Acabada por ser levantada a montante da Ponte das Barcas,
que veio substituir, teve a sua construção iniciada em Maio de 1841 e, a sua
inauguração, aconteceria em Fevereiro de 1843.
Ribeira e Ponte D. Maria II – Fonte:
“aportanobre.blogs.sapo.pt”
Na foto acima, o términos da Ponte Pênsil, na Ribeira do
Porto.
Em 1837, o Estado português contratou à empresa francesa
Claranges Lucotte & Cie. a construção da estrada Lisboa-Porto, incluindo
uma ponte sobre o Douro.
Em 2 de maio de 1841, foi lançada a primeira pedra da ponte
pênsil, oficialmente chamada de D. Maria II.
Foi na praia de
Miragaia que montaram a ponte Pênsil
“Todos nós temos
presente, na memória, claro, as belíssimas imagens da elegante ponte Pênsil
que, depois de 1843, substituiu, na ligação da cidade com Vila Nova de Gaia, a
velhinha ponte das Barcas - de tão triste memória para os portuenses.
O que muito pouca
gente deve saber é que, inicialmente, a "ponte suspensa", como então
era designado o projecto, fora prevista para ser, digamos assim, um
prolongamento da Rua de S. João, na sua ligação com a margem esquerda do rio
Douro; e que a montagem de toda a estrutura da nova ponte, quando já se havia
decidido que seria construída na parte mais estreita do Douro, foi montada no
areal que, ao tempo, havia em frente ao bairro piscatório de Miragaia. É uma
curiosa história, esta, a da construção da ponte Pênsil.
Foi há precisamente
cento e setenta anos, em dia de S. João, (24
de Junho de 1837) que foi apresentada à Câmara do Porto uma proposta para a
construção "de uma nova ponte suspensa" sobre o rio Douro. A ideia
teve óptimo acolhimento por parte da Vereação que a apreciou e a proposta
chegou a colher o aval do Governo. A ponte seria construída no enfiamento da
Rua de S. João, aberta havia pouco mais de setenta anos.
Com efeito, em reunião
camarária de 1 de Julho de 1837, "a que assistiu o arquitecto da
cidade", os presentes foram informados sobre "a conveniência de (a
nova ponte) ser collocada defronte da Rua de S. João", na expressa
condição de que "as cazas que hão- -de servir de prisão aos tirantes"
não causem qualquer embaraço ao trânsito público para os dois lados da Praça da
Ribeira.
Os protestos, porém,
não tardaram. Vieram dos moradores mas também, e sobretudo, dos negociantes
daquela zona ribeirinha. Alegavam que as torres de grandes dimensões que teriam
de ser construídas para a suspensão dos cabos de aço iriam estorvar e
prejudicar o muito trânsito que diariamente por ali passava.
Consta de uma notícia
da época que "tão acertadas e justificadas pareceram as razões
expostas" que a Companhia da Ponte Pênsil, entretanto constituída, começou
de imediato a estudar, com o patrocínio do Município, um outro local. Mas não
havia maneira de o projecto avançar.
Foi então que o
Governo mandou ao Porto o inspector-geral dos Trabalhos Públicos que, depois de
vários estudos e conferências sugeriu, que a ponte devia ser construída para
montante da ponte das barcas, ainda em funcionamento, no local mais estreito do
rio. O sítio onde, efectivamente, veio a ser construída. Os trabalhos de
construção começaram no dia 2 de Maio de
1841, dia do aniversário do coroamento de D. Maria II. Daí que, depois de
construída a ponte, lhe tivesse sido dado o nome daquela soberana.
O novo projecto previa
a construção de uma ponte suspensa de um só tramo com 170,74 metros de vão,
cujos cabos eram suportados por quatro obeliscos colocados dois em cada margem
tendo cada um 18 metros de altura. Dois desses obeliscos ainda existem do lado do
Porto.
Uma obra desta
envergadura ia precisar, obrigatoriamente, de estaleiros à altura da
empreitada.
Ora, na zona da
Ribeira, onde a ponte ia ser construída, não havia espaço suficientemente amplo
para que aí se desenrolassem todos os trabalhos.
Foi necessário, no
entanto, arranjar, na Ribeira, uma área com a capacidade suficiente para nela
os canteiros aparelharem as pedras com que iriam ser construídos os obeliscos.
Para a confecção dos
cabos de aço e para a montagem do tabuleiro foi preciso procurar um espaço
maior que viria a ser encontrado no amplo areal de Miragaia.
O terreno, contudo,
apresentava alguns inconvenientes era bastante irregular; ficava, por vezes,
submerso pelas águas do rio, especialmente nos períodos de marés vivas; e, no
caso de haver cheias, a inundação era inevitável.
Mas era o que estava
mais perto do local onde se pretendia construir a ponte e havia que arriscar.
Como aconteceu.
O terreno, depois de
terraplenado, foi inteiramente vedada por uma alta paliçada. No seu interior
trabalhavam os operários que se ocupavam com a construção dos cabos e do
tabuleiro. As forjas e as ferramentas eram guardadas, à noite, nos armazéns que
ficavam debaixo dos cobertos. As peças do tabuleiro e os cabos, à medida que
iam ficando prontos, eram levados em grandes barcaças para o sítio exacto onde
se ia construir a ponte.
Nos finais de 1842,
começaram a ser feitos os primeiros testes de resistência. Alguns meses depois
(Janeiro de 1843) ainda não estavam feitas as guaritas para a cobrança da
portagem e, do lado de Gaia, ainda se andava a expropriar um armazém para a
construção de uma rampa de acesso. Em 17
de Fevereiro de 1843 a ponte foi finalmente, aberta ao trânsito de peões e
de veículos.
Quando a ponte Pênsil
começou a ser construída, a cidade do Porto atravessava uma das suas fases mais
prósperas. Curiosamente, estava também em construção, por essa altura, a sede
da Associação Comercial do Porto. O Palácio da Bolsa, ainda hoje o símbolo do
nosso cariz mercantil e emblema do liberalismo tripeiro, porque foram os
liberais que o começaram a construir embora a maioria não o tivesse visto
concluído. Há muito que haviam ficado para trás tempos conturbados como das
invasões francesas, da guerra civil e da Patuleia. Guardada a espingarda com
que vitoriosamente se batera no Cerco do Porto, o mercador tripeiro arregaçou
as mangas e atirou-se ao trabalho, prosperando. A construção da ponte Pênsil
responde, em certa medida, à urgente necessidade que se sentia de criar novos e
mais cómodos meios de comunicação com os arredores. Na vizinha Vila Nova de
Gaia estavam os armazéns das mais importantes companhias que se dedicavam ao
comércio do vinho do Porto e a ligação com aquela margem através da ponte das
Barcas, além de incómoda, era perigosa”.
Texto de Germano Silva publicado no Jornal de Notícias
Até 1887, as duas pontes coexistiram, sendo que, a ponte D.
Maria II, foi desmantelada nesta data, tarefa da qual se encarregou a Câmara
Municipal do Porto.
Hoje, dela restam, apenas, os pilares do lado do Porto.
Ponte D. Maria II
Acessos à Ponte Pênsil ou de D. Maria II – Fonte: “aportanobre.blogs.sapo.pt”
Na gravura acima, é possível observar-se que existia à saída
da ponte uma rampa de acesso pedonal a Cima do Muro e às Escadas do Codeçal,
bem como, outro acesso à ponte, a partir do cais.
Esta ponte, foi adjudicada à empresa de João Francisco Maria Armand Declaranges Lucotte, responsável pela construção da estrada Lisboa-Porto.
O contrato foi firmado em 1837 e permitiu, àquela empresa, a fruição da portagem respectiva, o que aconteceria até 1876. A partir daí, essa tarefa passou a pertencer ao Estado.
A ponte Luís I foi inaugurada com o seu tabuleiro superior em 1886 e o inferior em 1888.
Esta ponte, foi adjudicada à empresa de João Francisco Maria Armand Declaranges Lucotte, responsável pela construção da estrada Lisboa-Porto.
O contrato foi firmado em 1837 e permitiu, àquela empresa, a fruição da portagem respectiva, o que aconteceria até 1876. A partir daí, essa tarefa passou a pertencer ao Estado.
A ponte Luís I foi inaugurada com o seu tabuleiro superior em 1886 e o inferior em 1888.
Ponte Luiz I, em construção, e Ponte Pênsil, c. 1882
Hoje, dela restam, apenas, os pilares do lado do Porto.
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