sexta-feira, 7 de setembro de 2018

25.3 Hino e Marcha do F. C. do Porto



Revista Stadium em Maio de 1947


No artigo acima, dava-se conta de que o proprietário a quem tinham sido comprados os terrenos destinados ao estádio, já tinha recebido, como pagamento, um primeiro sinal.
Era, à data, presidente da Direcção do F. C. Porto e grande impulsionador daquele empreendimento, o Dr. Cesário Bonito quando, em 1948, procedeu à assinatura da escritura definitiva dos terrenos, em causa.
Desde então, até à inauguração do empreendimento em 28 de Maio de 1952, seriam presidentes do clube, Júlio Ribeiro Campos (1948-49, fundando o jornal “O Porto” e 1950-51) e Miguel Pereira (1949, lançamento da 1ª pedra).
Aquando da inauguração já era presidente, desde o começo do ano, o Dr. Urgel Horta.
No início da década de 50, do século XX, as festas denominadas “pró-estádio” sucediam-se, tendo por objectivo a angariação de fundos para a sua construção, durante as quais era cantada a Marcha do F. C. do Porto da autoria de João Manuel e Carlos Dias, pela voz de Maria Amélia Canossa.
Numa delas, a 8 de Março de 1951, realizar-se-ia no Coliseu do Porto um espectáculo promovido pela Comissão Executiva Pró-Estádio – o programa radiofónico “ O comboio das seis e meia” com Vasco Santana, ao vivo.




Anúncio do espectáculo do Coliseu do Porto com Vasco Santana




Letra da Marcha

Cantemos com voz sonora a toda a hora
Pois somos Portistas e sempre bairristas
Pelo nosso Porto
Gritamos com todo o ardor o nosso amor
Levamos o estandarte e em qualquer parte
Do nosso Porto.

Porto, Porto, Porto
És a nossa glória
Dá-nos neste dia
Mais uma alegria
Mais uma vitória
Porto, Porto, Porto
És a nossa glória
Dá-nos neste dia
Mais uma alegria
Mais uma vitória.

É tão nobre a tua história a tua memória
Gritemos sem cessar pra te ajudar
Ai ao nosso Porto
O teu passado brilhante nunca distante
Em nós está presente e eternamente ao nosso Porto.

Porto, Porto, Porto
És a nossa glória
Dá-nos neste dia
Mais uma alegria
Mais uma vitória
Porto, Porto, Porto
És a nossa glória
Dá-nos neste dia
Mais uma alegria
Mais uma vitória


Fotobiografia de Amélia Canossa – Fonte: “memoriaporto.blogspot.com”


Amália Rodrigues por intermediação de Maria Amélia Canossa haveria de participar, também, nas festas “pró-estádio”, de angariação de receitas para a sua construção.


Anúncio sobre o convite para Amália Rodrigues actuar em espectáculo organizado pela comissão executiva "Pró-Estádio do F. C. do Porto" - Fonte: #MuseuCoolFacts




Extrato de notícia sobre actuação de Amália Rodrigues no Coliseu – Fonte: “Data Base” da Revista Dragões



“Foi há 64 anos, no dia 31 de Março, que Maria Amélia Canossa gravou pela primeira vez a letra que Heitor Campos Monteiro tinha escrito. O palco escolhido foi o emblemático Teatro S. João e, reza a história, as gravações foram efetuadas de madrugada, quando a cidade dormia, para evitar ruídos exteriores indesejáveis. Havia que o fazer rapidamente, a tempo de chegarem os discos, produzidos em Inglaterra, para a inauguração do Estádio das Antas, marcada para 28 de Maio. Aconteceu: o hino foi cantado, como seria nas inaugurações do Estádio do Dragão, em 2003, ou do Dragão Caixa, em 2009. Ganhou o estatuto de património do clube!
É preciso recuar a 1922 para se encontrar a génese do hino, produto de uma certa tendência de bem-fazer que caracterizou os primórdios do FC Porto. Nesses anos 20 do século passado, era habitual a banda do Asilo do Terço animar os intervalos dos jogos. Tratava-se de uma instituição de beneficência, em permanente luta pela sobrevivência económica. O clube ajudava com a realização de festivais desportivos cujas receitas revertiam para a instituição. E foi para um destes encontros, realizado em Agosto, que o então maestro da banda, António Figueiredo e Melo, decidiu compor uma música inédita para os seus pupilos executarem.
Terá sido tocada em vários outros festivais ou mesmo jogos, mas foi caindo no esquecimento, para renascer em 1952, por uma feliz coincidência: Hipólito Magalhães, membro da Direcção do Asilo, também fazia parte da Comissão de Festas da Inauguração do Estádio das Antas e lembrou-se da partitura, propondo que fosse tocada na inauguração do novo estádio. O presidente da Comissão, Mário do Amaral, adorou a ideia e acrescentou que bom seria que se lhe juntasse uma letra, convidando Heitor Campos Monteiro (então, sócio n.º 464 do clube) para a escrever, ao que acedeu prontamente.
A letra do hino seria publicada na primeira página do jornal O Porto na edição n.º 142, de 13 de Maio de 1952, já depois de Maria Amélia Canossa ter gravado o registo que viria a ser imortalizado em disco. Nessa mesma edição, era revelado que o Maestro Afonso Valentim, nome importante da música portuense, fizera “ligeira modificação, com vista a dar-lhe um ritmo adequado aos tempos em que vivemos”. Arranjos concluídos, letra aposta, havia que garantir que, no dia da inauguração do estádio, as bancadas estivessem em condições de colaborar e, para isso, na semana anterior, o hino foi reproduzido na rádio, para que as pessoas tivessem “a possibilidade de o decorarem a fim de que, daqui a oito dias, o possam cantar no espetáculo tão ansiosamente aguardado”, lê-se nessa edição de ‘O Porto’”.
Fonte: “fcporto.pt”-2016


Letra do Hino

Ó meu Porto, onde a eterna mocidade
Diz à gente o que é ser nobre e leal.
Teu pendão leva o escudo da cidade
Que, na história, deu o nome a Portugal!

Ó campeão, o teu passado
É um livro de honra de vitórias sem igual
O teu brasão, abençoado
Tem no teu Porto mais um arco triunfal
Porto, Porto, Porto, Porto
Porto, Porto, Porto, Porto
Porto, Porto

Quando alguém se atrever a sufocar
O grito audaz da tua ardente voz
Ó Porto, então verás vibrar
A multidão num grito só de todos nós

Ó campeão, o teu passado
É um livro de honra de vitórias sem igual
O teu brasão, abençoado
Tem no teu Porto mais um arco triunfal
Porto, Porto, Porto, Porto
Porto, Porto, Porto, Porto
Porto, Porto


Direcção do F. C. Porto, presidida pelo Dr Urgel Horta, responsável pela inauguração do Estádio das Antas


Equipa do Futebol Clube do Porto em 1952 no ano da inauguração do Estádio das Antas


Relativamente à foto acima, podemos ver a partir da esquerda para a direita – Américo, Virgílio, Ângelo Carvalho, Barrigana, Valle, Del Pinto, Albasini e Osvaldo Cambalacho; e em baixo, pela mesma ordem – Hernâni, Porcel, Monteiro da Costa, Pedroto, José Maria e Carlos Duarte.
De notar que a foto é posterior ao dia da inauguração do estádio, pois, apresenta já, Carlos Duarte e Albasini.
Estes dois jogadores, bem como, Perdigão, só chegariam ao clube, 8 dias após, aquela data festiva.
Passados 4 anos, o F.C. Porto seria Campeão Nacional, em jogo da última jornada disputado nas Antas contra a A. A. Coimbra, por 3-0, tendo por treinador Yustrich e, em 1959, repetiria a façanha no campeonato com uma vitória no jogo realizado na última jornada, em Torres Vedras, também por 3-0, treinado por Bella Guttman.
Seria este o campeonato que teve, para além do campeão, um outro protagonista, por sinal árbitro, que mais tarde seria irradiado e, assim, ficaria para sempre na história, mas pelos piores motivos, de seu nome, Inácio Calabote.
O clube passaria depois, no que aos títulos dizia respeito, por um longo jejum de 19 anos.


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