemitério
do Prado do Repouso – Ed. JPortojo
Convite do “Centro da Mocidade Republicana Intransigente”,
sediado na Rua da Murta, 15, para a sessão solene de homenagem aos mártires da
República e comemoração do 22.º aniversário do 31 de Janeiro, a decorrer no
Teatro Sá da Bandeira.
Comemorações do 31 de Janeiro de 1891, na Praça da
Liberdade, em 1914 – Ed. revista “O Occidente” em 10 de Fevereiro de 1914
A um troço da Rua da Alegria chegou a ser atribuído o
topónimo de Rua Miguel Verdial (actor), um dos muitos intervenientes no 31 de
Janeiro – Fonte: AHMP
Centros Republicanos e Centros Escolares Republicanos, no Porto
Para além do Centro Democrático Federal 15 de Novembro,
com objectivos político-partidários, da área republicana, grande dinamizador
das comemorações do tri-centenário da morte de Camões em 1880 e da implantação
da república, em 1910, muitos outros centros ligados àquela facção política
proliferaram, desde da década de 1880, no Porto, sendo que, alguns deles,
tinham também uma faceta ligada ao ensino das primeiras letras.
Em Abril de 1885,
existiam cinco clubes republicanos no Porto: o Centro Eleitoral Republicano
Democrático do Porto (CERDP), o Clube de Propaganda Democrática do Norte (CPDPN),
o Clube Democrático Comercial Portuense, o Clube Guilherme Braga e o Clube
Soberania Popular.
Assim, destacam-se:
1. Centro Eleitoral Republicano Democrático do Porto
Fundado em 1876, com
objectivos político-partidários pretendendo, sobretudo, difundir a educação
republicana.
Teve sede na Rua de
São Bento da Vitória;
2. Centro Republicano Democrático Português
Fundado em 18/05/1876,
com objectivos político-partidários, a sua criação coincide com a fundação do
Partido Republicano.
Teve a sua sede na Rua
do Laranjal, nº 4, tendo José Elias Garcia estado presente na sua inauguração;
3. Centro Republicano do Porto - Centro Republicano Democrático do
Porto
Fundado em 1- 6-1897,
teve a sua sede na Praça de Carlos Alberto, nº 92.
Foi importante na
primeira República.
Em 26-11-1924 altera o
seu nome para Centro Republicano Democrático do Porto. Foi sede de candidatura
do General Humberto Delgado à Presidência da República;
Humberto Delgado à
varanda da sede da sua candidatura, na Praça Carlos Alberto, em 14 de Maio de
1958
4. Centro Democrático de Instrução Guerra Junqueiro
Com funcionamento
provisório, desde 1898, teve este centro uma grande importância antes e durante
a primeira República.
Inaugurou-se,
definitivamente, em 1907, sendo o seu patrono Cérvulo Correia.
Com sede na Rua Nova
de Pereiró, 446 - 1º (actual Rua Dr. Pedro de Sousa), na freguesia de Ramalde.
Teve uma escola do
ensino primário, tendo a primeira pedra sido lançada pelo Rei D. Manuel II;
5. Clube Eleitoral Republicano Federal Guilherme Braga
Em 1885, já tinha
portas abertas, na Avenida da Boavista, 1488.
Foi seu presidente
José Maria Durão
Para além do objectivo
partidário, teve em funcionamento uma biblioteca e uma aula nocturna de
primeiras letras;
6. Centro Escolar Democrático e Recreativo de Lordelo de Ouro
Com sede na Rua de Serralves, nº 704 – 1º e
com estatutos aprovados a 26 -7-1905, foi importante pelo papel desempenhado na
primeira república. Teve em funcionamento uma escola primária;
7. Centro Democrático Duarte Leite
O centro esteve
sedeado na Rua de Santo Ildefonso, tendo sido Duarte Leite um dos fundadores do
Grupo de Estudos Sociais e, no jornal “A Voz Pública”, escrito os primeiros
artigos de doutrinação e polémica;
8. Centro Democrático Dr. Afonso Costa
Sedeado no Largo da
Corujeira, 338, a 3 de Dezembro de 1907, inaugurou um curso nocturno para
mulheres, em cuja sessão de lançamento Alves Tórgo enalteceu a obra da
instrução e educação da mulher.
Alves Tórgo foi um
forte republicano, nascido em Vila Real a 25 de Outubro de 1850, dedicou-se
durante anos, à educação das classes populares.
9. Centro Republicano e Democrático de Fânzeres
Este centro esteve envolvido
com o funcionamento de uma escola primária e com actividade já conhecida, em 5-10-1908,
tem estatutos aprovados em 1978.
Localiza-se na Rua da
Igreja, nº 306, em Fânzeres-Gondomar, sendo, actualmente, uma Associação Recreativa, Cultural, Desportiva e
Social;
10. Centro Republicano de Instrução e Recreio de Massarelos
A sua sede foi na Rua
da Restauração, nº 47.
Esteve este centro
associado a uma escola móvel funcionando, em 1913, na Escola oficial de Campo
de Rou;
11. Centro Republicano Evolucionista do Porto
Com actividade em 12
de Janeiro de 1913, e sede na Rua de Santa Teresa, 2-C, 1º, teve, apenas, objectivos
político-partidários;
12. Centro de Estudos Republicanos Sampaio Bruno
Fundado por António
José Queirós, entre outros, na Rua da Conceição, nº 25, 1º Esquerdo (sede
provisória), em 2003, foi desactivado com a morte de José Augusto Seabra, em
Maio de 2004;
13. Centro Democrático de Instrução Latino Coelho
Ainda em actividade com
acções culturais, diversões lúdicas e convívio para a terceira idade, é considerada
uma Instituição de Utilidade Pública (Despacho de 11/4/1990, DR. II Série de
29/4/90).
Tem estatutos
aprovados a 13 - 7-1998 e foi fundado em 9-10-1906.
A sua sede é na Rua
Machado Santos, 827/31, em Coimbrões-Vila Nova de Gaia;
“O nosso CENTRO
DEMOCRÁTICO D’ INSTRUÇÃO LATINO COELHO - uma Coletividade de Utilidade Pública,
Fundada como “Centro Republicano” (1906), reconhecida, pela Presidência da
República, com as insígnias de “Membro – Honorário da Ordem da Liberdade”
(1995) e Membro da Comissão Permanente dos Centros Escolares e Republicanos
(1997) – é, implicitamente, credora de grandes tradições históricas, culturais
e recreativas e, por isso, terá, seguramente, de proporcionar novos encantos
aos seus associados, pelo que, a presente Direcção prometeu muito trabalho para
que a nova casa seja complementada pelo rejuvenescimento da colectividade e
pelas actividades de interesse que possa desenvolver.”
facebook.com/CentroLatinoCoelho
Sem comentários:
Enviar um comentário